11 de abr. de 2009

REPERCUTE DE FORMA NEGATIVA CONIVÊNCIA E RETROCESSO DE VEREADORES

Sonegação a informação solicitada legitimamente por vereador da oposição, põe em dúvida promessas de transparência da atual gestão municipal e compromete negativamente bancada da situação, conivente com a falta de zelo para com os recursos públicos
Por Claudomir Tavares
claudomir@infonet.com.br

A sociedade pirambuense e sergipana reagiu indignada diante da ação dos vereadores da situação (Sandro, Toinho de Jurandi, Sérgio Lima, Ivan Biriba, Cláudinho do SESP e Juarez de Deus), que na última sessão plenária da Câmara Municipal, realizada terça-feira á noite, 07/04, agiu de forma deplorável ao negar o legítimo direito de um parlamentar (Badinho), em solicitar informações da administração municipal (gestão Zé Nilton), a quem cabe o papel de prestar contas de todas as ações praticadas com o erário público.

Na tentativa de blindar o prefeito que lidera pessoalmente os seis vereadores, eles, in-voluntariamente deram um ‘tiro no pé” ao negar à sociedade pirambuense às informações de como está sendo utilizado o dinheiro que pagamos compulsoriamente através de nossos impostos. Os vereadores agiram contra o que pregou o próprio então prefeito eleito, que em visita a Câmara Municipal em 27 de dezembro de 2008 disse que “iria cuidar de dinheiro do povo de Pirambu, prestando conta de cada centavo”.

Particularmente acreditamos que a atual legislatura tem todas as condições de desempenhar uma ação parlamentar em sintonia com a sociedade, e tem demonstrado isso através da forma democrática como tem conduzido os trabalhos à presidência que tem a frente o vereador Juarez de Deus Alves (PMDB), ao dar oportunidade à população se manifestar livremente, sem precisar credenciar-se na Tribuna Livre, criada através de Projeto de Resolução de autoria da ex-vereadora Ivânia Pereira (1989/1992). O presidente tem dispensado a formalidade e facultado a palavra a todos os presentes as sessões, que tem sido uma constante.

Também têm sido positivas algumas iniciativas de parlamentares que tem se mostrado sintonizados com as bases, a exemplo do vereador Toinho de Jurandi (PSB) que tem levantado os problemas dos bairros e levado em forma de reivindicações no plenário, do vereador Sandro dos Santos (PT) que tem mostrado preocupação com as questões ambientais e do vereador Sérgio Lima (PSB), que através de sua iniciativa, o Poder Legislativo tem ouvido secretários e chefes de departamentos da administração municipal.

Votações depõem contra bancada da situação

Mas duas iniciativas patrocinadas pelos vereadores da situação (Sandro, Toinho de Jurandi, Sérgio Lima, Ivan Biriba, Cláudinho do SESP e Juarez de Deus), como a aprovação de um aumento imoral que eleva os salários do prefeito, do vice-prefeito e dos vereadores para algo em torno de 30%. “O projeto prevê que o salário do prefeito que em dezembro era R$ 7,6 mil, passasse para R$ 9,9 mil; o do vice-prefeito que era de R$ 5 mil passasse para R$ 6,6 mil, enquanto que o dos vereadores que era de R$ 1.908,00, passasse para R$ 2.470,00”, segundo informações obtidas à época junto à secretaria executiva da própria Câmara Municipal.

A mais recente medida soa como uma conivência dos parlamentares (com exceção dos vereadores Badinho, autor do requerimento que solicitava as informações, José Raimundo Almeida e José Luis de Andrade, que votaram favoráveis) com a falta de transparência, de abrir a caixa preta da prefeitura, uma vez que em época de vacas magras, crescem as suspeitas cada vez mais próximas de escândalos, como a farra da contratação de cc’s, aluguéis de veículos para transportar secretários, troca de favores como aluguel de mini-trio, entre outras informações que tem sido levantadas pelo vereador Heribaldo Correia de Carvalho, o Badinho (PT). No requerimento, o vereador petista solicitava ao prefeito municipal as seguintes providências:

1. Relação dos funcionários efetivos e comissionados, por cargos e secretarias, bem como seus respectivos vencimentos;
2. Informações sobre a vigência e valor do contrato do taxi que está conduzindo o Secretário Municipal de Administração, Planejamento e Finanças deste município;
3. Informações a respeito do Mini-Trio que faz o serviço de divulgação dos trabalhos do Poder Executivo deste município, e se faz parte do patrimônio do município.

