5 de jul. de 2011

Anulada decisão do PT de Barra dos Coqueiros sobre candidaturas

Decisão contraria os planos do ex-prefeito Aireton Martins de tentar retornar ao comando da prefeitura e recoloca na disputa interna Luiz Roberto e Cláudio Barreto

Através de documento assinado pelo presidente estadual Silvio Santos e pelo secretário estadual de Organização Lucas Mendonça Rios, a Comissão Executiva Estadualn do PT em Sergipe anulou decisão equivocada do Diretório Municipal de Barra dos Coqueiros de lançar em 18 de junho o nome do ex-prefeito Airton Martins como candidato a prefeito daquele município.

É que a decisão tomada pelos petistas da Ilha de Santa Luzia contraia frontalmente o Estatuto do partido e o calendário de prévias internas, que se quer foi aprovado e divulgado para o conjunto do partido. O PT da Barra terá que aguardar novas resoluções das instâncias superiores para reabrir o processo de escolha do candidato a prefeito, que além do poróprio Airton Martins, terá o Luiz Roberto, funcionário da Petrobrás, aliás, nome preferido do governador Marcelo Déda e o atuante vereador Cláudio Barreto (Caducha) como pré-candidatos ao cargo ocupado atualmente pelo prefeito Gilson dos Anjos (DEM).

A decisão da Executiva Estadual do PT foi comunicada ao vereador Cláudio Barreto e ao Diretório Municipal de Barra dos Coqueiros, o que cai como uma ducha de água fria nos planos de retorno do ex-prefeito Airton ao comando da prefeitura, estando ele ainda ameaçado de não poder se candidatar e ter seus direitos políticos cassados por três anos em função de improbidade administrativa em sua desastrosa administração.

Confira abaixo fax simile da decisão:







4 de jul. de 2011

Professores de Japaratuba fazem ato em frente a prefeitura

Professores de Japaratuba fazem ato em frente a prefeitura

Os professores da rede municipal de Japaratuba em greve desde o dia 01 de julho fizeram um café da manhã de protesto em frente à prefeitura. Eles protestaram contra a atitude da prefeita Lara Moura em enviar projeto que destrói a carreira do magistério.

Após o café da manhã os professores fizeram uma caminhada pelas ruas da cidade e realizaram assembleia. Eles deliberam continuar a greve por tempo indeterminado e vão participar na próxima quarta-feira (06) do ato público promovido pela Central Única dos Trabalhadores, no calçadão da rua João Pessoa. Na quinta-feira (07) acontece uma nova assembleia.

Também na quarta-feira a comissão de negociação e membros da direção do SINTESE participam de uma audiência no Ministério Público.

Destruição da carreira

Eles estão em greve porque a prefeita Lara Moura enviou projeto a Câmara de Vereadores que reduz drasticamente a carreira dos professores.

Um dos pontos na proposta enviada pela prefeitura a porcentagem para a mudança de nível cai de 20% para 5%. Do jeito que a proposta está, os professores com nível superior, pós- graduação, mestrado e doutorado não terão reajuste de 15,86% previsto para o piso, pois a diferença se esvai na mudança de nível. “Aprovando-se assim os professores com nível superior teriam reajuste entre R$1,97 a R$20. Isso não é valorização de carreira. Queremos reajuste igual para todos os professores de todos os níveis”, disse a vice-presidenta do SINTESE, Lúcia Barroso.

