30 de abr. de 2008

Até que o sofrimento lhe ensine, o homem não avaliará o valor da água


Entrevista com o professor Claudomir Tavares da Silva
Por Vereda da Cultura *

Em 15 de abril de 2005 o professor Claudomir Tavares da Silva (39) deu início ao processo de construção que culminou com a instalação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba em 13 de junho de 2007, fazendo valer uma luta iniciada em 1990, quando teve início à discussão em Pirambu a partir das aulas de Geografia (ministradas pelo professor José Joaquim) e de História (ministradas pelo próprio) na Escola Estadual José Amaral Lemos. Naquele dia foi instalado em Pirambu o Comitê Popular do Rio Japaratuba, do qual Claudomir foi escolhido seu coordenador, cujo objetivo era o de pressionar os órgãos oficiais a construir o Comitê da Baia Hidrográfica.

Este objetivo foi alcançado com um amplo processo de mobilização realizado nos 20 municípios integrantes da área da bacia no período de novembro de 2005 a abril de 2006. Sócio da Colônia de Pescadores desde 1992, tendo sido pescador quando residiu no povoado Canal de São Sebastião, em Barra dos Coqueiros e no início dos anos 80 quando se mudou com sua família para Pirambu, foi indicado pela Colônia de Pescadores Z – 5 para integrar o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, sendo eleito por aclamação do setor em Plenária Eleitoral realizada no último dia 25 de abril de 2007 na cidade de Japaratuba para representar seguimento Pesca, que na região tem duas colônias e três associações de pescadores, numa base territorial estimada em mais de oito mil usuários das águas para a atividade pesqueira. No dia 13 de junho do mesmo ano, quando da instalação do CBHJ, foi eleito por unanimidade secretário geral do Comitê, indicação feita pelos representantes da Universidade Federal de Sergipe – UFS e Universidade Tiradentes – UNIT. Confira abaixo a íntegra da entrevista concedida no dia a Vereda da Cultura em sua residência na cidade de Pirambu.

Vereda da Cultura – A água encontra-se em extinção no Brasil e no mundo?

Claudomir Tavares – Segundo o Ciclo Hidrológico, o volume de água existente no Planeta é o mesmo desde que ele foi concebido. O que tem ocorrido é a diminuição da sua qualidade e, com o aumento desenfreado da população do globo, ela (a água) tem se tornado um bem a ser conquistado, o que multiplica nossa responsabilidade para com a água. Há aproximadamente quatro bilhões de anos, quando ainda nenhum ser vivo habitava nosso planeta, ocorriam na terra muitas erupções vulcânicas. Das larvas vulcânicas depreendiam-se gases e grande quantidade de vapor de água. O vapor de água foi se acumulando na atmosfera durante séculos. Quando a temperatura ficou mais baixa, os vapores se transformaram em líquido, caindo na crosta terrestre sob a forma de chuvas abundantes. A água das chuvas foi se acumulando lentamente nas cavidades da superfície terrestre, dando origem aos oceanos, mares, lagos e se infiltrando solo abaixo, criando lençóis de água subterrâneos ou lençóis freáticos, que aparecem na superfície atmosférica através de fontes de água. A maior parte da superfície terrestre é coberta pela água. Visto pelo lado de fora, o planeta deveria se chamar água. Com algumas ilhas de terra firme, cerca de 2/3 da sua superfície são dominadas pelos vastos oceanos. Mesmo com tanta água, apenas 1 % de toda água do planeta está disponível para uso, armazenada nos lençóis subterrâneos, lago, rios e na atmosfera; 97 % está nos oceanos e mares, e é salgada e 2 % está armazenada nas geleiras, em lugares quase inacessíveis. A água está em toda parte: nas nuvens, no mar, nos rios, nos lagos, no ar, nas plantas, nos animais e no corpo humano. A água é fundamental para a vida. Para sobreviver, os seres vivos precisam manter no organismo uma adequada e constante quantidade de água.

Vereda da Cultura – Durante as comemorações do Dia Internacional da Água foi colocado que a água será o próximo produto responsável pela eclosão da III Guerra Mundial. O que você tem a comentar sobre esta possibilidade?

Claudomir Tavares – Que ela está cada vez mais presente entre nós e cada vez mais próxima. Veja os dados que apresentamos: Apenas 1% de toda água existente no mundo é doce e está disponível para o uso. Do restante, 97 % é água salgada e 2 % forma as geleiras inacessíveis. Apenas 1/3 dos recursos hídricos disponíveis hoje no planeta podem ser aproveitados. No ano 2020 a carência de água vai afetar 2/3 da população mundial. 20 % da população do planeta não tem acesso à água potável para beber. De 1900 a 1997, a população do planeta dobrou, e o consumo de água cresceu sete vezes. O consumo de água em uma família de classe média nos Estados Unidos chega a dois mil litros por dia. Na África, esse consumo é de apenas 150 litros, e milhões de famílias ainda precisa carregar água por longas distâncias. 70 % de toda água doce consumida no planeta destina-se ao uso agrícola em irrigação. Com o crescimento da população, esse número, já muito alto, tende a aumentar. 90 % da água utilizada no Terceiro Mundo é devolvida à natureza sem nenhum tipo de tratamento. 1.9. 50 % dos rios do mundo estão poluídos com despejos de esgotos, resíduos industriais e agrotóxicos ou em via de serem exauridos devido ao desperdício e a má gestão dos recursos hídricos nas bacias fluviais. 30 % das maiores bacias hidrográficas perderam mais da metade da cobertura vegetal original, o que levou à redução da quantidade de água. Águas poluídas afetam a saúde de aproximadamente 1,2 milhões de pessoas e contribuem para a morte de 15 milhões de crianças com menos de cinco anos. A desertificação já atinge cerca de 70 % das terras secas do planeta. O Brasil detém oito % de toda a água disponível para uso humano no mundo. A maior parte dessa água, cerca de 90 %, está na região Amazônia, onde vive apenas 5 % da população brasileira. O Brasil detém 77 % das águas de superfície da América do Sul e é um dos que mais sofrem com o desequilíbrio entre a oferta e a demanda, o desperdício, a poluição ambiental e a violação das áreas de preservação dos cursos de água. No Brasil, 40 % da água é desperdiçada. Um índice considerado muito alto. Por exemplo: de 100 litros usados, 40 % poderiam ter sido poupados. Apenas 16% dos esgotos sanitários são tratados no País. O restante é jogado in natura nos rios. 45 % da população brasileira ainda não tem acesso aos serviços de água tratada, e 96 milhões de pessoas vivem sem esgotamento sanitário. 72 % dos leitos hospitalares são ocupados por pacientes vítimas de doenças transmitidas através da água, como disenteria, hepatite, cólera e equistosomose. Portanto, uma Guerra de proporção mundial é uma realidade eminente e, de uma certa forma ela terá seu início em caráter pontual, de forma que o Brasil será a nação mais cobiçada pelo volume de água doce que dispõe.

Vereda da Cultura – Cite alguns cuidados urgentes a serem tomados tanto por adulto como pelas crianças para garantirmos a água nossa de cada dia:

Claudomir Tavares – Madre Tereza de Calcutá, um líder religiosa da Índia que recebeu nos anos 90 o Prêmio Nobel da Paz pela sua luta em defesa da solidariedade, pela paz e pela união dos povos disse no auge de sua humildade mas consciente de suas responsabilidades: “o que eu fiz no mundo foi uma pequena gota d’água num imenso oceano, mas se eu não fizesse esta gota com certeza faltaria”. Uma fábula bastante famosa, conta que uma vez um beija flor estava tentando apagar um incêndio de uma floresta quando um outro pássaro o interpelou dizendo de sua perda de tempo, pois como ele iria apagar um incêndio se trazendo água de tão longe e em seu minúsculo bico. O beija flor teria respondido: “eu até tenho consciência de que não apagarei este incêndio, mas estou fazendo minha parte”. São dois exemplos para serem seguidos por cada um de nós, afinal, agente começa mudando o mundo dentro da gente. Se fizermos nossa parte podemos conviver por muito tempo sem a escassez de água na Terra. Devemos seguir alguns passos bem simples: ao tomarmos banho, desligar o chuveiro quando estivermos nos ensaboando, fazer o mesmo quando estivermos lavando os tratos, ou escovando os dentes. Evitar lavar carros, motos, calçadas, casas, usando mangueiras, passando estas idéias adiante, enfim. Só não vale ficar parado, afinal, nós não herdamos a Terra de nossos pais, nós a tomamos emprestada de nossos filhos.

Vereda da Cultura – E o Rio São Francisco? É transposição ou revitalização?

Claudomir Tavares – É preciso desmistificar um mito, mostrar uma grande hipocrisia e demagogia com que estão fazendo esta campanha em favor da revitalização e contra a transposição. Eu tenho participado de praticamente todas as manifestações, debates e fóruns para debater a causa do Velho Chico. Tem sido assim desde o projeto de transposição que se iniciou no governo de Fernando Henrique Cardoso mas que teve sua origem desde o Império. Várias vozes tem se levantado defendendo esta bandeira, as quais eu homenageio nas pessoas do Padre Izaías Carmo Nascimento Filho (Pe Izaías), da Cáritas Diocesana de Propriá pelo lado de Sergipe e o senhor Antônio Gomes dos Santos (Seu Toinho Pescador), que inclusive o trouxemos a Pirambu em 1994 para discutir a problemática da pesca em Sergipe quando ajudamos a fundar o Núcleo de Apoio aos Pescadores de Sergipe. Pois bem: Sergipe tem alguns rios agonizando: Piauí, Sergipe e Japaratuba, só para citar as bacias estaduais, e temos ainda mais três bacias nacionais que banham terras sergipanas: São Francisco, Vaza-Barris e Real. Não se vê qualquer ação do Governo de Sergipe em defesa dos nossos rios, inclusive ele (o Governador João Alves Filho) mobilizou sua bancada para derrubar a proposta do deputado Francisco Gualberto (PT) que previa a destinação de 1 % dos Recursos do Orçamento do Estado para ser investido na revitalização de nossos rios. O governador escolheu a “defesa”, pasmem, do São Francisco como um instrumento de enfrentamento do governo Lula e como tábua de salvação de sua reeleição, o que nos parece cada vez mais distante. Os prefeitos ribeirinhos que abrem esperneiam contra a transposição, na verdade deveriam fazer o dever de casa. Em cada três palavras de ordem, três são contra o governo Lula e apenas uma contra a transposição e defesa da revitalização. Enquanto isso, continuam, todos eles, sem exceção, jogando esgotos in-natura dentro do rio e permitindo que lavem carros,motos e cavalos na beira do rio. E é assim é? Já o governo Lula, traiu os interesses dos sergipanos, alagoanos e baianos ao prometer que não faria a transposição sem a revitalização e está fazendo justamente o contrário. Alega ele e o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes que ela (a revitalização) já está em curso, quando na verdade o que existem são ações isoladas e inerentes ao trabalho da CODEVASF, DNOCS, CHESF e outras estatais que atuam na região, próprio de seu objetivo. Eu particularmente não sou contra a transposição, desde que a água seja levada para consumo humano e animal, e não para a carcinicultura (criação de camarão) e para a indústria, setores que tem os mecanismos de obtenção de água a partir de seus próprios meios e não como projeto de governo que tem um caráter eminentemente eleitoreiro, para beneficiar empreiteiras que depois irão investir em sua campanha de reeleição e de aliados na região. Defendemos a revitalização a partir de sua revitalização, envolvendo os setores e estados envolvidos, principalmente os que serão doadores. Como dizia o professor José Teodomiro de Araújo, “o rio São Francisco é apenas uma calha por onde corre as águas dos seus afluentes”, assim defendemos uma revitalização que privilegie também sua rede de afluentes que tem alimentado o rio da unidade nacional durante todo o seu trajeto.

Vereda da Cultura – O Governo Federal tem investido na duplicação da rede que canaliza água do rio São Francisco para Aracaju e outras cidades. Isso é transposição? Que prejuízos essa obra pode acarretar sobrevivência do “Velho Chico”?

Claudomir Tavares – Esse tipo de transposição vem acontecendo ao longo do Rio São Francisco em toda sua extensão. A Deso, por exemplo, faz transposição, os projetos de irrigação da Codevasf e aqueles criados com recursos do Governo Federal repassados para o Governo do Estado, como Jacaré-Curituba e outros, vários fazendeiros, sitiantes, agro-indústrias, enfim, são centenas ao longo do rio retirando água para irrigação, consumo humano e atividade industrial. É preciso ver se eles tem outorga para retirá-la ou se fazem de forma ilegal, um ato, talvez criminoso. O que não se pode permitir é que pessoas que residem às margens do São Francisco continuem morrendo de sede, sem ter como dar água aos seus animais ou irrigar suas plantações, dependendo de carro pipa, num processo conhecido como indústria da seca. A água é um bem coletivo e não deve ser instrumento de poder dos mais abastados como tem acontecido em Sergipe.

Vereda da Cultura – Recentemente foram criados Comitês que visam inclusive à revitalização das Bacias Hidrográficas de Sergipe. Qual a real situação dos nossos rios? Já houve extinção de alguns? Se sim, quais? Existem a possibilidade de novas extinções?