Sociedade se manifesta

Desde a última quarta-feira, 08, quando publicamos em nosso blog texto que fora reproduzida pelo portal Tribuna da Praia, foram vários os e-mail’s e postagens no Livro de Visitas.

O empresário Rui Bolivar, proprietário do Restaurante Pirambeleza resumiu a votação em uma única frase: “novos vereadores, velhas manias”.

O petroleiro e ex-líder estudantil em Pirambu Daniel Filho, filiado ao mesmo partido do vereador Sandro, questionou a temporalidade para exigir transparência, dizendo que “foi uma justificativa infeliz a do vereador Ivan. Que tempo é necessário para se fazer uma administração transparente? Ou estão esperando que algo aconteça? Fiquei muito surpreso com a posição do vereador Sandro do PT. Espero que tenha sido um ato impensado deste parlamentar”, disse.

A bióloga Dayse Rocha, presidente municipal do PSOL, perguntou: “como se pode negar transparência do dinheiro do povo ao povo? chega a ser patético, sem comentário.... que mal há nisto, informar, apenas informar, se esta tudo OK não vejo porque privar a população destas informações.....parabéns Badinho pela atuação...”, indignou-se.

A leitora Vera Lúcia está aguardando uma resposta para o que considerou uma inversão de prioridades, dizendo que “gostaria de deixa aqui o apoio ao vereador Badinho, por pedir um pouco de transparência a essa nova administração, que só fala que não tem dinheiro mas às secretarias estão cheias de CCS. Será que o prefeito já fez o balanço de pessoas que recebem em CASA sem trabalhar, que é o caso da ex-secretária de administração. Espero que alguém faça essa pergunta aos vereadores da situação. Obrigada. Espero que alguém mande uma resposta”, frisou.

A colaboradora da Tribuna da Praia Tânia Góis escreveu um artigo que possivelmente reflete este momento deplorável que estamos vivendo. “Aumentos de salários às escondidas, enquanto os professores lutam por um mísero piso salarial. Carros alugados para transportar Secretários que ganham o suficiente para terem seus próprios transportes, enquanto o restante dos funcionários têm salários atrasados? Nesse sarapatel de coruja instalado, realmente não há condição de ver Nossa gente mais feliz", sentenciou.

A professora Tereza Cariri fez a seguinte comparação: “Infelizmente, mais uma vez ‘O POVO COMPROU CARNE DE GATO, ACHANDO QUE ERA DE LEBRE’...Realmente – ‘Tudo como era antes na casa de DANTES’ (não lembro bem do trocadilho...) ACORDA PIRAMBU!!!!”, alertou.

O perito criminal Nestor Barros classificou este posicionamento da bancada da situação como uma vergonha. “Fiquei indignado ao ler o artigo: ‘REQUERIMENTO DA TRANSPARÊNCIA REPROVADO NA CÂMARA DE PIRAMBU’. Primeiro, porque transparência na administração pública é um princípio Constitucional e portanto, não deveria haver a necessidade de um membro do poder Legislativo apresentar requerimento solicitando que o executivo cumprisse com o seu dever. Segundo, como é que um grupo de Excelentíssimos? senhores Vereadores ainda votam contra o requerimento? Será que há alguma coisa a esconder? Será que em havendo o que não deve ser mostrado, os Excelentíssimos? Senhores não querem que seja mostrado? E o povo? O povo que se dane”, disse indignado.

São tantos depoimentos, reações de indignação e revolta, não param de chegar, que possivelmente iremos escrever outros textos inserindo-os. É, parece que os vereadores não dimensionaram o tamanho do imbróglio em que se meteram e agora terão dificuldades de se justificar perante uma sociedade cada vez mais vigilante.

Esperamos que sejam equívocos

Não nos cansaremos de repetir que ainda acreditamos nos senhores parlamentares, de que depois da avalanche de escândalos pelas quais passaram as últimas administrações municipais, eles não sejam coniventes com novos episódios deploráveis, inclusive que eles farão uma reflexão, uma autocrítica diante destas duas votações consideradas desastrosas e que tem sido repudiadas pela sociedade pirambuense. Fica aqui o apelo para que eles reflitam diante de novas votações como estas, pois a população não irá permitir que comportamentos como estes continuem existindo em uma casa cuja importância é maior do que os edis conseguiram dimensionar até o presente momento. A Câmara Municipal não pode ser uma extensão da Prefeitura Municipal, mas um poder independente, cuja função principal é fiscalizar o Executivo, apoiando em suas ações moralizadoras, somando-se a elas, o que não foi este caso... isolado, esperamos!

