A morte de Maria Thetis Nunes, no dia 25 de outubro, aos 86 anos, consterna e orfaniza Sergipe
Por Luiz Antônio Barreto * | institutotobiasbarreto@infonet.com.br
Maria Thetis Nunes tem uma bibliografia de mais de uma dezena de livros, complementada com uma grande série de artigos e de pequenos ensaios, publicados principalmente na Revista da UFS, no Caderno de Cultura do Estudante, na Momento, revista da Gazeta de Sergipe, na Revista da Academia Sergipana de Letras, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, dentre outras, produzida em 50 anos, com a qual revisita o repertório acumulado de cinco séculos de documentos, informações, dados, fontes da história.
Ela fundou sua opção de cátedra com a consciência de que havia em Sergipe de 1945, um vácuo na produção intelectual de temática histórica, por conta da morte de Carvalho Lima Júnior, Clodomir Silva e Manoel dos Passos de Oliveira Teles. Não apenas estes bravos pesquisadores, mas outros mortos, como Felisbelo Freire, Ivo do Prado, Prado Sampaio, empobreceram a atividade investigativa e crítica sergipana, e faziam imensa falta..
Seu horizonte começava nas salas de aula do velho Ateneu, primeiro com Artur Fortes, o professor, o poeta, o líder, o homem amado pelas suas idéias, morto justamente em 1945, depois com José Calasans, professor e escritor múltiplo, que deu a Sergipe e a Bahia obras de notável contribuição para o esclarecimento dos fatos, na travessia daquilo que se sabia – o conhecimento anterior – para o que se passou a saber. A história, para uns arte, para outros ciência, em Maria Thetis Nunes tomou a feição dinâmica da continuidade, da seqüência das situações pelas quais passou e passa sempre a humanidade, aqui representada pela população multiétnica que desde o século XVI ocupa as terras sergipanas, entre os rios Real e São Francisco.
Ao transpor as portas do Ateneu para apresentar-se como candidata a Cadeira de História, Maria Thetis Nunes refez a história. Estava ali uma mulher, nascida em Itabaiana, formada na Bahia, jovem, aos 22 anos, para expor sobre um povo estigmatizado, desconhecido em suas singularidades, a quem a humanidade e notadamente a civilização ocidental deviam uma contribuição inadiável. Em 7 capítulos, a candidata tratou do Islamismo, causas do seu aparecimento e propagação, do mundo ocidental e o aparecimento dos árabes, da literatura árabe e sua influência no mundo europeu oriental, da arte mulçumana e sua contribuição à arte ocidental, da filosofia árabe, sua contribuição à filosofia medieval, das ciências árabes. sua influência na Europa medieval, e da influência mulçumana no Brasil. Era, na verdade, o roteiro de uma viagem cultural ao mundo árabe. Os personagens que transitam na sua tese são artistas, intelectuais, poetas, filósofos, médicos, cientistas, políticos ilustres, que guardam fidelidade a uma visão do mundo. Os árabes, sua contribuição à civilização ocidental libertou, na história refeita, todo um povo, toda uma imensa e antiga cultura, que um dia pareceu sucumbirem pela força das armas, esmagadas pela submissão e pela conversão. Na sua tese, Maria Thetis Nunes se valeu dos fundamentos teóricos mais aceitos para recompor, na sua integralidade, a existência de um povo plural, despojado dos preconceitos e estigmas que a luta religiosa, num dia obscuro, promoveu.
Maria Thetis Nunes talvez guardasse na lembrança dos tempos de menina, nas fraldas da grande serra, a representação do auto popular, do ciclo natalino, a Chegança. Nele, a nau da cristandade aborda o quartel da mourama, troca embaixadas, canta e dança, até dominar os mouros, obrigando-os a se postarem de joelhos, convertendo-os, obrigando-os a aceitarem a fé católica. A historiadora que nascia naquele Concurso do Ateneu não possuía, de nenhum modo, razões para repetir a velha hegemonia, ainda hoje em prática, como elemento de projeção nos embates políticos. Mas, com a sua tese a imaginação cedia lugar a ação, a literatura e a história poderiam caminhar juntas, mas cada uma com sua função.
A professora, atravessando o corredor dos interesses, dividindo sua própria vitória com o contendor, o eminente Manoel Ribeiro, fez do magistério da Geografia e da História uma experiência original de vida. Trabalhou, dando aulas e dirigindo o próprio Ateneu, estudou no ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros, aprofundou seus conhecimentos, protegendo-os com a pátina da Nação e do nacionalismo e o compromisso do desenvolvimento, opções que marcariam a sua conduta, tanto no exterior, Adida Cultural na Argentina, dirigindo um Centro Cultural na cidade de Rosário, como no retorno para casa, para o velho Ateneu, na incorporação ao ensino superior na Faculdade Católica de Filosofia e da Universidade Federal de Sergipe, onde produziu, praticamente, sua obra de historiadora.
Tomando A Educação como espelho da história, os Intelectuais como representação simbólica da cultura sergipana engajada, e Sergipe como foco geopolítico, Maria Thetis Nunes debruçou-se sobre as fontes documentais, os jornais, os livros, os manuscritos, as fotografias, as biografias, toda aquela bibliografia anterior, e mais o que estava por ser descoberto, encontrado, lido e interpretado, e foi entregando à disposição dos leitores, obras que tomo a liberdade de agrupá-las assim:
Refazendo a História – Os Árabes, sua contribuição à civilização ocidental, 1945, 2ª edição em 2002.
A Educação como espelho da história – Ensino Secundário e sociedade brasileira, 1962, reeditado em 1999; A Política educacional de Pombal e sua repercussão no Brasil, 1983; História da Educação em Sergipe, 1984; A Educação na Colônia: os Jesuítas, 1997.
Os intelectuais como representação simbólica da cultura sergipana engajada – Silvio Romero e Manoel Bonfim. Pioneiros de uma ideologia, 1976, em parte refazendo o artigo Manoel Bonfim: pioneiro de uma ideologia nacional, publicado no mesmo ano na Revista Momento; Manoel Luiz Azevedo d’ Araújo, educador da Ilustração, 1984; Carvalho Lima Júnior, 1986; Felisbelo Freire, o historiador, 1987; João Ribeiro o intelectual de múltiplos facetamentos, 1988; Tobias Barreto e a renovação do pensamento brasileiro, 1989; A contribuição de Felisbelo Freire a historiografia brasileira, 1996; O sergipano Gilberto Amado, 1997; Alberto Carvalho é, primordialmente, um artista, 1998, além de outros.
Sergipe como foco geopolítico – Sergipe no Processo de Independência do Brasil, 1973; Ocupação territorial da Vila de Itabaiana: a disputa entre lavradores e criadores, 1976; O Ciclo do Gado em Sergipe, 1978; História de Sergipe a partir de 1820, 1978, escrito a partir do texto de aula na Universidade de Brasília, sobre a participação sergipana no processo da Independência do Brasil, estuda o período de validade da Carta Régia de 8 de julho, os conflitos dos anos seguintes; Qual o significado do 24 de outubro?, 1978; Inventário dos documentos relativos ao Brasil existentes no Arquivo histórico ultramarino, 1981; As culturas de subsistências em Sergipe; a farinha de mandioca, 1987; Fundamentos econômicos da Literatura Sergipana, 1989; Insurreição de Santo Amaro das Brotas, 1992; O Poder Legislativo e a sociedade sergipana, 1994; A contribuição da Imprensa à História da Província de Sergipe, 1994; As Câmaras Municipais, sua atuação na Capitania de Sergipe D’El Rey, 1995; Sergipe Colonial I, 1996, continuação da História de Sergipe a partir de 1920, tratando dos fatos e personagens das primeiras décadas da Emancipação da Província, a formação e a cisão da classe dominante sergipana. A publicação contém um Anexo de documentos, dos quais podem ser destacados a Relação abreviada da Cidade de Sergipe D’El Rey, povoações, vilas, Freguesias e suas denominações pertencentes à mesma Cidade e sua Comarca, de José Teixeira da Mata Bacelar, de 1817, e a Notícia Topográfica da Província de Sergipe, redigida no ano de 1826, pelo padre Inácio Antonio Dormundo; A Totalidade na História, um dos raros textos especificamente teórico, na linha de George Lucáks, 1997; O bicentenário do baiano Antonio Pereira Rebouças, sua passagem pela Província de Sergipe, 1998; A importância dos Arquivos Judiciários para a preservação da memória nacional, 1998; Aspectos históricos da cidade de São Cristóvão, 1999; Sergipe Colonial II, 1999, apesar da divergência do título é uma continuação sistemática, dos estudos da História de Sergipe, focando mais amplamente o recorte do seu interesse, produzindo um quadro ampliado em todas as direções; Catálogo de Documentos avulsos da Capitania de Sergipe (com Lourival Santana), 1999; Catálogo de documentos avulsos da Capitania de Sergipe (com o professor Lourival Santana), resultado do Inventário feito em 1981, que serviu de guia para o Projeto Resgate. Foram publicados, também, os volumes I e II de Sergipe Provincial e está pronto o inédito volume dedicado a Sergipe Republicano.
.Por qualquer um dos textos, por qualquer dos eixos temáticos, a obra de Maria Thetis Nunes arredonda a visão da história de Sergipe e parecerá isenta das conotações presentes em outros autores, como Antonio José da Silva Travassos, Felisbelo Freire, Clodomir Silva, que alternaram as suas atividades intelectuais com a militância política. Em Maria Thetis Nunes a história de Sergipe ganha uma intérprete que faz da análise crítica o suporte validador do método. Nas suas páginas Sergipe, a terra, a economia, a vida social da capital e das demais cidades, as atividades lúdicas e intelectuais, os vultos da cultura compõem um quadro dialético, em pleno movimento.
Eleita para a Academia Sergipana de Letras, substituindo Orlando Dantas na Cadeira 39, ela tomou posse em 6 de abril de 1983, fazendo sua declaração de fé como intelectual:
“Creio na marcha da História, no Devenir, no advento de um mundo mais justo e mais humano. Apesar de ter vivido parte da minha vida sob dois regimes ditatoriais, cultuo a liberdade.
“Também estou com os que lutam defendendo a cultura ancestral, dilacerada em nome da civilização cristã ocidental, como fazem os povos da África negra ou da Ásia tropical.
“E nesse desfilar constante de gerações em que, como professora, estou envolvida, encontro o rejuvenescimento espiritual que domina as marcas físicas deixadas pelos anos. Renovação que advém do esforço de entender os jovens, suas inquietações, seus problemas ante o mundo que somos responsáveis por lhes oferecer. Renovação, também, que brota da angústia de encontrar respostas para explicar-lhes a realidade vigente, permitindo o reencontro da esperança perdida dos que se tornaram céticos em face de tanta mistificação com que, por tanto tempo, se vem tentando justificar os erros e os fracassos da nossa civilização.
“Assim tem sido minha atitude diante da vida. Assim tenho caminhado, impulsionada pela luta e pela esperança.”
A morte de Maria Thetis Nunes, no dia 25 de outubro, aos 86 anos, consterna e orfaniza Sergipe.
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* Jornalista, historiador e diretor do Instituto Tobias Barreto e ex-secretário de Estado da Cultura. Escreve para o Portal Infonet todos os sábados.
30 de out. de 2009
29 de out. de 2009
THÍAGONY HELLEN: "A degradação do Rio Japaratuba: um estudo no município de Pirambu"
Thíagony Hellen de Jesus Santana Vieira¹
M. Sc. Carla Norma Correia dos Santos²
Samara Santos Ferraz³
O Rio Japaratuba vem sendo degradado ocasionalmente por despejo de dejetos domésticos e o desmatamento. A ocupação dessas áreas vem comprometendo a flora e fauna da região, trazendo diversos problemas para a população que vive em suas proximidades, como alteração na qualidade de vida, proliferação de doenças, diminuição da atividade pesqueira e o assoreamento do rio. O uso das águas do Rio Japaratuba está relacionada a atividades como pesca, irrigação, atividades de turismo e lazer náutico. Assim, o presente projeto tem como objetivo analisar a degradação do rio Japaratuba, ocasionada pelo lançamento de dejetos domésticos no município de Pirambu, como também avaliar a importâncias da menor bacia do Estado de Sergipe. Com os resultados apresentados, espera-se que o presente projeto possa auxiliar na elaboração de possíveis soluções para minimizar a poluição/degradação do Rio Japaratuba.
PALAVRAS-CHAVE: Degradação. Dejetos Domésticos. Pirambu. Rio Japaratuba. Sergipe.
(Projeto apresentado no 6º EAG - Encontro Alagoano de Geografia, em União dos Palmares)
M. Sc. Carla Norma Correia dos Santos²
Samara Santos Ferraz³
O Rio Japaratuba vem sendo degradado ocasionalmente por despejo de dejetos domésticos e o desmatamento. A ocupação dessas áreas vem comprometendo a flora e fauna da região, trazendo diversos problemas para a população que vive em suas proximidades, como alteração na qualidade de vida, proliferação de doenças, diminuição da atividade pesqueira e o assoreamento do rio. O uso das águas do Rio Japaratuba está relacionada a atividades como pesca, irrigação, atividades de turismo e lazer náutico. Assim, o presente projeto tem como objetivo analisar a degradação do rio Japaratuba, ocasionada pelo lançamento de dejetos domésticos no município de Pirambu, como também avaliar a importâncias da menor bacia do Estado de Sergipe. Com os resultados apresentados, espera-se que o presente projeto possa auxiliar na elaboração de possíveis soluções para minimizar a poluição/degradação do Rio Japaratuba.
PALAVRAS-CHAVE: Degradação. Dejetos Domésticos. Pirambu. Rio Japaratuba. Sergipe.
(Projeto apresentado no 6º EAG - Encontro Alagoano de Geografia, em União dos Palmares)
3ª Conferência Municipal de Cultura de Pirambu
Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento ¹
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Esse princípio, que está no parágrafo único do Art. 1º da Constituição da República Federativa do Brasil (CF/88), introduz no país o Estado Democrático de Direito, que combina procedimentos da democracia representativa (eleições) e da democracia participativa (direta). É com base nele que o Governo Federal, por intermédio do Ministério da Cultura (MinC), convoca a 2ª Conferência Nacional de Cultura, fórum participativo que reúne artistas, produtores, gestores, conselheiros, empresários, patrocinadores, pensadores e ativistas da cultura, e a sociedade civil em geral, com as seguintes atribuições:
1. Discutir a cultura brasileira nos seus múltiplos aspectos, valorizando a diversidade das expressões e o pluralismo das opiniões;
2. Propor estratégias para: fortalecer a cultura como centro dinâmico do desenvolvimento sustentável; universalizar o acesso dos brasileiros à produção e fruição da cultura; consolidar a participação e o controle social na gestão das políticas públicas de cultura; implantar e acompanhar os Sistemas Nacional, Estaduais e Municipais de Cultura e o Plano Nacional de Cultura; e
3. Avaliar os resultados obtidos a partir da 1ª Conferência Nacional de Cultura, realizada em 2005.
A 2ª Conferência Nacional de Cultura, além da Plenária Nacional, terá as seguintes instâncias de discussão:
1. Conferências municipais e intermunicipais;
2. Conferências estaduais e do distrito federal;
3. Pré-conferências setoriais;
4. Conferência virtual e
5. Conferências livres.
Além de deliberar, esses encontros visam estimular a criação e o fortalecimento de redes de agentes e instituições culturais do país, para dar prosseguimento, em caráter permanente, às discussões e articulações.
Conferência Municipal – Dentro destes propósitos e cronograma, Pirambu realiza nesta sexta-feira, 30/10, a sua 3ª Conferência Municipal de Cultura, que terá como tema central “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”. Além do tema central, a Conferência Municipal terá cinco Eixos Temáticos, a saber:
1. Produção Simbólica e Diversidade Cultural;
2. Cultura, Cidade e Cidadania;
3. Cultura e Desenvolvimento Sustentável;
4. Cultura e Economia Criativa e
5. Gestão e Institucionalidade da Cultura.
Programação – A 3ª Conferência Municipal de Cultura será realizada nesta sexta-feira, 30/10, com abertura prevista para às 08 horas (credenciamento), na Câmara Municipal. Após o Credenciamento teremos a Abertura Solene, com as presenças do prefeito municipal, economista José Nilton de Souza, do secretário municipal de Cultura, músico Luiz Teles da silva, demais autoridades convidadas. Logo em seguida teremos uma Palestra Inicial sobre o Tema Central: “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”, a ser ministrado pelo professor Claudomir Tavares da Silva, seguido de debate. O último ponto da manhã será a leitura e aprovação do Regimento Interno da Conferência. Após o almoço, os delegados participam a tarde das discussões em Grupos de Eixos Temáticos, que terão local as instalações da Câmara Municipal e da Secretaria Municipal de Cultura.