Claudomir Tavares – No início dos anos 80 do século passado ganhou força o debate sobre os recursos hídricos no Planeta, sobretudo no Brasil. Essa tendência foi fortalecida com o advento da Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, a Eco-92 realizada pela Organização das Nações Unidas na cidade do Rio de Janeiro em 1992. A partir de 1997 são edificadas as Leis sobre Gestão Participativa e Descentralizadas das Águas do Brasil e dos Estados, como foi o caso de Sergipe. Foram criadas as agências reguladoras e a partir daí se iniciou o processo de criação dos Comitês das Bacias Hidrográficas, uma espécie de Parlamento das Águas, nos quais estão representados os representantes dos três setores: usuários de água bruta, sociedade civil e poder público. O primeiro comitê criado em Sergipe foi o do Rio Sergipe, instalado em 2001. Em 2002 foi instalado o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Em ambos os casos Pirambu participou do processo. No primeiro, através dos professores da Escola Municipal Mário Trindade Cruz, Claudomir Tavares e Acácia Dias da Cruz. No segundo, a partir de reunião realizada no Bar Rio, mobilizada pelo Instituto Manoel Novais, Cáritas Diocesana de Propriá e encampado aqui pelo Departamento de Cultura do Município. Em 2005 foi concluído o processo de construção do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piai, esperando a realização do Congresso de Instalação. No período de novembro de 1995 a abril de 2006 foi realizado o processo de mobilização para instalação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, desde os 20 Encontros Municipais sobre Recursos Hídricos, passando pelos Encontros Regionais para Reexaminar os Perfis Municipais, os Encontros Regionais para elaborar a proposta de Regimento Interno, Oficina de Planejamento para constituição do Comitê e Plenárias Eleitorais, nas quais Pirambu foi contemplado com dois dos 24 membros escolhidos: eu, Claudomir, que represento o Setor Pesca, na categoria usuários de água bruta e o vereador José Luís de Andrade, que representa as 20 câmaras municipais no setor poder público. Atualmente em Sergipe existem vários rios que estão em processo acelerado de degradação, muitos deles assoreado e em estado de perenização, agonizando e se não houver uma ação mais consistente do poder público e a mobilização da sociedade, eles poderão deixar de existir – é uma realidade a qual não podemos descartar. O próprio Rio Japaratuba tem sido vitimas de agressões, como a que verificamos na região da Fervura, onde um fazendeiro de pré-nome Carlos aterrou, tubulando suas águas, para garantir a ocupação da Ilha formada a partir da construção do Canal do Japaratuba, introduzindo ali a criação de bois-búfalos. Já fizemos a denúncia a setores do Ibama e ao Ministério Público, mas não temos conhecimento de uma ação destes órgãos “sempre vigilantes”.

Vereda da Cultura – Existe algum projeto de revitalização dos rios sergipanos?

Claudomir Tavares – Oficialmente não. Existem ações que merecem destaque, como a criação do Comitê Popular do Rio Japaratuba em Pirambu, ainda incipiente e carente do envolvimento da sociedade, o movimento “Vamos salvar o Rio Sergipe”, idealizado pelo jornalista Osmário Santos, que realiza em março o Aracaju de “tó-tó-tó”, já em sua terceira edição, a ação em defesa do Rio Piauí, que tem a frente o ambientalista João Fontes Júnior, a proposta de disponibilização de 1 % dos recursos do Orçamento do Estado para a revitalização dos rios sergipanos de autoria do deputado Francisco Gualberto(PT)a criação do Dia do Rio Sergipe, a partir de uma propositura da deputada Ana Lúcia (PT), a ação de ambientalistas de Capela e de Nª Sª das Dores, só pra citar alguns exemplos. Em 2005 promovemos na Escola Mário Trindade Cruz, na condição de professor da disciplina História o projeto “Nos Rastros do Imperador”, no qual repetimos o trajeto do Imperador Dom Pedro II desde a foz do Rio Japaratuba até onde está o povoado Canal de São Sebastião. A partir daí, iniciamos um projeto de pesquisa sobre o Canal do Pomonga, percorrendo o trecho desde o Angelim, até o encontro do Pomonga com o rio Japaratuba. O projeto terá continuidade em 2006, no segundo semestre. Aqui em Pirambu, estou lhes passando em primeira mão, iremos realizar um passeio pelo leito do rio Japaratuba no dia 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, para denunciar as agressões que tem sido vítima o chamado Baixo Japaratuba. Há um projeto “ambicioso” que é percorrer a pé, ainda que de várias etapas, os 124 quilômetros do Rio Japaratuba, desde sua nascente em Feira Nova até a Foz em Pirambu. Provavelmente façamos isso em novembro. Já temos a adesão de companheiros de Capela, Dores, Carmópolis, Gracho Cardoso, Japaratuba e Pirambu.

Vereda da Cultura – Fale sobre o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba.

Claudomir Tavares – O processo teve início há bastante tempo, quando se quer havia uma movimentação em criar os comitês de baias em Sergipe. E temos a satisfação de dizer que ele teve início em Pirambu, ao percebermos ser a única cidade a jogar diretamente seus esgotos no rio, a partir de sete locais de descarte. Vamos as etapas: I – 1990 = 22/03/1990 Um rio cheio de Histórias – As aulas de História e de Sociedade & Cultura, ministradas pelo professor Claudomir Tavares da Silva na Escola Estadual José Amaral Lemos passam a incorporar os elementos históricos e culturais da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba. II – 1998 = 05/06/1998 Um rio na ordem do dia – Num processo conjunto e contínuo, os professores Claudomir Tavares (História e Sociedade & Cultura) e José Joaquim (Geografia) pautam o Rio Japaratuba como uma preocupação permanente de suas práticas pedagógicas. III – 1999 = 05/03/1999 Caminhada Ecológica – Estudantes da Escola Municipal Silvino Antônio Araújo, no povoado Aguilhadas realizam Caminhada Ecológica na região da Fervura, as margens do Rio Japaratuba, no povoado Aguilhadas e Pedra de Nicó. V – 2001 = Março/2001 Jornal “O Povo” – O jornal “O Povo”, do Diretório Municipal do PT publica um Manifesto em Defesa do Rio Japaratuba, a partir de contribuições dos professores Claudomir Tavares (História) e José Joaquim (Geografia), ambos da Escola Estadual José Amaral Lemos. V – 2002 = 22/03/2002 Abraço ao Rio Japaratuba – Caminhada Ecológica da Escola Municipal Mário Trindade Cruz culmina com abraço ao Rio Japaratuba, fechando por meia hora a Ponte da Amizade que liga os municípios de Pirambu a Barra dos Coqueiros. VI – 2003/2005 = Setembro/2003 – Março/2005 SOS Rio Japaratuba – Jornais Tribuna do Vale (Japaratuba) e Tribuna da Praia (Pirambu) publicam matéria de primeira página, dedicando especo privilegiado ao Rio Japaratuba, convocando a realização de um Seminário para discutir as questões pertinentes ao Velho Japa. No mesmo período o Jornal “Olhar 43”, do Partido Verde em Pirambu, destaca a luta em defesa do Rio Japaratuba. VII – 2004 = 27/07/2004 IX Festa do Juão – Oficina “Japaratuba: um rio na ordem do dia”, ministrada pelo professor Claudomir Tavares no povoado São José durante a IX Festa do Juão”, da Escola Municipal Vereador João Prado, no povoado São José, em Japaratuba. VIII – 2005 = 12/03/2005 IV Acamamento da Juventude – Oficina “Japaratuba: um rio na ordem do dia”, ministrada pelo professor Claudomir Tavares no povoado São José durante o IV Acampamento da Juventude. 22/03/2005 Dia Mundial da Água – Claudomir Tavares concede entrevista a Ouro Negro FM (Carmópolis), Caminhada Ecológica da EM Mário Trindade Cruz (Pirambu) e Tribuna Livre discute “Japaratuba: um rio na ordem do dia” na Câmara Municipal (Japaratuba). 15/04/2005 Nasce o CPRJ – Reunião realizada em Pirambu lança os pilares para a construção do Comitê Popular do Rio Japaratuba. 18/04/2005 Entrevista na ON-FM – Coordenação do CPRJ concede entrevista na Ouro Negro FM em Carmópolis. Nov/Dez/2005 Encontros Municipais – Reuniões realizadas nos 20 municípios discutem gestão participativa dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Japaratuba. IX – 2006 = 10 a 13/01/2006 Encontros Regionais – Reuniões para traçar os perfis dos municípios integrantes da bacia do rio Japaratuba (Aquidabã, Japaratuba, Maruim e Nª Sª das Dores). 13 a 16/02/2005 Encontros Regionais – Reunião para Elaboração da proposta de Regimento da Bacia Hidrográfica do CBH-Japaratuba (Aquidabã, Japaratuba, Maruim e Nª Sª das Dores). 15 e16/03/2006 Oficina de Planejamento – Oficina de Planejamento de Constituição do Comitê Rio Japaratuba (Capela/SE). 22/03/2006
Entrevista na ON-FM – Comissão Pró-CBH-RJ concede entrevista na Ouro Negro FM em Carmópolis. 31/03/2006 Entrevista na TV Sergipe – Comissão Pró-CBH-RJ concede entrevista ao Bom Dia Sergipe e SE-Notícias da TV Sergipe. 25 a 27/04/2006 Plenárias Eleitorais: Comitê Rio Japaratuba – Participação nas Plenárias Eleitorais do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba nas cidades de Japaratuba, Capela e Nª Sª das Doses,que elegeram os 24 membros representantes dos usuários de água bruta, do poder público e da sociedade civil – 2007 = 13/06/2007 Plenária de Instalação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, realizada no Plenário da Câmara Municipal de Japaratuba. Neste dia fomos eleitos por unanimidade Secretário Geral do CBHJ, indicado que fomos pelos representantes da UFS e UNIT.

Vereda da Cultura – Qual a origem da água potável em Pirambu?

Claudomir Tavares – Em 22 de março de 1973, dia mundial consagrado à água foi inaugurada em Pirambu a unidade de tratamento e distribuição da DESO, órgão fundada em 1969 e que na época significada Departamento Estadual de Saneamento e Obras, atual Companhia de Saneamento de Sergipe. A água é captada no encontro das ruas Givaldo Moura da Silva (antiga Rua Sergipe ou Rua do Cará) e Castelo Branco, próximo à residência da líder do Ilariô de Pirambu, Maria dos Santos Sales (Dona Nazilde). Quando da sua concepção tinha o objetivo de distribuir água para algumas centenas de residências, sendo distribuída atualmente para milhares em Pirambu e centenas do povoado Aguilhadas, um povoado subdividido em várias comunidades, como Alto da Boa Vista, Areinhas, Mero, Pau Pombo e Caatinguinha. Estudos preliminares,ainda não conclusivos dão conta de no máximo 15 anos a capacidade do reservatório onde atualmente é capitada a água que elevada para as torneiras de cerca de 5 mil habitantes nas duas comunidades. Há informações, que precisam ser confirmadas de que Pirambu deverá ser abastecido por água canalizada do Rio São Francisco tão logo seja concluída a Ponte que ligará Aracaju a Barra dos Coqueiros.

Vereda da Cultura – Até onde o crescimento desordenado de Pirambu poderá interferir na produção e qualidade da água?

Claudomir Tavares – Como dizia agora há pouco. Em 1973, há 33 anos, Pirambu (a sede) tinha uma população de menos de mil habitantes. Os números hoje apontam para cerca de cinco mil. Em 2020 a população suplantará Japaratuba, cidade que retira sua água do Balneário Prata. A água de Pirambu ela é canalizada para este volume de habitantes (incluindo os de Aguilhadas) e para uma distância cada vez maior. É preciso, urgentemente, repensar esta atividade tão nobre em nossa cidade, cujos loteamentos, novos bairros e conjuntos tem surgido com freqüência a partir do final dos anos 80 do século passado.

Vereda da Cultura – Comenta-se que a nossa água encontra-se com os dias contados. Até onde isso é verdade?

Claudomir Tavares – Eu diria os anos contados. Mas a situação ainda não é desesperadora. O município é o principal balneário de Sergipe, pólo turístico e uma cidade de eventos, além de ser um paraíso do ecoturismo em Sergipe. Credenciais, dos mais variados, nós temos. Aliado a isso é preciso que nos mantenhamos mobilizados, para garantir que estes credenciais não sejam os únicos, mas sim que tenhamos garantido o abastecimento de água a partir de um envolvimento coletivo da sociedade.

Vereda da Cultura – O que você teria a acrescentar?

Claudomir Tavares – Dizer da importância de termos em nossa cidade entidades como a Vereda da Cultura, que, enxerga como Eduardo Galeano, sem perder a perspectiva de Bertold Brecht. O primeiro disse que “a linha do horizonte não é um objetivo a ser alcançado, mas para nos ensinar a caminhar” enquanto o segundo disse que “quanto mais você canta sua aldeia, mais universal você se torna”. Obrigado a vocês pela oportunidade de falar sobre uma temática que precisa ser debatida por todos, uma vez que estar na ordem do dia.