Fonte: SINTESE

SINTESE: Professores de Japaratuba em greve por tempo indeterminado

A partir desta sexta-feira os professores da rede municipal de Japaratuba estão em greve por tempo indeterminado. Eles chegaram a esse ponto porque a prefeita Lara Moura quer seguir o mau exemplo de não valorização dos professores enviou projeto de lei para a Câmara de Vereadores uma proposta que destrói a carreira do magistério. Neste sábado, 02, os professores realizam panfletagem na feira livre do município.
Com a desculpa de não ter recursos para pagar os professores a administração apresentou a proposta de pagamento da revisão, mas com redução drástica de percentuais de escalonamento.
Nível I para o II de 20% para 5%;
Nível I para o III de 32% para 15%;
Nível I para o IV de 40% para 21%;
Nível I para o V de 50% para 30%
“Esse tipo de proposta reflete bem a forma como a administração enxerga o magistério. Não há incentivo para a busca de uma melhor qualificação, avanço nos estudos, pois nessa proposta em poucos anos não importa se o professor tem nível médio ou doutorado, no final ganhará a mesma coisa”, disse Lúcia Barroso, vice-presidente do SINTESE.
Essa mesma proposta foi rejeitada pela categoria em assembleia no dia 21, mas a prefeita querendo utilizar-se de sua força política enviou o projeto assim mesmo para a Câmara de Vereadores.
Há recursos
Quando é feita uma análise dos recursos recebidos pelo município, o argumento da falta de dinheiro cai por terra. Os recursos do Fundeb e do Fundo de Participação dos Municípios cresceu em mais de 20% de janeiro a maio de 2011 que no mesmo período do ano passado. Os royalties que o município recebe também cresceram, passaram de R$1 milhão somente no mês de maio.
A prefeita Lara Moura quer agir fora da lei, pagando a revisão do piso apenas aos professores do nível médio, sem considerar os demais níveis. O que significa dizer que apenas 27 professores de um total de 257 receberiam o valor devido.
Até pouco tempo Japaratuba era referência no cumprimento da lei e no trato com o magistério, sendo a 4ª melhor remuneração de Sergipe. Agora a prefeita apresenta aos professores uma das piores propostas de revisão salarial do estado.
A lei do piso é clara, as alterações já foram feitas. Ano passado os professores abriram mão e fizeram alterações, agora é o cumprimento da lei: revisão do piso igualitária para todos.
BOX com as receitas
ANO 2010
ANO 2011
FUNDEB(%)
R$ 3.281.441,47
R$ 4.076.181,80
24,22%
ANO 2010
ANO 2011
FPM (%)
R$ 3.157.009,38
R$ 3.954.522,41
25,26%
ANO 2010
ANO 2011
ROYALTIES (%)
R$ 4.127.298,15
R$ 4.796.614,14
16,22%

EXCLUSIVO: Paulo Britto renuncia a prefeitura de Propriá

O prefeito reuniu todo seu staff e anunciou que passará o cargo ao vice-prefeito José Américo em 1º de agosto de 2011
Texto e foto: Claudomir Tavares

Paulo Britto renuncia a prefeitura de Propriá

O prefeito Paulo Britto (PT) anunciou agora a pouco que renunciará a prefeitura de Propriá, distante 98 km da capital, Aracaju, em 1º de agosto e passará o comando do município ao vice-prefeito José Américo (PSC). O anúncio foi dado em meio a reunião de todo o seu staff e pegou a todos de surpresa, pois os que acreditavam em uma possibilidade de renúncia imaginariam que ele o faria em 1º de dezembro de 2011.

Paulo justificou esta decisão para desfazer em definitivo todos os boatos que colocavam em dúvida seu apoio a candidatura de Américo a prefeitura de Propriá em 2012. Ademais, com esta atitude ele põe fim a algumas atitudes de secretários que vinham trabalhando nos bastidores para que o candidato não fosse Américo e estas articulações não tinham a simpatia do prefeito que sempre jogou as claras, de forma limpa.

Pelo que deixou claro o prefeito na reunião, todos os secretários e cargos comissionados nomeados em seu mandato serão exonerados ainda em julho, cabendo ao novo prefeito total liberdade para proceder novas nomeações, manter aquelas que julgar necessárias e descarta aquelas que possam atrapalhar seus planos administrativos e políticos. O atual prefeito deverá integra o secretariado de Américo, como titular da pasta de Planejamento para com sua experiência e prestígio de ex-prefeito e articulado com parlamentares, o governo do estado e seu partido, elaborar os instrumentais que possam carrear recursos para o município de Propriá.

Através de carta, Paulo Britto irá comunicar os motivos ao governador Marcelo Déda, ao deputado Rogério Carvalho, aos presidentes municipal e estadual do PT, já o fazendo a sua consciência.

Com este gesto, o prefeito Paulo Britto mostra total desprendimento, desapego a cargos públicos, homem cumpridor dos compromissos assumidos e uma figura humana que surpreende pelas qualidades diante de um universo carente de pessoas com a sua índole. Propriá perde de suas funções públicas um homem zeloso, ético, mas reserva para o futuro um parlamentar (estadual ou federal) que devolverá o nome da cidade ao cenário estadual, aliás, como fazem outros Brittos, a exemplo de Carlos e Cézar Britto, respectivamente ministro do Supremo Tribunal Federal e conselheiro nacional da OAB (ex-presidente da ordem).

