Riqueza e diversidade de um dos mais completos repertórios folclóricos de Sergipe
Por Claudomir Tavares da Silva claudomir@infonet.com.br
VI – A volta da Ugia de Pirambu:
Era final dos anos 60 e início dos anos 70. Dona Louzinha reunia um grupo de rapazes (entre eles Tonho Grande, Simi, Moacyr e tantos outros) e garotas (Binha, Maria, Dona elze e outras) e passava os ensinamentos necessários para colorir as ruas de Pirambu.
Não obstante a incipiente cidade já ser dotada de energia elétrica, as ruas eram iluminadas na verdade pelas velas que se “escondiam” em gaiolas penduradas em arcos segurados por homens, que através destes protegiam as damas.
Conduzidos por uma Orquestra, com predominância de instrumentos de sopros, o grupo saia as ruas cantando, encantando e cantarolando em homenagem a São João, visitando dezenas de casas, sendo presenteados por bebidas, comidas e bastante calor humano, engrossado por um gigantesco cortejo que percorriam as poucas ruas pavimentadas de paralepípedo, as muitas cobertas de terra batida e algumas ainda cobertas por areia do morro onde a cidade estava plantada.
Os rapazes usavam calça azul marinho e uma camisa cor-de-rosa. As garotas uma saia branca com pregas e uma blusa cor-de-rosa, com tons mais fortes que os dos homens. A frente do grupo a Porta-Estandarte Maria Teles do nascimento, filha de Seu Bebé que com sua beleza, simpatia e graça levava o símbolo máximo desta manifestação endêmica de Pirambu.
Passaram-se muitos anos para que a Ugia voltasse às ruas de Pirambu. É quando Antônio Vieira Nunes (Tonho Grande) e Dona Louzinha reunia um novo grupo que incluía remanescentes dos anos 70 e incorporava novos integrantes (Fernandinho, Acácia, Laranja, Janice, Djalma, Leide, Claudomir, Geraldo, Lígia e outros – citar nomes estar se tornando muito complicado, pois podemos estar cometendo injustiças).
A Ugia retornava assim as suas atividades em 1988, marcando aquele ano como a efervescência cultural dos festejos juninos.
Músicos da Sociedade Musical e Cultural Santa Terezinha conduziam o grupo. Fora escolhida para a condição de Porta-Estandarte a estudante Acácia Dias da Cruz, sendo substituída (a seu pedido) em seguida pela também estudante Janice Alves de Moura.
Como que por coincidência, a Ugia reapareceu quatro anos depois, sempre motivada (também) por um grupo político que tentava chegar a prefeitura, e com apoio popular, dava sua contra partida as manifestações culturais tradicionais de nossa comunidade (inclua-se aí primeira cavalgada de Pirambu realizada em 1988). A Porta-Estandarte de 1992 foi a irreverente Binha dos Santos, que tem se mantido fiel às tradições culturais de seus ancestrais, de sua época e de seus descendentes.
A última vez que a Ugia de Pirambu saiu às ruas foi no ano 2000, por coincidência, um ano eleitoral, incluindo em sua indumentária uma gravata na vestimenta masculina. Desagradável foi ver a Ugia ter que se adequar a uma programação junina que fugiu as suas características, uma vez que o forte da manifestação é a espontaneidade e naturalidade do roteiro, quase sempre marcado pela motivação das pessoas que solicitam sua presença em determinados trechos da cidade.
O retorno da Ugia de Pirambu dentro do nosso Ciclo Junino se deu por iniciativa dos estudantes do Colégio Estadual José Amaral Lemos que, motivados por um artigo de nossa autoria publicado neste Portal e para homenagear sua idealizadora, Dona Louzinha, incluíram seu resgate dentro da Programação do VIII São João na Minha Escola.
“Marcou de forma singular os festejos juninos da sua comunidade estudantil”, descreve a professora Carminha Bispo em seu artigo intitulado “VIII São João na Minha Escola: resgatando a cultura popular” publicado com data de hoje.
A partir destes artigos, da iniciativa dos estudantes, foram construídas as condições para já a partir de agosto a Ugia de Pirambu está se reestruturando em Pirambu, tendo planos para se apresentar em definitivo nos festejos juninos de 2008, quando pretende se firmar permanentemente como uma das referências do Ciclo Junino em Pirambu.
* Professor das redes públicas municipal em Pirambu e estadual em Pirambu. Pesquisador da História e Cultura de Pirambu, autor de vários documentos sobre estas temáticas.
Referências Bibliográficas:
Acervo do professor Claudomir Tavares da Silva
Agenda Cultural – 2004. Pirambu: Departamento de Cultura
Revista Sergipe Trade Tour – 2003/2004
Revista Sergipe – A Novidade do Nordeste.
Silva, Claudomir Tavares da. A volta triunfante da Ugia de Pirambu. Pirambu: Tribuna da Praia, 2007
............................................. Poeirinha: 15 anos de resistência cultural em Pirambu. Pirambu: Tribuna da Praia, 2007
Notas:
(1) REISADO do Maribondo. Jornal da Cultura, jul. 2002. p. 1.