* Entrevista concedida ao professor Agnaldo dos Santos Silva e integrantes da Organização Vereda da Cultura em 26/04/2006 e adaptada para incluir novos elementos, como datas e fatos relacionados aos citados na entrevista em 17/11/2007.

Fonte: www.tribunadapraia.com – Em: 31/03/2008

29 de abr. de 2008

Seu Andrade: Patrimônio do povo de Pirambu


A trajetória de João da Silva (Andrade) se confunde com a História Política de Pirambu. Seu exemplo deve ser seguido por aqueles que sonham com uma sociedade mais justa, igualitária, sem exploradores e explorados
Por Claudomir Tavares *
claudomir@infonet.com.br

O dia 12 de abril ficará registrado na História de Pirambu como aquele que João da Silva (Andrade) deu seus últimos passos como simples mortal. A partir desta data ele está imortalizado na trajetória deste município, que teve ele como um dos seus primeiros e principais personagens políticos.

A notícia de sua passagem pegou a todos de surpresa. Não pudemos prestar nossa última homenagem estando presente em seu velório e funeral,por estarmos distantes de Pirambu. Mas Seu Andrade é um dos personagens cujas homenagens devem ser uma constante pelos seus ‘conterrâneos’ pirambuenses.

Uma vida...

Natural do povoado Boa Fé, em Santo Amaro das Brotas, João da Silva era casado com Dona Diva da Silva e pai de Vanderley (Vandeco), Elizabeth (Leda), Ivânia (Vanda) e Maria de Lourdes (Dilu), que lhes deram netos e até bisnetos.

Ainda jovem mudou-se para o então povoado de Pirambu, onde viria a ser presidente da Colônia de Pescadores, dando suas primeiras pegadas na política local.

... uma História

Aqui em Pirambu acreditou no comércio, montou uma mercearia e padaria, sendo um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento sócio-econômico do então povoado de Japaratuba. Quando o município de Pirambu alcançou sua emancipação política em 23 de novembro de 1963, Seu Andrade que estava filiado a UDN como única opção de ocupação de espaços (foi assim que João de Seixas Dória chegou ao governo de Sergipe) elegeu-se entre os primeiros vereadores que tinham a incumbência de elaborar os primeiros instrumentos legais que iriam nortear a vida política-administrativa do novo município. O município de Pirambu foi instalado oficialmente em 08 de agosto de 1965 e os primeiros prefeito, vice-prefeito e vereadores tomaram posse em 28 de agosto do mesmo ano. O mandato terminaria no ano seguinte, com a posse dos novos eleitos.

Já filiado ao MDB, do qual foi um de seus fundadores em Pirambu, Andrade voltaria a ocupar a Câmara Municipal de Pirambu no período de 1977 a 1983. A partir daí, achou que poderia alçar vôos mais altos e decidiu disputar a prefeitura nas eleições gerais de 1982. Num processo em que o voto era vinculado, não obteve êxito, afastando-se definitivamente das disputas eleitorais.

Nos rastros do pai

Seguindo os ensinamentos do pai, que lhes deu inesquecíveis aulas de cidadania, seus filhos tiveram e têm uma intensa presença na vida política pirambuense. Maria de Lourdes Pereira da Silva (Dilu) reuniu a juventude e fundou em 1985 a União da Juventude Socialista em nossa cidade, sendo sua primeira coordenadora municipal. Valderley Pereira da Silva elegeu-se presidente da Colônia de Pescadores em 1987. Ivânia Pereira da Silva (Vanda) elegeu-se a a primeira mulher vereadora da História de Pirambu em 1988. Todos eles foram os arquitetos da fundação do Partido Comunista do Brasil (PC do B) em 1987, atualmente presidido por Alexandre Espinheira, amigo da família.

A despedida

As últimas homenagens a João da Silva (Andrade) aconteceram no último domingo, 13 de abril, quando centenas de amigos (o grande patrimônio construído por seu Andrade em toda sua vida), familiares, lideranças políticas, lhes conduziram ao cemitério do povoado Curral do Meio, em Santo Amaro das Brotas. Aqui na Tribuna da Praia elas estão apenas começando.

Fonte: http://www.tribunadapraia.com/ - Em: 16/04/2008

28 de abr. de 2008

Festa das Caretas mantida no povoado Maribondo


Por Jucy Tavares *

O povoado Maribondo, distante 15 km da sede do município de Pirambu tem se destacado pela diversidade cultural, pela história e religiosidade presente num calendário bastante significativo. Na comunidade acontece pelo menos um evento de cunho eminentemente cultural pelo menos uma vez a cada bimestre.

A última manifestação cultural que preencheu de cor, plástica, lúdico, alegria irradiou o povoado Maribondo no sábado de aleluia e domingo de páscoa, 22 e 23 de março, foi a Festa das Caretas, que em sua nova versão já está na 16ª edição, preservando motivações que lhe deu origem.

A festa consiste em caracterização dos participantes, cobertos de máscaras, cabendo a população tentar adivinhar o cidadão ocupante da indumentária, cada uma mais feia, bonita, diversificada que a outra. Quando isso ocorre, os mascarados ‘perseguem’ o responsável pela façanha, que foge em disparada, protegendo-se, com uma imensa gargalhada.

Tudo isso, numa cumplicidade de quem se envolve e incorpora como sua, se apropriando do elemento cultural bastante forte entre os maribondenses. Atualmente a festa é organizada pela família do senhor Antônio dos Santos (Sabal), a mesma que organiza há mais de 150 anos o Reisado do Maribondo. Centenas de populares se in corpora a festa que preserva a tradição, devolvendo a comunidade uma das mais autênticas manifestações culturais ali presente.

* Jucy Tavares é Pedagoga, professora concursada da rede pública municipal, capoeirista e especialista em Arte Educação

Fonte: www.tribunadapraia.com - Em: 31/03/2008

27 de abr. de 2008

Folclore de Pirambu e Japaratuba recebe prêmio de culturas populares


Dos 16 projetos de Sergipe selecionados, quatro são de Japaratuba e dois de Pirambu, numa prova inequívoca da cultura popular em nossa região

O Reisado do Maribondo e o Ilariô de Pirambu tiveram seu projetos contemplados com o Prêmio de Culturas Populares, do Ministério da Cultura. Cada projeto recebeu a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), e os grupos ou eventos populares terão até o dia 31 de maio de 2008 para investir este recurso na manutenção e em projetos culturais, prestando suas respectivas contas ao Minc.

Em Sergipe foram contemplados 16 projetos, sendo quatro deles de Japaratuba e dois de Pirambu. Em Japaratuba foram contemplados o Acompanhamento de São Benedito, o Reisado de Nêgo (sede do município), o São João na Roça e Movimento Reação/Caatingart (povoado São José). Os projetos dos grupos folclóricos de Pirambu foram elaborados pela professora e arte-educadora Jucileide Tavares da Silva Correia, delegada de Pirambu na I Conferência Nacional de Cultura.

Investimento

Segundo o professor Luciano Acciole, responsável pela elaboração de alguns projetos contemplados em Japaratuba, “serão realizadas várias ações, como produção de CD e DVD, banner’s, faixas, homenagens: seu Augustinho (Acompanhamento São Benedito), seu Nego (Reisado) e duas mulheres: Marilene Moura e Vilma (São João na Roça)”, disse.

Eventos

“Serão realizadas duas festas culturais, uma em São José e uma outra em Japaratuba para divulgação do Projeto de Culturas Populares. Serão convidados os grupos Ilariô de Pirambu e o Reisado do Maribondo para estas atividades”, completou.

Valores reconhecidos

De acordo com a professora Jucileide Tavares, este prêmio veio numa boa hora e terão uma destinação voltada para o fortalecimento destes grupos, sempre relegados a segundo ou terceiro planos pelo poder público, mas que agora tiveram seus valores reconhecidos pelo principal órgão de cultura do país”, comemorou. A mestre do Ilariô de Pirambu, doma Maria dos Santos Sales (Nazilde) disse que “o Ilariô estava precisando mesmo deste dinheiro,que vai servir para dar seqüência as obras do Barracão Cultural do grupo”, disse a líder do grupo que em tem 13 anos de existência, mas que as raízes vem do início do século passado.

Fonte:
www.tribunadapraia.com – Em: 10/03/2008

26 de abr. de 2008

25 anos de luta por moradia - I


Problema social se arrasta desde 1982, ainda na administração do ex-prefeito Daniel Luiz
Por Claudomir Tavares ¹
claudomir@infonet.com.br

Há mais de 25 anos um problema social se arrasta na sede do município de Pirambu, envolvendo vários atores sociais e uma só reivindicação: um espaço pra morar. É uma das questões mais emblemática e que os sucessivos administradores municipais não encontraram uma solução pelo menos plausível, o que tem empurrado o problema com a barriga, caindo sempre o ‘abacaxi’ no colo do administrador de plantão, que agem como se não tivesse nada a ver com sua origem.

Acompanhe a partir de hoje, passo a passo, os principais episódios desta ‘novela’ da vida real, que teve início na administração do ex-prefeito Daniel Luiz dos Santos (1977/1983).

1982 – Invasão:

A primeira vez que o termo Invasão foi utilizado em Pirambu aconteceu em meados do ano de 1982. Era prefeito de Pirambu o senhor Daniel Luiz dos Santos, o Dié. Dezenas de sem tetos ocuparam o morro localizado onde hoje estão as ruas João Amaral Lemos e Gilberto Oliveira. Ali foram fincadas estrutura de madeira que dariam origem a casas de palha, protegidas por barros tapados a mão.

Não concordando com aquela situação de anomalia, Daniel montou em seu trator e, pessoalmente comandou a derrubada de todos os futuros barracos, sob os olhares desolados daqueles que seriam os desbravadores do bairro que seria chamado por décadas de Invasão.

Com o final da administração Daniel, a Invasão voltou a ser ocupada, dando origem a um dos bairros mais populosos da cidade de Pirambu.

Continua...

¹ Claudomir Tavares da Silva (39) é professor de História, Sociedade e Cultura Sergipana na rede pública municipal e estadual de ensino na cidade de Pirambu. Fundador da Sociedade Sócio-Ambiental do Vale do Japaratuba (SOS Rio Japaratuba) e Secretário Geral do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba – CBHJ.

Fonte: http://www.tribunadapraia.com/ - Em: 25/02/2008

25 de abr. de 2008

A História da EM Mário Trindade Cruz - I


Por Claudomir Tavares da Silva claudomir@infonet.com.br

A Escola Municipal ‘Mário Trindade Cruz’ está se preparando para comemorar daqui há menos de dois anos três décadas de existência. Sendo a maior e mais representativa da rede municipal, tem sido ao longo destes anos uma metamorfose na História da Educação em Pirambu, sendo inclusive objeto de estudo em trabalhos monográficos de curso de especialização. Este Hot Site é o resultado de um projeto da disciplina Sociedade & Cultura, apresentado no dia 28 de fevereiro de 2008 através do Projeto de Educação Patrimonial "Re-Descobrindo Pirambu” e que, entra no ar em caráter experimental.

I - História:

A Escola Municipal Mário Trindade Cruz foi criada através da Lei Municipal Nº 52/79, datada de 17 de Novembro de 1979, na gestão do prefeito Daniel Luiz dos Santos. De lá pára cá, passou por imensas transformações, sejam elas no campo físico, pedagógico e administrativo. Inicialmente funcionou na Avenida Agostinho Trindade, local onde atualmente encontra-se a agência desativada do Banco do Brasil. Foi sua primeira professora a saudosa Maria Júlia Cruz Daltro.

II - O patrono:

A escola deve este nome ao ex-prefeito da cidade de Japaratuba (1959/1962 nascido em terras do atual município de Pirambu, Mário Trindade Cruz, pai dos ex-prefeitos Juarez Lopes Cruz e Marcos Lopes Cruz. Mário Trindade foi um dos maiores defensores da emancipação política de Pirambu, ato que se deu em 26 de novembro de 1963, quando já era ex-prefeito do município vizinho.

III - Mudando de endereço:

A primeira grande transformação do Mário Trindade Cruz aconteceu a partir de 1984, quando foi transferida daquele prédio, para um maior, localizado na Rua Manuel Amaral Lemos, onde se encontra na atualidade. Eram apenas um bloco, com quatro salas de aulas, uma cantina e secretaria. Não possuía muros e o acesso era extremamente difícil, através de uma estrada de chão batido, com muita lama em tempos chuvosos, o que dificultava o acesso de professores e alunos.

IV - Ampliando espaços:

Em 2001 a Escola Mário Trindade Cruz era ampliada, com a construção de um novo bloco. Na verdade, uma nova escola dentro da escola, indicação feita pelo então deputado estadual Renato Brandão, e que fora atendido pelo governo do estado, sendo cedido o prédio apara o município, que incorporou ao patrimônio arquitetônico da instituição.