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JORGE CARVALHO: O Poder Judiciário é impermeável chegando a ser desagradável com a população

Sobre a enquete disponível neste portal  (http://www.tribunadapraiaonline.com) tenho que dizer o seguinte: Diante das diversas exceções percebe-se que o Poder Judiciário é impermeável chegando a ser desagradável com a população. Defendo a realização de concurso público para eleger os representantes do poder judiciário no Brasil. Dessa forma, os atos dos representantes dessa instância de poder seriam avaliados pela população como se faz com os demais poderes que regem o Estado brasileiro.
Espero que não me processem porque fiz esse comentário.

Por Jorge Carvalho | jorginholink@gmail.com

SAÚDE: Descaso municipal e estadual em Pirambu

Função social do poder público não vem sendo cumprida em nossa cidade

Tem sido recorrente as reclamações da população pirambuense em relação a falta ou limitada prestação dos serviços essenciais em nosso município. O descaso chegou a tanto que supera o limite do aceitável. Recentemente recebemos a reclamação de um cidadão que precisou de uma ambulância e este ao procurar socorro na unidade de saúde, foi informado que em todo o município apenas dois destes veículos prestam este serviço e que apenas uma estava funcionando.

O vigilante que dava plantão naquela unidade informou que apenas uma estava funcionando, mas que seria melhor procurar o SAMU, que possui uma Unidade Avançada instalada na cidade. “Triste cidade. Chegando lá não havia viatura e sim dois funcionários de castigo cumprindo o horário como obrigação”, registrou. “Parece que o dinheiro da saúde de Pirambu está vazando por algum lugar o ministério publico precisa fechar esse buraco”, alfinetou.

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SOS PIRAMBU: Lixo invade ruas da cidade e revolta moradores e turistas

Enquanto isso, procurado por moradores e turistas, secretário Antônio Góis não se encontra na cidade para explicar o inexplicável
Por Claudomir Tavares * | claudomir21@bol.com.br

Pirambu: de paraíso do ecoturismo, a paraíso do lixo em Sergipe

A sede do município de Pirambu que já foi um exemplo de cidade limpa, com coleta diária, garis estrategicamente distribuídas em todos os bairros e povoados, tem que conviver na atual administração – diariamente e principalmente aos finais de semana – com toneladas de lixo espalhados por vários pontos desde os bairros periféricos até aqueles considerados da classe média. Nestes últimos finais de semana prolongados com os festejos juninos, por exemplo, só para variar, quando diversos visitantes estavam neste “paraíso”, tiveram o desprazer de se deparar com este cenário que está virando cartão postal ao contrário.

Procurado por moradores da comunidade e até por turistas, o secretário municipal de Obras e Urbanismo, senhor Antônio Góis, o mesmo não se encontrava na cidade para explicar o inexplicável. O empresário Rui Bolivar disse que também procurou o secretário, mas não o encontrou. “Então procurei o vereador Juarez Alves, presidente da Câmara e líder do prefeito de fato, foi quando este disse que não poderia fazer nada e que eu procurasse a imprensa para denunciar”, revelou o proprietário do Restaurante Pirambeleza.

A psicóloga Maria do Rosário, da cidade paulista de Taubaté, que já visitou a cidade em outros tempos revelou-se surpresa. “Estive aqui em outros tempos e a cidade era um cartão postal. Mas parece que foi tomada por um fuçarão, tsunami ou erupção vulcânica”, indignou-se. Tentamos junto a outros organismos da administração, mas estes, como prefeito, vice-prefeito e quase a totalidade do secretariado não reside em Pirambu ou visitam a cidade apenas em alguns dias úteis, passando os demais e todos os finais de semana em suas cidades, aliás, onde gastam os vultosos salários ganhos dos cofres públicos deste sangrado (eu falei sangrado, mas poderia ser sagrado mesmo) município.

A administração do prefeito José Nilton de Souza (PMDB), considerada a pior de todos os tempos em quase 48 anos de emancipação política (46 deles de vida administrativa), tem se superado em promoção do caos absoluto e a secretaria de Obras tem sido um exemplo sintomático: que diga os quase 10 mil habitantes deste abençoado recanto abandonado de Sergipe. Com a palavra o secretário ou quem quiser se pronunciar pela administração (espaço que generosamente temos cedido ao longo destes 30 meses de administração apelidada de “rabo-de-cavalo”).