:: Tema Central: “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”
No início de sua gestão à frente do Ministério da Cultura (MinC), quando perguntado sobre as diretrizes que iriam pautar a política cultural do governo, o ex-ministro Gilberto Gil respondeu: “A abrangência”. Esse critério fundamentou a concepção que hoje compreende a cultura em três dimensões: simbólica, cidadã e econômica.
A dimensão simbólica fundamenta-se na ideia de que é inerente aos seres humanos a capacidade de simbolizar, que se expressa por meio das diversas línguas, valores, crenças e práticas. Toda ação humana é socialmente construída por meio de símbolos que, entrelaçados, formam redes de significados que variam conforme os diferentes contextos sociais e históricos. Nessa perspectiva, também chamada antropológica, a cultura humana é o conjunto de modos de viver, que variam de tal forma que só é possível falar em culturas, no plural.
Adotar essa dimensão possibilita instituir uma política cultural que enfatiza, além das artes consagradas, toda a gama de expressões que caracterizam a diversidade cultural brasileira. Mesmo no âmbito exclusivo das artes, a concepção simbólica permite ampliar a ação pública para abranger todos os campos da cultura. Artes populares, eruditas e de massas são colocadas num mesmo patamar político, merecendo igual atenção do Estado, embora com programas, ações e projetos específicos e respeito ao comando constitucional que protege, de forma especial, as culturas populares, indígenas e afro-brasileiras (art. 215). Também é superada a tradicional separação entre políticas de fomento à cultura (geralmente destinadas às artes) e de proteção ao patrimônio cultural, pois ambas se referem ao conjunto da produção simbólica da sociedade.
A dimensão cidadã fundamenta-se no princípio de que os direitos culturais são parte integrante dos direitos humanos e devem constituir-se como plataforma de sustentação das políticas culturais. A esse respeito a CF/88 é explícita: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais” (art. 215). Contudo, esses direitos são ainda pouco conhecidos e frequentemente desrespeitados e subestimados, quando comparados aos direitos civis, políticos, econômicos e sociais, que gozam de maior reconhecimento. Por outro lado, o mundo contemporâneo, pós-Guerra Fria, está vendo emergir fatores de ordem política, social e econômica que estão conduzindo as questões culturais ao centro das atenções. Nessa conjuntura, definir e colocar em prática os direitos culturais é vital para o desenvolvimento humano e para a promoção da paz (ver pontos 2.3 e 3.1).
A dimensão econômica compreende que a cultura, progressivamente, vem se transformando num dos segmentos mais dinâmicos das economias de todos os países, gerando trabalho e riqueza. Mais do que isso, a cultura é hoje considerada elemento estratégico da chamada nova economia, que se baseia na informação, na criatividade e no conhecimento. A economia da cultura não pode mais ser desconsiderada pelas políticas governamentais, não só pelo que representa no fomento ao próprio setor, mas também por sua inserção como elemento basilar do desenvolvimento econômico geral.
Eixo I – “Produção Simbólica e Diversidade Cultural
Foco: produção de arte e de bens simbólicos, promoção de diálogos interculturais, formação no campo da cultura e democratização da informação.
1.1. Produção de Arte e Bens Simbólicos
A arte pode ser compreendida como um dos subsistemas simbólicos da cultura - o sistema estético - onde estão refletidos os significados subjacentes à vida social, presentes também em outros campos: na religião, no trabalho, nas relações de parentesco e poder. Assim entendida, a arte é uma das formas de conhecer e interpretar o mundo. A ampla gama de expressões artísticas existentes no planeta resulta da diversidade de concepções que os seres humanos têm sobre como são e funcionam as coisas.
As instituições culturais, reconhecendo essa diversidade, lançam um novo olhar sobre o debate referente à valoração simbólica da produção artística. Tanto as instituições responsáveis pelo patrimônio cultural, como as que cuidam das artes contemporâneas, começam a construir um modelo menos rígido para classificar e tratar essa produção. As fronteiras que pareciam separar o tradicional do contemporâneo se desfazem. O próprio conceito de contemporaneidade passa a levar em consideração as manifestações populares. Mesmo porque essas manifestações nunca foram estáticas, ao contrário, as tradições sempre evoluem e se modificam, acompanhando o movimento da história. Os bens simbólicos, tomados em conjunto, agora fazem parte de um projeto de política cultural que considera a multiplicidade de expressões como a referência institucional.
A pintura corporal dos índios brasileiros exemplifica essa fusão de arte e patrimônio cultural. Ela é, ao mesmo tempo, expressão estética, sinalização ritualística, identificação de grupo étnico, diferenciação sexual, representação de poder, proteção corporal e mimetismo. É uma manifestação cultural de entendimento simples para os que dela compartilham, integrada harmoniosamente à comunidade e ao meio-ambiente. No entanto, é complexa para os estudiosos, pois abrange um universo fabuloso de variações, conforme a origem do grupo, refletindo um sistema de códigos que remontam a tempos imemoriais.
Na história do mundo ocidental, contudo, o campo das artes adquire autonomia e se fragmenta. Na atualidade, a cada dia que passa as fronteiras que separam as artes se tornam mais flexíveis, mas ainda cabe às instituições culturais compreender as especificidades de cada uma e identificar suas carências e potencialidades. E instituir políticas de fomento, investimento e financiamento que garantam, em parceria com a iniciativa privada e não-governamental, a sustentação dos processos de criação, produção, distribuição, difusão, consumo e preservação dos bens simbólicos (ver 4.1.).
1.2. Convenção da Diversidade e Diálogos Interculturais
No mundo contemporâneo - onde a cultura e as identidades culturais estão na base de inúmeros conflitos -, respeitar a diversidade cultural significa, antes de tudo, garantir a paz e a segurança internacionais. Para tanto, a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, aprovada pela Unesco em 2005 e já ratificada pelo Brasil, convoca os povos e nações ao diálogo e à cooperação. O diálogo intercultural será eficaz se tiver como ponto de partida o respeito mútuo e o reconhecimento da dignidade inerente a todas as culturas. O Brasil, por sua diversidade e tradição diplomática em defesa da paz, agora elevada a princípio constitucional (art. 4º, VI e VII), pode e deve tornar-se um ator relevante na promoção desse diálogo, contribuindo para a solução de conflitos que eclodem a toda hora no cenário internacional.
A diversidade cultural é um dos maiores patrimônios do Brasil, fruto de nossa formação histórica. Por isso o diálogo intercultural deve estabelecer-se também no âmbito interno, entre os diversos grupos de identidade existentes no território nacional. Para tanto, a Convenção reafirma o direito soberano dos Estados de implantar as políticas e medidas que eles julgarem apropriadas para proteger e promover a diversidade das expressões culturais existentes em seus territórios, tendo presente que cabe proteção especial aos grupos mais vulneráveis às dinâmicas excludentes da globalização.
1.3. Cultura, Educação e Criatividade
A capacidade de criar é inerente a todos os seres humanos e se manifesta desde a tenra infância. No entanto, para que seja desenvolvida e potencializada, a criatividade depende, além do esforço individual, de um contínuo processo de formação, informação e aperfeiçoamento.
O desenvolvimento econômico e social do mundo contemporâneo está associado, cada vez mais, à capacidade humana de simbolizar, ou seja, ancora-se na criatividade de indivíduos e grupos. Nesse contexto, investir conjuntamente em cultura e educação é estratégico, e para isso é necessário criar instâncias de coordenação entre as políticas culturais e educacionais e estimular a interação entre as expressões da cultura e o sistema educativo.
Em 1985 ocorre a separação entre os ministérios da Educação e da Cultura, que até então era tratada como apêndice da política educacional. Criar um ministério exclusivo, no momento da transição para a democracia, significou reconhecer a importância da cultura para a construção da cidadania e para a proteção, promoção e valorização da diversidade cultural e da criatividade brasileiras. No entanto, esse ganho também trouxe perdas. Educação e Cultura praticamente deram-se as costas e a separação administrativa acabou gerando uma separação conceitual. Perdeu a Educação, com políticas dissociadas da dimensão da arte, da criatividade e da diversidade cultural; perdeu a Cultura, com políticas baseadas numa visão exclusivamente comercial, voltadas para o entretenimento e esquecidas de seu papel na promoção da cidadania.
Cabe, agora, buscar o reencontro da Educação e da Cultura, sem que para isso seja necessário retornar à situação administrativa anterior. As políticas culturais e educacionais podem construir uma agenda comum e colaborativa que qualifique a educação artística, implante a educação patrimonial e contribua para o incentivo ao livro e à leitura. Espera-se que essa agenda recoloque a cultura na vida cotidiana de professores e estudantes e abra espaço para que os mestres da cultura popular possam transmitir a riqueza dos seus saberes. Para tanto, é fundamental impulsionar a implantação da lei n º 11.465, que inclui no currículo oficial a obrigatoriedade das temáticas da história e da cultura afro-brasileira e indígena. Cabe aos afrodescendentes e indígenas serem os protagonistas desse processo, já que são eles os legítimos detentores da memória e da história desses povos.
1.4. Cultura, Comunicação e Democracia
As atividades relacionadas à informação estão adquirindo importância crescente no mundo atual. A produção, difusão e acesso às informações são requisitos básicos para o exercício das liberdades civis, políticas, econômicas, sociais e culturais. O monopólio dos meios de comunicação (mídias) representa uma ameaça à democracia e aos direitos humanos, principalmente no Brasil, onde a televisão e o rádio são os equipamentos de produção e distribuição de bens simbólicos mais disseminados, e por isso cumprem função relevante na vida cultural.
As políticas culturais só recentemente começam a dar importância aos meios de comunicação de massas e ao seu papel de produtor e difusor da cultura. Tão necessário quanto reatar o vínculo entre cultura e educação é integrar as políticas culturais e de comunicação. Nesse sentido, os fóruns de cultura e de comunicação devem unir-se na luta pela regulamentação dos artigos da CF/88 relativos ao tema. Entre eles o que obriga as emissoras de rádio e televisão a adaptar sua programação ao princípio da regionalização da produção cultural, artística e jornalística, bem como o que estabelece a preferência que deve ser dada às finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, à promoção da cultura nacional e regional e à produção independente (art. 221). Da mesma forma, cabe regulamentar o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal de rádio e TV (art. 223).
As emissoras comerciais se organizam com base nas demandas do mercado, que são legítimas. Contudo, essas demandas não podem ser as únicas a dar o tom da comunicação social no país. Aqui entra o papel das emissoras públicas, que devem dar visibilidade às idéias e expressões culturais minoritárias, que não têm aptidão para tornarem-se “campeãs de audiência” e nem encontram lugar nas emissoras comerciais. Exercendo funções complementares – não opostas – as emissoras públicas e comerciais, cada uma no seu campo, fortalecem a saúde da democracia.
As TVs e rádios comerciais vendem sua audiência (o público) para os anunciantes. Sua estratégia dirige-se à captação de público e à manutenção da atenção desse público. Elas vivem disso, que é o que tem valor em seu modelo de negócio. Para tanto, sua programação visa, basicamente, o entretenimento. As TVs e rádios públicas devem caminhar em outra direção. Não podem ser caixas de ressonância das demandas do mercado e tampouco sujeitar-se a promover os governantes. Precisam ser independentes dos governos e do mercado. Sua programação deve basear-se na experimentação de linguagens, na discussão de ideias e na busca da autonomia e da emancipação de ouvintes e telespectadores. Em suma, o negócio da televisão e das rádios públicas não é o entretenimento, é cultura, educação, informação e liberdade.
Para avançar nessa direção é necessária uma maior articulação interna do setor. Hoje, no país, há inúmeros canais públicos, mas eles não dialogam nem cooperam entre si e por vezes se consideram concorrentes. Conjugadas, essas emissoras podem estabelecer redes capazes de produzir e transmitir conteúdos ricos e diversos, funcionando em bases articuladas democraticamente, que respeitem suas especificidades, mas cuja resultante seja a constituição de malhas de troca e conexão de programações.
As TVs e rádios públicas são estratégicas para que a população tenha acesso aos bens culturais e ao patrimônio simbólico do país em toda sua diversidade. Para tanto elas precisam aprofundar a relação com a comunidade, que se traduz no maior controle social sobre sua gestão, no estabelecimento de canais permanentes dedicados à expressão das demandas dos diversos grupos sociais, na adoção de um modelo aberto à participação de produtores independentes e na criação de um sistema de financiamento que articule o compromisso de Municípios, Estados e União. Organicamente ligadas à sociedade, podem ampliar seu leque de prestação de serviços, conjugando programações para diferentes meios (como a telefonia celular e a internet) e espaços educativo-culturais, como escolas, universidades, centros culturais, sindicatos e associações comunitárias.
:: Eixo II – “Cultura, Cidade e Cidadania”
Foco: cidade como espaço de produção, intervenção e trocas culturais, garantia de direitos e acesso a bens culturais.
2.1. Cidade como Fenômeno Cultural
Em 2004, cidades e governos locais de todo o mundo, comprometidos com os direitos humanos, a diversidade cultural, a democracia participativa e a criação de condições para a paz, aprovaram a Agenda 21 da Cultura, documento orientador das políticas culturais locais. Entre os princípios desse documento destacam-se: (i) a diversidade cultural é o principal patrimônio da humanidade; não obstante, ninguém pode invocá-la para atentar contra os direitos humanos; (ii) há uma profunda relação entre patrimônio cultural e patrimônio ambiental, que constituem bens comuns da humanidade; (iii) a liberdade cultural dos indivíduos e das comunidades é uma condição essencial da democracia; (iv) as cidades e espaços locais são ambientes privilegiados de realização da cultura, onde o encontro de tudo o que é diferente e distinto torna possível o desenvolvimento humano integral; (v) o patrimônio cultural, tangível e intangível, é testemunho da criatividade humana e substrato da identidade dos povos; (vi) a afirmação das culturas e o conjunto de políticas postas em prática para seu reconhecimento e viabilidade, constituem fator essencial ao desenvolvimento das cidades e territórios em todos os planos: econômico, político, social e humano; (vii) as políticas culturais devem encontrar um ponto de equilíbrio entre interesses públicos e privados; uma excessiva institucionalização ou a excessiva prevalência do mercado comportam riscos e levantam obstáculos ao desenvolvimento dos sistemas culturais; (viii) o acesso sem distinções aos meios de expressão, tecnológicos e de comunicação e a constituição de redes horizontais fortalece e alimenta a dinâmica das culturas locais e enriquece o acervo coletivo; (ix) os espaços públicos são bens coletivos e nenhum indivíduo ou grupo pode ver-se privado de sua livre utilização, dentro do respeito às normas adotadas em cada cidade.
Sabe-se que a população brasileira, entre 1940 e 1980, passou de predominantemente rural para majoritariamente urbana, sob o impulso da migração de um vasto contingente de pobres. Nessas cidades, por muito tempo a população pobre permaneceu excluída das condições básicas de vida, sem acesso à infra-estrutura urbana e às oportunidades de trabalho, cultura e lazer. Em geral, os equipamentos culturais ficavam situados no centro urbano ou nas regiões mais ricas da cidade.
Com a redemocratização do país, muitas administrações municipais implantaram o Orçamento Participativo e essa população passou a ser consultada e a reivindicar a instalação de Centros Culturais. As expectativas em torno desses espaços são de três tipos: (i) ser um lugar de lazer, recreação e cultura localizado próximo ao local de residência; (ii) servir como antídoto à sedução que o crime organizado exerce sobre crianças e jovens, por meio da ocupação do tempo livre (extra-escolar); (iii) abrir oportunidades de inclusão social (emprego e renda) via atividades artesanais e artísticas. Constata-se, assim, que a cultura está sendo chamada a cumprir papel complementar às políticas educacionais, de segurança e trabalho, o que impõe grandes responsabilidades. Os equipamentos culturais também são utilizados para reabilitar áreas urbanas atingidas pela degradação e pelo esvaziamento. Nesse ponto, o desafio é revitalizar sem discriminar, já que muitos projetos desse tipo implicam na expulsão da população pobre para áreas distantes e mais desvalorizadas.
A instalação de espaços culturais constitui o ponto culminante dos programas de descentralização da cultura, que têm um caráter, ao mesmo tempo, geopolítico e socioeconômico, porque resultam na implantação de equipamentos em regiões da cidade ainda marcadas pela exclusão. Ao avaliar os resultados dos programas de descentralização cultural, é possível constatar que a perspectiva dicotômica – centro/periferia – deve ser substituída por uma nova visão das cidades, que identifica no território urbano uma variedade de regiões, com seus próprios centros e periferias.