Através do Projeto SOMEM – Sistema Organizacional Modular do Ensino Médio, era implantada em 1993 esta modalidade de ensino, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação. Funcionou até 2001, quando fora transferido para a Escola Estadual José Amaral lemos, mesmo tendo seu funcionamento dentro do Mário, em função de que a escola da rede estadual não oferecia espaço para comportar o quanto de alunos que teria que absorver.

V - Ensino Fundamental:

A implantação da segunda fase do Ensino Fundamental se deu de forma gradativa, com a implantação da 5ª Série em 1999 na gestão da diretora Genilza Ferreira Lisboa Alexandre e tendo sido formada a primeira turma em 2002, na gestão da diretora Maria dos Santos Morais.

VI - Ensino Médio:

Em 2003 a escola dá um passo maior que suas pernas e implanta o Ensino Médio, numa espécie de desafio ao Amaral Lemos, que já o possuiu desde 2001, quando absorveu os alunos do Mário Trindade. Forma sua primeira turma em 2005, entrando estes alunos definitivamente na História da escola, por terem sido na sua maioria aqueles concluíram tanto o Ensino fundamental, quanto o Ensino Médio, todo ele na rede municipal de ensino.

O ano 2004 marca o lançamento na escola da modalidade do Curso Normal (Pedagógico), na gestão da diretora Maria dos Santos Morais, sendo formada a primeira turma em 2007, na gestão da diretora Cláudia Tavares da Silva Correia.

VII - O Mário Trindade hoje:

Atualmente a Escola Municipal Mário Trindade Cruz está estruturada em Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio (Científico e Normal). Possui um Núcleo Externo, funcionando na Escola Leonor Franco, no Conjunto Lourival Bomfim. É a maior e mais representativa da rede municipal, com dois terços dos alunos matriculados em toda a rede municipal. Estão lotados na escola algo em torno de 40 profissionais de toda a rede municipal. Sendo a maior, é previsto que nela existam também os maiores problemas, sejam eles de ordem física, administrativos e pedagógicos, mas não maiores que à vontade de superá-los.

Referências Bibliográficas:

Japaratuba, celeiro da cultura sergipana. Pirambu: Tribuna da Praia, 2007. PIRAMBU, Departamento de Cultura: Calendário Artístico-Cultural 2004. Ano III – Nº 03 – Janeiro de 2004.
PIRAMBU, Emmtc. Projeto Político Pedagógico – Uma escola para todos: referencial instrumental para a sua elaboração. EMMTC, 2002.
SILVA, Claudomir Tavares da. História de Pirambu. Pirambu: Tribuna da Praia, 2008.

* Claudomir Tavares da Silva é professor de História, Sociedade e Cultura Sergipana na Escola Municipal Mário Trindade Cruz. Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe e Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade São Luís de França. Foi diretor da escola no período de 02 de janeiro de 2001 a 19 de abril de 2002.

Notas:

¹ Este artigo em construção, está aberto as contribuições de professores, estudantes e funcionários e a sociedade em geral, devendo o mesmo ser periodicamente atualizado, sendo com certeza ampliado.

24 de abr. de 2008

A História do CE José Amaral Lemos - I


Escola é considerada berço cultural de Pirambu, referência em educação no Vale do Japaratuba
Por Claudomir Tavares da Silva
claudomir@infonet.com.br

A História do Colégio Estadual José Amaral Lemos – CEJAL (que já foi Grupo Escolar e Escola Estadual) rendeu ao município de Pirambu algumas das mais belas páginas da História da Educação na região do Vale do Japaratuba. A Tribuna da Praia começa a partir de hoje a registrar alguns destes momentos que ficaram marcados definitivamente na trajetória de nossa cidade, a partir de textos e depoimentos de professores, alunos e ex-alunos desta que é considerada o berço cultural de Pirambu.

I – José Amaral Lemos ¹

Nasceu na cidade de Maruim, onde no início do século XX era um dos maiores centros econômicos do Estado de Sergipe. Talvez por este motivo José Amaral lemos transformou-se num comerciante de sucesso onde viajava periodicamente por todo o Vale do Cotinguiba com um comboio de animais vendendo mercadorias como mascote, nome dado ao profissional de vendas da época.

Nas suas andanças como mascote, conheceu Pirambu. Já viúvo, casou-se pela segunda vez onde fixou residência no então distrito de Japaratuba, mas precisamente em Pirambu. Tinha oito filhos do primeiro casamento, e mais quatro do segundo consórcio. Nunca exerceu cargo público, mas tinha grande influência nas decisões políticas do município.

Era proprietário de uma grande extensão de terras nas margens do rio Japaratuba, onde dentro de sua propriedade um pretendente quisesse fixar residência era obrigado a pagar uma espécie de taxa de uso da terra, como se fosse um imposto. Algumas pessoas dizem que ele cobrava a referida taxa somente para algumas pessoas, pois alegava que algumas provocavam danos a terra.

Era um homem católico, prestativo, humilde e honesto.

II – A escola ²
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A escola surgiu na gestão de dois grandes administradores, sendo um o governador Lourival Batista e o outro o prefeito Walter Amaral, que homenageava assim seu pai “José Amaral Lemos”, emprestando o seu nome para este estabelecimento de ensino.

A história do Amaral (como atualmente é conhecido), será contada através de décadas:

- Dia 11 de março de 1970 ela entra em atividade, como Grupo Escolar José Amaral Lemos.
- Nos anos 80 começa a fase de desenvolvimento da escola, com a mudança da cor da farda, ampliação da escola, fundação do 1º Grêmio em 23/08/1983 e o principal, a implantação do chamado Ginásio, de 5ª a 8ª séries (gradualmente, uma série por ano de 1981 a 1984, quando forma a primeira turma do 1º grau).
- Anos 90, na busca da interdisciplinaridade a escola trabalha formas diferentes no processo de aprendizagem através de gincanas sócio-culturais, esportivas e ambientais.
- Ao longo deste período a escola não deixou de prestar algumas homenagens e agradecimentos especiais às pessoas que contribuíram para o sucesso desses anos todos, a exemplo de dona Ester do Amparo, ex-diretora, dona Júlia Cruz, ex-professora (in memorian) e dona Maria Macambira, ex-merendeira).
- E por final, o Amaral Lemos entra no 3º Milênio com as crianças menores que representam a esperança de um mundo melhor para todos.

III – Berço cultural de Pirambu ³

Ao longo destes anos, o Colégio Estadual José Amaral Lemos conseguiu para si o sugestivo título de ‘berço cultural de Pirambu’, em função das grandes iniciativas que foram desenvolvidas em seu interior, ou por iniciativa de seus atores sociais (alunos, professores, coordenação, equipe de apoio e direção) fora de sem ambiente físico.

A escola foi referencial em apresentações culturais e desportivas, conquistando vários prêmios dentro e fora do estado, numa prova inequívoca do seu compromisso com a educação emancipatória, muitas vezes amordaçadas, mas sempre encontrando os elos da liberdade que insistiam em levar adiante esta bandeira que é um orgulho de instituição cravada na História de Pirambu.

Notas:


¹ Trabalho desenvolvido pelos alunos Ykaro Barreto, Delane Calheiros e Ricardo Santos, alunos do Colégio Estadual José Amaral Lemos, sob orientação da professora Valderina Ferreira Oliveira de Andrade
² Adaptado do texto elaborado por ocasião dos 32 anos do Amaral (2002) pela professora Maria Izabel do Carmo, coordenadora pedagógica do ensino fundamental do Colégio Estadual José Amaral Lemos.
³ Texto elaborado pelo professor Claudomir Tavares da Silva, professor de História do Colégio Estadual José Amaral Lemos.

Fonte: Tribuna da Praia – Em: 05/01/2008

23 de abr. de 2008

Repertório Folclórico de Pirambu - Final


Riqueza e diversidade de um dos mais completos repertórios folclóricos de Sergipe
Por Claudomir Tavares da Silva claudomir@infonet.com.br

VI – A volta da Ugia de Pirambu:

Era final dos anos 60 e início dos anos 70. Dona Louzinha reunia um grupo de rapazes (entre eles Tonho Grande, Simi, Moacyr e tantos outros) e garotas (Binha, Maria, Dona elze e outras) e passava os ensinamentos necessários para colorir as ruas de Pirambu.

Não obstante a incipiente cidade já ser dotada de energia elétrica, as ruas eram iluminadas na verdade pelas velas que se “escondiam” em gaiolas penduradas em arcos segurados por homens, que através destes protegiam as damas.

Conduzidos por uma Orquestra, com predominância de instrumentos de sopros, o grupo saia as ruas cantando, encantando e cantarolando em homenagem a São João, visitando dezenas de casas, sendo presenteados por bebidas, comidas e bastante calor humano, engrossado por um gigantesco cortejo que percorriam as poucas ruas pavimentadas de paralepípedo, as muitas cobertas de terra batida e algumas ainda cobertas por areia do morro onde a cidade estava plantada.

Os rapazes usavam calça azul marinho e uma camisa cor-de-rosa. As garotas uma saia branca com pregas e uma blusa cor-de-rosa, com tons mais fortes que os dos homens. A frente do grupo a Porta-Estandarte Maria Teles do nascimento, filha de Seu Bebé que com sua beleza, simpatia e graça levava o símbolo máximo desta manifestação endêmica de Pirambu.

Passaram-se muitos anos para que a Ugia voltasse às ruas de Pirambu. É quando Antônio Vieira Nunes (Tonho Grande) e Dona Louzinha reunia um novo grupo que incluía remanescentes dos anos 70 e incorporava novos integrantes (Fernandinho, Acácia, Laranja, Janice, Djalma, Leide, Claudomir, Geraldo, Lígia e outros – citar nomes estar se tornando muito complicado, pois podemos estar cometendo injustiças).

A Ugia retornava assim as suas atividades em 1988, marcando aquele ano como a efervescência cultural dos festejos juninos.

Músicos da Sociedade Musical e Cultural Santa Terezinha conduziam o grupo. Fora escolhida para a condição de Porta-Estandarte a estudante Acácia Dias da Cruz, sendo substituída (a seu pedido) em seguida pela também estudante Janice Alves de Moura.

Como que por coincidência, a Ugia reapareceu quatro anos depois, sempre motivada (também) por um grupo político que tentava chegar a prefeitura, e com apoio popular, dava sua contra partida as manifestações culturais tradicionais de nossa comunidade (inclua-se aí primeira cavalgada de Pirambu realizada em 1988). A Porta-Estandarte de 1992 foi a irreverente Binha dos Santos, que tem se mantido fiel às tradições culturais de seus ancestrais, de sua época e de seus descendentes.

A última vez que a Ugia de Pirambu saiu às ruas foi no ano 2000, por coincidência, um ano eleitoral, incluindo em sua indumentária uma gravata na vestimenta masculina. Desagradável foi ver a Ugia ter que se adequar a uma programação junina que fugiu as suas características, uma vez que o forte da manifestação é a espontaneidade e naturalidade do roteiro, quase sempre marcado pela motivação das pessoas que solicitam sua presença em determinados trechos da cidade.

O retorno da Ugia de Pirambu dentro do nosso Ciclo Junino se deu por iniciativa dos estudantes do Colégio Estadual José Amaral Lemos que, motivados por um artigo de nossa autoria publicado neste Portal e para homenagear sua idealizadora, Dona Louzinha, incluíram seu resgate dentro da Programação do VIII São João na Minha Escola.

“Marcou de forma singular os festejos juninos da sua comunidade estudantil”, descreve a professora Carminha Bispo em seu artigo intitulado “VIII São João na Minha Escola: resgatando a cultura popular” publicado com data de hoje.

A partir destes artigos, da iniciativa dos estudantes, foram construídas as condições para já a partir de agosto a Ugia de Pirambu está se reestruturando em Pirambu, tendo planos para se apresentar em definitivo nos festejos juninos de 2008, quando pretende se firmar permanentemente como uma das referências do Ciclo Junino em Pirambu.

* Professor das redes públicas municipal em Pirambu e estadual em Pirambu. Pesquisador da História e Cultura de Pirambu, autor de vários documentos sobre estas temáticas.

Referências Bibliográficas:

Acervo do professor Claudomir Tavares da Silva
Agenda Cultural – 2004. Pirambu: Departamento de Cultura
Revista Sergipe Trade Tour – 2003/2004
Revista Sergipe – A Novidade do Nordeste.
Silva, Claudomir Tavares da. A volta triunfante da Ugia de Pirambu. Pirambu: Tribuna da Praia, 2007
............................................. Poeirinha: 15 anos de resistência cultural em Pirambu. Pirambu: Tribuna da Praia, 2007

Notas:

(1) REISADO do Maribondo. Jornal da Cultura, jul. 2002. p. 1.
(2) Idem
(3) BARRETO, Luiz Antônio. Ilariô: Grupo folclórico de Pirambu. Aracaju: Seed, 1998.(4) Segundo à pesquisadora Aglaé D’Ávila Fontes de Alencar
Fonte: www.claudomir.com.br - Em: 01/04/2008

22 de abr. de 2008

Repertório Folclórico de Pirambu V


Riqueza e diversidade de um dos mais completos repertórios folclóricos deSergipe
Por Claudomir Tavares da Silva claudomir@infonet.com.br

V – Poeirinha: 15 anos valorizando a capacidade criadora da juventude

A tradição dos festejos juninos em Pirambu sempre foi muito forte, seja na sede do município, com os famosos arraias e casamentos de matutos, seja nos povoados, com a permanência de quadrilhas juninas que se tornaram referência para o estudo do Ciclo Junino em nosso município.