* Claudomir Tavares (42), professor concursado da rede pública municipal em Pirambu, estadual em Propriá e do Pré-Universitário (SEED). Licenciado em História, com aperfeiçoamento e especialização em Gestão de Recursos Hídricos (todos pela UFS), especialização em Metodologia do Ensino Superior (Faculdade São Luiz de França) e Mestrando em Ciências da Educação (Universidad San Carlos). Críticas e sugestões são valiosas: claudomir21@bol.com.br (79) 9917.0510!
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CLÁUDIO NUNES: Prefeito da Barra: Montalvão

Aproveitando o “bonde”, que tal o publicitário, advogado, jornalista, e tudo mais, Montalvão como prefeito da Barra dos Coqueiros? Seria um excelente nome. O povo da Barra merece um gestor para organizar de verdade aquele município. Montalvão reúne tudo de bom, mas infelizmente o eleitorado reclama, reclama e na eleição troca seu voto por dinheiro ou outra coisa qualquer.

Por Cláudio Nunes | Infonet - Em: 02/07/2011

ORLANDO CRUZ: Frei Tito e Outros (NÃO DEIXEM DE LER)

OUTROS TEMPOS !
Quantos católicos de hoje conhecem os santos dos nossos tempos que
deram a vida por Jesus, pela Igreja e por uma sociedade mais justa?
Você só conhece as "celebridades" religiosas da TV que frequentam os
programas de auditório, que ganham discos de platina, ou daqueles que
celebram "casamentos" no Castelo de Chantilly?
Pois saibam que este ano é um tempo propício para conhecermos ou relembrarmos:
Que há 40 anos o padre Henrique Pereira Neto foi assassinado pela
ditadura, no Recife; que frei Tito de Alencar Lima, faleceu na França
em conseqüência das torturas sofridas no Brasil; que o padre Francisco
Jentel morreu, vítima da Segurança Nacional.
Completam-se também 30 anos dos assassinatos de Santo Dias da Silva,
mártir operário, pela PM de São Paulo; Ângelo Pereira Xavier, cacique,
em defesa da terra de seu povo Pankararé; Eloy Ferreira da Silva,
líder sindical de Minas.
E 20 anos dos assassinatos de Valdicio Barbosa dos Santos,
sindicalista capixaba, e do padre Gabriel Maire, missionário francês,
em Vitória.
É hora também de celebrar a memória de dom Helder Camara, profeta de
justiça e da paz, falecido há 10 anos
PADRE ANTÔNIO HENRIQUE PEREIRA NETO (1940-1969)
Assassinado em Recife, em maio de 1969, padre Henrique era coordenador
de Pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife, professor e
especialista em problemas da juventude. Auxiliar direto do arcebispo
Dom Hélder Câmara, foram ambos autores de reiteradas e contundentes
denúncias sobre os métodos de repressão utilizados pelo governo
militar. Recebia constantes ameaças de morte por parte do chamado CCC
(Comando de Caça aos Comunistas). Foi seqüestrado em 26/05/1969, sendo
seu corpo encontrado no dia seguinte, em um matagal da Cidade
Universitária de Recife, pendurado de cabeça para baixo numa árvore,
com marcas evidentes de tortura: hematomas, queimaduras de cigarro,
cortes profundos por todo o corpo, castração e dois ferimentos
produzidos por arma de fogo. O inquérito de sua morte foi arquivado e
nenhum dos acusados foi condenado, apesar dos testemunhos e das provas
irrefutáveis.

