Por Vereda da Cultura *
Em 15 de abril de 2005 o professor Claudomir Tavares da Silva (39) deu início ao processo de construção que culminou com a instalação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba em 13 de junho de 2007, fazendo valer uma luta iniciada em 1990, quando teve início à discussão em Pirambu a partir das aulas de Geografia (ministradas pelo professor José Joaquim) e de História (ministradas pelo próprio) na Escola Estadual José Amaral Lemos. Naquele dia foi instalado em Pirambu o Comitê Popular do Rio Japaratuba, do qual Claudomir foi escolhido seu coordenador, cujo objetivo era o de pressionar os órgãos oficiais a construir o Comitê da Baia Hidrográfica.
Este objetivo foi alcançado com um amplo processo de mobilização realizado nos 20 municípios integrantes da área da bacia no período de novembro de 2005 a abril de 2006. Sócio da Colônia de Pescadores desde 1992, tendo sido pescador quando residiu no povoado Canal de São Sebastião, em Barra dos Coqueiros e no início dos anos 80 quando se mudou com sua família para Pirambu, foi indicado pela Colônia de Pescadores Z – 5 para integrar o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, sendo eleito por aclamação do setor em Plenária Eleitoral realizada no último dia 25 de abril de 2007 na cidade de Japaratuba para representar seguimento Pesca, que na região tem duas colônias e três associações de pescadores, numa base territorial estimada em mais de oito mil usuários das águas para a atividade pesqueira. No dia 13 de junho do mesmo ano, quando da instalação do CBHJ, foi eleito por unanimidade secretário geral do Comitê, indicação feita pelos representantes da Universidade Federal de Sergipe – UFS e Universidade Tiradentes – UNIT. Confira abaixo a íntegra da entrevista concedida no dia a Vereda da Cultura em sua residência na cidade de Pirambu.
Vereda da Cultura – A água encontra-se em extinção no Brasil e no mundo?
Claudomir Tavares – Segundo o Ciclo Hidrológico, o volume de água existente no Planeta é o mesmo desde que ele foi concebido. O que tem ocorrido é a diminuição da sua qualidade e, com o aumento desenfreado da população do globo, ela (a água) tem se tornado um bem a ser conquistado, o que multiplica nossa responsabilidade para com a água. Há aproximadamente quatro bilhões de anos, quando ainda nenhum ser vivo habitava nosso planeta, ocorriam na terra muitas erupções vulcânicas. Das larvas vulcânicas depreendiam-se gases e grande quantidade de vapor de água. O vapor de água foi se acumulando na atmosfera durante séculos. Quando a temperatura ficou mais baixa, os vapores se transformaram em líquido, caindo na crosta terrestre sob a forma de chuvas abundantes. A água das chuvas foi se acumulando lentamente nas cavidades da superfície terrestre, dando origem aos oceanos, mares, lagos e se infiltrando solo abaixo, criando lençóis de água subterrâneos ou lençóis freáticos, que aparecem na superfície atmosférica através de fontes de água. A maior parte da superfície terrestre é coberta pela água. Visto pelo lado de fora, o planeta deveria se chamar água. Com algumas ilhas de terra firme, cerca de 2/3 da sua superfície são dominadas pelos vastos oceanos. Mesmo com tanta água, apenas 1 % de toda água do planeta está disponível para uso, armazenada nos lençóis subterrâneos, lago, rios e na atmosfera; 97 % está nos oceanos e mares, e é salgada e 2 % está armazenada nas geleiras, em lugares quase inacessíveis. A água está em toda parte: nas nuvens, no mar, nos rios, nos lagos, no ar, nas plantas, nos animais e no corpo humano. A água é fundamental para a vida. Para sobreviver, os seres vivos precisam manter no organismo uma adequada e constante quantidade de água.
Vereda da Cultura – Durante as comemorações do Dia Internacional da Água foi colocado que a água será o próximo produto responsável pela eclosão da III Guerra Mundial. O que você tem a comentar sobre esta possibilidade?