No início dos anos 90 tínhamos organizadas em Pirambu as quadrilhas Flor da Ilha (povoado Alagamar), Asa Branca (povoado Baixa Grande), Meu Xodó (povoado Lagoa Redonda), Luar do Sertão (povoado Maribondo), Milho Verde (povoado Aguilhadas) e Tartaruga e Poeirinha (sede do município).

No ano 2001 é organizada a quadrilha Bando de Cangaceiros, marcada pelo competente monitor Davi dos Santos, pertencente ao PETI local, mas deixada de lado depois da posse da senhora Neize Santana a frente da coordenação do Projeto.

Fundada em 1992, a Quadrilha Junina Poeirinha é a única remanescente desta manifestação cultural do período junino. Foi organizada graças a um trabalho profícuo e bastante consistente de duas senhoras: Dona Elze e Binha.

Quinze anos depois, a quadrilha que solitária representa ainda em nosso município o folclore junino na sua modalidade dos folguedos, a Poeirinha ainda tem em Dona Elze seu norte e em Cláudio Pinto seu novo coordenador.

É ela que tem se apresentado nas festas juninas promovidas em Pirambu, não deixando passar em branco, uma vez que tem sido nos últimos anos as escolas da rede pública estadual (Amaral Lemos), municipal (Mário Trindade) e particular (Experimental) que tem mantido acesa a chama o Ciclo Junino em Pirambu, com cavalgadas, gincanas e outros atrativos.

Aproveitamos este espaço para deixar externar aqui nossos parabéns e agradecimento a esta quadrilha que é um orgulho e um marco de resistência cultural em tempos de massacre que tem sido vítima a cultura popular em nosso município.

Continua...

Fonte: www.claudomir.com.br - Em: 01/04/2008

21 de abr. de 2008

Repertório Folclórico de Pirambu - IV


Riqueza e diversidade de um dos mais completos repertórios folcóricos de Sergipe
Por Claudomir Tavares da Silva claudomir@infonet.com.br

IV – Capoeira: A “luta” do Brasil

O Brasil é a maior nação negra do mundo fora da África. A Capoeira foi introduzida aqui pelos africanos que para cá vieram na condição de escravos e numa condição de exploração contribuíram significativamente para edificar esta nação.

A capoeira, como outras formas de resistência, foi à forma de expressão que os africanos e seus descendentes encontraram para enfrentar os desafios que lhe eram imputados. Hoje ela é praticada por todas as etnias, numa complexidade cultural fruto da solidariedade dos vários povos que edificaram esta nação.

Em Pirambu pelo menos três grupos de capoeira são representativos, cada um jogando papel de destaque na difusão desta mistura de folclore, dança e luta da liberdade, a luta do Brasil: a Ginga Legal, liderada pelo mestre Cabelo de Fogo, a Unidos na Tartaruga, organizada pelo Projeto Tamar, coordenada por Edivan Pirulito, e a Capoeira do PETI, coordenada pela pedagoga e pós-graduanda em Arte-Educação Jucileide Tavares.

Continua...

Fonte: www.claudomir.com.br – Em: 01/04/2008

20 de abr. de 2008

Repertório Folclórico de Pirambu - III


Riqueza e diversidade de um dos mais completos repertórios folclóricos de Sergipe
Por Claudomir Tavares da Silva claudomir@infonet.com.br

III – Lariô da Tartaruga

A região do Vale do Cotinguiba é um rico depositário das danças de rodas, do samba-de-coco, de grupos folclóricos que reúne elementos dos fazeres populares.

O Lariô foi no passado uma das mais alegres brincadeiras que reunia crianças, mulheres e homens de todas as idades. Há quase uma década foi retomada a tradição folclórica do Lariô em nossa cidade.

O “Lariô da Tartaruga” é um destes grupos criados com o propostos de manter uma das manifestações mais autênticas de nosso povo. Para efeito de história, o Lariô da Tartaruga reivindica a mesma data de fundação do Ilariô de Pirambu, uma vez que ambos foram fruto de uma mesma iniciativa que puseram à frente os mesmos líderes, sendo estes seu Zé Maria, Dona Jacy, Seu João Castelo, Dona Elze entre outros.

Após o processo de divisão, o grupo foi reorganizado, existindo desde 1995, sendo um dos mais representativos grupos do folclore pirambuense, com apresentações que o credenciaram em Sergipe e no Brasil. “É um grupo que dança coco cantando, acompanhado por instrumentos de percussão. Pisam forte, batem palmas e vão desfilando seus versos de forma encadeada. Os versos tirados são complementados pelo coro dos brincantes, embora não se caracterize como refrão. O canto é repetitivo. Como um remanescente do batuque de origem africana, o coco se espalhou pelo Nordeste ganhando, entretanto vários nomes como: Coco Praieiro na Paraíba, Coco Zambé no Rio Grande do Norte, Coco de Roda em Pernambuco, Samba de Coco em Sergipe. Em Sergipe temos vários tipos de cocos: coco simples, coco de parelha, coco solto, coco de roda. O canto, nasalado vai buscando temas no mar, no amor, nos animais que habitam as florestas”. (4)

Continua...

Fonte: http://www.claudomir.com.br/ - Em: 01/04/2008

Repertório Folclórico de Pirambu - II


Riqueza e diversidade de um dos mais completos repertórios folclóricos de Sergipe
Por Claudomir Tavares da Silva claudomir@infonet.com.br

II – Ilariô de Pirambu:

Em 1994, um grupo de senhores e senhoras, jovens e crianças decidem reconstruir uma das tradições mais autênticas do nosso povo: nascia o Grupo Folclórico Ilariô de Pirambu.

O Ilariô de Pirambu é um grupo de roda, típica da região do Vale do Japaratuba. A dança se destaca pela cadência e o entrosamento entre os cantores e o ritmo, a partir da puxadora de versos, num suceder contínuo de quadras.

O Ilariô foi criado em 26 de agosto de 1994, sendo Zé Alexandre, Seu Zezinho, D. Nazilde, Seu Quinho dentre seus precursores. O grupo é composto de 45 integrantes, entre homens, mulheres e crianças que dançam em Pirambu, por todo o estado e no país durante todo o ano.

“O grupo Ilariô de Pirambu é um grupo de roda, típica da região do vale do Japaratuba, onde a dança de coco é conhecida pela performance dos Bacamarteiros, do Samba de Aboio, ambos do povoado Aguada, em Carmópolis. O que chama atenção no Ilariô é a cadência e o entrosamento entre os cantores e o ritmo, a partir da puxadora de versos, num suceder contínuo de quadras. O Ilariô não faz como nos Bacamarteiros, o reforço do refrão. O grupo canta as quadras, repetindo-as três a quatro vezes. A voz que guia o coro canta os primeiros versos, seguindo-se os demais versos, fechando a quadra. Terminada a exibição têm-se uma boa amostragem da quadra popular sergipana, tradicional nas festas juninas, ritmadas nas batucadas, de Estância, nos Batalhões de Riachuelo, nos Samba de Côco, de Nossa Senhora do Socorro, e em diversas outras manifestações”. (3)

O Grupo Folclórico Ilariô de Pirambu foi criado em 26 de agosto de 1994, há 12 anos, sendo José Alexandre Santos (Zé Alexandre), José Beato dos Santos (Seu Zezinho), Maria dos Santos Sales (Nazilde), Francisco Dias da Cruz (Quinho), Mero e outros seus precursores. É composto por 45 integrantes, entre homens, mulheres e crianças e se apresenta durante todo o ano em Pirambu, em Sergipe e no país. A apresentação do Ilariô requer um tempo mínimo de 20 e máximo de 40 minutos em eventos abertos, mas pode “varar” à noite, quando o grupo se realiza os famosos “ensaios” gerais.

Continua...

Fonte: www.claudomir.com.br - Em: 01/04/2008

18 de abr. de 2008

Repertório Folclórico de Pirambu - I


Riqueza e diversidade de um dos mais completos repertórios folclóricos de SergipePor Claudomir Tavares da Silva claudomir@infonet.com.br

I – Reisado do Maribondo:

É do povoado Maribondo, localizado a 15 km da sede do município, que nasceu o Reisado do Maribondo ou Reisado de Sabal, sendo este o grupo folclórico mais representativo de Sergipe.

O grupo existe há mais de 150 anos e foi criado pelos avôs de Antônio dos Santos, mais conhecido como Sabal. Composto por 30 integrantes de uma mesma família, inclui sobrinhos, irmãos, esposa e a mãe de seu Sabal.

Apesar de ser do ciclo natalino, o grupo se apresenta durante o ano inteiro, sendo requisitado para os principais eventos da cultura popular em Sergipe e algumas regiões do país, como Olympia, em São Paulo, onde o grupo participa do Festival Internacional de Folclore.

De origem ibérica, o reisado sai às ruas no período natalino para homenagear o Menino Jesus e prossegue com apresentações até o início de fevereiro. Conta com vários integrantes que dançam ao som (...) da sanfona, do pandeiro, da zabumba, do triângulo (...). Os festejos começam antes da quaresma, com o “enterro do boi”, o personagem veste uma alegoria que imita o animal com enfeites em fita coloridos, sendo desenterra dias antes da apresentação. Seus trajes são em cetim super coloridos, cheios de fitas e espelho. O “Reisado do Maribondo” há 15 km de Pirambu, é o mais representativo de Sergipe, existindo há mais de 150 anos, quando foi criado pelos avôs de Antônio dos Santos (Sabal), o Mateu (Cravo Branco) do grupo folclórico mais significativo de Pirambu. É composto por filho (a) s, sobrinhas, irmãs, esposa e até a mãe de seu Sabal.

Sua apresentação pode levar uma noite, duas horas ou simples 30 ou 20 minutos, dependendo da ocasião, sendo adaptado um repertório composto de centenas de músicas, 20 delas integrantes do CD “Mestra Sabal”, lançado em 2002, com o patrocínio do prefeito André Moura e da então candidata a deputada estadual Lila Moura, num gesto de mecenato típico de quem vem incentivando a cultura do Vale do Japaratuba em geral e a cultura popular em particular.
Sobre o grupo folclórico de Pirambu, o pesquisador Luiz Antônio Barreto, um dos mais destacados estudiosos da cultura sergipana e da sergipanidade, declarou no 1º Encontro de Secretários de Cultura e Líderes de Grupos Folclóricos de Sergipe, realizado dia 22 de agosto de 2001, na Fazenda Boa Luz, em Laranjeiras: “Eu considero o reisado de Maribondo o melhor de Sergipe. Sabal, por excelência, é um dos mais completos artistas sergipanos”. (1)

Por sua vez, a professora Aglaé Fontes D’Ávila de Alencar, estudiosa da cultura popular disse que “o sorriso de Sabal contagia o público que não pisca o olho enquanto o mestre está em cena”. (2) Apesar de ser um do Ciclo Natalino, se apresenta durante o ano inteiro, sendo requisitado para os principais eventos da cultura popular em Sergipe e algumas regiões do país.

Continua...

Fonte: http://www.claudomir.com.br/ - Em: 01/04/2008

17 de abr. de 2008

A importância sócio-cultural do Rio Japaratuba

Ele alimenta um repertório sócio-cultural dos mais significativos
Por Claudomir Tavares da Silva * claudomir@infonet.com.br

O rio Japaratuba nasce no sertão e atravessa o agreste até chegar ao litoral sergipano. Neste percurso ele alimenta um repertório sócio-cultural dos mais significativos, destacando-se a sua economia, o folclore e as mais variadas manifestações da cultura de Sergipe.

Do ponto de vista econômico, ele testemunha a ocorrência do plantio da cana-de-açúcar nos tabuleiros, exploração da atividade petrolífera e plantio de coco no litoral.

Está no Vale do Japaratuba um dos mais completos repertórios folclóricos de Sergipe, com destaque para o município de Japaratuba, com seus cacumbis, maracatus, reisados, quadrilhas juninas, guerreiro, São João na Roça, merecendo ainda registro os municípios de Carmópolis com o Bacamarteiros de Aguada e Pirambu com o Reisado do Maribondo.

Na região são realizadas algumas festas populares com enorme significado para a simbiose que mistura o sagrado e o profano, como a Festa de Reis de Japaratuba, o Carnaval de Pirambu, a Festa do Mastro de Capela.

Na região está presente um sindicalismo combativo, uma efervescência e sintomática ação cultural e a reprodução da polarização política que se manifesta em Sergipe e no Brasil.