FREI TITO (1945-1974)
Assumiu a direção da Juventude Estudantil Católica em 1963 e foi morar
em Recife. Em outubro de 1968, Frei Tito foi preso por participar de
um congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna.
Foi fichado pela polícia e tornou-se alvo de perseguição da repressão
militar.
No dia 04 de novembro de 1969, foi preso juntamente com outros
dominicanos pelo delegado Sérgio Fleury, do Dops. Durante cerca de
trinta dias, sofreu torturas nas dependências deste órgão, de onde foi
levado para o Presídio Tiradentes.
Preso em novembro de 1969, em São Paulo, acusado de oferecer
infra-estrutura a Carlos Marighella, Tito é submetido à palmatória e
choques elétricos, no DEOPS, em companhia de seus confrades.
Em fevereiro do ano seguinte, quando já se encontra em mãos da Justiça
Militar, é retirado do Presídio Tiradentes e levado para a Operação
Bandeirantes, mais tarde conhecida como DOI-CODI, na rua Tutóia.
Durante três dias, batem sua cabeça na parede, queimam sua pele com
brasa de cigarros e dão-lhe choques por todo o corpo, em especial na
boca, "para receber a hóstia", gritam os algozes.
Querem que Tito denuncie quem o ajudou a conseguir o sítio de Ibiúna
para o congresso da UNE, em 1968, e assine depoimento atestando que
dominicanos participaram de assaltos a bancos. No limite de sua
resistência, Tito corta, com a gilete que lhe emprestam para fazer a
barba, a artéria interna do cotovelo esquerdo. É socorrido a tempo no
hospital militar, no Cambuci.
As incessantes torturas não abrem a boca do frade dominicano de 28
anos, mas lhe cindem a alma. Cumpre-se a profecia do capitão Albernaz,
da Oban: Se não falar, será quebrado por dentro, pois sabemos fazer as
coisas sem deixar marcas visíveis. Se sobreviver, jamais esquecerá o
preço de seu silêncio.Em dezembro de 1970, incluído na lista de presos
políticos trocados pelo embaixador suíço Giovanni Bucher, seqüestrado
pela VPR de Lamarca, Tito é banido do Brasil pelo governo Médici.
De Santiago do Chile ruma para Paris, sem jamais recuperar sua
harmonia interior. Nas ruas da capital francesa, ele "vê" o espectro
de seus torturadores. Transferido para L'Arbresle, próximo a Lyon, em
seu estreito quarto no convento construído por Le Corbusier, Tito
estremece aos gritos do pai espancado no DOPS, geme aos berros da mãe
dependurada no pau-de-arara, arrepia-se de pavor aos espasmos de seus
irmãos eletrocutados, contorce-se em calafrios sob o fantasma do
delegado Fleury. Sua mente naufraga em delírios.
Tito não recupera, no exílio, a paz que lhe fora seqüestrada. No dia
10 de agosto de 1974, um estranho silêncio paira sob o céu azul do
verão francês, envolvendo folhas, ventos, flores e pássaros. Nada se
move. Entre o céu e a terra, sob a copa de um álamo, balança o corpo
de Frei Tito, dependurado numa corda.
O suicídio foi o seu gesto de protesto e de reencontro, do outro lado
da vida, da unidade perdida. Deixara registrado nas páginas de sua
Bíblia que "é melhor morrer do que perder a vida".
Em 25 de março de 1983, o corpo de Frei Tito chegou ao Brasil. Antes
de chegar a Fortaleza, passou por São Paulo, onde foi realizada uma
celebração litúrgica em memória dos mortos pela ditadura de 1964: o
próprio Frei Tito e Alexandre Vannucchi. Cercado por bispos e numeroso
grupo de sacerdotes, Dom Paulo Evaristo Arns repudiou a tragédia da
tortura em missa de corpo presente acompanhada por mais de quatro mil
pessoas. A missa foi celebrada em trajes vermelhos, trajes usados em
celebrações de Mártires.
DOM HELDER CÂMARA (1909-1999)
O homem que marcou os rumos da Igreja no Brasil.
"O amor é o perfume das almas."

"Só as grandes humilhações nos levam ao recesso último de nós mesmos,
lá onde as fontes interiores nos banham de luz, de alegria e de paz."
"Se eu dou comida a um pobre, me chamam de santo, mas se eu pergunto
por que ele é pobre, me chamam de comunista."
"Nós não queremos a paz dos pântanos, a paz enganadora que esconde
injustiças e podridão"

"Basta que um botão erre de casa para que o desencontro seja total."
"Um sonho sonhado sozinho é apenas um sonho. Um sonho sonhado juntos é
o princípio de uma nova realidade."
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Por Orlando Santana da Cruz | orlandocruz@ig.com.br

FREI TITO: "A Igreja não pode omitir-se. As provas das torturas trazemos no corpo."