Claudomir Tavares – Que ela está cada vez mais presente entre nós e cada vez mais próxima. Veja os dados que apresentamos: Apenas 1% de toda água existente no mundo é doce e está disponível para o uso. Do restante, 97 % é água salgada e 2 % forma as geleiras inacessíveis. Apenas 1/3 dos recursos hídricos disponíveis hoje no planeta podem ser aproveitados. No ano 2020 a carência de água vai afetar 2/3 da população mundial. 20 % da população do planeta não tem acesso à água potável para beber. De 1900 a 1997, a população do planeta dobrou, e o consumo de água cresceu sete vezes. O consumo de água em uma família de classe média nos Estados Unidos chega a dois mil litros por dia. Na África, esse consumo é de apenas 150 litros, e milhões de famílias ainda precisa carregar água por longas distâncias. 70 % de toda água doce consumida no planeta destina-se ao uso agrícola em irrigação. Com o crescimento da população, esse número, já muito alto, tende a aumentar. 90 % da água utilizada no Terceiro Mundo é devolvida à natureza sem nenhum tipo de tratamento. 1.9. 50 % dos rios do mundo estão poluídos com despejos de esgotos, resíduos industriais e agrotóxicos ou em via de serem exauridos devido ao desperdício e a má gestão dos recursos hídricos nas bacias fluviais. 30 % das maiores bacias hidrográficas perderam mais da metade da cobertura vegetal original, o que levou à redução da quantidade de água. Águas poluídas afetam a saúde de aproximadamente 1,2 milhões de pessoas e contribuem para a morte de 15 milhões de crianças com menos de cinco anos. A desertificação já atinge cerca de 70 % das terras secas do planeta. O Brasil detém oito % de toda a água disponível para uso humano no mundo. A maior parte dessa água, cerca de 90 %, está na região Amazônia, onde vive apenas 5 % da população brasileira. O Brasil detém 77 % das águas de superfície da América do Sul e é um dos que mais sofrem com o desequilíbrio entre a oferta e a demanda, o desperdício, a poluição ambiental e a violação das áreas de preservação dos cursos de água. No Brasil, 40 % da água é desperdiçada. Um índice considerado muito alto. Por exemplo: de 100 litros usados, 40 % poderiam ter sido poupados. Apenas 16% dos esgotos sanitários são tratados no País. O restante é jogado in natura nos rios. 45 % da população brasileira ainda não tem acesso aos serviços de água tratada, e 96 milhões de pessoas vivem sem esgotamento sanitário. 72 % dos leitos hospitalares são ocupados por pacientes vítimas de doenças transmitidas através da água, como disenteria, hepatite, cólera e equistosomose. Portanto, uma Guerra de proporção mundial é uma realidade eminente e, de uma certa forma ela terá seu início em caráter pontual, de forma que o Brasil será a nação mais cobiçada pelo volume de água doce que dispõe.
Vereda da Cultura – Cite alguns cuidados urgentes a serem tomados tanto por adulto como pelas crianças para garantirmos a água nossa de cada dia:
Claudomir Tavares – Madre Tereza de Calcutá, um líder religiosa da Índia que recebeu nos anos 90 o Prêmio Nobel da Paz pela sua luta em defesa da solidariedade, pela paz e pela união dos povos disse no auge de sua humildade mas consciente de suas responsabilidades: “o que eu fiz no mundo foi uma pequena gota d’água num imenso oceano, mas se eu não fizesse esta gota com certeza faltaria”. Uma fábula bastante famosa, conta que uma vez um beija flor estava tentando apagar um incêndio de uma floresta quando um outro pássaro o interpelou dizendo de sua perda de tempo, pois como ele iria apagar um incêndio se trazendo água de tão longe e em seu minúsculo bico. O beija flor teria respondido: “eu até tenho consciência de que não apagarei este incêndio, mas estou fazendo minha parte”. São dois exemplos para serem seguidos por cada um de nós, afinal, agente começa mudando o mundo dentro da gente. Se fizermos nossa parte podemos conviver por muito tempo sem a escassez de água na Terra. Devemos seguir alguns passos bem simples: ao tomarmos banho, desligar o chuveiro quando estivermos nos ensaboando, fazer o mesmo quando estivermos lavando os tratos, ou escovando os dentes. Evitar lavar carros, motos, calçadas, casas, usando mangueiras, passando estas idéias adiante, enfim. Só não vale ficar parado, afinal, nós não herdamos a Terra de nossos pais, nós a tomamos emprestada de nossos filhos.
Vereda da Cultura – E o Rio São Francisco? É transposição ou revitalização?