8 de abr. de 2009

REQUERIMENTO DA TRANSPARÊNCIA REPROVADO NA CÂMARA DE PIRAMBU

Votação da primeira matéria de origem do Legislativo Municipal demarca campos e deixa claro quem são os vereadores da situação e aqueles que resistem na oposição
Por Claudomir Tavares
claudomir@infonet.com.br

A sessão da Câmara Municipal de Pirambu ocorrida na noite de ontem, 07, demarcou neste momento os campos de situação e oposição naquela casa. Esta posição ficou clara quando a edilidade preparava-se para votar a primeira matéria de origem do Poder Legislativo em 2009, o Requerimento Nº 001/2009, de autoria do vereador Heribaldo Correia de Carvalho, o Badinho, do PT.

No requerimento, o vereador Badinho solicitava ao prefeito municipal as seguintes providências:

1. Relação dos funcionários efetivos e comissionados, por cargos e secretarias, bem como seus respectivos vencimentos;
2. Informações sobre a vigência e valor do contrato do taxi que está conduzindo o Secretário Municipal de Administração, Planejamento e Finanças deste município;
3. Informações a respeito do Mini-Trio que faz o serviço de divulgação dos trabalhos do Poder Executivo deste município, e se faz parte do patrimônio do município.

Clique aqui para lê os termos do Requerimento Nº 0001/2009 na integra.

Orientação da bancada

Para orientar a bancada da situação, o presidente da Câmara Municipal, vereador Juarez de Deus Alves (PMDB) interrompeu a sessão por cerca de 10 minutos, retornando ao plenário com a posição unificada. Para surpresa de todos, ou confirmando o que todos já sabiam (menos nós), o vereador petista Sandro José dos Santos participou da reunião que discutiu a posição e o voto em plenário.

Outra constatação: o prefeito José Nilton de Souza (PMDB) não deve ter indicado oficialmente o seu líder na Câmara Municipal, uma vez que esta função coube ao presidente da casa, quando este deveria nesta condição ser liderado, e não assumir de forma clara que ali ele acumula também esta função.

Em qualquer parlamento, antes da votação de uma matéria, primeiramente cabe ao autor fazer sua defesa e os líderes de bancadas orientar seus liderados em Plenário. Naquela noite, a Câmara Municipal de Pirambu resolveu inovar e a orientação da bancada aconteceu em reunião secreta.

Assim como antes

Colocada em votação o requerimento que constitui-se num instrumento legal de fiscalização dos edis, votaram favoráveis os vereadores Heribaldo Correia de Carvalho (PT), autor da matéria e os vereadores José Luiz de Andrade e José Raimundo Silva Almeida (DEM). Contrário a transparência na administração pública votaram os vereadores Cláudio Ferreira Pinto, o Claudinho (PDT), Sérgio Lima e Antônio Ferreira, o Toinho de Jurandi (PSB), Ivan Biriba Dória (PMDB) e pasmem, Sandro José dos Santos (PT), contrário a seu próprio companheiro de partido e, acreditava-se, de bancada. O vereador Juarez de Deus, por ser o presidente da casa, só vota em situações de empate.

Por cinco a três a Câmara Municipal de Pirambu renunciou sua condição de garantir a transparência na administração pública, algo que em um passado não muito distante acontecia em nossa cidade, com o repúdio da sociedade.

Está muito cedo

Justificando o seu voto contrário ao Requerimento do vereador Badinho, o vereador Ivan Biriba Dória (PMDB) nos informava ao término da sessão que “está muito cedo para solicitar estas informações”, e que não vê nenhum desgaste nesta sua posição. “Não cabe neste momento este tipo de votação, isso deve ser feito mais adiante”, acrescenta.

Ainda há tempo

Aqui não cabe fazer qualquer juízo de valores. Primeiro por que acreditamos que os atuais parlamentares, os novos, associados à experiência dos reeleitos, tem dado provas inequívocas de que esta legislatura tem sido uma das mais produtivas nos últimos anos, se não pelo volume de matérias apresentadas e votadas, mas pelos temas que tem sido discutidos naquela casa, muitos deles levados pela sociedade.