As próprias pedras gritarão
Frei Tito por ele mesmo
Relato da tortura de Frei Tito


Este é o depoimento de um preso político, frei Tito de Alencar Lima,
24 anos. Dominicano. (redigido por ele mesmo na prisão). Este
depoimento escrito em fevereiro de 1970 saiu clandestinamente da
prisão e foi publicado, entre outros, pelas revistas Look e Europeo.
Fui levado do presídio Tiradentes para a "Operação Bandeirantes", OB
(Polícia do Exército), no dia 17 de fevereiro de 1970, 3ª feira, às 14
horas. O capitão Maurício veio buscar-me em companhia de dois
policiais e disse: "Você agora vai conhecer a sucursal do inferno".
Algemaram minhas mãos, jogaram me no porta-malas da perua. No caminho
as torturas tiveram início: cutiladas na cabeça e no pescoço,
apontavam-me seus revólveres.
Preso desde novembro de 1969, eu já havia sido torturado no DOPS. Em
dezembro, tive minha prisão preventiva decretada pela 2ª auditoria de
guerra da 2ª região militar. Fiquei sob responsabilidade do juiz
auditor dr Nelson Guimarães. Soube posteriormente que este juiz
autorizara minha ida para a OB sob “garantias de integridade física”.
Ao chegar à OB fui conduzido à sala de interrogatórios. A equipe do
capitão Maurício passou a acarear-me com duas pessoas. O assunto era o
Congresso da UNE em Ibiúna, em outubro de 1968. Queriam que eu
esclarecesse fatos ocorridos naquela época. Apesar de declarar nada
saber, insistiam para que eu “confessasse”. Pouco depois levaram me
para o “pau-de-arara”. Dependurado nu, com mãos e pés amarrados,
recebi choques elétricos, de pilha seca, nos tendões dos pés e na
cabeça. Eram seis os torturadores, comandados pelo capitão Maurício.
Davam-me "telefones" (tapas nos ouvidos) e berravam impropérios. Isto
durou cerca de uma hora. Descansei quinze minutos ao ser retirado do
"pau-de-arara". O interrogatório reiniciou. As mesmas perguntas, sob
cutiladas e ameaças. Quanto mais eu negava mais fortes as pancadas. A
tortura, alternada de perguntas, prosseguiu até às 20 horas. Ao sair
da sala, tinha o corpo marcado de hematomas, o rosto inchado, a cabeça
pesada e dolorida. Um soldado, carregou-me até a cela 3, onde fiquei
sozinho. Era uma cela de 3 x 2,5 m, cheia de pulgas e baratas.
Terrível mau cheiro, sem colchão e cobertor. Dormi de barriga vazia
sobre o cimento frio e sujo.
Na quarta-feira fui acordado às 8 h. Subi para a sala de
interrogatórios onde a equipe do capitão Homero esperava-me. Repetiram
as mesmas perguntas do dia anterior. A cada resposta negativa, eu
recebia cutiladas na cabeça, nos braços e no peito. Nesse ritmo
prosseguiram até o início da noite, quando serviram a primeira
refeição naquelas 48 horas: arroz, feijão e um pedaço de carne. Um
preso, na cela ao lado da minha, ofereceu-me copo, água e cobertor.
Fui dormir com a advertência do capitão Homero de que no dia seguinte
enfrentaria a “equipe da pesada”.
Na quinta-feira três policiais acordaram-me à mesma hora do dia
anterior. De estômago vazio, fui para a sala de interrogatórios. Um
capitão cercado por sua equipe, voltou às mesmas perguntas. "Vai ter
que falar senão só sai morto daqui", gritou. Logo depois vi que isto
não era apenas uma ameaça, era quase uma certeza. Sentaram-me na
"cadeira do dragão" (com chapas metálicas e fios), descarregaram
choques nas mãos, nos pés, nos ouvidos e na cabeça. Dois fios foram
amarrados em minhas mãos e um na orelha esquerda. A cada descarga, eu
estremecia todo, como se o organismo fosse se decompor. Da sessão de
choques passaram-me ao "pau-de-arara". Mais choques, pauladas no peito
e nas pernas a cada vez que elas se curvavam para aliviar a dor. Uma
hora depois, com o corpo todo ferido e sangrando, desmaiei. Fui
desamarrado e reanimado. Conduziram-me a outra sala dizendo que
passariam a carga elétrica para 230 volts a fim de que eu falasse
"antes de morrer". Não chegaram a fazê-lo. Voltaram às perguntas,
batiam em minhas mãos com palmatória. As mãos ficaram roxas e
inchadas, a ponto de não ser possível fechá-las. Novas pauladas. Era
impossível saber qual parte do corpo doía mais; tudo parecia
massacrado. Mesmo que quisesse, não poderia responder às perguntas: o
raciocínio não se ordenava mais, restava apenas o desejo de perder