2.2. Memória e Transformação Cultural
Há uma dialética da tradição, isto é, uma tradição só se firma e se mantém como tal na medida em que é capaz de renovar-se, quando ocorrem mudanças históricas que ameaçam sua sobrevivência ou exigem sua transformação. Se não se transforma, a “tradição” está fadada ao desaparecimento. Há uma relação dialética também entre identidade e criatividade. Se a identidade é um sistema de significados que se fundamenta na memória, a criatividade é o processo de produção de novos significados, que sinalizam para o futuro.
O poder público enfrenta um dilema quando é chamado a proteger a diversidade cultural. Historicamente, as políticas de patrimônio cultural vinculam-se às estratégias de legitimação do poder, ou seja, à necessidade que tem o Estado de se apresentar como o representante do interesse geral da sociedade, de todos os seus membros, independentemente de classe social, gênero, etnia, etc. As políticas educacionais e culturais muitas vezes são instrumentalizadas com esse objetivo. Para cumprir a função legitimadora, as políticas de patrimônio costumam construir uma identidade coletiva dos habitantes de determinado território (nacional, subnacional, local), a fim de unir os indivíduos em torno de valores que, supostamente, são comuns a todos. Para que essa identidade exerça eficazmente o papel legitimador ela deve ser singular (referir-se somente a um território), imutável (ou seja, anti-histórica) e unívoca (portadora de um mesmo significado para todos os membros da sociedade).
A pergunta que se coloca é a seguinte: como pode o poder público proteger e promover a diversidade cultural existente no território sob sua jurisdição, se ele necessita, para legitimar-se, de construir uma identidade única e comum no âmbito desse mesmo território? Uma alternativa que se apresenta é considerar como coletiva a soma das diversas identidades grupais, mas, para isso, é preciso abandonar o objetivo de construir uma identidade oficial e ser capaz de operar em um campo no qual podem ocorrer tensões e conflitos entre os diversos movimentos de identidade. Além disso, o poder público tem de estar aparelhado para processar as múltiplas demandas dos atores sociais que lutam pelo reconhecimento de suas identidades. Enfim, trata-se de reconhecer que existe unidade na diversidade, e diversidade na unidade.
Uma outra questão, também complexa, refere-se à possibilidade de haver distintas interpretações sobre os significados do patrimônio cultural. A distinção entre patrimônio material e imaterial ajuda a compreender esse fenômeno. É fato que o patrimônio material - particularmente o constituído de “cal e pedra” - tende a ser duradouro, variando pouco através do tempo. O patrimônio imaterial, por sua vez, constituído pelos saberes, celebrações e formas de expressão, tende a modificar-se mais rapidamente e a adquirir novos formatos. Contudo, o que importa mesmo são os valores e significados atribuídos pelas coletividades a esse patrimônio, seja ele material ou imaterial. Desse ponto de vista é possível dizer que todo patrimônio cultural é, em última instância, imaterial, porque afinal significados e valores são coisas imateriais. No entanto, os significados podem variar quando interpretados por um ou outro grupo humano. Todos concordam que Jerusalém tem uma grande significação para a história da humanidade. Mas os valores ali contidos variam conforme o olhar das diferentes religiões, podendo ser até mesmo antagônicos se interpretados por católicos, muçulmanos ou judeus.
Todas essas complexas questões levam a concluir que os espaços de memória, como os museus, arquivos e bibliotecas, têm uma grande importância social e política. A memória coletiva necessita de suportes para manter-se disponível e em permanente ressignificação. Cumprindo a função de guardar, conservar e disponibilizar acervos, essas instituições contribuem enormemente para a extensão dos direitos culturais.
2.3. Acesso, Acessibilidade e Direitos Culturais
A Constituição brasileira, embora cite explicitamente os direitos culturais, não chega a detalhá-los. Contudo, analisando os vários documentos internacionais da ONU e da Unesco já reconhecidos pelo Brasil, e a própria CF/88, pode-se concluir que os direitos culturais são os seguintes: direito à identidade e à diversidade cultural; direito à participação na vida cultural (que inclui os direitos à livre criação, livre acesso, livre difusão e livre participação nas decisões de política cultural); direito autoral e direito/dever de cooperação cultural internacional.
O direito à identidade e à diversidade cultural, que nasce durante o século XVIII no âmbito dos Estados nacionais, é elevado ao plano internacional após a Segunda Guerra Mundial, quando ocorrem verdadeiros saques ao patrimônio cultural dos países ocupados. Em 1954 a Unesco proclama a Convenção sobre a Proteção dos Bens Culturais em caso de Conflito Armado, documento em que os Estados se comprometem a respeitar os bens culturais situados nos territórios dos países adversários, assim como a proteger seu próprio patrimônio em caso de guerra. O movimento ecológico, que ganhou ímpeto a partir da década de 1970, também contribui para a elevação desse direito ao plano mundial. Em 1972 a Unesco aprova a Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, onde se considera que a deterioração e o desaparecimento de um bem natural, ou cultural, constituem um empobrecimento do patrimônio de todos os povos do mundo. O vínculo entre patrimônio cultural e ambiental é reforçado na Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (2001), que diz ser a diversidade cultural, para o gênero humano, tão necessária quanto a diversidade biológica para a natureza. Por isso deve ser reconhecida e consolidada em beneficio das gerações presentes e futuras. Situação específica é a dos países onde existem minorias étnicas, religiosas e lingüísticas. Nesse caso, o artigo 27 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos (1966) garante aos membros desses grupos o direito de ter sua própria vida cultural, professar e praticar sua própria religião e usar sua própria língua. Em 1992 a ONU aprofunda esses princípios na Declaração sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes às Minorias Nacionais, Étnicas, Religiosas e Lingüísticas, na qual se formula a obrigação dos Estados de proteger a identidade cultural das minorias existentes em seus territórios. Também cabe destacar a Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular (1989). Considerando que a cultura popular deve ser protegida por e para o grupo cuja identidade expressa, e reconhecendo que as tradições evoluem e se transformam, essa Recomendação insiste, basicamente, na necessidade dos Estados apoiarem a investigação e o registro dessas manifestações. Não obstante, temendo que a cultura popular venha a perder seu vigor sob a influência da indústria cultural, recomenda-se aos Estados que incentivem a salvaguarda dessas tradições não só dentro das coletividades das quais procedem, mas também fora delas. Finalmente, cabe citar a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais. Esse documento chama a atenção para a necessária integração da cultura nos planos e políticas nacionais e internacionais de desenvolvimento e reafirma o direito soberano dos Estados de implantar políticas de proteção e promoção da diversidade cultural em seus respectivos territórios.
O direito à livre participação na vida cultural foi proclamado no artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948): toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de gozar das artes e de aproveitar-se dos progressos científicos e dos benefícios que deles resultam. Analisando documentos posteriores, pode-se subdividir o direito à participação na vida cultural em quatro categorias: direito à livre criação, livre fruição, livre difusão e livre participação nas decisões de política cultural. A Recomendação sobre o Status do Artista (1980), que trata da liberdade de criação, convoca expressamente os Estados a ajudar a criar e sustentar não apenas um clima de encorajamento à liberdade de expressão artística, mas também as condições materiais que facilitem o aparecimento de talentos criativos. No que diz respeito à difusão, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966) assegura a todas as pessoas a liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou qualquer outro meio de sua escolha. Excetuam-se os casos que envolvem a reputação das demais pessoas e as manifestações contrárias aos princípios fundamentais dos direitos humanos, tais como a propaganda a favor da guerra e a apologia ao ódio nacional, racial ou religioso. Por fim, a Declaração do México sobre as Políticas Culturais (1982) postula a ampla participação dos indivíduos e da sociedade no processo de tomada de decisões que concernem à vida cultural. Para tanto, recomenda-se multiplicar as ocasiões de diálogo entre a população e os organismos culturais, por meio da descentralização das políticas de cultura.
O direito autoral foi internacionalmente reconhecido na Declaração Universal dos Direitos do Homem (artigo 27) e, mais tarde, na Convenção Universal sobre Direito de Autor (1952). Esse direito permeia a criação, a produção, a distribuição, o consumo e a fruição dos bens culturais, e está na base de todas as cadeias econômicas da cultura. Fundamenta-se na ideia de que a propriedade sobre a criação intelectual e artística é a mais legítima e a mais pessoal das propriedades, porque as obras, além da dimensão material, têm uma dimensão moral, são como emanações da personalidade dos autores. Entretanto, o direito autoral não é puramente individual, porque depois de certo tempo as obras caem em domínio público, ou seja, passam a pertencer a toda a sociedade. O interesse social termina por prevalecer sobre o individual. Hoje, na sociedade da informação e do conhecimento, o direito autoral vem sendo bastante questionado. Pergunta-se se é possível coexistirem o direito autoral e a rede mundial de computadores (Internet), que permite uma inédita reprodução de textos, sons e imagens. Os especialistas respondem que sim, é possível, mas que para isso o direito autoral terá de renovar-se e até mesmo utilizar-se das novas tecnologias para proteger os autores e suas obras. Nessa renovação o direito autoral terá de harmonizar-se com o direito à participação na vida cultural, para que a liberdade de acesso e a exclusividade de utilização das obras – princípios, respectivamente, da sociedade da informação e do direito autoral – possam coexistir e equilibrar os interesses públicos e particulares envolvidos.
O direito/dever de cooperação cultural internacional foi proclamado na Declaração de Princípios da Cooperação Cultural Internacional (1966): a cooperação cultural é um direito e um dever de todos os povos e de todas as nações, que devem compartilhar o seu saber e os seus conhecimentos, diz seu artigo quinto. Essa Declaração considera o intercâmbio cultural essencial à atividade criadora, à busca da verdade e ao cabal desenvolvimento da pessoa humana. Afirma que todas as culturas têm uma dignidade e um valor que devem ser respeitados e que é através da influência que exercem umas sobre as outras que se constitui o patrimônio comum da humanidade.
O vínculo entre os direitos à identidade e à cooperação é profundo. Se, por um lado, é reconhecido o direito de cada povo defender seu próprio patrimônio, de outro, esses mesmos povos têm o dever de promover o intercâmbio entre si. Em suma, nenhum país, região, grupo étnico, religioso ou lingüístico poderá invocar suas tradições para justificar qualquer tipo de agressão, pois acima dos valores de cada um está o patrimônio comum da humanidade, cujo enriquecimento se dá na mesma proporção em que o intercâmbio cultural é incrementado.
:: Eixo III – “Cultura e Desenvolvimento Sustentável
Foco: a importância estratégica da cultura no processo de desenvolvimento
3.1. Centralidade e Transversalidade da Cultura
Para concretizar o conceito antropológico de cultura, que se expressa na CF/88 como “todos os modos de viver, fazer e criar” (art. 216), as políticas culturais têm de se articular com todas as outras políticas públicas. Além de necessário, isso hoje é urgente, porque as questões culturais vêm ocupando, de forma gradativa, lugar destacado nos conflitos mundiais.
No mundo atual, pós-Guerra Fria (particularmente pós-11 de setembro), são as culturas e as identidades culturais que estão moldando os padrões de coesão, desintegração e conflito entre pessoas, povos e nações. As diferenças agora não se definem apenas pelas ideologias, mas principalmente pela religião, idioma, história, valores, costumes, instituições e até mesmo pela auto-identificação subjetiva das pessoas. Além disso, os conflitos políticos (internos e entre as nações) cada vez mais são justificados por argumentos de natureza cultural.
Paralelamente, ocorre uma incessante fragmentação das identidades coletivas, impulsionada pela chamada globalização, na qual o livre fluxo de capitais, mensagens e mercadorias (incluindo as ilegais) ultrapassa as fronteiras e regulamentações dos Estados nacionais que assim se vêem limitados em sua influência. Entre as consequências dessa situação situa-se o enfraquecimento do poder mobilizador das identidades nacionais, sustentadas pelos Estados, e a retomada, por diferentes grupos e comunidades humanas, de identidades pretéritas, fundadas em antigas tradições.
A proliferação de identidades coletivas está relacionada também às transformações da economia capitalista, antes focada na produção e recentemente no consumo. Atributos considerados como trunfos dos produtores – lealdade aos costumes, tolerância à rotina e predisposição para adiar desejos –, são abominados pelos consumidores, que vivem ansiosos por adquirir a última novidade e descartar a penúltima. Nesse ambiente, novas identidades são constituídas e dissolvidas, impulsionadas por eventos ou motivos às vezes fúteis, como uma partida de futebol, um crime cruel ou a morte de uma celebridade em evidência.
O acesso às identidades é, contudo, um campo de luta e exclusão social. No topo da pirâmide global estão os que constituem e desarticulam suas identidades mais ou menos à vontade. Na base, abarrotam-se os que tiveram negado o acesso à escolha da identidade, que não têm direito de manifestar suas preferências e que no final se veem oprimidos por identidades impostas por outros, que humilham, desumanizam, estigmatizam: “sem teto”, “favelado”, “jeca”, “sem pátria”.
Para enfrentar esses novos desafios as políticas culturais precisam sair da posição periférica em que se encontram para colocar-se no cerne das políticas governamentais. Além de uma base conceitual e institucional mais sólida, têm de relacionar-se estrategicamente com outras políticas.
As interfaces com a Educação e a Comunicação são hoje prioritárias (ver 1.3. e 1.4.), mas outras conexões também são necessárias. A Cultura deve relacionar-se com as políticas de Ciência e Tecnologia e reforçar a premissa de que o desenvolvimento científico tem de incorporar a diversidade cultural do país, com seus múltiplos conhecimentos e técnicas. Também é vital articular-se com os programas de inclusão digital, pois os novos aparatos tecnológicos de transferência e armazenamento de informações influenciam as dinâmicas de expressão, fruição e consumo cultural. A convergência digital pode ser o ambiente futuro de circulação da cultura, mas para isso é necessário que as tecnologias de informação e comunicação sejam descentralizadas e democratizadas.
A Cultura pode contribuir também com as políticas de Saúde, seja na criação de ambientes lúdicos para o tratamento e socialização de doentes, seja no desenvolvimento de terapias baseadas nas artes (música, dança, artes visuais e outras), adequadas à cura de sofrimentos mentais.
Da mesma forma, a Cultura pode integrar-se com a Segurança Pública e contribuir para a redução da violência, pois maneja símbolos capazes de encantar, humanizar e reconstituir possibilidades de vida.
3.2. Patrimônio Cultural, Meio Ambiente e Turismo
No Brasil, a proximidade entre patrimônio cultural e natural é anterior à eclosão dos movimentos ambientalistas. O Decreto-lei 25, de 1937, que foi acolhido pela CF/88 e continua em vigor, prevê a proteção não só de bens do patrimônio histórico e artístico, como também de monumentos naturais e sítios de valor paisagístico, arqueológico e etnológico. É verdade que a trajetória da política de patrimônio priorizou os bens do período colonial, mas hoje essa perspectiva foi ampliada. A política cultural não está alheia à crise ambiental, que se torna mais grave a cada dia. Mesmo porque essa crise decorre de um componente cultural: o modo de vida consumista, que explora exaustivamente os recursos naturais.
Para muitos povos o vínculo entre natureza e cultura é indissolúvel, e aqueles que o perderam necessitam reatá-lo, sob pena de comprometer todo o ecossistema do planeta. No Brasil aprendemos pouco com as culturas indígenas; ao contrário, o país ainda está preso ao modelo colonial, extrativista, perdulário e sem compromisso com a preservação dos recursos naturais.
Agir com rigor na proteção do patrimônio natural e cultural pressupõe pensar novos modos de vida. Assim como o movimento ambientalista criou o conceito de desenvolvimento sustentável, para conciliar crescimento econômico e preservação da natureza, pode-se falar em “sustentabilidade cultural”, que significa erradicar a miséria, a pobreza e o analfabetismo, chegar aos níveis superiores de educação e usufruir dos benefícios da ciência e da tecnologia. Pressupõe respeitar e proteger a diversidade cultural, ter acesso às coisas belas e, no limite, conquistar a paz. Paz não como ausência de conflitos, mas como a possibilidade de solucioná-los por meios não-violentos.
Tendo como referência os conceitos de sustentabilidade ambiental e cultural é possível dialogar positivamente com as políticas de turismo. Somente assim podem ser suprimidas desconfianças mútuas, que resultam de ações equivocadas, como a remoção de moradores pobres de centros históricos reformados e a espetacularização de tradições populares, com objetivos exclusivamente comerciais. É sabido que os turistas têm predileção pelo que é original e singular, e que por isso os bens culturais e naturais exercem sobre eles forte atração. Essa circunstância pode ser aproveitada para potencializar as expressões culturais locais e conservar as belezas naturais, desde que o turismo seja também ele sustentável.