Mas votações como a de ontem à noite, 07, que nega o princípio da transparência e preconizado na Lei de Responsabilidade Fiscal e aquela realizada no dia 29 de janeiro, em pleno recesso, que reajustou os salários do prefeito,do vice-prefeito e dos vereadores, num momento em que os servidores estão com salários achatados e atrasados, depõe contra esta casa que busca um reencontro com o povo. Acreditamos que ainda há tempo de se refazer dos erros, sob pena de perdermos definitivamente a confiança naquela casa, considerada por muitos como ‘da prosperidade’.

Frase da semana:

“Nada mais parecido com um saquarema, como uma luzia no poder”
(Holanda Cavalcanti, político pernambucano do Império)
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¹ Publicado simultaneamente pelo Blog do Claudomir Tavares e Portal Tribuna da Praia.

2 de abr. de 2009

“Não faremos oposição raivosa nem sistemática ao prefeito Zé Nilton”

Empossado presidente do Partido Verde, o professor Claudomir Tavares traça o perfil do comportamento do partido nestes próximos anos e faz um balanço dos primeiros 90 dias de administração do prefeito José Nilton de Souza
Por Carol Alexandria


O Partido Verde em Pirambu está sob novo direção desde o último sábado, 28/03. Assumiu a presidência da legenda verde o professor Claudomir Tavares, em ato concorrido realizado no Bar da Amendoeira, na Rua Propriá. Ele fora eleito por unanimidade no V Encontro Municipal, realizado no dia 29 de novembro na Câmara Municipal. No dia de sua posse, os filiados verdes ainda completaram a composição da Comissão Executiva Municipal, que além de Claudomir está constituída de mais quatro dirigentes: Gelisse Bispo dos Santos – Vice-Presidente, Cláudio Biriba dos Santos – Secretário Geral, Cinoel Silva Ferreira – Tesoureiro e Jucileide Tavares da Silva Correia – Secretária de Assuntos da Mulher. Nesta entrevista concedida a Carol Alexandria, Claudomir Tavares faz um avaliação da campanha eleitoral e das ações políticas desempenhadas em 2008, um balanço dos três primeiros meses da administração José Nilton e dos desafios que terá pela frente na condição de presidente do PV.

TRIBUNA DA PRAIA – Qual o significado de sua posse na presidência do PV em Pirambu?
CLAUDOMIR TAVARES – Além de uma honra, é também uma responsabilidade muito grande, pois assumimos a direção de uma força política que não existe apenas para disputar eleições, mas para discutir políticas sócio-ambientais, de desenvolvimento sustentável não só para Pirambu, mas para o mundo, pois o Partido Verde é um partido planetário. Estou no PV desde 2003, sempre dando o melhor de mim para o crescimento e consolidação deste partido que se confunde com nossa trajetória em defesa das questões ambientais. Nossa eleição para presidi-lo, acredito, é um reconhecimento dos companheiros pelo que significamos para a causa que abraçamos e lutamos.

TRIBUNA – Na eleição passada, você teve uma participação destacada, disputando a condição de vice-prefeito na chapa encabeçada pelo petista Vado de Gago. Poderia fazer uma avaliação deste processo histórico?
CLAUDOMIR – Se tivesse que escolher um ano de minha vida, escolhia o ano de 2008. Por algumas razões, sejam elas no campo afetivo, profissional e político. Neste ano totalizamos 20 anos de exercício profissional como professor na rede estadual e 10 como professor da rede municipal. E os dois empregos que tenho foram obtidos através do legítimo concurso público, ao alcançar a 13ª colocação a nível estadual e 7º a nível municipal respectivamente. Neste ano nasceu meu primeiro filho, o maior presente que a vida poderia me dar. Recuperei a imagem que alguns tentaram arranhar, mas não se atira pedras em árvores que não dão fruto. Foi assim ao passar dois anos letivos no Colégio Estadual ‘José Amaral Lemos’, local onde estudei de 1981 a 1984 e onde iniciei minha carreira de professor em 1988. Retornei a escola no momento em que comemorava 20 anos de magistério. No campo político, tenho uma gratidão com os companheiros do PT que me escolheram por unanimidade candidato a vice-prefeito, apoiado pelo conjunto dos demais partidos, o PHS, o PSL e principalmente pelo meu PV, que apesar da ingerência externa, os verdes aprovaram nosso nome por aclamação, conforme consta em Ata da Convenção Municipal assinada por todos. A campanha eleitoral foi marcada por momentos memoráveis, ao reunir as maiores manifestações populares, a chamada ‘Onda Vermelha’, que levou um tsunami as ruas de Pirambu. Sou eternamente grato ao povo de Pirambu pelo que nos proporcionou, a mim e a Vado, aos companheiros que historicamente tem construído as lutas sociais nesta cidade.