Claudomir Tavares – É preciso desmistificar um mito, mostrar uma grande hipocrisia e demagogia com que estão fazendo esta campanha em favor da revitalização e contra a transposição. Eu tenho participado de praticamente todas as manifestações, debates e fóruns para debater a causa do Velho Chico. Tem sido assim desde o projeto de transposição que se iniciou no governo de Fernando Henrique Cardoso mas que teve sua origem desde o Império. Várias vozes tem se levantado defendendo esta bandeira, as quais eu homenageio nas pessoas do Padre Izaías Carmo Nascimento Filho (Pe Izaías), da Cáritas Diocesana de Propriá pelo lado de Sergipe e o senhor Antônio Gomes dos Santos (Seu Toinho Pescador), que inclusive o trouxemos a Pirambu em 1994 para discutir a problemática da pesca em Sergipe quando ajudamos a fundar o Núcleo de Apoio aos Pescadores de Sergipe. Pois bem: Sergipe tem alguns rios agonizando: Piauí, Sergipe e Japaratuba, só para citar as bacias estaduais, e temos ainda mais três bacias nacionais que banham terras sergipanas: São Francisco, Vaza-Barris e Real. Não se vê qualquer ação do Governo de Sergipe em defesa dos nossos rios, inclusive ele (o Governador João Alves Filho) mobilizou sua bancada para derrubar a proposta do deputado Francisco Gualberto (PT) que previa a destinação de 1 % dos Recursos do Orçamento do Estado para ser investido na revitalização de nossos rios. O governador escolheu a “defesa”, pasmem, do São Francisco como um instrumento de enfrentamento do governo Lula e como tábua de salvação de sua reeleição, o que nos parece cada vez mais distante. Os prefeitos ribeirinhos que abrem esperneiam contra a transposição, na verdade deveriam fazer o dever de casa. Em cada três palavras de ordem, três são contra o governo Lula e apenas uma contra a transposição e defesa da revitalização. Enquanto isso, continuam, todos eles, sem exceção, jogando esgotos in-natura dentro do rio e permitindo que lavem carros,motos e cavalos na beira do rio. E é assim é? Já o governo Lula, traiu os interesses dos sergipanos, alagoanos e baianos ao prometer que não faria a transposição sem a revitalização e está fazendo justamente o contrário. Alega ele e o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes que ela (a revitalização) já está em curso, quando na verdade o que existem são ações isoladas e inerentes ao trabalho da CODEVASF, DNOCS, CHESF e outras estatais que atuam na região, próprio de seu objetivo. Eu particularmente não sou contra a transposição, desde que a água seja levada para consumo humano e animal, e não para a carcinicultura (criação de camarão) e para a indústria, setores que tem os mecanismos de obtenção de água a partir de seus próprios meios e não como projeto de governo que tem um caráter eminentemente eleitoreiro, para beneficiar empreiteiras que depois irão investir em sua campanha de reeleição e de aliados na região. Defendemos a revitalização a partir de sua revitalização, envolvendo os setores e estados envolvidos, principalmente os que serão doadores. Como dizia o professor José Teodomiro de Araújo, “o rio São Francisco é apenas uma calha por onde corre as águas dos seus afluentes”, assim defendemos uma revitalização que privilegie também sua rede de afluentes que tem alimentado o rio da unidade nacional durante todo o seu trajeto.
Vereda da Cultura – O Governo Federal tem investido na duplicação da rede que canaliza água do rio São Francisco para Aracaju e outras cidades. Isso é transposição? Que prejuízos essa obra pode acarretar sobrevivência do “Velho Chico”?
Claudomir Tavares – Esse tipo de transposição vem acontecendo ao longo do Rio São Francisco em toda sua extensão. A Deso, por exemplo, faz transposição, os projetos de irrigação da Codevasf e aqueles criados com recursos do Governo Federal repassados para o Governo do Estado, como Jacaré-Curituba e outros, vários fazendeiros, sitiantes, agro-indústrias, enfim, são centenas ao longo do rio retirando água para irrigação, consumo humano e atividade industrial. É preciso ver se eles tem outorga para retirá-la ou se fazem de forma ilegal, um ato, talvez criminoso. O que não se pode permitir é que pessoas que residem às margens do São Francisco continuem morrendo de sede, sem ter como dar água aos seus animais ou irrigar suas plantações, dependendo de carro pipa, num processo conhecido como indústria da seca. A água é um bem coletivo e não deve ser instrumento de poder dos mais abastados como tem acontecido em Sergipe.
Vereda da Cultura – Recentemente foram criados Comitês que visam inclusive à revitalização das Bacias Hidrográficas de Sergipe. Qual a real situação dos nossos rios? Já houve extinção de alguns? Se sim, quais? Existem a possibilidade de novas extinções?