3.3. Cultura, Território e Desenvolvimento Local
Os territórios da cultura são múltiplos e suas fronteiras flexíveis e superpostas: cidade, campo e floresta; capital e interior; centro e periferia; litoral e sertão; União, Estados e Municípios; Grandes Regiões (norte/nordeste/sudeste/sul/centro oeste), regiões metropolitanas e outras no âmbito dos Estados; espaços cibernéticos... Os desafios que se colocam para as políticas culturais são os de estar presentes em todos esses lugares e contribuir para superar os desequilíbrios sócio-econômicos e regionais que ainda marcam a organização territorial do Brasil.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostram que os 10% mais ricos do Brasil são responsáveis por aproximadamente 40% do consumo cultural. A maioria desse público é constituída por pessoas de alta escolaridade e vive nas regiões metropolitanas, que concentram 41% do consumo cultural. Esse desequilíbrio territorial e social do consumo cultural está relacionado à desigualdade também na distribuição de equipamentos pelo país: 82% dos municípios têm baixo número desses equipamentos (menos de 6 entre 15 considerados), sendo que a região Norte apresenta 85% de municípios nessa categoria. Os empregos culturais formais na área da cultura também estão concentrados nas regiões de maior densidade econômica, particularmente no Sudeste e, nessa região, nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A grande maioria desses empregos (98%) está localizada na indústria cultural. O percentual de participação de mulheres e negros no mercado de trabalho cultural é menor do que o de homens e brancos, e a desigualdade salarial entre homens e mulheres e entre brancos e negros ainda é uma realidade.
Completando esse quadro, os recursos públicos federais, que já são escassos, chegam a poucos municípios. Em contrapartida, ao comparar os gastos públicos em cultura, nas três esferas de governo, verifica-se que os municípios respondem por 52,6% dos dispêndios, os Estados por 34,6% e o governo federal por 12,8%. Esses dados, de 2003, mostram que os municípios têm papel fundamental na vida cultural do país, embora os de menor porte (até 5.000 habitantes) possuam menos autonomia (porque são dependentes de transferências federais e estaduais) e menor capacidade para alocar recursos.
As desigualdades só podem ser enfrentadas com políticas focadas nas regiões mais carentes. Nesse sentido, o programa Territórios da Cidadania, coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário, é inovador. Não só porque articula inúmeras políticas setoriais (incluindo a cultura), mas também porque atinge as regiões mais pobres de todos os Estados brasileiros.
:: Eixo IV – “Cultura e Economia Criativa”
Foco: economia criativa como estratégia de desenvolvimento
4.1. Financiamento da Cultura
O financiamento da cultura tem de ser pensado em função dos objetivos da política cultural. Cada objetivo pode definir uma estratégia diferente para a injeção de recursos, que podem ser provenientes de fontes diversas. O financiamento é determinado pela política e não seu determinante. Esse princípio, que parece óbvio, custou a ser admitido na área da cultura, onde durante muito tempo predominou a ideia de que o Estado nada mais tem a fazer se não fomentar e financiar.
Sob o império dessa concepção é que foram criadas as leis de incentivo com base na renúncia fiscal. Por meio delas o poder público abre mão de arrecadar parte de impostos dos contribuintes que se dispõem a investir nas atividades culturais. Após anos de experiências, nas diversas esferas de governo, ficaram evidentes as distorções desse modelo de financiamento. Como essas leis entregam ao mercado de patrocínio a decisão sobre o que apoiar, elas acabam provocando, como é próprio dos mercados, todo tipo de desigualdade. Desigualdade entre regiões (as que concentram mais empresas atraem o grosso dos patrocínios); desigualdade entre produtores (os que são mais organizados têm maior acesso às empresas e captam mais recursos); entre patrocinadores (os que têm maior faturamento podem apoiar mais projetos); entre tipos de projetos (os que, na visão das empresas, têm maior impacto de marketing obtêm mais patrocinadores); entre os artistas (as empresas preferem associar sua marca a nomes já consagrados). Os números falam por si: nos 18 anos de funcionamento da lei atual, 3% dos proponentes captaram mais de 50% dos recursos; grande parte desses recursos (cerca de 80%) vai para um número restrito de artistas e produtores localizados no eixo Rio-São Paulo. E o montante de recursos movimentado pela lei corresponde a nada menos do que 80% de tudo o que o Ministério da Cultura tem para aplicar em cultura.
Na época em que as leis de incentivo com base na renúncia fiscal foram introduzidas na União e em vários Estados e Municípios, dizia-se que elas teriam um efeito “pedagógico” sobre as empresas. Pensava-se que os patrocinadores, com o tempo, seriam convencidos das vantagens do investimento cultural e dispensariam o incentivo público. Essa expectativa revelou-se ilusória. Quando o governo Collor extinguiu a chamada lei Sarney, as empresas imediatamente se afastaram do patrocínio cultural. Na atual crise financeira o mesmo fenômeno se repetiu, demonstrando que de fato é mínimo o compromisso do mercado com incentivo à cultura. Se o que se deseja é superar as desigualdades sociais, culturais e regionais, não há como abrir mão da presença ativa do Estado.
Uma distorção pouco lembrada das leis de incentivo é que nelas todos os segmentos da arte e da cultura são colocados num mesmo caldeirão. Sabe-se, contudo, que a produção cultural tem características distintas conforme a natureza do produto. O audiovisual difere das artes cênicas, que difere das artes visuais, que difere da literatura, que difere da música, que difere da cultura popular e assim por diante. Mesmo no âmbito de cada segmento há diferenças. Nas artes cênicas, por exemplo, os problemas do teatro são uns, os da dança outros, diferentes dos problemas da ópera ou do circo. Isso coloca um desafio para as políticas de fomento à cultura, que serão mais eficientes se considerarem as especificidades de cada processo de trabalho (ou cadeia produtiva). Isso pressupõe conhecer todos esses segmentos e instituir mecanismos específicos para superar eventuais gargalos e fomentar as potencialidades criativas.
A proposta de alteração da lei de incentivo à cultura apresentada pelo MinC vai nesse sentido, pois cria fundos específicos para setores distintos. Os editais que criam prêmios para segmentos socioculturais ou programas específicos, estão indo na mesma direção, criando o que o ex-ministro Gilberto Gil, na sua visão abrangente, chamou de “cesta” de variados mecanismos de fomento.
4.2. Sustentabilidade das Cadeias Criativas
Pesquisas recentes indicam que a economia da cultura é uma das que mais cresce no mundo. Ela engloba as indústrias culturais (editorial, fonográfica e audiovisual); a mídia (jornais, rádio e TV); as expressões da cultura (artes cênicas, artes visuais, literatura, música, cultura popular); as instituições culturais (museus, arquivos, bibliotecas e centros culturais), os eventos, festas e exposições; outras atividades criativas como a publicidade, a arquitetura e o design (gráfico, de produtos, da moda e de interiores), além do turismo cultural. Essa economia é baseada num recurso praticamente inesgotável - a criatividade -, e tem forte impacto sobre o desenvolvimento de novas tecnologias.
O desenvolvimento da economia da cultura está relacionado ao processo de globalização, que provoca intensa estandardização de bens e serviços em escala mundial. Nessa conjuntura os produtos culturais, que têm entre suas características a singularidade, a unicidade e a raridade, tendem a valorizar-se, pois quanto mais raro um produto, maior o seu preço. Isso vale também para os sítios de valor histórico, artístico e paisagístico e para o patrimônio cultural em geral, que são fortes atrativos para as indústrias do turismo e do entretenimento.
Também influenciam no desenvolvimento econômico da cultura as características da chamada “nova economia” ou “economia do conhecimento”, na qual a ciência, a tecnologia e a capacidade de simbolizar exercem papel saliente. A produtividade dessa economia - cujos setores mais dinâmicos são o financeiro, as indústrias de computadores, softwares e das comunicações, além da biotecnologia e da nanotecnologia -, depende tanto da incorporação de capital como do investimento em pessoas e, nesse caso, Cultura e Educação cumprem função estratégica. A adoção desse conceito e o investimento em ações baseadas nas potencialidades dessa economia podem fazer da criatividade um importante vetor do desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Contudo, também deve ser assumida a realidade da produção cultural, que tem particularidades que a distinguem dos processos rotineiros e mecânicos que caracterizam a confecção da maioria dos produtos. Por ser criativo e inovador, o bem cultural pouco se coaduna com os tempos e meios de produção, distribuição e consumo das mercadorias produzidas em escala. O empreendimento cultural sempre envolve riscos e muitas vezes não gera retorno financeiro. Mesmo perseguindo fórmulas consagradas, a produção cultural nunca será totalmente previsível, podendo resultar em sucesso, mas também em fracasso de público. Por isso o incentivo estatal e as parcerias entre o poder público e a iniciativa privada, nas diversas fases de realização do bem cultural (criação, produção distribuição e consumo), sempre serão necessários à sustentação das cadeias produtivas da cultura. Essa necessidade fica ainda mais evidente quando se constata que a economia da cultura gera efeitos para além dela mesma, pois seus produtos fortalecem os vínculos de sociabilidade e identidade, criam lazer e bem-estar, contribuem com a educação e com o desenvolvimento econômico em geral.
4.3. Geração de Trabalho e Renda
Pesquisas recentes, realizadas pelo IPEA sobre a geração de emprego no setor cultural, indicam que esse segmento é um importante componente do mercado de trabalho e possui dinamismo e potencial ainda não explorado sistematicamente para gerar ainda mais empregos, renda e bens simbólicos. Considerando apenas o emprego formal, que abrange aqueles com carteira de trabalho por prazo indeterminado, estatutários, trabalhadores avulsos e por prazo determinado, o estudo constata que, no período 1994-2002, os segmentos mais dinâmicos são os relacionados às atividades de comunicação (rádio, televisão e telecomunicações), de lazer e leitura. Com menor participação aparecem as indústrias fonográficas, de cinema e audiovisual e o setor de espetáculos. Embora o emprego informal não tenha sido objeto desse estudo, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2001) indicam que a informalidade no setor cultural chega a 49%. Esse dado provavelmente está relacionado aos processos de reestruturação (incluindo terceirização) das indústrias culturais na década de 1990 (particularmente a indústria fonográfica), mas também às características próprias de vários segmentos da cultura, que são irredutíveis aos meios de reprodução ampliada e se organizam de forma colaborativa, voluntária e familiar.
No período considerado, um dado que chama a atenção refere-se ao crescimento do emprego formal nos estabelecimentos culturais de menor porte (até 99 empregados), enquanto os de grande porte (500 ou mais empregados) eliminaram vagas. Esses dados sugerem que uma política de fomento às micro, pequenas e médias empresas culturais pode incrementar a geração de empregos e também contrabalançar as tendências monopolistas da grande indústria cultural.
:: Eixo V – “Geração e Institucionalidade da Cultura
Foco: fortalecimento da ação do Estado e da participação social no campo da cultura
5.1. Sistemas Nacional, Estaduais e Municipais de Cultura
Pode-se dizer que a política cultural, comparada a outras políticas públicas, como saúde e educação, ainda está na infância, no que se refere à estrutura institucional, formação técnica de gestores, legislação complementar e existência de uma base de dados e indicadores que possibilita o planejamento de longo prazo.
Essa situação pode ser atribuída, em parte, a uma indefinição a respeito do papel do Estado na gestão da Cultura. Qual a função e o espaço de atuação do poder público? Como ele pode agir garantindo ao mesmo tempo a liberdade de criação e o pleno exercício dos direitos culturais?
A resposta a estas questões deve ter como ponto de partida a compreensão de que a cultura é um direito básico dos cidadãos e um importante vetor de desenvolvimento. Por isso deve ser tratada como área estratégica. Cabe ao Estado, sem dirigismo e interferência nos processos criativos, e com ampla participação da sociedade, assumir seu papel no planejamento e fomento das atividades culturais, na preservação e valorização do patrimônio cultural e no estabelecimento de marcos regulatórios para a economia da cultura.
A atuação do Estado não substitui o papel do setor privado, com o qual deve, sempre que possível, atuar em parceria e buscar a complementaridade das ações. No entanto, cabem ao Estado responsabilidades intransferíveis, como garantir o acesso universal aos bens e serviços culturais e proteger e promover a diversidade cultural, com ênfase nas referências culturais minoritárias e nas que estão sob ameaça de extinção.
Desde a promulgação da Constituição, o Estado brasileiro, a fim de tornar efetivo o princípio da cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (art. 23 da CF/88), vem desenvolvendo esforços no sentido de fortalecer as políticas públicas, por meio da organização de Sistemas que vinculam as ações dos distintos entes federados. A concretização do federalismo cooperativo constitui uma aposta estratégica frente à escassez de recursos públicos, à diferenciada capacidade gerencial e fiscal dos entes federados e às profundas desigualdades sócio-econômicas regionais.
A experiência da organização sistêmica demonstrou que o estabelecimento de princípios e diretrizes comuns, a divisão de atribuições e responsabilidades, a montagem de um esquema de repasse de recursos e a criação de instâncias de controle social asseguram maior efetividade e continuidade das políticas públicas. Esses são os objetivos pretendidos pelo Sistema Nacional de Cultura (SNC).
Um sistema é um conjunto de partes interligadas que interagem entre si, mas ele não é a simples soma das partes, pois tem certas qualidades que não se encontram nos elementos concebidos de forma isolada. Sendo assim, para definir o Sistema Nacional de Cultura é necessário dizer quais partes o compõem, como elas interagem e quais são as propriedades específicas que lhe dão unidade. Considerando o debate ocorrido nos últimos anos, as experiências acumuladas na área da cultura e em outras políticas públicas, conclui-se que o SNC reúne a sociedade civil e os entes federativos da República - União, Estados, Municípios e Distrito Federal -, com suas respectivas políticas e instituições culturais. As leis, normas e procedimentos definem como interagem as suas partes e a Política Nacional de Cultura e o Modelo de Gestão Compartilhada são as qualidades específicas que lhe dão unidade.
É importante ressaltar que já está em tramitação no Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional que institui o Sistema Nacional de Cultura (PEC nº 416/2005), bem como outras propostas de emendas e projetos de leis diretamente relacionados, tais como a PEC nº 150/2003, que destina recursos à cultura com vinculação orçamentária, a PEC nº 236/2008, que propõe a inserção da cultura no rol dos direitos sociais (art. 6º da CF/88) e os projetos de lei que instituem o Plano Nacional de Cultura e o Programa de Fomento e Incentivo à Cultura (Profic).
Essa pauta fortalece a necessidade de se institucionalizar com urgência o SNC, a fim de organizar as políticas culturais, combinando o respeito à autonomia dos entes com a necessária interdependência e cooperação. A realização das conferências municipais, estaduais, distrital e nacional de cultura constitui um momento propício ao debate e à mobilização da sociedade para impulsionar a aprovação desses instrumentos legais.
5.2. Planos Nacional, Estaduais, Municipais, Regionais e Setoriais de Cultura
Em geral, os sistemas vêm sendo organizados com base no tripé formado por Conselho, Plano e Fundo, além, é claro, dos órgãos gestores e das conferências. Desde 2003, 18 conselhos nacionais foram criados e 6 reestruturados. Das 100 conferências nacionais e internacionais realizadas desde 1941, 61 foram no período 2003-2008.
Os planos, elaborados pelos conselhos a partir das diretrizes definidas nas conferências, têm por finalidade o planejamento de longo prazo e por isso são instrumentos muito importantes para a institucionalização das políticas governamentais, transformando-as em políticas de Estado. Os Conselhos também são fundamentais para o funcionamento dos sistemas. São instâncias colegiadas permanentes, de caráter consultivo e deliberativo, integrantes da estrutura básica do órgão responsável pela política pública, em cada esfera de governo. Conforme as diretrizes apontadas pela 1ª Conferência Nacional de Cultura, a composição dos Conselhos de Política Cultural deve incluir, no mínimo, 50% de representantes da sociedade civil, eleitos democraticamente. Sua principal finalidade é atuar na formulação de estratégias e no controle da execução das políticas.
5.3. Sistema de Informações e Indicadores Culturais
Todas as políticas públicas necessitam, para seu planejamento, de informações e indicadores a respeito da realidade sobre a qual devem atuar. A política cultural é, provavelmente, uma das que mais carecem de dados, embora esforços nesse sentido tenham sido realizados nos últimos anos. Atualmente está em curso a implantação do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), que objetiva identificar todos os sistemas já existentes nos estados e municípios e estabelecer as bases tecnológicas para conectá-los, de forma que possam atuar interativamente. Isso possibilitará a produção de indicadores nacionais aplicáveis, de forma coerente, aos processos de formulação e implantação de políticas culturais na União, Estados e Municípios. Acompanham as ações tecnológicas atividades relacionadas à capacitação técnica de pessoas para a formação e atualização de equipes vinculadas à geração, tratamento e armazenamento de dados e informações culturais.