TP – Como você analisa o resultado final?
CT – Aprendi com o prefeito Paulo Britto (de Propriá) que em eleição todos são eleitos. Uns eleitos para serem situação e administrar, como aconteceu com o prefeito José Nilton, o vice-prefeito Marcos Cruz e seu grupo e outros foram eleitos para ser oposição. Obtivemos mais de 48% dos votos. Dividimos o eleitorado meio-a-meio e isso nos dar uma responsabilidade de estar vigilante ao recado vindo das urnas. Ao perder a eleição por apenas 121 votos, obtendo 2613 votos, contra 2734 do candidato vencedor, obtivemos uma derrota eleitoral, mas uma grande vitória política. Nunca vamos poder retribuir a gentileza do povo de Pirambu que nos deu provas inequívocas de sintonia com nossa História.

TP – Como a campanha evoluiu para apresentar estes números finais?
CT – Ao sermos escolhidos em convenção, as pesquisas indicavam o então pré-candidato elinho (DEM), que não chegou a concorrer em convenção, com um percentual de 33%, seguido do pré-candidato do PMDB com 22%, seguido de Vado de Gago, do PT, com algo em torno de 12%. Em 03 de setembro recebemos os resultados de uma pesquisa feita pela nossa coligação (Pirambu para todos – PT, PV, PHS e PSL), que dava ao candidato do PMDB uma vitória de 10 pontos percentuais. Ele vencia em todos os bairros e seguimentos. A partir do dia 04 em diante, as adesões a nossa chapa vieram e em pesquisas encomendadas para consumo interno pelo governador Marcelo Déda, e divulgada, salvo engano, depois dos dias 10, 20 e 30 de setembro, colocava Vado de Gago/Professor Claudomir com 10% a frente, algo surpreendente. Isto ‘municiou’ nossos adversários, que com o mesmo mapa que tínhamos, e utilizando-se de métodos conhecidos por todos, viraram o jogo nos três dias antes da eleição. Isso associado a coerção, cooptação, nos impuseram uma derrota eleitoral, mas que nos proporcionaram lições que ficam prá sempre.

TP – Houve problemas internos que dificultaram a campanha eleitoral?
CT – Vários! Não os cito para que não faça render estes assuntos que são de domínio público, que tornaram-se visíveis com o afastamento de quadros importantes da campanha eleitoral e o afastamento do projeto político construído coletivamente, para desencadear em um projeto familiar.

TP – Em algum momento percebeu salto alto da coligação?
CT – Sim! Quando de posse dos números que indicavam nossa vitória, foram escolhidos os que ‘entrariam no paraíso’ e aqueles que ‘seriam mandados para o purgatório’.

TP – Há mágoas deste grupo?
CT – Nenhuma, só lições. Nós que resistimos contra as ingerências externas, cooptação aos nossos ‘companheiros’, tivemos alguns quadros que classificamos de ‘heróis da resistência’ acusados de terem traído. Nunca duvidamos de suas coerências. O nosso partido manteve-se fiel, afinal, mesmo não acreditando mais no projeto que fora descaracterizado, estávamos representados na chapa majoritária, e elegê-lo era uma prioridade do PV em Sergipe, até porque poderíamos reconstruir o sentido que originou a Coligação ‘Pirambu para todos’. Esta questão era ponto pacífico entre nós. Temos pelos companheiros de campanha uma relação de amizade inabalável, mas uma convivência política depende da evolução de seus comportamentos. Acho que o grupo que se formou em torno de Vado de Gago (PT)/Professor Claudomir (PV) tem uma tarefa inadiável, inarredável, mas, se nos permite opinar, precisa refletir sobre sua ação, retomando o rumo que sempre norteou sua ação em nossa cidade. Em breve publicaremos o texto de memórias que deverá ter um título do tipo ‘Quase lá: diário de uma campanha’.

TP – Poderia citar alguns destes atores sociais?
CT – Sim, claro. Há quadros fantásticos no PT, por exemplo, entre eles Gilvan Souza, Elder Muniz, Tereza Cariri, Dedinha, José Ronaldo, David Oliveira, Daniel Luiz, Dácio do MST, George Campos, os vereadores Sandro e Badinho e tantos outros que ao citá-los, incorremos no risco de esquecê-los. Além disso, é preciso ‘atrair’ para este projeto os companheiros do PSOL, manter o PHS e o PSL, reconstruindo um projeto democrático e popular que sonhamos. No nosso entendimento, o projeto coletivo deve se sobrepor aos projetos pessoais.