O rio Japaratuba faz, portanto, uma viagem, caminhando, nadando, remando, banhando 18 municípios de fonte de vida, testemunhando as ações diárias de sertanejos a comunidades costeiras.
________________
* Claudomir Tavares da Silva (39) é professor de História da rede pública municipal e estadual em Pirambu. É Secretário Geral do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba e membro fundador da Sociedade Sócio-Ambiental do mVale do Japaratuba (SOS Rio Japaratuba)

Fonte: Tribuna da Praia - Em: 27/02/2008

16 de abr. de 2008

Professores da rede estadual em greve a partir do dia 22

Nem a reunião da Mesa Permanente de Negociação ocorrida na segunda-feira apresentou soluções. Já como resultado da deliberação dos professores pela greve a SEED entrou em contato com o presidente do SINTESE e uma audiência foi marcada para às 9h desta quarta, dia 16.


Os educadores da rede estadual decidiram na assembléia que a partir da terça-feira, dia 22, entram em greve por tempo indeterminado. O motivo da greve é a falta de propostas concretas, da Secretaria de Estado da Educação - SEED e do governo do estado, para encaminhar a pauta de reivindicação da categoria. Nem a reunião da Mesa Permanente de Negociação ocorrida na segunda-feira apresentou soluções. Já como resultado da deliberação dos professores pela greve a SEED entrou em contato com o presidente do SINTESE e uma audiência foi marcada para às 9h desta quarta, dia 16.

De acordo com Joel Almeida, presidente do SINTESE, a reunião da Mesa Permanente de Negociação deixou a categoria ainda mais indignada. Isso porque o Secretário da Fazenda Nilson Lima, afirmou que o secretário José Fernandes tem autonomia para negociar com os educadores. “Mas não foi essa a resposta que tivemos do secretário da Educação. Isso está parecendo um jogo de empurra. Os educadores querem saber quem é o interlocutor da negociação, o secretário da Educação, da Fazenda ou o governador”, disse.

O motivo para a greve se iniciar no dia 22 é por questões jurídicas, de acordo com regulamentação do Supremo Tribunal Federal sobre greve dos servidores público o ente federativo deve ser comunicado pelo sindicato proponente da greve com 72 horas de antecedência, como segunda, dia 21, é feriado a greve se inicia no dia seguinte. Ainda na terça os professores realizam assembléia, às 15h no Instituto Histórico e Geográfico, para avaliar a proposta da SEED e decidir se continuam a greve.

A greve é a continuidade da paralisação que foi iniciada na sexta, dia 11, e prosseguiu pelos dias 14 e 15. O estopim que levou a categoria a construção do movimento grevista foi a audiência com o secretário de Educação, José Fernandes Lima. Nenhum dos pontos apresentado na pauta de negociação tinha uma resposta ou encaminhamento concreto. Para tornar a situação ainda mais difícil, apesar da autorização do governo do Estado, a SEED não instalou a Mesa Setorial de Negociação, embora o SINTESE tenha enviado no fia 28 de fevereiro o ofício 273/2008 indicando seus representantes.

O que ficou claro foi a total bagunça administrativa, a falta de uma política educacional que tenha como objetivo uma educação de qualidade social para todos. e também a falta de comando do secretário José Fernandes na pasta. “Ficou claro para nós que as pessoas que dão as cartas na SEED são a secretária adjunta, Hortência Barreto, a diretora de Educação, Izabel Ladeira e o assessor Juquinha, o secretário não tem autonomia e segurança para responder a nenhum dos nossos questionamentos”, disse o professor Roberto Silva Santos, diretor de Comunicação do sindicato.

Falta transparência

Apesar de reiterados pedidos do SINTESE e dos representantes do magistério no Conselho do Fundeb, até agora a SEED não forneceu a folha de pagamento da Educação. Com isso a secretaria desrespeita a lei 11.494, que regulamenta o Fundeb e que determina que os conselheiros tenham acesso irrestrito a documentação. “O sindicato tem a impressão que a SEED tem algo a esconder”, avaliou Roberto Silva Santos, diretor de Comunicação do SINTESE e membro do conselho do Fundeb.

Somente com acesso aos documentos algumas dúvidas serão esclarecidas, a exemplo de: conforme com um demonstrativo apresentado ao Tribunal de Contas do Estado, a SEED diz que gasta R$14 milhões com servidores administrativos e professores, mas na última audiência o secretário disse que a folha de pagamento tem um total de R$34 milhões, aonde estão os R$20 milhões? “Durante a última audiência com a SEED, solicitei por várias vezes os documentos, mas até agora nada foi disponibilizado”, completou Roberto.

Fonte: SINTESE online - Em: 15/04/2008

15 de abr. de 2008

História de Pirambu


I – Nasce Pirambu

Como os demais municípios localizados entre os rios Sergipe e o São Francisco, Pirambu teve seu território constituído a partir da distribuição da Sesmaria por Cristóvão de Barros ao seu filho, Antônio Cardoso de Barros, em 1590, logo após a conquista de Sergipe, cujo marco se deu em 1575, quando foram derrotados os índios que habitavam a região Sul do Capitania de Sergipe Del Rey..

O litoral de Sergipe era habitado pelos índios tupinambás e caetés, os quais povoaram as terras que mais tarde seriam chamadas de Pirambu, localizada entre a ilha de Santa Luzia e a Ponta dos Mangues, e a região de Ponta dos Mangues, onde seriam edificados os municípios de Barra dos Coqueiros e Pacatuba respectivamente.

Existem muitas explicações sobre a origem do nome de Pirambu. “A mais aceita é que o nome vem de um peixe bastante comum na região...”, (1) o Pirambu, que segundo a ictiologia é um peixe teleóstico, percomorfo, da família dos pamadasídeos, h. plumiere (lac) de cor bronzeada, com listas azuis apenas na cabeça e parte anterior do corpo. Há quem afirme que Pirambu era o nome do cacique de uma tribo que habitou a antiga povoação. (MENDONÇA, 2002: 339).

O povoamento por pescadores se deu na segunda metade do século XIX e “foi inicialmente chamado de Ilha”. (2)

As primeiras casas construídas onde no futuro seria o atual núcleo urbano de Pirambu foram construídas no início do século passado, a base de pau-a-pique e cobertas de palha de coqueiro. Este foi o núcleo que deu origem a atual sede de Pirambu, uma vez que a ocupação era de forma sazonal, a partir da atividade pesqueira, que teve a incorporada nesta nova condição da atividade agrícola, sendo esta a base inicial da economia local. (3)

A atividade comercial era desenvolvida na base da troca, visto que a moeda era algo raro em uma comunidade distante dos centros urbanos, como Aracaju e Japaratuba: “quem tinha farinha, abóbora, trocava por peixe, por camarão”. (4)

A pesca, principal atividade econômica de subsistência era praticada nos rios Japaratuba, Pomonga e em menor volume no Oceano Atlântico. Outra atividade era a caça de animais silvestres, facilmente encontrados na região. (5)

“Foi a partir de 1824, pela iniciativa de Vicente Rodrigues Bastos que, através de ofício, encaminhou uma representação ao Conselho de Governo, para se viabilizar a nevegabilidade dos rios Pomonga e Japaratuba. Muitos anos depois, colaborou na realizaçãodeste projeto, o comendador Antônio José da Silva (...), um santamarense que muito contribuiu para o progresso daquela região, com a abertura do canal do rio Pomonga”. (MENDONÇA, 2002: 341).

O Frei Fabiano, do Convento de Santo Antônio, de Salvador, na Bahia, explorando as terras localizadas entre as barras dos rios Japaratuba ao São Francisco nos primeiros anos do século XIX, encontrou este cenário em Pirambu:

“Cinco casas, duas pertencentes à dona Delmira e três ao Sr. Agostinho Trindade, os primeiros habitantes fixados e consolidados na região. Tínhamos ainda os pescadores Pedro Alexandre, Pedro Bevido, Pedro Maconha, João Francisco do Nascimento e Manuel Demeriano, estes com residências rústicas, típicas daquele momento”. (SILVA, 2001).

As primeiras casas de blocos pertenceram à dona Nedite e seu Durval. (6)

No dia 16 de janeiro de 1860, o Imperador Dom Pedro II visitou o local onde mais tarde seria edificada a comunidade de Pirambu.

“Daí vai até a barra do Japaratuba, onde chegou as 9 horas da manhã. Examinou minuciosamente este lugar, fazendo algumas perguntas sobre a profundidade do rio neste lugar, e o embaraços que existem na saída da barra”. (SANTOS, 2005).

A imensa terra de Pirambu estava concentrada nas mãos de poucos, como Dona Delmira e o Senhor Agostinho Trindade, que logo as vendeu ao Senhor Manoel Gonçalves. (7)

Fruto deste repasse das terras através de venda foi dado um passo importante para a organização da comunidade, a partir do núcleo inicial da principal entidade de trabalhadores de Pirambu:

“Em 1911, porém, as terras tornaram-se a serem vendidas, desta vez a José Amaral Lemos, que instalou ali uma casa de negócio, organizando também, em 30 de novembro daquele ano a Colônia de Pescadores”. (SILVA, 2001).

As manifestações religiosas também davam sinais de organização com a construção da Igrejinha do pequeno povoado:

“Em 11 de abril de 1912 é construída a Igreja da comunidade com a ajuda do Senador Gonçalo Faro Rollemberg, que em 1920 trouxe da França a imagem de Nª Sª de Lourdes, passando a ser a partir daquele momento a nossa padroeira”. (SILVA, 2001).

Como se Pirambu fosse um grande negócio, as terras de Pirambu iam passando de mãos em mãos:

“Após a morte do Sr. José Amaral Lemos, seu filho Walter Amaral vendeu às terras ao Dr. Lourival Bomfim”. (SILVA, 2001).

No final da primeira metade do século XX, o povoado de Pirambu (8) já era o principal pólo turístico de Japaratuba, sendo construídas as primeiras casas de veraneio, que se tornavam uma característica da arquitetura da futura cidade que ganhava esta condição em poucos anos. Um destes veranistas, o advogado Dr. Euzápio Linhares patrocinou a idéia de emancipação política de Pirambu por volta de 1950. (9)

O povoado Porto Grande, em Barra dos Coqueiros entrava em decadência e sua população afluía para o incipiente povoado Canal de são Sebastião, no mesmo município, e para Pirambu, ampliando assim a população do povoado de Japaratuba. Porto Grande chega a extinção no final dos anos 60. Nesta época, Alfredo Mendonça surgia em Pirambu com o primeiro caminhão, sendo este o primeiro veículo de Pirambu. (10)

II – O Processo de Emancipação Política

Um grupo de políticos e lideranças da comunidade incorporou o sentimento da população de ver Pirambu independente politicamente de Japaratuba, levantando a bandeira da emancipação política: Dr. Euzápio Linhares, advogado, liderou um movimento do qual fazia parte o senhor João Dória do Nascimento, vereador de Japaratuba com base em Pirambu e Aguilhadas, Manuel Amaral Lemos, produtor rural, Abelardo do Nascimento, pescador, José Lauro Ferreira, camponês-pescador, Xavier dos Santos e outras personalidades lançaram a pedra fundamental para que Pirambu conquistasse sua independência.

A Lei Estadual Nº 1.234 de 26 de Novembro de 1963, sancionada pelo então governador João de Seixas Dória (PSD) foi fruto de um Projeto apresentado pelo deputado estadual Nivaldo Santos (PSD). O novo município estava estabelecido nos seguintes limites: ao Norte com Pacatuba, ao Sul com Barra dos Coqueiros, a Oeste com Japaratuba e Santo Amaro das Brotas e a Leste com o Oceano Atlântico. “Integravam o novo município os povoados Aguilhadas, Lagoa Redonda, Aningas, Maribondo, Alagamar, Baixa Grande e Santa Izabel”. (11)

O vereador João Dória do Nascimento saiu extremamente fortalecido deste processo, elegendo-se prefeito de Pirambu e tomando posse no dia 28 de agosto de 1965, após o município ter sido instalado em 08 de agosto do mesmo ano. Seu vice-prefeito foi o jovem Juarez Lopes Cruz, filho do então prefeito de Japaratuba Mário Trindade Cruz.

III – 08 de agosto X 26 de novembro:
Da Emancipação Política a Instalação do Município.

A data da Emancipação Política de Pirambu vem sendo comemorada desde 1995 (através de iniciativa de um grupo de professores e alunos da Escola José Amaral Lemos) e a partir de 1997 oficialmente pela prefeitura municipal no dia 08 de agosto, data que deverá ser levada para o dia 26 de novembro a partir de 2004.

O fato é que, por nossa sugestão, a data em que se comemora a Emancipação Política deve ser aquela em que o município foi criado, como de resto ocorre nas demais cidades sergipanas, e não na data da instalação, como comemoramos desde 1995 (oficialmente as comemorações tiveram início a partir de 1997, no primeiro ano de administração André Moura).

O município de Pirambu foi criado em 26 de novembro de 1963, através da Lei Estadual Nº 1.234/63, tendo seu território desmembrado de Japaratuba, a partir de uma propositura apresentada pelo Deputado Estadual Nivaldo Santos e sancionada pelo Governador do Estado João de Seixas Dória.

Por força do Golpe Militar implantado no país em 31 de março de 1964, o município só seria instalado em 08 de agosto de 1995, quando elege seu primeiro Prefeito, vice-Prefeito e vereadores que foram empossados em 28 de agosto do mesmo ano para um mandato que se encerrou em 31 de dezembro de 1966.