Claudomir Tavares – No início dos anos 80 do século passado ganhou força o debate sobre os recursos hídricos no Planeta, sobretudo no Brasil. Essa tendência foi fortalecida com o advento da Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, a Eco-92 realizada pela Organização das Nações Unidas na cidade do Rio de Janeiro em 1992. A partir de 1997 são edificadas as Leis sobre Gestão Participativa e Descentralizadas das Águas do Brasil e dos Estados, como foi o caso de Sergipe. Foram criadas as agências reguladoras e a partir daí se iniciou o processo de criação dos Comitês das Bacias Hidrográficas, uma espécie de Parlamento das Águas, nos quais estão representados os representantes dos três setores: usuários de água bruta, sociedade civil e poder público. O primeiro comitê criado em Sergipe foi o do Rio Sergipe, instalado em 2001. Em 2002 foi instalado o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Em ambos os casos Pirambu participou do processo. No primeiro, através dos professores da Escola Municipal Mário Trindade Cruz, Claudomir Tavares e Acácia Dias da Cruz. No segundo, a partir de reunião realizada no Bar Rio, mobilizada pelo Instituto Manoel Novais, Cáritas Diocesana de Propriá e encampado aqui pelo Departamento de Cultura do Município. Em 2005 foi concluído o processo de construção do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piai, esperando a realização do Congresso de Instalação. No período de novembro de 1995 a abril de 2006 foi realizado o processo de mobilização para instalação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, desde os 20 Encontros Municipais sobre Recursos Hídricos, passando pelos Encontros Regionais para Reexaminar os Perfis Municipais, os Encontros Regionais para elaborar a proposta de Regimento Interno, Oficina de Planejamento para constituição do Comitê e Plenárias Eleitorais, nas quais Pirambu foi contemplado com dois dos 24 membros escolhidos: eu, Claudomir, que represento o Setor Pesca, na categoria usuários de água bruta e o vereador José Luís de Andrade, que representa as 20 câmaras municipais no setor poder público. Atualmente em Sergipe existem vários rios que estão em processo acelerado de degradação, muitos deles assoreado e em estado de perenização, agonizando e se não houver uma ação mais consistente do poder público e a mobilização da sociedade, eles poderão deixar de existir – é uma realidade a qual não podemos descartar. O próprio Rio Japaratuba tem sido vitimas de agressões, como a que verificamos na região da Fervura, onde um fazendeiro de pré-nome Carlos aterrou, tubulando suas águas, para garantir a ocupação da Ilha formada a partir da construção do Canal do Japaratuba, introduzindo ali a criação de bois-búfalos. Já fizemos a denúncia a setores do Ibama e ao Ministério Público, mas não temos conhecimento de uma ação destes órgãos “sempre vigilantes”.
Vereda da Cultura – Existe algum projeto de revitalização dos rios sergipanos?
Claudomir Tavares – Oficialmente não. Existem ações que merecem destaque, como a criação do Comitê Popular do Rio Japaratuba em Pirambu, ainda incipiente e carente do envolvimento da sociedade, o movimento “Vamos salvar o Rio Sergipe”, idealizado pelo jornalista Osmário Santos, que realiza em março o Aracaju de “tó-tó-tó”, já em sua terceira edição, a ação em defesa do Rio Piauí, que tem a frente o ambientalista João Fontes Júnior, a proposta de disponibilização de 1 % dos recursos do Orçamento do Estado para a revitalização dos rios sergipanos de autoria do deputado Francisco Gualberto(PT)a criação do Dia do Rio Sergipe, a partir de uma propositura da deputada Ana Lúcia (PT), a ação de ambientalistas de Capela e de Nª Sª das Dores, só pra citar alguns exemplos. Em 2005 promovemos na Escola Mário Trindade Cruz, na condição de professor da disciplina História o projeto “Nos Rastros do Imperador”, no qual repetimos o trajeto do Imperador Dom Pedro II desde a foz do Rio Japaratuba até onde está o povoado Canal de São Sebastião. A partir daí, iniciamos um projeto de pesquisa sobre o Canal do Pomonga, percorrendo o trecho desde o Angelim, até o encontro do Pomonga com o rio Japaratuba. O projeto terá continuidade em 2006, no segundo semestre. Aqui em Pirambu, estou lhes passando em primeira mão, iremos realizar um passeio pelo leito do rio Japaratuba no dia 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, para denunciar as agressões que tem sido vítima o chamado Baixo Japaratuba. Há um projeto “ambicioso” que é percorrer a pé, ainda que de várias etapas, os 124 quilômetros do Rio Japaratuba, desde sua nascente em Feira Nova até a Foz em Pirambu. Provavelmente façamos isso em novembro. Já temos a adesão de companheiros de Capela, Dores, Carmópolis, Gracho Cardoso, Japaratuba e Pirambu.