O SNIIC terá como objetivos principais o mapeamento, a organização e a divulgação das atividades culturais brasileiras, incluindo informações sobre estrutura (artistas, equipamentos culturais, grupos, eventos), gestão (órgãos públicos, conselhos, fundos, legislações, orçamentos e editais), financiamento, economia da cultura, patrimônio material e imaterial, entre outras. Serão destacadas, prioritariamente, as informações sobre artes cênicas, artes visuais, audiovisual, música, literatura e cultura popular. A adesão dos órgãos estaduais e municipais de cultura, bem como dos possíveis parceiros privados e não-governamentais, ocorrerá paulatinamente, durante o processo de desenvolvimento e implantação do SNIIC.
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¹ Esse texto foi feito por várias mãos, corações e mentes. Utilizou-se de uma série de documentos do Ministério da Cultura, relatórios do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), documentos internacionais sobre direitos humanos e contribuições de vários autores. A organização e redação final são de responsabilidade do pesquisador Bernardo Novais da Mata Machado.
1. Discutir a cultura brasileira nos seus múltiplos aspectos, valorizando a diversidade das expressões e o pluralismo das opiniões;
2. Propor estratégias para: fortalecer a cultura como centro dinâmico do desenvolvimento sustentável; universalizar o acesso dos brasileiros à produção e fruição da cultura; consolidar a participação e o controle social na gestão das políticas públicas de cultura; implantar e acompanhar os Sistemas Nacional, Estaduais e Municipais de Cultura e o Plano Nacional de Cultura; e
3. Avaliar os resultados obtidos a partir da 1ª Conferência Nacional de Cultura, realizada em 2005.
A 2ª Conferência Nacional de Cultura, além da Plenária Nacional, terá as seguintes instâncias de discussão:
1. Conferências municipais e intermunicipais;
2. Conferências estaduais e do distrito federal;
3. Pré-conferências setoriais;
4. Conferência virtual e
5. Conferências livres.
Além de deliberar, esses encontros visam estimular a criação e o fortalecimento de redes de agentes e instituições culturais do país, para dar prosseguimento, em caráter permanente, às discussões e articulações.
Conferência Municipal – Dentro destes propósitos e cronograma, Pirambu realiza nesta sexta-feira, 30/10, a sua 3ª Conferência Municipal de Cultura, que terá como tema central “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”. Além do tema central, a Conferência Municipal terá cinco Eixos Temáticos, a saber:
1. Produção Simbólica e Diversidade Cultural;
2. Cultura, Cidade e Cidadania;
3. Cultura e Desenvolvimento Sustentável;
4. Cultura e Economia Criativa e
5. Gestão e Institucionalidade da Cultura.
Programação – A 3ª Conferência Municipal de Cultura será realizada nesta sexta-feira, 30/10, com abertura prevista para às 08 horas (credenciamento), na Câmara Municipal. Após o Credenciamento teremos a Abertura Solene, com as presenças do prefeito municipal, economista José Nilton de Souza, do secretário municipal de Cultura, músico Luiz Teles da silva, demais autoridades convidadas. Logo em seguida teremos uma Palestra Inicial sobre o Tema Central: “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”, a ser ministrado pelo professor Claudomir Tavares da Silva, seguido de debate. O último ponto da manhã será a leitura e aprovação do Regimento Interno da Conferência. Após o almoço, os delegados participam a tarde das discussões em Grupos de Eixos Temáticos, que terão local as instalações da Câmara Municipal e da Secretaria Municipal de Cultura.
:: Tema Central: “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”
No início de sua gestão à frente do Ministério da Cultura (MinC), quando perguntado sobre as diretrizes que iriam pautar a política cultural do governo, o ex-ministro Gilberto Gil respondeu: “A abrangência”. Esse critério fundamentou a concepção que hoje compreende a cultura em três dimensões: simbólica, cidadã e econômica.
A dimensão simbólica fundamenta-se na ideia de que é inerente aos seres humanos a capacidade de simbolizar, que se expressa por meio das diversas línguas, valores, crenças e práticas. Toda ação humana é socialmente construída por meio de símbolos que, entrelaçados, formam redes de significados que variam conforme os diferentes contextos sociais e históricos. Nessa perspectiva, também chamada antropológica, a cultura humana é o conjunto de modos de viver, que variam de tal forma que só é possível falar em culturas, no plural.
Adotar essa dimensão possibilita instituir uma política cultural que enfatiza, além das artes consagradas, toda a gama de expressões que caracterizam a diversidade cultural brasileira. Mesmo no âmbito exclusivo das artes, a concepção simbólica permite ampliar a ação pública para abranger todos os campos da cultura. Artes populares, eruditas e de massas são colocadas num mesmo patamar político, merecendo igual atenção do Estado, embora com programas, ações e projetos específicos e respeito ao comando constitucional que protege, de forma especial, as culturas populares, indígenas e afro-brasileiras (art. 215). Também é superada a tradicional separação entre políticas de fomento à cultura (geralmente destinadas às artes) e de proteção ao patrimônio cultural, pois ambas se referem ao conjunto da produção simbólica da sociedade.
A dimensão cidadã fundamenta-se no princípio de que os direitos culturais são parte integrante dos direitos humanos e devem constituir-se como plataforma de sustentação das políticas culturais. A esse respeito a CF/88 é explícita: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais” (art. 215). Contudo, esses direitos são ainda pouco conhecidos e frequentemente desrespeitados e subestimados, quando comparados aos direitos civis, políticos, econômicos e sociais, que gozam de maior reconhecimento. Por outro lado, o mundo contemporâneo, pós-Guerra Fria, está vendo emergir fatores de ordem política, social e econômica que estão conduzindo as questões culturais ao centro das atenções. Nessa conjuntura, definir e colocar em prática os direitos culturais é vital para o desenvolvimento humano e para a promoção da paz (ver pontos 2.3 e 3.1).
A dimensão econômica compreende que a cultura, progressivamente, vem se transformando num dos segmentos mais dinâmicos das economias de todos os países, gerando trabalho e riqueza. Mais do que isso, a cultura é hoje considerada elemento estratégico da chamada nova economia, que se baseia na informação, na criatividade e no conhecimento. A economia da cultura não pode mais ser desconsiderada pelas políticas governamentais, não só pelo que representa no fomento ao próprio setor, mas também por sua inserção como elemento basilar do desenvolvimento econômico geral.
Eixo I – “Produção Simbólica e Diversidade Cultural
Foco: produção de arte e de bens simbólicos, promoção de diálogos interculturais, formação no campo da cultura e democratização da informação.
1.1. Produção de Arte e Bens Simbólicos
A arte pode ser compreendida como um dos subsistemas simbólicos da cultura - o sistema estético - onde estão refletidos os significados subjacentes à vida social, presentes também em outros campos: na religião, no trabalho, nas relações de parentesco e poder. Assim entendida, a arte é uma das formas de conhecer e interpretar o mundo. A ampla gama de expressões artísticas existentes no planeta resulta da diversidade de concepções que os seres humanos têm sobre como são e funcionam as coisas.
As instituições culturais, reconhecendo essa diversidade, lançam um novo olhar sobre o debate referente à valoração simbólica da produção artística. Tanto as instituições responsáveis pelo patrimônio cultural, como as que cuidam das artes contemporâneas, começam a construir um modelo menos rígido para classificar e tratar essa produção. As fronteiras que pareciam separar o tradicional do contemporâneo se desfazem. O próprio conceito de contemporaneidade passa a levar em consideração as manifestações populares. Mesmo porque essas manifestações nunca foram estáticas, ao contrário, as tradições sempre evoluem e se modificam, acompanhando o movimento da história. Os bens simbólicos, tomados em conjunto, agora fazem parte de um projeto de política cultural que considera a multiplicidade de expressões como a referência institucional.
A pintura corporal dos índios brasileiros exemplifica essa fusão de arte e patrimônio cultural. Ela é, ao mesmo tempo, expressão estética, sinalização ritualística, identificação de grupo étnico, diferenciação sexual, representação de poder, proteção corporal e mimetismo. É uma manifestação cultural de entendimento simples para os que dela compartilham, integrada harmoniosamente à comunidade e ao meio-ambiente. No entanto, é complexa para os estudiosos, pois abrange um universo fabuloso de variações, conforme a origem do grupo, refletindo um sistema de códigos que remontam a tempos imemoriais.
Na história do mundo ocidental, contudo, o campo das artes adquire autonomia e se fragmenta. Na atualidade, a cada dia que passa as fronteiras que separam as artes se tornam mais flexíveis, mas ainda cabe às instituições culturais compreender as especificidades de cada uma e identificar suas carências e potencialidades. E instituir políticas de fomento, investimento e financiamento que garantam, em parceria com a iniciativa privada e não-governamental, a sustentação dos processos de criação, produção, distribuição, difusão, consumo e preservação dos bens simbólicos (ver 4.1.).
1.2. Convenção da Diversidade e Diálogos Interculturais
No mundo contemporâneo - onde a cultura e as identidades culturais estão na base de inúmeros conflitos -, respeitar a diversidade cultural significa, antes de tudo, garantir a paz e a segurança internacionais. Para tanto, a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, aprovada pela Unesco em 2005 e já ratificada pelo Brasil, convoca os povos e nações ao diálogo e à cooperação. O diálogo intercultural será eficaz se tiver como ponto de partida o respeito mútuo e o reconhecimento da dignidade inerente a todas as culturas. O Brasil, por sua diversidade e tradição diplomática em defesa da paz, agora elevada a princípio constitucional (art. 4º, VI e VII), pode e deve tornar-se um ator relevante na promoção desse diálogo, contribuindo para a solução de conflitos que eclodem a toda hora no cenário internacional.
A diversidade cultural é um dos maiores patrimônios do Brasil, fruto de nossa formação histórica. Por isso o diálogo intercultural deve estabelecer-se também no âmbito interno, entre os diversos grupos de identidade existentes no território nacional. Para tanto, a Convenção reafirma o direito soberano dos Estados de implantar as políticas e medidas que eles julgarem apropriadas para proteger e promover a diversidade das expressões culturais existentes em seus territórios, tendo presente que cabe proteção especial aos grupos mais vulneráveis às dinâmicas excludentes da globalização.
1.3. Cultura, Educação e Criatividade
A capacidade de criar é inerente a todos os seres humanos e se manifesta desde a tenra infância. No entanto, para que seja desenvolvida e potencializada, a criatividade depende, além do esforço individual, de um contínuo processo de formação, informação e aperfeiçoamento.
O desenvolvimento econômico e social do mundo contemporâneo está associado, cada vez mais, à capacidade humana de simbolizar, ou seja, ancora-se na criatividade de indivíduos e grupos. Nesse contexto, investir conjuntamente em cultura e educação é estratégico, e para isso é necessário criar instâncias de coordenação entre as políticas culturais e educacionais e estimular a interação entre as expressões da cultura e o sistema educativo.
Em 1985 ocorre a separação entre os ministérios da Educação e da Cultura, que até então era tratada como apêndice da política educacional. Criar um ministério exclusivo, no momento da transição para a democracia, significou reconhecer a importância da cultura para a construção da cidadania e para a proteção, promoção e valorização da diversidade cultural e da criatividade brasileiras. No entanto, esse ganho também trouxe perdas. Educação e Cultura praticamente deram-se as costas e a separação administrativa acabou gerando uma separação conceitual. Perdeu a Educação, com políticas dissociadas da dimensão da arte, da criatividade e da diversidade cultural; perdeu a Cultura, com políticas baseadas numa visão exclusivamente comercial, voltadas para o entretenimento e esquecidas de seu papel na promoção da cidadania.
Cabe, agora, buscar o reencontro da Educação e da Cultura, sem que para isso seja necessário retornar à situação administrativa anterior. As políticas culturais e educacionais podem construir uma agenda comum e colaborativa que qualifique a educação artística, implante a educação patrimonial e contribua para o incentivo ao livro e à leitura. Espera-se que essa agenda recoloque a cultura na vida cotidiana de professores e estudantes e abra espaço para que os mestres da cultura popular possam transmitir a riqueza dos seus saberes. Para tanto, é fundamental impulsionar a implantação da lei n º 11.465, que inclui no currículo oficial a obrigatoriedade das temáticas da história e da cultura afro-brasileira e indígena. Cabe aos afrodescendentes e indígenas serem os protagonistas desse processo, já que são eles os legítimos detentores da memória e da história desses povos.
1.4. Cultura, Comunicação e Democracia
As atividades relacionadas à informação estão adquirindo importância crescente no mundo atual. A produção, difusão e acesso às informações são requisitos básicos para o exercício das liberdades civis, políticas, econômicas, sociais e culturais. O monopólio dos meios de comunicação (mídias) representa uma ameaça à democracia e aos direitos humanos, principalmente no Brasil, onde a televisão e o rádio são os equipamentos de produção e distribuição de bens simbólicos mais disseminados, e por isso cumprem função relevante na vida cultural.
As políticas culturais só recentemente começam a dar importância aos meios de comunicação de massas e ao seu papel de produtor e difusor da cultura. Tão necessário quanto reatar o vínculo entre cultura e educação é integrar as políticas culturais e de comunicação. Nesse sentido, os fóruns de cultura e de comunicação devem unir-se na luta pela regulamentação dos artigos da CF/88 relativos ao tema. Entre eles o que obriga as emissoras de rádio e televisão a adaptar sua programação ao princípio da regionalização da produção cultural, artística e jornalística, bem como o que estabelece a preferência que deve ser dada às finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, à promoção da cultura nacional e regional e à produção independente (art. 221). Da mesma forma, cabe regulamentar o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal de rádio e TV (art. 223).
As emissoras comerciais se organizam com base nas demandas do mercado, que são legítimas. Contudo, essas demandas não podem ser as únicas a dar o tom da comunicação social no país. Aqui entra o papel das emissoras públicas, que devem dar visibilidade às idéias e expressões culturais minoritárias, que não têm aptidão para tornarem-se “campeãs de audiência” e nem encontram lugar nas emissoras comerciais. Exercendo funções complementares – não opostas – as emissoras públicas e comerciais, cada uma no seu campo, fortalecem a saúde da democracia.
As TVs e rádios comerciais vendem sua audiência (o público) para os anunciantes. Sua estratégia dirige-se à captação de público e à manutenção da atenção desse público. Elas vivem disso, que é o que tem valor em seu modelo de negócio. Para tanto, sua programação visa, basicamente, o entretenimento. As TVs e rádios públicas devem caminhar em outra direção. Não podem ser caixas de ressonância das demandas do mercado e tampouco sujeitar-se a promover os governantes. Precisam ser independentes dos governos e do mercado. Sua programação deve basear-se na experimentação de linguagens, na discussão de ideias e na busca da autonomia e da emancipação de ouvintes e telespectadores. Em suma, o negócio da televisão e das rádios públicas não é o entretenimento, é cultura, educação, informação e liberdade.
Para avançar nessa direção é necessária uma maior articulação interna do setor. Hoje, no país, há inúmeros canais públicos, mas eles não dialogam nem cooperam entre si e por vezes se consideram concorrentes. Conjugadas, essas emissoras podem estabelecer redes capazes de produzir e transmitir conteúdos ricos e diversos, funcionando em bases articuladas democraticamente, que respeitem suas especificidades, mas cuja resultante seja a constituição de malhas de troca e conexão de programações.
As TVs e rádios públicas são estratégicas para que a população tenha acesso aos bens culturais e ao patrimônio simbólico do país em toda sua diversidade. Para tanto elas precisam aprofundar a relação com a comunidade, que se traduz no maior controle social sobre sua gestão, no estabelecimento de canais permanentes dedicados à expressão das demandas dos diversos grupos sociais, na adoção de um modelo aberto à participação de produtores independentes e na criação de um sistema de financiamento que articule o compromisso de Municípios, Estados e União. Organicamente ligadas à sociedade, podem ampliar seu leque de prestação de serviços, conjugando programações para diferentes meios (como a telefonia celular e a internet) e espaços educativo-culturais, como escolas, universidades, centros culturais, sindicatos e associações comunitárias.
:: Eixo II – “Cultura, Cidade e Cidadania”
Foco: cidade como espaço de produção, intervenção e trocas culturais, garantia de direitos e acesso a bens culturais.