Integrava o novo município os povoados Maribondo, Aguilhadas, Lagoa Redonda e Alagamar (os demais conseguiram esta condição anos mais tarde).

Sua padroeira é Nossa Senhora de Lourdes e suas principais atividades econômica são a pesca e a agricultura. Está distante da capital, Aracaju 25 Km pela Rodovia César Franco que liga Pirambu a Barra dos Coqueiros e a 76Km pela Br 101 passando por Japaratuba.

Atualmente Pirambu despertou para o turismo de eventos que movimenta a economia local durante todo o ano.

V – Vida Política e Administrativa:

1. 1965/66 – 1973/77
Os governos de João Dória do Nascimento

João Dória do Nascimento nasceu no dia 20 de dezembro de 1914 na cidade de Japaratuba, há 98 anos. Faleceu em 04 de abril de 2006, em Pirambu. Filho de Maximiniano Futuroso do Nascimento e Enedina da Conceição Dória, casou-se com dona Adalice Ferreira do Nascimento, foi no século passado o maior político da história de Pirambu, pelos cargos que ocupou e pela forte presença na vida política de Pirambu durante toda a sua vida.

João Dória do Nascimento foi aprendiz de marinheiro e subtenente da Marinha Mercante do Brasil, foi presidente da Colônia de Pescadores de Pirambu e vereador no município de Japaratuba quando Pirambu ainda era integrante daquele município. Alcançou a marca inédita de dois mandatos (não sucessivos) e dois mandatos de vice-prefeito. Afastado da política desde 1989, é uma liderança política respeitada, influenciando na eleição de vários prefeitos e, principalmente nos vários mandatos do seu filho, o atual vereador Ivan Biriba Dória.

Durante o seu primeiro mandato de prefeito, João Dória do Nascimento tinha como vice-prefeito o senhor Juarez Lopes Cruz, filho do prefeito de Japaratuba, Mário Trindade Cruz e que mais tarde viria a ser também prefeito de Pirambu. Os vereadores eram Geraldo Almeida, João Pereira do Nascimento, João da Silva, José Alexandre Santos e José Domingos Correia, todos pertencentes a UDN e afinados politicamente com o governador Sebastião Celso de Carvalho (chegou a esta condição por ter sido vice-governador de Seixas Dória, cassado pela ditadura militar e exilado em Fernando de Noronha) e com o presidente Castelo Branco.

No período de 1967 a 1971 João Dória do Nascimento reaparece no cenário político agora como vice-prefeito na gestão do senhor Walter Amaral.

Em 1972, apoiado pelo titular, candidata-se novamente a prefeitura municipal, elegendo-se prefeito para um segundo mandato, tendo como companheiro de chapa o senhor Daniel Luiz dos Santos, o qual recebe o seu apoio quatro anos depois. Seu adversário foi o senhor Lúcio Almeida, liderança política em ascenção no povoado Maribondo. Era a primeira disputa eleitoral entre dois candidatos, rompendo com a tradição de candidato único das três eleições. Foram vereadores neste segundo mandato os senhores: Durval Oliveira dos Santos, Humberto Barreto Peixoto, João Batista Biriba, João Virgílio dos Santos e Nivaldo Alves Moura. Neste período, estavam todos eles filiados a Aliança Renovadora Nacional – ARENA, partido criado pelo regime militar no sistema do bipartidarismo que ainda permitiu um partido de oposição, o MDB, instalado em Sergipe mais que ainda não havia sido criado o diretório de Pirambu.

João Dória volta a disputar um mandato em Pirambu em 1982, o de vice-prefeito na chapa encabeçada pelo odontólogo Marcos Lopes Cruz (PDS), filho do ex-prefeito da cidade de Japaratuba, Mário Trindade Cruz e irmão do ex-vice-prefeito de Pirambu, Juarez Lopes Cruz.

Político de extrema direita, João Dória do Nascimento sempre pertenceu a partidos ligados aos presidentes e governadores de plantão: foi da UDN, da ARENA, do PDS, do PFL e do PSDB (do qual fui fundador e seu primeiro presidente). Apesar disso, foi um político respeitado por todas as matizes ideológicas, inclusive convivendo com elas nas várias eleições que esteve junto nestes mais de 40 anos de intensa atividade política.

Nos seus dois mandatos de prefeito de Pirambu, João Dória do Nascimento destaca como suas principais obras as seguintes:

· Construção de escolas nos povoados Maribondo e Aguilhadas;
· Construção da estrada que liga Pirambu a Aguilhadas, refeita no seu segundo mandato;
· Reforma da delegacia de polícia de Pirambu;
· Construção de estrada ligando os povoados Maribondo (Pirambu) a São José (Japaratuba);
· Eletrificação rural nos povoados Maribondo e Aguilhadas;
· Pavimentação das principais ruas, do que hoje constitui o centro histórico de Pirambu;
· Construção de uma nova delegacia de polícia na sede do município;
· Construção do prédio do SESP, onde atualmente funciona o Posto de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde;
· Implantação d 2ª Etapa da Deso, cuja primeira foi implantada na gestão do prefeito Walter Amaral, com João Dória na condição de vice-prefeito.

Segundo João Dória, as principais dificuldades enfrentadas nos seus dois governos foram à falta de veículos, máquinas e dinheiro. Ele lembra que no intervalo de seus dois governos assistia-se já o início das disputas das famílias Cruz e Amaral, que mais tarde se uniam para se separar mais adiante, num suceder que hoje já não existe diante do surgimento de novos elementos na política municipal.

Aposentado pela Marinha do Brasil, João Dória esteve afastado da vida política, mas ainda atuava defendendo um projeto de grupo, sempre alinhado com a oposição de direita que se estabeleceu em Pirambu. Na última eleição, “abandonou” o projeto do seu filho, Ivan Biriba Dória, provocando uma dúvida na atuação do segundo, não contribuindo com a sua reeleição para mais um mandato de vereador em Pirambu, iniciado em 1983, mas intercalado com algumas derrotas.

2. 1967/71
O governo de Walter Amaral

Walter Amaral Lemos (ARENA), nasceu no dia 02 de julho de 1930 na cidade de Aracaju. Filho de José Amaral Lemos, fundador da Colônia de Pescadores em 1911 e de dona Graziela Amaral Almeida, casou-se com dona Nedina Almeida. Pequeno produtor rural e comerciante, antes de ser prefeito de Pirambu foi eleito vereador de Japaratuba em 1964 com 310 votos.

Walter Amaral elegeu-se prefeito de Pirambu em 1966 com o lema de campanha “você é responsável pelo seu município”, tendo como candidato a vice-prefeito seu antecessor, João Dória do Nascimento.

Suas principais obras foram:

Eletrificação da cidade de Pirambu – 1970;
Construção da 1ª Etapa da Deso;
Construção da Escola Municipal em Aguilhadas e Estadual em Maribondo (obras iniciadas no governo de João Dória);
Compra da faixa de terra litorânea e fluvial para viabilizar o turismo, com o acesso ao rio e a praia.

Durante seu mandato, eram vereadores de Pirambu os seguintes: Adalberto dos Santos, Antônio Bertold dos Santos, José Muniz, Manuel do Carmo e Manuel Elizeu dos Santos, todos pertencentes à ARENA.

3. 1971/73
O governo de Juarez Lopes Cruz

Juarez Lopes Cruz (ARENA) nasceu no dia 19 de setembro de 1934 na cidade de Japaratuba. Filho de Mário Trindade Cruz, ex-prefeito daquele município e dona Alzira Lopes Cruz. Comerciante e produtor rural, candidato único, foi eleito prefeito de Pirambu com 335 votos para um mandato tampão de 1971 a 1973.

Juarez foi agente de estatística do IBGE e vice-prefeito de Pirambu (1965/66), graças ao prestígio do seu pai, que foi prefeito de Japaratuba e liderança política nas duas cidades, que condicionou o apoio a João Dória a indicação do filho.

Num governo marcado pela falta de recursos, teve como principais obras:

· Construção da escola que leva o seu nome no povoado Santa Izabel;
· Calçamento da Avenida Agostinho Trindade.

O seu vice foi o camponês-pescador Adalberto dos Santos, sendo vereadores do período os senhores: Genival de Oliveira, João Francisco dos Santos, João de Benício, Joel Pinto e Misael Biriba, todos incluindo o prefeito, pertencentes à ARENA.

4. 1977/1983
O governo de Daniel Luís dos Santos

Daniel Luís dos Santos inicia o ciclo dos prefeitos que tiveram seis anos de mandato. Conhecido como Dié, nasceu em 23 de junho de 1927 em Pirambu. Filho de Antônio Luís dos Santos e de dona Maria Luísa dos Santos, é casado com dona Vandete Moura Santos e pai de quatro filhos: Maria José Moura Santos, Daniele Moura Santos, Daiane Moura Santos e Daniel Luís dos Santos Filho.

Estudou até o antigo primário e trabalhou na Marinha do Brasil, viajando o mundo inteiro. Em 1966 elegeu-se prefeito pela Arena I, com 5654 votos, derrotando o candidato Capitão Cardoso, da ARENA II. Seu vice-prefeito foi o senhor João Batista Biriba e os vereadores do período foram os senhores: Genival de Oliveira, José Alexandre Santos, Júlio Lopes da Silva e Otávio Francisco da Silva, eleitos pela ARENA e transferidos para o PDS com a mudança de nome da sigla e João da Silva, eleito pela ARENA e transferido para o PMDB quando este constituiu seu diretório em Pirambu.

Dentre as obras executadas pelo prefeito Daniel Luiz dos Santos, ele destaca as seguintes:

· Construção da sede para abrigar o Órgão Municipal de Educação;
· Aquisição do casarão pertencente à família do senhor João Amaral Lemos para instalar a sede da prefeitura municipal;
· Construção do Talho de Carne;
· Construção da sede da Telergipe;
· Ampliação por quatro vezes do da rede de energia elétrica de Pirambu;
· Calçamento de várias ruas, como a Mário Trindade Cruz, Sergipe (atual Givaldo Moura da Silva);
· Construção da estrada ligando Aguilhadas a Lagoa Redonda;
· Construção da escola do povoado Aningas.

Foi durante o seu governo que a pesca alcançou o primeiro surto de desenvolvimento, com a instalação da Pirambu Pesca e a criação do Terminal Pesqueiro de Pirambu em 31 de janeiro de 1981.

5. 1983/1988
O governo de Marcos Lopes Cruz

Marcos Lopes Cruz nasceu no dia 1º de janeiro de 1946. Filho de Mário Trindade Cruz, ex-prefeito de Japaratuba e de dona Alzira Lopes Cruz, é casado com a Drª Sílvia Maria de Vasconcelos Palmeira Cruz, ex-prefeita de Pirambu (1993/96), médica que durante muito tempo atuou em Pirambu e em Aracaju onde ainda continua desenvolvendo suas funções como médica da família. Pai de três filhos: Marcos, Lara e Iuri. Formado em odontologia pela Universidade Federal de Sergipe desde 1974, vem atuando nesta especialidade em Aracaju e Pirambu, tendo atuado no sindicato dos trabalhadores rurais desde 1978 e mais tarde na prefeitura municipal de Pirambu. Produtor agrícola, elegeu-se prefeito em 1982 pelo PDS II, tendo como vice-prefeito o ex-prefeito João Dória do Nascimento, obtendo 533 votos, obtendo mais de 250 votos de frente do segundo colocado. Disputaram contra Marcos os seguintes candidatos: José Alexandre Santos (PDS I), vereador e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pirambu; Lúcio Almeida (PDS III), líder político do povoado Maribondo e candidato oficial do prefeito Daniel Luís dos Santos; João da Silva (PMDB I), vereador e ex-presidente da Colônia de Pescadores de Pirambu e Nelson Vieira (PMDB II), fundador do partido e aquele que na década de 80 seria a principal referência da oposição em Pirambu, vindo a se eleger vice-prefeito e o primeiro nesta condição a assumir a prefeitura.

Juntamente com o prefeito Marcos Cruz e o vice-prefeito João Dória do Nascimento, foram eleitos vereadores os seguintes candidatos: Carlos Amaral, Ivan Biriba Dória, Evaldo de Carvalho, durval Oliveira e Jairton Santos, todos do PDS, mas apenas dois eleitos pelo grupo do prefeito, que mais tarde contou com o apoio de todos, uma vez que eram pertencentes ao PDS. Mais tarde, em 1985, passaram para o PFL, partido criado para dar apoio a candidatura do Tancredo Neves (PMDB), que viria a ser eleito presidente da República, derrotando a Paulo Maluf, do PDS.

Nesta eleição que conduziu Marcos Cruz a prefeitura municipal, assistiu-se um fenômeno novo e único na política de Pirambu: o aparecimento de um partido de oposição e a disputa do mandato por cinco candidatos a prefeito.