novamente os sentidos. Isto durou até às 10 h quando chegou o capitão
Albernaz.
"Nosso assunto agora é especial", disse o capitão Albernaz, ligou os
fios em meus membros. "Quando venho para a OB - disse - deixo o
coração em casa. Tenho verdadeiro pavor a padre e para matar
terrorista nada me impede... Guerra é guerra, ou se mata ou se morre.
Você deve conhecer fulano e sicrano (citou os nomes de dois presos
políticos que foram barbaramente torturados por ele), darei a você o
mesmo tratamento que dei a eles: choques o dia todo. Todo "não" que
você disser, maior a descarga elétrica que vai receber". Eram três
militares na sala. Um deles gritou: "Quero nomes e aparelhos
(endereços de pessoas)". Quando respondi: "não sei" recebi uma
descarga elétrica tão forte, diretamente ligada à tomada, que houve um
descontrole em minhas funções fisiológicas. O capitão Albernaz queria
que eu dissesse onde estava o Frei Ratton. Como não soubesse, levei
choques durante quarenta minutos.
Queria os nomes de outros padres de São Paulo, Rio e Belo Horizonte
"metidos na subversão". Partiu para a ofensa moral: "Quais os padres
que têm amantes? Por que a Igreja não expulsou vocês? Quem são os
outros padres terroristas?". Declarou que o interrogatório dos
dominicanos feito pele DEOPS tinha sido "a toque de caixa" e que todos
os religiosos presos iriam à OB prestar novos depoimentos. Receberiam
também o mesmo "tratamento". Disse que a "Igreja é corrupta, pratica
agiotagem, o Vaticano é dono das maiores empresas do mundo". Diante de
minhas negativas, aplicavam-me choques, davam-me socos, pontapés e
pauladas nas costas. À certa altura, o capitão Albernaz mandou que eu
abrisse a boca "para receber a hóstia sagrada". Introduziu um fio
elétrico. Fiquei com a boca toda inchada, sem poder falar direito.
Gritaram difamações contra a Igreja, berraram que os padres são
homossexuais porque não se casam. Às 14 horas encerraram a sessão.
Carregado, voltei à cela onde fiquei estirado no chão.
Às 18 horas serviram jantar, mas não consegui comer. Minha boca era
uma ferida só. Pouco depois levaram-me para uma "explicação".
Encontrei a mesma equipe do capitão Albernaz. Voltaram às mesmas
perguntas. Repetiram as difamações. Disse que, em vista de minha
resistência à tortura, concluíram que eu era um guerrilheiro e devia
estar escondendo minha participação em assaltos a bancos. O
"interrogatório" reiniciou para que eu confessasse os assaltos:
choques, pontapés nos órgãos genitais e no estomago palmatórias,
pontas de cigarro no meu corpo. Durante cinco horas apanhei como um
cachorro. No fim, fizeram-me passar pelo "corredor polonês". Avisaram
que aquilo era a estréia do que iria ocorrer com os outros
dominicanos. Quiseram me deixar dependurado toda a noite no
"pau-de-arara". Mas o capitão Albernaz objetou: "não é preciso, vamos
ficar com ele aqui mais dias. Se não falar, será quebrado por dentro,
pois sabemos fazer as coisas sem deixar marcas visíveis". "Se
sobreviver, jamais esquecerá o preço de sua valentia".
Na cela eu não conseguia dormir. A dor crescia a cada momento. Sentia
a cabeça dez vezes maior do que o corpo. Angustiava-me a possibilidade
de os outros padres sofrerem o mesmo. Era preciso pôr um fim àquilo.
Sentia que não iria aguentar mais o sofrimento prolongado. Só havia
uma solução: matar-me.
Na cela cheia de lixo, encontrei uma lata vazia. Comecei a amolar sua
ponta no cimento. O preso ao lado pressentiu minha decisão e pediu que
eu me acalmasse. Havia sofrido mais do que eu (teve os testículos
esmagados) e não chegara ao desespero. Mas no meu caso, tratava-se de
impedir que outros viessem a ser torturados e de denunciar à opinião
pública e à Igreja o que se passa nos cárceres brasileiros. Só com o
sacrifício de minha vida isto seria possível, pensei. Como havia um
Novo Testamento na cela, li a Paixão segundo São Mateus. O Pai havia
exigido o sacrifício do Filho como prova de amor aos homens. Desmaiei
envolto em dor e febre.
Na sexta-feira fui acordado por um policial. Havia ao meu lado um novo
preso: um rapaz português que chorava pelas torturas sofridas durante
a madrugada. O policial advertiu-me: "o senhor tem hoje e amanhã para