2.1. Cidade como Fenômeno Cultural
Em 2004, cidades e governos locais de todo o mundo, comprometidos com os direitos humanos, a diversidade cultural, a democracia participativa e a criação de condições para a paz, aprovaram a Agenda 21 da Cultura, documento orientador das políticas culturais locais. Entre os princípios desse documento destacam-se: (i) a diversidade cultural é o principal patrimônio da humanidade; não obstante, ninguém pode invocá-la para atentar contra os direitos humanos; (ii) há uma profunda relação entre patrimônio cultural e patrimônio ambiental, que constituem bens comuns da humanidade; (iii) a liberdade cultural dos indivíduos e das comunidades é uma condição essencial da democracia; (iv) as cidades e espaços locais são ambientes privilegiados de realização da cultura, onde o encontro de tudo o que é diferente e distinto torna possível o desenvolvimento humano integral; (v) o patrimônio cultural, tangível e intangível, é testemunho da criatividade humana e substrato da identidade dos povos; (vi) a afirmação das culturas e o conjunto de políticas postas em prática para seu reconhecimento e viabilidade, constituem fator essencial ao desenvolvimento das cidades e territórios em todos os planos: econômico, político, social e humano; (vii) as políticas culturais devem encontrar um ponto de equilíbrio entre interesses públicos e privados; uma excessiva institucionalização ou a excessiva prevalência do mercado comportam riscos e levantam obstáculos ao desenvolvimento dos sistemas culturais; (viii) o acesso sem distinções aos meios de expressão, tecnológicos e de comunicação e a constituição de redes horizontais fortalece e alimenta a dinâmica das culturas locais e enriquece o acervo coletivo; (ix) os espaços públicos são bens coletivos e nenhum indivíduo ou grupo pode ver-se privado de sua livre utilização, dentro do respeito às normas adotadas em cada cidade.
Sabe-se que a população brasileira, entre 1940 e 1980, passou de predominantemente rural para majoritariamente urbana, sob o impulso da migração de um vasto contingente de pobres. Nessas cidades, por muito tempo a população pobre permaneceu excluída das condições básicas de vida, sem acesso à infra-estrutura urbana e às oportunidades de trabalho, cultura e lazer. Em geral, os equipamentos culturais ficavam situados no centro urbano ou nas regiões mais ricas da cidade.
Com a redemocratização do país, muitas administrações municipais implantaram o Orçamento Participativo e essa população passou a ser consultada e a reivindicar a instalação de Centros Culturais. As expectativas em torno desses espaços são de três tipos: (i) ser um lugar de lazer, recreação e cultura localizado próximo ao local de residência; (ii) servir como antídoto à sedução que o crime organizado exerce sobre crianças e jovens, por meio da ocupação do tempo livre (extra-escolar); (iii) abrir oportunidades de inclusão social (emprego e renda) via atividades artesanais e artísticas. Constata-se, assim, que a cultura está sendo chamada a cumprir papel complementar às políticas educacionais, de segurança e trabalho, o que impõe grandes responsabilidades. Os equipamentos culturais também são utilizados para reabilitar áreas urbanas atingidas pela degradação e pelo esvaziamento. Nesse ponto, o desafio é revitalizar sem discriminar, já que muitos projetos desse tipo implicam na expulsão da população pobre para áreas distantes e mais desvalorizadas.
A instalação de espaços culturais constitui o ponto culminante dos programas de descentralização da cultura, que têm um caráter, ao mesmo tempo, geopolítico e socioeconômico, porque resultam na implantação de equipamentos em regiões da cidade ainda marcadas pela exclusão. Ao avaliar os resultados dos programas de descentralização cultural, é possível constatar que a perspectiva dicotômica – centro/periferia – deve ser substituída por uma nova visão das cidades, que identifica no território urbano uma variedade de regiões, com seus próprios centros e periferias.
2.2. Memória e Transformação Cultural
Há uma dialética da tradição, isto é, uma tradição só se firma e se mantém como tal na medida em que é capaz de renovar-se, quando ocorrem mudanças históricas que ameaçam sua sobrevivência ou exigem sua transformação. Se não se transforma, a “tradição” está fadada ao desaparecimento. Há uma relação dialética também entre identidade e criatividade. Se a identidade é um sistema de significados que se fundamenta na memória, a criatividade é o processo de produção de novos significados, que sinalizam para o futuro.
O poder público enfrenta um dilema quando é chamado a proteger a diversidade cultural. Historicamente, as políticas de patrimônio cultural vinculam-se às estratégias de legitimação do poder, ou seja, à necessidade que tem o Estado de se apresentar como o representante do interesse geral da sociedade, de todos os seus membros, independentemente de classe social, gênero, etnia, etc. As políticas educacionais e culturais muitas vezes são instrumentalizadas com esse objetivo. Para cumprir a função legitimadora, as políticas de patrimônio costumam construir uma identidade coletiva dos habitantes de determinado território (nacional, subnacional, local), a fim de unir os indivíduos em torno de valores que, supostamente, são comuns a todos. Para que essa identidade exerça eficazmente o papel legitimador ela deve ser singular (referir-se somente a um território), imutável (ou seja, anti-histórica) e unívoca (portadora de um mesmo significado para todos os membros da sociedade).
A pergunta que se coloca é a seguinte: como pode o poder público proteger e promover a diversidade cultural existente no território sob sua jurisdição, se ele necessita, para legitimar-se, de construir uma identidade única e comum no âmbito desse mesmo território? Uma alternativa que se apresenta é considerar como coletiva a soma das diversas identidades grupais, mas, para isso, é preciso abandonar o objetivo de construir uma identidade oficial e ser capaz de operar em um campo no qual podem ocorrer tensões e conflitos entre os diversos movimentos de identidade. Além disso, o poder público tem de estar aparelhado para processar as múltiplas demandas dos atores sociais que lutam pelo reconhecimento de suas identidades. Enfim, trata-se de reconhecer que existe unidade na diversidade, e diversidade na unidade.
Uma outra questão, também complexa, refere-se à possibilidade de haver distintas interpretações sobre os significados do patrimônio cultural. A distinção entre patrimônio material e imaterial ajuda a compreender esse fenômeno. É fato que o patrimônio material - particularmente o constituído de “cal e pedra” - tende a ser duradouro, variando pouco através do tempo. O patrimônio imaterial, por sua vez, constituído pelos saberes, celebrações e formas de expressão, tende a modificar-se mais rapidamente e a adquirir novos formatos. Contudo, o que importa mesmo são os valores e significados atribuídos pelas coletividades a esse patrimônio, seja ele material ou imaterial. Desse ponto de vista é possível dizer que todo patrimônio cultural é, em última instância, imaterial, porque afinal significados e valores são coisas imateriais. No entanto, os significados podem variar quando interpretados por um ou outro grupo humano. Todos concordam que Jerusalém tem uma grande significação para a história da humanidade. Mas os valores ali contidos variam conforme o olhar das diferentes religiões, podendo ser até mesmo antagônicos se interpretados por católicos, muçulmanos ou judeus.
Todas essas complexas questões levam a concluir que os espaços de memória, como os museus, arquivos e bibliotecas, têm uma grande importância social e política. A memória coletiva necessita de suportes para manter-se disponível e em permanente ressignificação. Cumprindo a função de guardar, conservar e disponibilizar acervos, essas instituições contribuem enormemente para a extensão dos direitos culturais.
2.3. Acesso, Acessibilidade e Direitos Culturais
A Constituição brasileira, embora cite explicitamente os direitos culturais, não chega a detalhá-los. Contudo, analisando os vários documentos internacionais da ONU e da Unesco já reconhecidos pelo Brasil, e a própria CF/88, pode-se concluir que os direitos culturais são os seguintes: direito à identidade e à diversidade cultural; direito à participação na vida cultural (que inclui os direitos à livre criação, livre acesso, livre difusão e livre participação nas decisões de política cultural); direito autoral e direito/dever de cooperação cultural internacional.
O direito à identidade e à diversidade cultural, que nasce durante o século XVIII no âmbito dos Estados nacionais, é elevado ao plano internacional após a Segunda Guerra Mundial, quando ocorrem verdadeiros saques ao patrimônio cultural dos países ocupados. Em 1954 a Unesco proclama a Convenção sobre a Proteção dos Bens Culturais em caso de Conflito Armado, documento em que os Estados se comprometem a respeitar os bens culturais situados nos territórios dos países adversários, assim como a proteger seu próprio patrimônio em caso de guerra. O movimento ecológico, que ganhou ímpeto a partir da década de 1970, também contribui para a elevação desse direito ao plano mundial. Em 1972 a Unesco aprova a Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, onde se considera que a deterioração e o desaparecimento de um bem natural, ou cultural, constituem um empobrecimento do patrimônio de todos os povos do mundo. O vínculo entre patrimônio cultural e ambiental é reforçado na Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (2001), que diz ser a diversidade cultural, para o gênero humano, tão necessária quanto a diversidade biológica para a natureza. Por isso deve ser reconhecida e consolidada em beneficio das gerações presentes e futuras. Situação específica é a dos países onde existem minorias étnicas, religiosas e lingüísticas. Nesse caso, o artigo 27 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos (1966) garante aos membros desses grupos o direito de ter sua própria vida cultural, professar e praticar sua própria religião e usar sua própria língua. Em 1992 a ONU aprofunda esses princípios na Declaração sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes às Minorias Nacionais, Étnicas, Religiosas e Lingüísticas, na qual se formula a obrigação dos Estados de proteger a identidade cultural das minorias existentes em seus territórios. Também cabe destacar a Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular (1989). Considerando que a cultura popular deve ser protegida por e para o grupo cuja identidade expressa, e reconhecendo que as tradições evoluem e se transformam, essa Recomendação insiste, basicamente, na necessidade dos Estados apoiarem a investigação e o registro dessas manifestações. Não obstante, temendo que a cultura popular venha a perder seu vigor sob a influência da indústria cultural, recomenda-se aos Estados que incentivem a salvaguarda dessas tradições não só dentro das coletividades das quais procedem, mas também fora delas. Finalmente, cabe citar a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais. Esse documento chama a atenção para a necessária integração da cultura nos planos e políticas nacionais e internacionais de desenvolvimento e reafirma o direito soberano dos Estados de implantar políticas de proteção e promoção da diversidade cultural em seus respectivos territórios.
O direito à livre participação na vida cultural foi proclamado no artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948): toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de gozar das artes e de aproveitar-se dos progressos científicos e dos benefícios que deles resultam. Analisando documentos posteriores, pode-se subdividir o direito à participação na vida cultural em quatro categorias: direito à livre criação, livre fruição, livre difusão e livre participação nas decisões de política cultural. A Recomendação sobre o Status do Artista (1980), que trata da liberdade de criação, convoca expressamente os Estados a ajudar a criar e sustentar não apenas um clima de encorajamento à liberdade de expressão artística, mas também as condições materiais que facilitem o aparecimento de talentos criativos. No que diz respeito à difusão, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966) assegura a todas as pessoas a liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou qualquer outro meio de sua escolha. Excetuam-se os casos que envolvem a reputação das demais pessoas e as manifestações contrárias aos princípios fundamentais dos direitos humanos, tais como a propaganda a favor da guerra e a apologia ao ódio nacional, racial ou religioso. Por fim, a Declaração do México sobre as Políticas Culturais (1982) postula a ampla participação dos indivíduos e da sociedade no processo de tomada de decisões que concernem à vida cultural. Para tanto, recomenda-se multiplicar as ocasiões de diálogo entre a população e os organismos culturais, por meio da descentralização das políticas de cultura.
O direito autoral foi internacionalmente reconhecido na Declaração Universal dos Direitos do Homem (artigo 27) e, mais tarde, na Convenção Universal sobre Direito de Autor (1952). Esse direito permeia a criação, a produção, a distribuição, o consumo e a fruição dos bens culturais, e está na base de todas as cadeias econômicas da cultura. Fundamenta-se na ideia de que a propriedade sobre a criação intelectual e artística é a mais legítima e a mais pessoal das propriedades, porque as obras, além da dimensão material, têm uma dimensão moral, são como emanações da personalidade dos autores. Entretanto, o direito autoral não é puramente individual, porque depois de certo tempo as obras caem em domínio público, ou seja, passam a pertencer a toda a sociedade. O interesse social termina por prevalecer sobre o individual. Hoje, na sociedade da informação e do conhecimento, o direito autoral vem sendo bastante questionado. Pergunta-se se é possível coexistirem o direito autoral e a rede mundial de computadores (Internet), que permite uma inédita reprodução de textos, sons e imagens. Os especialistas respondem que sim, é possível, mas que para isso o direito autoral terá de renovar-se e até mesmo utilizar-se das novas tecnologias para proteger os autores e suas obras. Nessa renovação o direito autoral terá de harmonizar-se com o direito à participação na vida cultural, para que a liberdade de acesso e a exclusividade de utilização das obras – princípios, respectivamente, da sociedade da informação e do direito autoral – possam coexistir e equilibrar os interesses públicos e particulares envolvidos.
O direito/dever de cooperação cultural internacional foi proclamado na Declaração de Princípios da Cooperação Cultural Internacional (1966): a cooperação cultural é um direito e um dever de todos os povos e de todas as nações, que devem compartilhar o seu saber e os seus conhecimentos, diz seu artigo quinto. Essa Declaração considera o intercâmbio cultural essencial à atividade criadora, à busca da verdade e ao cabal desenvolvimento da pessoa humana. Afirma que todas as culturas têm uma dignidade e um valor que devem ser respeitados e que é através da influência que exercem umas sobre as outras que se constitui o patrimônio comum da humanidade.
O vínculo entre os direitos à identidade e à cooperação é profundo. Se, por um lado, é reconhecido o direito de cada povo defender seu próprio patrimônio, de outro, esses mesmos povos têm o dever de promover o intercâmbio entre si. Em suma, nenhum país, região, grupo étnico, religioso ou lingüístico poderá invocar suas tradições para justificar qualquer tipo de agressão, pois acima dos valores de cada um está o patrimônio comum da humanidade, cujo enriquecimento se dá na mesma proporção em que o intercâmbio cultural é incrementado.
:: Eixo III – “Cultura e Desenvolvimento Sustentável
Foco: a importância estratégica da cultura no processo de desenvolvimento
3.1. Centralidade e Transversalidade da Cultura
Para concretizar o conceito antropológico de cultura, que se expressa na CF/88 como “todos os modos de viver, fazer e criar” (art. 216), as políticas culturais têm de se articular com todas as outras políticas públicas. Além de necessário, isso hoje é urgente, porque as questões culturais vêm ocupando, de forma gradativa, lugar destacado nos conflitos mundiais.
No mundo atual, pós-Guerra Fria (particularmente pós-11 de setembro), são as culturas e as identidades culturais que estão moldando os padrões de coesão, desintegração e conflito entre pessoas, povos e nações. As diferenças agora não se definem apenas pelas ideologias, mas principalmente pela religião, idioma, história, valores, costumes, instituições e até mesmo pela auto-identificação subjetiva das pessoas. Além disso, os conflitos políticos (internos e entre as nações) cada vez mais são justificados por argumentos de natureza cultural.
Paralelamente, ocorre uma incessante fragmentação das identidades coletivas, impulsionada pela chamada globalização, na qual o livre fluxo de capitais, mensagens e mercadorias (incluindo as ilegais) ultrapassa as fronteiras e regulamentações dos Estados nacionais que assim se vêem limitados em sua influência. Entre as consequências dessa situação situa-se o enfraquecimento do poder mobilizador das identidades nacionais, sustentadas pelos Estados, e a retomada, por diferentes grupos e comunidades humanas, de identidades pretéritas, fundadas em antigas tradições.
A proliferação de identidades coletivas está relacionada também às transformações da economia capitalista, antes focada na produção e recentemente no consumo. Atributos considerados como trunfos dos produtores – lealdade aos costumes, tolerância à rotina e predisposição para adiar desejos –, são abominados pelos consumidores, que vivem ansiosos por adquirir a última novidade e descartar a penúltima. Nesse ambiente, novas identidades são constituídas e dissolvidas, impulsionadas por eventos ou motivos às vezes fúteis, como uma partida de futebol, um crime cruel ou a morte de uma celebridade em evidência.
O acesso às identidades é, contudo, um campo de luta e exclusão social. No topo da pirâmide global estão os que constituem e desarticulam suas identidades mais ou menos à vontade. Na base, abarrotam-se os que tiveram negado o acesso à escolha da identidade, que não têm direito de manifestar suas preferências e que no final se veem oprimidos por identidades impostas por outros, que humilham, desumanizam, estigmatizam: “sem teto”, “favelado”, “jeca”, “sem pátria”.
Para enfrentar esses novos desafios as políticas culturais precisam sair da posição periférica em que se encontram para colocar-se no cerne das políticas governamentais. Além de uma base conceitual e institucional mais sólida, têm de relacionar-se estrategicamente com outras políticas.
As interfaces com a Educação e a Comunicação são hoje prioritárias (ver 1.3. e 1.4.), mas outras conexões também são necessárias. A Cultura deve relacionar-se com as políticas de Ciência e Tecnologia e reforçar a premissa de que o desenvolvimento científico tem de incorporar a diversidade cultural do país, com seus múltiplos conhecimentos e técnicas. Também é vital articular-se com os programas de inclusão digital, pois os novos aparatos tecnológicos de transferência e armazenamento de informações influenciam as dinâmicas de expressão, fruição e consumo cultural. A convergência digital pode ser o ambiente futuro de circulação da cultura, mas para isso é necessário que as tecnologias de informação e comunicação sejam descentralizadas e democratizadas.