Entre suas principais realizações, podemos destacar:

Construção da Escola Municipal Mário Trindade Cruz;
Praça Nossa Senhora do Carmo e do Terminal Jorge Almeida Lopes;
Calçamento de novas ruas;
Implantação do Banco Econômico e mais tarde, em substituição, o Banco do Brasil;
Construção do Terminal Turístico de Pirambu;
Construção ou reformas de escolas nos seguintes povoados: Alagamar, Lagoa Grande, Baixa Grande, Lagoa Redondo e Aguilhadas;
Transpaorte escolar dos povoados para a sede do município, e deste para a cidade de Japaratuba;
Ampliação da rede elétrica para a praia;
Implantação da rede elétrica para o povoado Lagoa Redonda.

Quando se esperava que o prefeito Marcos Lopes Cruz retribuísse o apoio a Carlos Amaral, que lhe valeu a eleição para Prefeitura Municipal, este decide apoiar César Rocha para prefeito, provocando uma cisão nas estruturas de poder, projetando Carlos Amaral para os “braços” da oposição que o transformou no seu líder máximo a partir de 1988.

6. 1989/1992
O governo de César Rocha

César Vladimir de Bomfim Rocha nasceu no dia 07 de julho de 1965 na cidade de Aracaju. Filho do ex-Senador da República – 1975/82 – Gilvan Rocha (PMDB) e de dona Zênia Bomfim Rocha, casou-se com dona Maria Aparecida de Oliveira Reis rocha, odontóloga, filha de Artur de Oliveira Reis, ex-prefeito de Lagarto e ex-deputado estadual e irmã de Jerônimo de Oliveira Reis, ex-prefeito de Lagarto, ex-deputado estadual e ex-deputado federal.

César Rocha (PFL) é engenheiro, empresário e advogado. Eleito prefeito de Pirambu em 1989 pela Frente Popular (PFL/PMDB) com 1.132 votos, teve Nelson Vieira dos Santos (PMDB) como seu vice-prefeito e venceu a Carlos Britto Amaral Lemos (PL), da Aliança Progressista (PL, PDS, PSB e PC do B) que tinha como candidato a vice-prefeito o ex-prefeito Daniel Luís dos Santos (PDS). Estava iniciada a segunda parte da “briga” política entre Cruz e Amaral.

Na primeira eleição de Pirambu em que se saia de cena o sistema de partido único (ARENA) e bipartidarismo (PDS X PMDB) tivemos a eleição de uma Câmara Municipal heterogênea e a eleição da primeira mulher vereadora, passando a composição de cinco para nove vereadores. Eis a composição da Câmara eleita: Jairton Santos, Evaldo de Carvalho, João Carmelo Almeida Cruz, José Raimundo da Silva Almeida e Geniro dos Santos (PFL), José Cardoso da Silva e Antônio Fernandes de Santana (PL), José Sebastião dos Santos (PDS) e Ivânia Pereira da Silva (PC do B).

César Rocha entrou para a história de Pirambu como o prefeito mais jovem de Pirambu (ele tinha 23 anos ao assumir a prefeitura) e por ter efetivado a construção de dois quebra-molas, um deles inacabado (o primeiro na Rua Otávio Aciole Sobral e o segundo na Rua Givaldo Moura da Silva) e pela oposição sistemática enfrentada dentro e fora da Câmara Municipal, articulada pela vereadora Vanda e pelo seu partido, o PC do B, levadas ao público pelo jornal Tribuna da Praia.

Em contrapartida, foi no seu governo que Pirambu alcançou seu maior surto populacional, com a oferta de condições de moradia: viabilizou junto ao seu avô, o conceituadíssimo médico Dr. Lourival Bomfim, a aquisição do terreno para construção de casas populares no atual Loteamento Lourival Bomfim, o maior núcleo habitacional de Pirambu.

Foi no governo de César Rocha que o carnaval de Pirambu ganhou dimensões estaduais, ao ser considerado o maior e melhor de Sergipe.

Paradoxalmente, foi também em seu governo que vivenciamos o maior surto de meningite de nossa história, ceifando em 1991 a vida de várias crianças.

Na educação, César Rocha construiu escolas no povoado Bebedouro e no Loteamento Lourival Bomfim. Durante a sua administração, o governador Antônio Carlos Valadares construiu a estrada ligando Japaratuba a Pirambu, com asfaltamento chegando até o Terminal Turística de Pirambu, uma reivindicação histórica da população dos dois municípios.

7. 1990
O período Nelson Vieira

Nelson Vieira dos Santos (PMDB) foi o primeiro vice-prefeito a assumir a prefeitura municipal de Pirambu. Fundador do PMDB e seu principal líder até a sua morte (1997), foi candidato a prefeito em 1982 e ficou num surpreendente quarto lugar, quando todos o apontavam como um dos favoritos.

Em 1987 saiu do PMDB e entrou no PFL, fazendo um acordo para ser o candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por César Rocha. O período em que Nélson Vieira passou a frente da prefeitura não chegou a ser caracterizado como um governo, mas pelas ações implementadas vamos convenciona-lo como sendo.

O prefeito César Rocha precisava se afastar o país, para Miami (EUA) em lua-de-mel, após casar-se com a odontóloga Maria Aparecida Reis Rocha. Durante 87 dias, nos meses de janeiro a abril de 1990, época em que a Câmara Municipal elaborava uma nova Lei Orgânica do Município.

No curto período em que passou a frente da prefeitura, Nelson transformou o carnaval de Pirambu em evento estadual, sendo naquela oportunidade o melhor de Sergipe pela primeira vez; construiu no maior mutirão da nossa história o muro do cemitério da cidade, construiu e reformou dezenas de casas populares além de se envolver em lutas populares, aliados, pela primeira vez, a partidos de oposição ao prefeito César Rocha.

Empolgado com o rápido, mas eficiente governo, Nélson Vieira não demorou a romper com o prefeito César Rocha, retornando ao PMDB e iniciando sua campanha para a prefeitura municipal. Não têm êxito, por não unificar um campo em torno de seu nome, tenta ser indicado candidato à reeleição para vice-prefeito da chapa da oposição encabeçada pelo produtor rural Waltinho Amaral, é vetado por força da lei e tenta eleger-se vereador em 1992. Não tem sucesso, tentando novamente em 1996, sendo mais uma vez derrotado.

Numa fatalidade do destino, Nelson Vieira morre em acidente automobilístico em setembro de 1997, deixando muita saudade no povo de Pirambu que apreudeu a admira-lo e a respeita-lo.

8. 1993/96
O governo de Sílvia Cruz

Sílvia Maria de Vasconcelos Palmeira Cruz, nasceu no dia 1º de junho de 1953 em Anafais/Alagoas. Filha de Sebastião Palmeira da Silva e de dona Durvalina Vasconcelos, é casada com o odontólogo Marcos Lopes Cruz, ex-prefeito de Pirambu (1983/88), irmão do ex-prefeito Juarez Lopes Cruz e filho do ex-prefeito de Japaratuba Mário Trindade Cruz.

Sílvia Cruz foi eleita prefeita de Pirambu em 1992 pela coligação PFL/PRN, tendo como vice-prefeito o vereador por dois mandatos Evaldo de Carvalho (Gago), então presidente da Câmara Municipal, vencendo a Waltinho Amaral, candidato da coligação “União por Pirambu” (PPB, PMDB, PL, PSDB e PC do B), que tinha como candidato a vice-prefeito o então candidato a vereador derrotado quatro anos antes, Adalberto dos Santos Filho, o Betinho, também do PDS, que substituiu a Nelson Vieira dos Santos (PMDB), impedido de disputar a reeleição por força da legislação eleitoral que impedia tal pleito.

Sílvia Cruz venceu a Walter Britto Amaral Lemos por 1.638 a 1.564, colocando uma vantagem de 74 votos. Diferente dos anos anteriores, quando o prefeito ou elegia a maioria da Câmara ou por os coptar, uma vez que eles eram da ARENA I, II ou III, a prefeita Sílvia Cruz enfrentou a oposição, visto que a composição na Câmara Municipal era assim: a) situação: Martha Augusta Gomes de Almeida, José Raimundo da Silva Almeida e Jairton Santos (PFL) e José da Silva Melo (PRN): b) oposição: José Cardoso da Silva e Antônio Fernandes de Santana (PSB), Josué Morais de Souza e Luciano Amaral Araújo (PPB) e Ivan Biriba Dória (PSDB). Este período legislativo foi marcado como o mais vergonhoso de toda a história política de Pirambu: a partir da segunda legislatura, com o apoio do vereador Ivan Biriba, que passou a dar sustentação a prefeita, foram realizadas duas eleições para a Câmara Municipal, elegendo dois presidentes – Ivan Biriba pela situação e José Cardoso pela oposição. Depois de muita disputa jurídica, a justiça deu ganho de causa a situação e José Cardoso foi confirmado como presidente.

Os vereadores da situação (Ivan Biriba, Martha Augusta, Jairton Santos, José da Silva Melo e José Raimundo) foram cassados e em seus lugares assumiram os suplentes: Ivanilde Nascimento Correia e Edgar Odilon dos Santos (PFL), João Carmelo Almeida Cruz (PSB) e Maciel de Deus Alves (PMDB/PSDB).

O governo de Sílvia Cruz foi marcado por um permanente e incessante conflito com a Câmara Municipal, por pura intransigência do executivo e da maioria que fazia oposição no parlamento municipal.

Na educação a prefeita marcou pelo menos três importantes pontos: ampliação da Escola Municipal Mário Trindade Cruz na sede do município, indicação do então deputado estadual Renato Brandão, acatada pelo Governador Albano Franco, implantando alí o 2º grau, através do Projeto SOMEM – Sistema Organizacional do Ensino Médio em 1995 e assina um convênio para capacitação dos professores entre a prefeitura municipal e a Universidade Federal de Sergipe, através do Propref. Na sua gestão foi adquirido junto a FAE um ônibus para o transporte dos estudantes.

Sílvia Cruz entrou para a história de Pirambu ao implantar o serviço de eletrificação em 100 % dos povoados do município, parceria viabilizada junto ao governo do estado, servindo como intermediário o deputado estadual Reinaldo Moura, sendo o primeiro município de Sergipe a conseguir esta condição. Isto foi conseguido graças ao entrosamento com o Projeto Nordeste, através do Conselho de Desenvolvimento Comunitário – CONDEC, entidade que reunia o Condepi, a Asmop, a Colônia de Pescadores e outras entidades populares, sindicais e comunitárias.

Aliás, as obras mais importantes do seu governo foram possível graças a estes projetos, uma vez que a Câmara Municipal tentava inviabilizar a administração municipal.

Dentre suas realizações, estão a eletrificação do bairro Invasão, do conjunto Lourival Bomfim, a ampliação da rede de água além do fortalecimento do carnaval, agora transferido para o campo de futebol.

Na saúde, a prefeitura assume a administração do FNS (ex-SESP), através da municipalização dos serviços, foram ainda implantados os Agentes Comunitários de Saúde.

9. 1993
O período Evaldo de Carvalho

Evaldo de Carvalho, o Gago, foi vereador de Pirambu por dois mandatos (1983/88 – 1989/1992), o primeiro pelo PDS e o segundo pelo PFL, de onde saiu em 1996 para ser candidato a prefeito pelo PDT. De 1990 a 1992 foi presidente da Câmara Municipal. Devido a sua popularidade, força política e prestígio no seu partido e junto a seus colegas vereadores de bancada, conseguiu ser indicado candidato a vice-prefeito em 1992 ajudando sobremaneira na eleição da prefeita Sílvia Cruz.

A passagem de Evaldo de Carvalho pela prefeitura de Pirambu foi rápida e se deu no primeiro semestre de 1993, em substituição a prefeita Sílvia Cruz, que juntamente com outros prefeitos do Vale do Japaratuba participava de um curso sobre administração municipal na Alemanha.

Gago conseguiu em 45 dias, algo extremamente positivo: “saneou e calçou ruas, promoveu a harmonia entre os poderes executivo e legislativo, sustou pagamento de marajás (pessoas que ganhavam sem trabalhar) e moralizou a coisa pública” (12), promovendo o retorno imediato da titular que fora avisado do ‘estrago’ colocado em prática pelo vice.

Semelhante ao que fez Nelson Vieira quando passou pela prefeitura três anos antes, Evaldo de Carvalho rompe com a administração municipal. Vai para a oposição, apóia em 1994 Jackson Barreto para governador, Valadares e Zé Eduardo para o Senado, Jerônimo Reis para deputado federal, mas continua atrelado ao deputado estadual Reinaldo Moura, apoioando-o em sua reeleição, contribuindo para mais uma vitória deste em Pirambu.

Notas:

(1) SILVA, 2001.
(2) Idem
(3) Idem
(4) Segundo depoimento de João Castelo, em 1985.
(5) SILVA, 2001.
(6) Idem.
(7) Idem.
(8) Até 1934, Pirambu pertencia ao município de Capela, passando ao município de Japaratuba com a emancipação deste em 24 de agosto de 1934.
(9) SILVA, 2001.
(10) Idem.
(11) Idem
(12) Assim dizia um texto de campanha de Gago para prefeito de Pirambu em 1996.

Bibliografia:

SILVA, Claudomir Tavares da. Pequena História de Pirambu. Pirambu: Semec/EMMTC, 2001

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