Vereda da Cultura – Fale sobre o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba.
Claudomir Tavares – O processo teve início há bastante tempo, quando se quer havia uma movimentação em criar os comitês de baias em Sergipe. E temos a satisfação de dizer que ele teve início em Pirambu, ao percebermos ser a única cidade a jogar diretamente seus esgotos no rio, a partir de sete locais de descarte. Vamos as etapas: I – 1990 = 22/03/1990 Um rio cheio de Histórias – As aulas de História e de Sociedade & Cultura, ministradas pelo professor Claudomir Tavares da Silva na Escola Estadual José Amaral Lemos passam a incorporar os elementos históricos e culturais da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba. II – 1998 = 05/06/1998 Um rio na ordem do dia – Num processo conjunto e contínuo, os professores Claudomir Tavares (História e Sociedade & Cultura) e José Joaquim (Geografia) pautam o Rio Japaratuba como uma preocupação permanente de suas práticas pedagógicas. III – 1999 = 05/03/1999 Caminhada Ecológica – Estudantes da Escola Municipal Silvino Antônio Araújo, no povoado Aguilhadas realizam Caminhada Ecológica na região da Fervura, as margens do Rio Japaratuba, no povoado Aguilhadas e Pedra de Nicó. V – 2001 = Março/2001 Jornal “O Povo” – O jornal “O Povo”, do Diretório Municipal do PT publica um Manifesto em Defesa do Rio Japaratuba, a partir de contribuições dos professores Claudomir Tavares (História) e José Joaquim (Geografia), ambos da Escola Estadual José Amaral Lemos. V – 2002 = 22/03/2002 Abraço ao Rio Japaratuba – Caminhada Ecológica da Escola Municipal Mário Trindade Cruz culmina com abraço ao Rio Japaratuba, fechando por meia hora a Ponte da Amizade que liga os municípios de Pirambu a Barra dos Coqueiros. VI – 2003/2005 = Setembro/2003 – Março/2005 SOS Rio Japaratuba – Jornais Tribuna do Vale (Japaratuba) e Tribuna da Praia (Pirambu) publicam matéria de primeira página, dedicando especo privilegiado ao Rio Japaratuba, convocando a realização de um Seminário para discutir as questões pertinentes ao Velho Japa. No mesmo período o Jornal “Olhar 43”, do Partido Verde em Pirambu, destaca a luta em defesa do Rio Japaratuba. VII – 2004 = 27/07/2004 IX Festa do Juão – Oficina “Japaratuba: um rio na ordem do dia”, ministrada pelo professor Claudomir Tavares no povoado São José durante a IX Festa do Juão”, da Escola Municipal Vereador João Prado, no povoado São José, em Japaratuba. VIII – 2005 = 12/03/2005 IV Acamamento da Juventude – Oficina “Japaratuba: um rio na ordem do dia”, ministrada pelo professor Claudomir Tavares no povoado São José durante o IV Acampamento da Juventude. 22/03/2005 Dia Mundial da Água – Claudomir Tavares concede entrevista a Ouro Negro FM (Carmópolis), Caminhada Ecológica da EM Mário Trindade Cruz (Pirambu) e Tribuna Livre discute “Japaratuba: um rio na ordem do dia” na Câmara Municipal (Japaratuba). 15/04/2005 Nasce o CPRJ – Reunião realizada em Pirambu lança os pilares para a construção do Comitê Popular do Rio Japaratuba. 18/04/2005 Entrevista na ON-FM – Coordenação do CPRJ concede entrevista na Ouro Negro FM em Carmópolis. Nov/Dez/2005 Encontros Municipais – Reuniões realizadas nos 20 municípios discutem gestão participativa dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Japaratuba. IX – 2006 = 10 a 13/01/2006 Encontros Regionais – Reuniões para traçar os perfis dos municípios integrantes da bacia do rio Japaratuba (Aquidabã, Japaratuba, Maruim e Nª Sª das Dores). 13 a 16/02/2005 Encontros Regionais – Reunião para Elaboração da proposta de Regimento da Bacia Hidrográfica do CBH-Japaratuba (Aquidabã, Japaratuba, Maruim e Nª Sª das Dores). 15 e16/03/2006 Oficina de Planejamento – Oficina de Planejamento de Constituição do Comitê Rio Japaratuba (Capela/SE). 22/03/2006
Entrevista na ON-FM – Comissão Pró-CBH-RJ concede entrevista na Ouro Negro FM em Carmópolis. 31/03/2006 Entrevista na TV Sergipe – Comissão Pró-CBH-RJ concede entrevista ao Bom Dia Sergipe e SE-Notícias da TV Sergipe. 25 a 27/04/2006 Plenárias Eleitorais: Comitê Rio Japaratuba – Participação nas Plenárias Eleitorais do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba nas cidades de Japaratuba, Capela e Nª Sª das Doses,que elegeram os 24 membros representantes dos usuários de água bruta, do poder público e da sociedade civil – 2007 = 13/06/2007 Plenária de Instalação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, realizada no Plenário da Câmara Municipal de Japaratuba. Neste dia fomos eleitos por unanimidade Secretário Geral do CBHJ, indicado que fomos pelos representantes da UFS e UNIT.