A Cultura pode contribuir também com as políticas de Saúde, seja na criação de ambientes lúdicos para o tratamento e socialização de doentes, seja no desenvolvimento de terapias baseadas nas artes (música, dança, artes visuais e outras), adequadas à cura de sofrimentos mentais.
Da mesma forma, a Cultura pode integrar-se com a Segurança Pública e contribuir para a redução da violência, pois maneja símbolos capazes de encantar, humanizar e reconstituir possibilidades de vida.
3.2. Patrimônio Cultural, Meio Ambiente e Turismo
No Brasil, a proximidade entre patrimônio cultural e natural é anterior à eclosão dos movimentos ambientalistas. O Decreto-lei 25, de 1937, que foi acolhido pela CF/88 e continua em vigor, prevê a proteção não só de bens do patrimônio histórico e artístico, como também de monumentos naturais e sítios de valor paisagístico, arqueológico e etnológico. É verdade que a trajetória da política de patrimônio priorizou os bens do período colonial, mas hoje essa perspectiva foi ampliada. A política cultural não está alheia à crise ambiental, que se torna mais grave a cada dia. Mesmo porque essa crise decorre de um componente cultural: o modo de vida consumista, que explora exaustivamente os recursos naturais.
Para muitos povos o vínculo entre natureza e cultura é indissolúvel, e aqueles que o perderam necessitam reatá-lo, sob pena de comprometer todo o ecossistema do planeta. No Brasil aprendemos pouco com as culturas indígenas; ao contrário, o país ainda está preso ao modelo colonial, extrativista, perdulário e sem compromisso com a preservação dos recursos naturais.
Agir com rigor na proteção do patrimônio natural e cultural pressupõe pensar novos modos de vida. Assim como o movimento ambientalista criou o conceito de desenvolvimento sustentável, para conciliar crescimento econômico e preservação da natureza, pode-se falar em “sustentabilidade cultural”, que significa erradicar a miséria, a pobreza e o analfabetismo, chegar aos níveis superiores de educação e usufruir dos benefícios da ciência e da tecnologia. Pressupõe respeitar e proteger a diversidade cultural, ter acesso às coisas belas e, no limite, conquistar a paz. Paz não como ausência de conflitos, mas como a possibilidade de solucioná-los por meios não-violentos.
Tendo como referência os conceitos de sustentabilidade ambiental e cultural é possível dialogar positivamente com as políticas de turismo. Somente assim podem ser suprimidas desconfianças mútuas, que resultam de ações equivocadas, como a remoção de moradores pobres de centros históricos reformados e a espetacularização de tradições populares, com objetivos exclusivamente comerciais. É sabido que os turistas têm predileção pelo que é original e singular, e que por isso os bens culturais e naturais exercem sobre eles forte atração. Essa circunstância pode ser aproveitada para potencializar as expressões culturais locais e conservar as belezas naturais, desde que o turismo seja também ele sustentável.
3.3. Cultura, Território e Desenvolvimento Local
Os territórios da cultura são múltiplos e suas fronteiras flexíveis e superpostas: cidade, campo e floresta; capital e interior; centro e periferia; litoral e sertão; União, Estados e Municípios; Grandes Regiões (norte/nordeste/sudeste/sul/centro oeste), regiões metropolitanas e outras no âmbito dos Estados; espaços cibernéticos... Os desafios que se colocam para as políticas culturais são os de estar presentes em todos esses lugares e contribuir para superar os desequilíbrios sócio-econômicos e regionais que ainda marcam a organização territorial do Brasil.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostram que os 10% mais ricos do Brasil são responsáveis por aproximadamente 40% do consumo cultural. A maioria desse público é constituída por pessoas de alta escolaridade e vive nas regiões metropolitanas, que concentram 41% do consumo cultural. Esse desequilíbrio territorial e social do consumo cultural está relacionado à desigualdade também na distribuição de equipamentos pelo país: 82% dos municípios têm baixo número desses equipamentos (menos de 6 entre 15 considerados), sendo que a região Norte apresenta 85% de municípios nessa categoria. Os empregos culturais formais na área da cultura também estão concentrados nas regiões de maior densidade econômica, particularmente no Sudeste e, nessa região, nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A grande maioria desses empregos (98%) está localizada na indústria cultural. O percentual de participação de mulheres e negros no mercado de trabalho cultural é menor do que o de homens e brancos, e a desigualdade salarial entre homens e mulheres e entre brancos e negros ainda é uma realidade.
Completando esse quadro, os recursos públicos federais, que já são escassos, chegam a poucos municípios. Em contrapartida, ao comparar os gastos públicos em cultura, nas três esferas de governo, verifica-se que os municípios respondem por 52,6% dos dispêndios, os Estados por 34,6% e o governo federal por 12,8%. Esses dados, de 2003, mostram que os municípios têm papel fundamental na vida cultural do país, embora os de menor porte (até 5.000 habitantes) possuam menos autonomia (porque são dependentes de transferências federais e estaduais) e menor capacidade para alocar recursos.
As desigualdades só podem ser enfrentadas com políticas focadas nas regiões mais carentes. Nesse sentido, o programa Territórios da Cidadania, coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário, é inovador. Não só porque articula inúmeras políticas setoriais (incluindo a cultura), mas também porque atinge as regiões mais pobres de todos os Estados brasileiros.
:: Eixo IV – “Cultura e Economia Criativa”
Foco: economia criativa como estratégia de desenvolvimento
4.1. Financiamento da Cultura
O financiamento da cultura tem de ser pensado em função dos objetivos da política cultural. Cada objetivo pode definir uma estratégia diferente para a injeção de recursos, que podem ser provenientes de fontes diversas. O financiamento é determinado pela política e não seu determinante. Esse princípio, que parece óbvio, custou a ser admitido na área da cultura, onde durante muito tempo predominou a ideia de que o Estado nada mais tem a fazer se não fomentar e financiar.
Sob o império dessa concepção é que foram criadas as leis de incentivo com base na renúncia fiscal. Por meio delas o poder público abre mão de arrecadar parte de impostos dos contribuintes que se dispõem a investir nas atividades culturais. Após anos de experiências, nas diversas esferas de governo, ficaram evidentes as distorções desse modelo de financiamento. Como essas leis entregam ao mercado de patrocínio a decisão sobre o que apoiar, elas acabam provocando, como é próprio dos mercados, todo tipo de desigualdade. Desigualdade entre regiões (as que concentram mais empresas atraem o grosso dos patrocínios); desigualdade entre produtores (os que são mais organizados têm maior acesso às empresas e captam mais recursos); entre patrocinadores (os que têm maior faturamento podem apoiar mais projetos); entre tipos de projetos (os que, na visão das empresas, têm maior impacto de marketing obtêm mais patrocinadores); entre os artistas (as empresas preferem associar sua marca a nomes já consagrados). Os números falam por si: nos 18 anos de funcionamento da lei atual, 3% dos proponentes captaram mais de 50% dos recursos; grande parte desses recursos (cerca de 80%) vai para um número restrito de artistas e produtores localizados no eixo Rio-São Paulo. E o montante de recursos movimentado pela lei corresponde a nada menos do que 80% de tudo o que o Ministério da Cultura tem para aplicar em cultura.
Na época em que as leis de incentivo com base na renúncia fiscal foram introduzidas na União e em vários Estados e Municípios, dizia-se que elas teriam um efeito “pedagógico” sobre as empresas. Pensava-se que os patrocinadores, com o tempo, seriam convencidos das vantagens do investimento cultural e dispensariam o incentivo público. Essa expectativa revelou-se ilusória. Quando o governo Collor extinguiu a chamada lei Sarney, as empresas imediatamente se afastaram do patrocínio cultural. Na atual crise financeira o mesmo fenômeno se repetiu, demonstrando que de fato é mínimo o compromisso do mercado com incentivo à cultura. Se o que se deseja é superar as desigualdades sociais, culturais e regionais, não há como abrir mão da presença ativa do Estado.
Uma distorção pouco lembrada das leis de incentivo é que nelas todos os segmentos da arte e da cultura são colocados num mesmo caldeirão. Sabe-se, contudo, que a produção cultural tem características distintas conforme a natureza do produto. O audiovisual difere das artes cênicas, que difere das artes visuais, que difere da literatura, que difere da música, que difere da cultura popular e assim por diante. Mesmo no âmbito de cada segmento há diferenças. Nas artes cênicas, por exemplo, os problemas do teatro são uns, os da dança outros, diferentes dos problemas da ópera ou do circo. Isso coloca um desafio para as políticas de fomento à cultura, que serão mais eficientes se considerarem as especificidades de cada processo de trabalho (ou cadeia produtiva). Isso pressupõe conhecer todos esses segmentos e instituir mecanismos específicos para superar eventuais gargalos e fomentar as potencialidades criativas.
A proposta de alteração da lei de incentivo à cultura apresentada pelo MinC vai nesse sentido, pois cria fundos específicos para setores distintos. Os editais que criam prêmios para segmentos socioculturais ou programas específicos, estão indo na mesma direção, criando o que o ex-ministro Gilberto Gil, na sua visão abrangente, chamou de “cesta” de variados mecanismos de fomento.
4.2. Sustentabilidade das Cadeias Criativas
Pesquisas recentes indicam que a economia da cultura é uma das que mais cresce no mundo. Ela engloba as indústrias culturais (editorial, fonográfica e audiovisual); a mídia (jornais, rádio e TV); as expressões da cultura (artes cênicas, artes visuais, literatura, música, cultura popular); as instituições culturais (museus, arquivos, bibliotecas e centros culturais), os eventos, festas e exposições; outras atividades criativas como a publicidade, a arquitetura e o design (gráfico, de produtos, da moda e de interiores), além do turismo cultural. Essa economia é baseada num recurso praticamente inesgotável - a criatividade -, e tem forte impacto sobre o desenvolvimento de novas tecnologias.
O desenvolvimento da economia da cultura está relacionado ao processo de globalização, que provoca intensa estandardização de bens e serviços em escala mundial. Nessa conjuntura os produtos culturais, que têm entre suas características a singularidade, a unicidade e a raridade, tendem a valorizar-se, pois quanto mais raro um produto, maior o seu preço. Isso vale também para os sítios de valor histórico, artístico e paisagístico e para o patrimônio cultural em geral, que são fortes atrativos para as indústrias do turismo e do entretenimento.
Também influenciam no desenvolvimento econômico da cultura as características da chamada “nova economia” ou “economia do conhecimento”, na qual a ciência, a tecnologia e a capacidade de simbolizar exercem papel saliente. A produtividade dessa economia - cujos setores mais dinâmicos são o financeiro, as indústrias de computadores, softwares e das comunicações, além da biotecnologia e da nanotecnologia -, depende tanto da incorporação de capital como do investimento em pessoas e, nesse caso, Cultura e Educação cumprem função estratégica. A adoção desse conceito e o investimento em ações baseadas nas potencialidades dessa economia podem fazer da criatividade um importante vetor do desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Contudo, também deve ser assumida a realidade da produção cultural, que tem particularidades que a distinguem dos processos rotineiros e mecânicos que caracterizam a confecção da maioria dos produtos. Por ser criativo e inovador, o bem cultural pouco se coaduna com os tempos e meios de produção, distribuição e consumo das mercadorias produzidas em escala. O empreendimento cultural sempre envolve riscos e muitas vezes não gera retorno financeiro. Mesmo perseguindo fórmulas consagradas, a produção cultural nunca será totalmente previsível, podendo resultar em sucesso, mas também em fracasso de público. Por isso o incentivo estatal e as parcerias entre o poder público e a iniciativa privada, nas diversas fases de realização do bem cultural (criação, produção distribuição e consumo), sempre serão necessários à sustentação das cadeias produtivas da cultura. Essa necessidade fica ainda mais evidente quando se constata que a economia da cultura gera efeitos para além dela mesma, pois seus produtos fortalecem os vínculos de sociabilidade e identidade, criam lazer e bem-estar, contribuem com a educação e com o desenvolvimento econômico em geral.
4.3. Geração de Trabalho e Renda
Pesquisas recentes, realizadas pelo IPEA sobre a geração de emprego no setor cultural, indicam que esse segmento é um importante componente do mercado de trabalho e possui dinamismo e potencial ainda não explorado sistematicamente para gerar ainda mais empregos, renda e bens simbólicos. Considerando apenas o emprego formal, que abrange aqueles com carteira de trabalho por prazo indeterminado, estatutários, trabalhadores avulsos e por prazo determinado, o estudo constata que, no período 1994-2002, os segmentos mais dinâmicos são os relacionados às atividades de comunicação (rádio, televisão e telecomunicações), de lazer e leitura. Com menor participação aparecem as indústrias fonográficas, de cinema e audiovisual e o setor de espetáculos. Embora o emprego informal não tenha sido objeto desse estudo, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2001) indicam que a informalidade no setor cultural chega a 49%. Esse dado provavelmente está relacionado aos processos de reestruturação (incluindo terceirização) das indústrias culturais na década de 1990 (particularmente a indústria fonográfica), mas também às características próprias de vários segmentos da cultura, que são irredutíveis aos meios de reprodução ampliada e se organizam de forma colaborativa, voluntária e familiar.
No período considerado, um dado que chama a atenção refere-se ao crescimento do emprego formal nos estabelecimentos culturais de menor porte (até 99 empregados), enquanto os de grande porte (500 ou mais empregados) eliminaram vagas. Esses dados sugerem que uma política de fomento às micro, pequenas e médias empresas culturais pode incrementar a geração de empregos e também contrabalançar as tendências monopolistas da grande indústria cultural.
:: Eixo V – “Geração e Institucionalidade da Cultura
Foco: fortalecimento da ação do Estado e da participação social no campo da cultura
5.1. Sistemas Nacional, Estaduais e Municipais de Cultura
Pode-se dizer que a política cultural, comparada a outras políticas públicas, como saúde e educação, ainda está na infância, no que se refere à estrutura institucional, formação técnica de gestores, legislação complementar e existência de uma base de dados e indicadores que possibilita o planejamento de longo prazo.
Essa situação pode ser atribuída, em parte, a uma indefinição a respeito do papel do Estado na gestão da Cultura. Qual a função e o espaço de atuação do poder público? Como ele pode agir garantindo ao mesmo tempo a liberdade de criação e o pleno exercício dos direitos culturais?
A resposta a estas questões deve ter como ponto de partida a compreensão de que a cultura é um direito básico dos cidadãos e um importante vetor de desenvolvimento. Por isso deve ser tratada como área estratégica. Cabe ao Estado, sem dirigismo e interferência nos processos criativos, e com ampla participação da sociedade, assumir seu papel no planejamento e fomento das atividades culturais, na preservação e valorização do patrimônio cultural e no estabelecimento de marcos regulatórios para a economia da cultura.
A atuação do Estado não substitui o papel do setor privado, com o qual deve, sempre que possível, atuar em parceria e buscar a complementaridade das ações. No entanto, cabem ao Estado responsabilidades intransferíveis, como garantir o acesso universal aos bens e serviços culturais e proteger e promover a diversidade cultural, com ênfase nas referências culturais minoritárias e nas que estão sob ameaça de extinção.
Desde a promulgação da Constituição, o Estado brasileiro, a fim de tornar efetivo o princípio da cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (art. 23 da CF/88), vem desenvolvendo esforços no sentido de fortalecer as políticas públicas, por meio da organização de Sistemas que vinculam as ações dos distintos entes federados. A concretização do federalismo cooperativo constitui uma aposta estratégica frente à escassez de recursos públicos, à diferenciada capacidade gerencial e fiscal dos entes federados e às profundas desigualdades sócio-econômicas regionais.
A experiência da organização sistêmica demonstrou que o estabelecimento de princípios e diretrizes comuns, a divisão de atribuições e responsabilidades, a montagem de um esquema de repasse de recursos e a criação de instâncias de controle social asseguram maior efetividade e continuidade das políticas públicas. Esses são os objetivos pretendidos pelo Sistema Nacional de Cultura (SNC).
Um sistema é um conjunto de partes interligadas que interagem entre si, mas ele não é a simples soma das partes, pois tem certas qualidades que não se encontram nos elementos concebidos de forma isolada. Sendo assim, para definir o Sistema Nacional de Cultura é necessário dizer quais partes o compõem, como elas interagem e quais são as propriedades específicas que lhe dão unidade. Considerando o debate ocorrido nos últimos anos, as experiências acumuladas na área da cultura e em outras políticas públicas, conclui-se que o SNC reúne a sociedade civil e os entes federativos da República - União, Estados, Municípios e Distrito Federal -, com suas respectivas políticas e instituições culturais. As leis, normas e procedimentos definem como interagem as suas partes e a Política Nacional de Cultura e o Modelo de Gestão Compartilhada são as qualidades específicas que lhe dão unidade.