decidir falar. Senão a turma da pesada repete o mesmo pau. Já perderam
a paciência e estão dispostos a matá-lo aos pouquinhos". Voltei aos
meus pensamentos da noite anterior. Nos pulsos, eu havia marcado o
lugar dos cortes. Continuei amolando a lata. Ao meio-dia tiraram-me
para fazer a barba. Disseram que eu iria para a penitenciária. Raspei
mal a barba, voltei à cela. Passou um soldado. Pedi que me emprestasse
a "gillete" para terminar a barba. O português dormia. Tomei a
gillete. Enfiei-a com força na dobra interna do cotovelo, no braço
esquerdo. O corte fundo atingiu a artéria. O jato de sangue manchou o
chão da cela. Aproximei-me da privada, apertei o braço para que o
sangue jorrasse mais depressa. Mais tarde recobrei os sentidos num
leito do pronto-socorro do Hospital das Clínicas. No mesmo dia
transferiram-me para um leito do Hospital Militar. O Exército temia a
repercussão, não avisaram a ninguém do que ocorrera comigo. No
corredor do Hospital Militar, o capitão Maurício dizia desesperado aos
médicos: "Doutor, ele não pode morrer de jeito nenhum. Temos que fazer
tudo, senão estamos perdidos". No meu quarto a OB deixou seis soldados
de guarda.
No sábado teve início a tortura psicológica. Diziam: "A situação agora
vai piorar para você, que é um padre suicida e terrorista. A Igreja
vai expulsá-lo". Não deixavam que eu repousasse. Falavam o tempo todo,
jogavam, contavam-me estranhas histórias. Percebi logo que, a fim de
fugirem à responsabilidade de meu ato e o justificarem, queriam que eu
enlouquecesse.
Na segunda noite recebi a visita do juiz auditor acompanhado de um
padre do Convento e um bispo auxiliar de São Paulo. Haviam sido
avisados pelos presos políticos do presídio Tiradentes. Um médico do
hospital examinou-me à frente deles mostrando os hematomas e
cicatrizes, os pontos recebidos no hospital das Clínicas e as marcas
de tortura. O juiz declarou que aquilo era "uma estupidez" e que iria
apurar responsabilidades. Pedi a ele garantias de vida e que eu não
voltaria à OB, o que prometeu.
De fato fui bem tratado pelos militares do Hospital Militar, exceto os
da OB que montavam guarda em meu quarto. As irmãs vicentinas deram-me
toda a assistência necessária Mas não se cumpriu a promessa do juiz.
Na sexta-feira, dia 27, fui levado de manhã para a OB. Fiquei numa
cela até o fim da tarde sem comer. Sentia-me tonto e fraco, pois havia
perdido muito sangue e os ferimentos começavam a cicatrizar-se. À
noite entregaram-me de volta ao Presídio Tiradentes.
É preciso dizer que o que ocorreu comigo não é exceção, é regra. Raros
os presos políticos brasileiros que não sofreram torturas. Muitos,
como Schael Schneiber e Virgílio Gomes da Silva, morreram na sala de
torturas. Outros ficaram surdos, estéreis ou com outros defeitos
físicos. A esperança desses presos coloca-se na Igreja, única
instituição brasileira fora do controle estatal-militar. Sua missão é:
defender e promover a dignidade humana. Onde houver um homem sofrendo,
é o Mestre que sofre. É hora de nossos bispos dizerem um BASTA às
torturas e injustiças promovidas pelo regime, antes que seja tarde.
A Igreja não pode omitir-se. As provas das torturas trazemos no corpo.
Se a Igreja não se manifestar contra essa situação, quem o fará? Ou
seria necessário que eu morresse para que alguma atitude fosse tomada?
Num momento como este o silêncio é omissão. Se falar é um risco, é
muito mais um testemunho. A Igreja existe como sinal e sacramento da
justiça de Deus no mundo
"Não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio.
Fomos maltratados desmedidamente, além das nossas forças, a ponto de
termos perdido a esperança de sairmos com vida. Sentíamos dentro de
nós mesmos a sentença de morte: deu-se isso para que saibamos pôr a
nossa confiança, não em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos"
(2Cor, 8-9).
Faço esta denúncia e este apelo a fim de que se evite amanhã a triste
notícia de mais um morto pelas torturas.
Frei Tito de Alencar Lima, OP
Fevereiro de 1970
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Subsídio enviado por Orlando Santana da Cruz

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