Vereda da Cultura – Qual a origem da água potável em Pirambu?
Claudomir Tavares – Em 22 de março de 1973, dia mundial consagrado à água foi inaugurada em Pirambu a unidade de tratamento e distribuição da DESO, órgão fundada em 1969 e que na época significada Departamento Estadual de Saneamento e Obras, atual Companhia de Saneamento de Sergipe. A água é captada no encontro das ruas Givaldo Moura da Silva (antiga Rua Sergipe ou Rua do Cará) e Castelo Branco, próximo à residência da líder do Ilariô de Pirambu, Maria dos Santos Sales (Dona Nazilde). Quando da sua concepção tinha o objetivo de distribuir água para algumas centenas de residências, sendo distribuída atualmente para milhares em Pirambu e centenas do povoado Aguilhadas, um povoado subdividido em várias comunidades, como Alto da Boa Vista, Areinhas, Mero, Pau Pombo e Caatinguinha. Estudos preliminares,ainda não conclusivos dão conta de no máximo 15 anos a capacidade do reservatório onde atualmente é capitada a água que elevada para as torneiras de cerca de 5 mil habitantes nas duas comunidades. Há informações, que precisam ser confirmadas de que Pirambu deverá ser abastecido por água canalizada do Rio São Francisco tão logo seja concluída a Ponte que ligará Aracaju a Barra dos Coqueiros.
Vereda da Cultura – Até onde o crescimento desordenado de Pirambu poderá interferir na produção e qualidade da água?
Claudomir Tavares – Como dizia agora há pouco. Em 1973, há 33 anos, Pirambu (a sede) tinha uma população de menos de mil habitantes. Os números hoje apontam para cerca de cinco mil. Em 2020 a população suplantará Japaratuba, cidade que retira sua água do Balneário Prata. A água de Pirambu ela é canalizada para este volume de habitantes (incluindo os de Aguilhadas) e para uma distância cada vez maior. É preciso, urgentemente, repensar esta atividade tão nobre em nossa cidade, cujos loteamentos, novos bairros e conjuntos tem surgido com freqüência a partir do final dos anos 80 do século passado.
Vereda da Cultura – Comenta-se que a nossa água encontra-se com os dias contados. Até onde isso é verdade?
Claudomir Tavares – Eu diria os anos contados. Mas a situação ainda não é desesperadora. O município é o principal balneário de Sergipe, pólo turístico e uma cidade de eventos, além de ser um paraíso do ecoturismo em Sergipe. Credenciais, dos mais variados, nós temos. Aliado a isso é preciso que nos mantenhamos mobilizados, para garantir que estes credenciais não sejam os únicos, mas sim que tenhamos garantido o abastecimento de água a partir de um envolvimento coletivo da sociedade.
Vereda da Cultura – O que você teria a acrescentar?
Claudomir Tavares – Dizer da importância de termos em nossa cidade entidades como a Vereda da Cultura, que, enxerga como Eduardo Galeano, sem perder a perspectiva de Bertold Brecht. O primeiro disse que “a linha do horizonte não é um objetivo a ser alcançado, mas para nos ensinar a caminhar” enquanto o segundo disse que “quanto mais você canta sua aldeia, mais universal você se torna”. Obrigado a vocês pela oportunidade de falar sobre uma temática que precisa ser debatida por todos, uma vez que estar na ordem do dia.
* Entrevista concedida ao professor Agnaldo dos Santos Silva e integrantes da Organização Vereda da Cultura em 26/04/2006 e adaptada para incluir novos elementos, como datas e fatos relacionados aos citados na entrevista em 17/11/2007.