TP – Qual a sua avaliação destes três primeiros meses de administração do prefeito José Nilton?
CT – Quero dizer que, pela pessoa do prefeito, nutro um respeito, mantenho uma relação respeitável, e tenho tido dele o mesmo comportamento. Temos projetos diferentes, matizes ideológicas que se opõem, por isso uma convivência política tornou-se impossível, principalmente pelos métodos e comportamentos que se verificaram no período de articulação pré-convenção e da forma como se desenrolou a campanha eleitoral. Terminada a eleição, fui o primeiro adversário a ligar para ele, era 07h59min, parabenizando-o pela vitória e desejando-lhe boa sorte. Dele ouvimos a resposta de que a partir daquele momento seria o prefeito de todos e que aprendeu com seu pai não guardar mágoas. Confesso que torcemos para que faça uma administração profícua e que cumpra com os compromisso assumidos e escolhidos pelo povo de Pirambu. Mas passados três meses de sua administração, é necessário estabelecer algumas reflexões, e adianto que são as mais fraternas possíveis.

TP – E quais seriam?
CT – O economista José Nilton,como sabemos, vem da iniciativa privada, onde aqueles que hierarquicamente estavam sob seu comando, precisavam mostrar resultados, para se estabelecer. Sua equipe de governo, com uma ou duas exceções, tem uma trajetória de administrações passadas, onde só obedeciam, nunca a partir de iniciativas próprias. Logo, os resultados da administração nestes três primeiros meses, não são aqueles esperados pelo prefeito, pelo seu agrupamento político cada vez mais disperso e, principalmente pelo conjunto da sociedade, uma vez que mesmos os que não votaram nele, acreditavam ser uma administração pelo menos diferente.

TP – Qual seria a saída?
CT – Honestamente, recebi um recado das urnas e se o povo quisesse nossa contribuição, teria elegido a chapa Vado de Gago/Professor Claudomir. Assim, fomos eleitos oposição a atual administração. Qualquer posição diferente desta seria capitulação, e historicamente temos dado provas inequívocas de não vacilar. Mas como cidadão, acredito que o prefeito tem todas as condicionantes de acertar, de rever posições do time escalado, de reorientar a equipe e, mais na frente, e ele já está operando neste sentido, efetuar as mudanças necessárias. Pessoalmente não acredito que os acertos venham apenas na mudança deste ou daquele auxiliar, mas de atitude, de perfil de governo. O prefeito precisa encarar as questões de frente, dizer para os aliados e a partir daí para a sociedade, qual a real situação da prefeitura, o que tem feito para não aviltá-la, estabelecer um diálogo com os servidores, e pousar no Porto Seguro da humildade, o que lhe tem faltado, quando não assume a condição de impessoalidade na gestão do erário.

TP – Como o Partido Verde irá se comportar diante deste quadro?
CT – Assumi a presidência do partido no último sábado, e nestes dias estamos dando início a resolução de algumas situações legais acumuladas das gestões Cláudio da Conceição e Júnior Soledade e que nem Pepê (Jailson da Conceição) e Careca (Cinoel Ferreira), pela informalidade, interinidade e excepcionalidade com que se tornaram presidentes, não tiveram tempo e nem condição legal de restabelecer. Este é nosso primeiro desafio, para legalizar o PV de Pirambu junto a Executiva Estadual, da qual faço parte na condição de Secretário de Formação. Em nosso primeiro pronunciamento como novo presidente do Partido Verde, defendemos que o partido não deve fazer uma oposição raivosa, sistemática ao prefeito José Nilton de Souza (PMDB), mas que na condição de legítimo representante da oposição, estaremos vigilantes e, quando solicitados, darmos nossa opinião diante de questões que dizem respeito aos interesses macros da sociedade.

TP – E o futuro do PV?
CT – Estamos reorganizando o partido em Sergipe. Elegemos em 2008 17 vereadores e um vice-prefeito. O Partido Verde segue uma linha de independência em Sergipe, não se aliando ao desastroso governo de Marcelo Déda nem ao carcomido João Alves Filho. É preciso ter muita responsabilidade, e os desafios passam pela prioridade que temos de eleger em 2010 nosso deputado estadual e federal. Aqui em Pirambu e na região do Vale do Japaratuba iremos fazer este debate, necessariamente.
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Entrevista concedida a radialista Carl Alexandria e publicado no Portal Tribuna da Praia em 02 de abril de 2009