(2) Idem
(3) BARRETO, Luiz Antônio. Ilariô: Grupo folclórico de Pirambu. Aracaju: Seed, 1998.(4) Segundo à pesquisadora Aglaé D’Ávila Fontes de Alencar
Era final dos anos 60 e início dos anos 70. Dona Louzinha reunia um grupo de rapazes (entre eles Tonho Grande, Simi, Moacyr e tantos outros) e garotas (Binha, Maria, Dona elze e outras) e passava os ensinamentos necessários para colorir as ruas de Pirambu.
Não obstante a incipiente cidade já ser dotada de energia elétrica, as ruas eram iluminadas na verdade pelas velas que se “escondiam” em gaiolas penduradas em arcos segurados por homens, que através destes protegiam as damas.
Conduzidos por uma Orquestra, com predominância de instrumentos de sopros, o grupo saia as ruas cantando, encantando e cantarolando em homenagem a São João, visitando dezenas de casas, sendo presenteados por bebidas, comidas e bastante calor humano, engrossado por um gigantesco cortejo que percorriam as poucas ruas pavimentadas de paralepípedo, as muitas cobertas de terra batida e algumas ainda cobertas por areia do morro onde a cidade estava plantada.
Os rapazes usavam calça azul marinho e uma camisa cor-de-rosa. As garotas uma saia branca com pregas e uma blusa cor-de-rosa, com tons mais fortes que os dos homens. A frente do grupo a Porta-Estandarte Maria Teles do nascimento, filha de Seu Bebé que com sua beleza, simpatia e graça levava o símbolo máximo desta manifestação endêmica de Pirambu.
Passaram-se muitos anos para que a Ugia voltasse às ruas de Pirambu. É quando Antônio Vieira Nunes (Tonho Grande) e Dona Louzinha reunia um novo grupo que incluía remanescentes dos anos 70 e incorporava novos integrantes (Fernandinho, Acácia, Laranja, Janice, Djalma, Leide, Claudomir, Geraldo, Lígia e outros – citar nomes estar se tornando muito complicado, pois podemos estar cometendo injustiças).
A Ugia retornava assim as suas atividades em 1988, marcando aquele ano como a efervescência cultural dos festejos juninos.
Músicos da Sociedade Musical e Cultural Santa Terezinha conduziam o grupo. Fora escolhida para a condição de Porta-Estandarte a estudante Acácia Dias da Cruz, sendo substituída (a seu pedido) em seguida pela também estudante Janice Alves de Moura.
Como que por coincidência, a Ugia reapareceu quatro anos depois, sempre motivada (também) por um grupo político que tentava chegar a prefeitura, e com apoio popular, dava sua contra partida as manifestações culturais tradicionais de nossa comunidade (inclua-se aí primeira cavalgada de Pirambu realizada em 1988). A Porta-Estandarte de 1992 foi a irreverente Binha dos Santos, que tem se mantido fiel às tradições culturais de seus ancestrais, de sua época e de seus descendentes.
A última vez que a Ugia de Pirambu saiu às ruas foi no ano 2000, por coincidência, um ano eleitoral, incluindo em sua indumentária uma gravata na vestimenta masculina. Desagradável foi ver a Ugia ter que se adequar a uma programação junina que fugiu as suas características, uma vez que o forte da manifestação é a espontaneidade e naturalidade do roteiro, quase sempre marcado pela motivação das pessoas que solicitam sua presença em determinados trechos da cidade.
O retorno da Ugia de Pirambu dentro do nosso Ciclo Junino se deu por iniciativa dos estudantes do Colégio Estadual José Amaral Lemos que, motivados por um artigo de nossa autoria publicado neste Portal e para homenagear sua idealizadora, Dona Louzinha, incluíram seu resgate dentro da Programação do VIII São João na Minha Escola.
“Marcou de forma singular os festejos juninos da sua comunidade estudantil”, descreve a professora Carminha Bispo em seu artigo intitulado “VIII São João na Minha Escola: resgatando a cultura popular” publicado com data de hoje.
A partir destes artigos, da iniciativa dos estudantes, foram construídas as condições para já a partir de agosto a Ugia de Pirambu está se reestruturando em Pirambu, tendo planos para se apresentar em definitivo nos festejos juninos de 2008, quando pretende se firmar permanentemente como uma das referências do Ciclo Junino em Pirambu.
* Professor das redes públicas municipal em Pirambu e estadual em Pirambu. Pesquisador da História e Cultura de Pirambu, autor de vários documentos sobre estas temáticas.
Referências Bibliográficas:
Acervo do professor Claudomir Tavares da Silva
Agenda Cultural – 2004. Pirambu: Departamento de Cultura
Revista Sergipe Trade Tour – 2003/2004
Revista Sergipe – A Novidade do Nordeste.
Silva, Claudomir Tavares da. A volta triunfante da Ugia de Pirambu. Pirambu: Tribuna da Praia, 2007
............................................. Poeirinha: 15 anos de resistência cultural em Pirambu. Pirambu: Tribuna da Praia, 2007
Notas:
(1) REISADO do Maribondo. Jornal da Cultura, jul. 2002. p. 1.
(2) Idem
(3) BARRETO, Luiz Antônio. Ilariô: Grupo folclórico de Pirambu. Aracaju: Seed, 1998.(4) Segundo à pesquisadora Aglaé D’Ávila Fontes de Alencar
Fonte: www.claudomir.com.br - Em: 01/04/2008
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