É importante ressaltar que já está em tramitação no Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional que institui o Sistema Nacional de Cultura (PEC nº 416/2005), bem como outras propostas de emendas e projetos de leis diretamente relacionados, tais como a PEC nº 150/2003, que destina recursos à cultura com vinculação orçamentária, a PEC nº 236/2008, que propõe a inserção da cultura no rol dos direitos sociais (art. 6º da CF/88) e os projetos de lei que instituem o Plano Nacional de Cultura e o Programa de Fomento e Incentivo à Cultura (Profic).
Essa pauta fortalece a necessidade de se institucionalizar com urgência o SNC, a fim de organizar as políticas culturais, combinando o respeito à autonomia dos entes com a necessária interdependência e cooperação. A realização das conferências municipais, estaduais, distrital e nacional de cultura constitui um momento propício ao debate e à mobilização da sociedade para impulsionar a aprovação desses instrumentos legais.
5.2. Planos Nacional, Estaduais, Municipais, Regionais e Setoriais de Cultura
Em geral, os sistemas vêm sendo organizados com base no tripé formado por Conselho, Plano e Fundo, além, é claro, dos órgãos gestores e das conferências. Desde 2003, 18 conselhos nacionais foram criados e 6 reestruturados. Das 100 conferências nacionais e internacionais realizadas desde 1941, 61 foram no período 2003-2008.
Os planos, elaborados pelos conselhos a partir das diretrizes definidas nas conferências, têm por finalidade o planejamento de longo prazo e por isso são instrumentos muito importantes para a institucionalização das políticas governamentais, transformando-as em políticas de Estado. Os Conselhos também são fundamentais para o funcionamento dos sistemas. São instâncias colegiadas permanentes, de caráter consultivo e deliberativo, integrantes da estrutura básica do órgão responsável pela política pública, em cada esfera de governo. Conforme as diretrizes apontadas pela 1ª Conferência Nacional de Cultura, a composição dos Conselhos de Política Cultural deve incluir, no mínimo, 50% de representantes da sociedade civil, eleitos democraticamente. Sua principal finalidade é atuar na formulação de estratégias e no controle da execução das políticas.
5.3. Sistema de Informações e Indicadores Culturais
Todas as políticas públicas necessitam, para seu planejamento, de informações e indicadores a respeito da realidade sobre a qual devem atuar. A política cultural é, provavelmente, uma das que mais carecem de dados, embora esforços nesse sentido tenham sido realizados nos últimos anos. Atualmente está em curso a implantação do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), que objetiva identificar todos os sistemas já existentes nos estados e municípios e estabelecer as bases tecnológicas para conectá-los, de forma que possam atuar interativamente. Isso possibilitará a produção de indicadores nacionais aplicáveis, de forma coerente, aos processos de formulação e implantação de políticas culturais na União, Estados e Municípios. Acompanham as ações tecnológicas atividades relacionadas à capacitação técnica de pessoas para a formação e atualização de equipes vinculadas à geração, tratamento e armazenamento de dados e informações culturais.
O SNIIC terá como objetivos principais o mapeamento, a organização e a divulgação das atividades culturais brasileiras, incluindo informações sobre estrutura (artistas, equipamentos culturais, grupos, eventos), gestão (órgãos públicos, conselhos, fundos, legislações, orçamentos e editais), financiamento, economia da cultura, patrimônio material e imaterial, entre outras. Serão destacadas, prioritariamente, as informações sobre artes cênicas, artes visuais, audiovisual, música, literatura e cultura popular. A adesão dos órgãos estaduais e municipais de cultura, bem como dos possíveis parceiros privados e não-governamentais, ocorrerá paulatinamente, durante o processo de desenvolvimento e implantação do SNIIC.
______________________________
¹ Esse texto foi feito por várias mãos, corações e mentes. Utilizou-se de uma série de documentos do Ministério da Cultura, relatórios do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), documentos internacionais sobre direitos humanos e contribuições de vários autores. A organização e redação final são de responsabilidade do pesquisador Bernardo Novais da Mata Machado.
27 de out. de 2009
Católicos se despedem do Pe Jideilton e recepcionam Pe Natali
Emoção toma conta da comunidade católica de Pirambu
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br
A comunidade católica de Pirambu aguarda com ansiedade um momento de grande emoção previsto para este final de semana. É que no próximo sábado, 31, acontece uma Missa de despedida do Padre Jideilton Lima, a partir das 19 horas na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes. O padre Lima, que assumiu a paróquia na virada de 2007 para 2008, substituindo o padre Givaldo Rocha, passando quase dois anos a frente da administração paroquial, entra definitivamente na História como o mais popular e presente pastor da Igreja Católica em Pirambu, pela sua ativa participação e envolvimento com as questões sociais da comunidade, o que resguardando as necessárias e devidas proporções, segue fielmente os ensinamentos de Jesus, de estar onde o seu rebanho está, levando as ações pastorais para além do espaço da Igreja.
Antes, só o Padre Raimundo Peretti havia se aproximado tanto do povo, verificando nestes dois períodos um crescimento inabalável da instituição. Jideilton Lima, além de relacionar-se com todos os movimentos da Igreja (Renovação Carismática Católica, Apostolado da Oração, igrejas dos povoados), estabeleceu uma convivência harmoniosa com as demais igrejas de Pirambu, mostrando que há espaço para todos e que o respeito às confissões religiosas deve ser uma premissa dos líderes religiosos. Já no domingo, 01, acontece a posse do novo padre, o italiano Natali Brambila, que passa a condição de administrador paroquial nos próximos anos. A missa está marcada para às 09 horas quando teremos a presença do bispo diocesano de Propriá, Dom Mário Rino Sivieri.
Testemunha ocular da História (usando uma definição dada para o Repórter Esso, apresentado por Gontijo Teodoro), desnecessário dizer que a Tribuna da Praia estará presente neste evento marcado por muitos agradecimentos, boas vindas, sentimento de muita emoção que enche os corações e mentes da comunidade católica de Pirambu
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br
A comunidade católica de Pirambu aguarda com ansiedade um momento de grande emoção previsto para este final de semana. É que no próximo sábado, 31, acontece uma Missa de despedida do Padre Jideilton Lima, a partir das 19 horas na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes. O padre Lima, que assumiu a paróquia na virada de 2007 para 2008, substituindo o padre Givaldo Rocha, passando quase dois anos a frente da administração paroquial, entra definitivamente na História como o mais popular e presente pastor da Igreja Católica em Pirambu, pela sua ativa participação e envolvimento com as questões sociais da comunidade, o que resguardando as necessárias e devidas proporções, segue fielmente os ensinamentos de Jesus, de estar onde o seu rebanho está, levando as ações pastorais para além do espaço da Igreja.
Antes, só o Padre Raimundo Peretti havia se aproximado tanto do povo, verificando nestes dois períodos um crescimento inabalável da instituição. Jideilton Lima, além de relacionar-se com todos os movimentos da Igreja (Renovação Carismática Católica, Apostolado da Oração, igrejas dos povoados), estabeleceu uma convivência harmoniosa com as demais igrejas de Pirambu, mostrando que há espaço para todos e que o respeito às confissões religiosas deve ser uma premissa dos líderes religiosos. Já no domingo, 01, acontece a posse do novo padre, o italiano Natali Brambila, que passa a condição de administrador paroquial nos próximos anos. A missa está marcada para às 09 horas quando teremos a presença do bispo diocesano de Propriá, Dom Mário Rino Sivieri.
Testemunha ocular da História (usando uma definição dada para o Repórter Esso, apresentado por Gontijo Teodoro), desnecessário dizer que a Tribuna da Praia estará presente neste evento marcado por muitos agradecimentos, boas vindas, sentimento de muita emoção que enche os corações e mentes da comunidade católica de Pirambu
26 de out. de 2009
Ação coletiva garantiu sucesso da Campanha ‘Praias e Rios’ em Pirambu
Mutirão mobilizou 76 pessoas na campanha para limpar e aprender a não sujar em um quilômetro de praia
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br
A cidade de Pirambu marcou presença pelo terceiro ano consecutivo na campanha ‘Praias e Rios: vamos limpar e aprender a não sujar’. O mutirão de recolhimento de resíduos sólidos aconteceu neste domingo, 25, das 08 às 10 horas na praia de Pirambu, no percurso compreendido entre o Bar e Restaurante ‘Estação Verão’, até o Terminal Turístico, nos limites com o Projeto Tamar. A organização do evento registrou a presença de 76 participantes (voluntários), 36 a mais que 2008, quando o número foi de 40, conforme livro de presença da Sociedade Sócio-Ambiental do Vale do Japaratuba (SOS Rio Japaratuba), uma das ONG’s presentes a campanha.
A concentração aconteceu às 08 horas no Clubinho da Tartaruga, um dos parceiros da campanha. Presente ao início dos trabalhos, o representante da secretaria municipal de Agricultura, Pesca e Meio Ambiente, Leopoldo Lima (Popô), um dos articuladores da campanha junto à administração municipal, parceira da campanha. No Clubinho da Tartaruga, integrantes do Clube de Desbravadores “Guardiões da Mata” (Igreja Adventista do 7º Dia), liderados pela sua presidente, Raquel de Andrade, realizaram sua reunião, onde renovaram seus princípios de defensores da natureza, incorporando-se a esta atividade. O grupo já havia se integrado a Campanha ‘Praias e Rios’ em 2007, ficando de fora em 2008 por um erro que se reparou pela comissão em 2009.
Em seguida, o professor e cordelista Agnaldo Cordelista deu as boas vindas a todos, passou os informes e objetivos do projeto ‘Praias e Rios’ e alertou para a necessidade de preservarmos os mares, oceanos, rios, riachos e lagoas, em grande quantidade em nosso município. Agnaldo é professor de História da rede municipal (Mário Trindade Cruz) e estadual (José Amaral Lemos), radialista e produtor da Rádio Megafone e Presidente da Organização Vereda da Cultura. Pela dimensão, alcance de sua ação de comprava defesa das questões ambientais em nossa cidade, foi escolhido pela equipe de articulação do mutirão para esta tarefa.
Do Clubinho da Tartaruga, depois de devidamente credenciados, vestidos na camisa da campanha e municiados de sacos de lixo, os participantes (voluntários) seguiram em caminhada pelas ruas do Loteamento Paraíso da Praia, chegando a praia de Pirambu, onde iniciaram a coleta por volta das 09 horas. Em duplas, em grupos maiores ou de forma individualizadas, homens, mulheres, crianças, algumas com pouco mais de dois anos, ‘caíram em campo’, para recolher uma quantidade simbólica de copos descartáveis, sacos plásticos, garrafas pet’s, isopor, calçados, ferragens, tampas de garrafas plásticas, uma infinidade de produtos a base de plástico. Um trator cedido pela secretaria municipal de Obras, ‘pilotado’ pelo experiente Teixeira, acompanhou todo o percurso, servindo não só como ‘carro de apoio’, mas também como ponto de coleta dos sacos de lixos recolhidos pelos participantes.
Com a mão na massa - Surfista, músico e um cidadão antenado com o meio em que vive, Luiz Teles da Silva (acompanhado do seu filho Ravi), secretário municipal de Cultura não só compareceu ao evento como envolveu-se de corpo e alma, recolhendo os resíduos sólidos na segunda parte do trecho da praia. A diretora de políticas para mulheres do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, Maria das Graças, não só compareceu como levou à pequena Agnes, ‘batizando-a’ na campanha. O jovem José Fábio dos Santos, idealizador e coordenador da Rádio Megafone (http://www.webradiomegafone.blogspot.com) participou do evento, levando as ondas online da rádio as informações da campanha. Merece destaque a grande participação de jovens estudantes, de evangélicos da Igreja Adventista do 7º Dia (Clube de Desbravadores “Guardiões da Mata”).
A campanha – A campanha ‘Praias e Rios: vamos limpar e aprender a não sujar’ acontece em mais de 150 países. Em Sergipe ela acontece pelo quarto ano consecutivo, idealizada pelo jornalista Osmário Santos, coordenador da Frente das Águas de Sergipe, em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH/SE). Além de ser um instrumento de Educação Ambiental, marca a comemoração em Sergipe do Dia Mundial pela Limpeza da Água (19 de Setembro). Aqui em Pirambu ela acontece pelo terceiro ano consecutivo. Foi realizada pela primeira vez em 23 de Setembro de 2007, com a participação da Prefeitura Municipal, através dos programas da secretaria da Ação Social (Peti, etc), das escolas José Amaral Lemos (rede estadual) e Mário Trindade Cruz (rede municipal), Clube de Desbravadores “Guardiões da Mata” (Igreja Adventista do 7º Dia) e Clubinho da Tartaruga, que estiveram representadas por um número fixado com antecedência de integrantes.
Ação Coletiva – Várias entidades e instituições compareceram ao chamado da comissão, fazendo parte deste momento que se traduz em uma ação simbólica, mas de uma importância fundamental para sensibilização da sociedade diante da necessidade de não só limpar, mas de aprender a não sujar as nossas praias, rios, lagos, lagoas, o ambiente onde vivemos. Confira a relação das instituições presentes a 3ª Campanha “Praias e Rios: vamos limpar e aprender a não sujar”:
1. Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba (CBHJ)
2. Sociedade Sócio-Ambiental do Vale do Japaratuba (SOS Rio Japaratuba)
3. Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pirambu
4. Clube de Desbravadores “Guardiões da Mata” (Igreja Adventista do 7º Dia)
5. Organização Vereda da Cultura
6. Secretaria Municipal de Obras
7. Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Meio Ambiente
8. Secretaria Municipal de Cultura
9. Secretaria Municipal de Ação Social (Projovem)
10. Escola Municipal Mário Trindade Cruz
11. Colégio Estadual José Amaral Lemos
12. Clubinho da Tartaruga
13. Instituto Tuturubá
14. Rádio Web Megafone
15. Jornal Tribuna da Praia Online
O comparecimento de tão representativas instituições mostra o caráter coletivo da campanha, que cresce a cada ano, consolidando-se em Sergipe como aquela que envolve o maior número de instituições e consequentemente pessoas, dando uma dimensão coletiva, de apropriação social aos bens da natureza pela sociedade civil, poder público, aqueles que usam e tem a obrigação de preservar a nossa praia.
Coordenação – Em 2008, ela aconteceu no dia 26 de Outubro e contou com a participação da SOS Rio Japaratuba, Vereda da Cultura, Jornal Tribuna da Praia, Escola Municipal Mário Trindade Cruz e Prefeitura Municipal de Pirambu. No primeiro ano as ações foram coordenadas pela equipe de Intervenção. No segundo pela SOS Rio Japaratuba. Este ano pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, que em 2007 e 2008 coordenou a campanha no Balneário Prata, migrando para Pirambu em 2009. Para 2010, a idéia é criar uma Coordenação, formada por um Coletivo das entidades participantes, dando um caráter colegiado à campanha que chegou, cresceu e consolidou-se como uma das mais bem sucedidas experiências de Educação Ambiental.
40 anos da Deso – Não passou despercebido a participação da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO), cuja marca estampada nas camisas vestidas pelos voluntários de Pirambu, deu visibilidade aos 40 anos da companhia, que tem se revelado nos últimos anos em uma parceira de primeira linha das campanhas ambientais de Sergipe, seja através de ações promovidas ou encampadas pelo conjunto de sua presença em praticamente todo o território de Sergipe.
Parabéns a todos nós – Ao final da atividade, uma grande roda foi realizada, em sinal de agradecimento a todos nós, cujos parabéns e agradecimentos estende-se a todas as pessoas e instituições que de forma presentes ou representadas deram suas contribuições, sem as quais a campanha não havia logrado êxito.
A campanha continua – Ainda este ano outras atividades serão realizadas dentro do desdobramento da campanha, que nos anos anteriores foram estendidas para o Balneário Prata (Japaratuba), povoado Canal de São Sebastião (Barra dos Coqueiros) e Lagoa Redonda (Pirambu).
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br
A cidade de Pirambu marcou presença pelo terceiro ano consecutivo na campanha ‘Praias e Rios: vamos limpar e aprender a não sujar’. O mutirão de recolhimento de resíduos sólidos aconteceu neste domingo, 25, das 08 às 10 horas na praia de Pirambu, no percurso compreendido entre o Bar e Restaurante ‘Estação Verão’, até o Terminal Turístico, nos limites com o Projeto Tamar. A organização do evento registrou a presença de 76 participantes (voluntários), 36 a mais que 2008, quando o número foi de 40, conforme livro de presença da Sociedade Sócio-Ambiental do Vale do Japaratuba (SOS Rio Japaratuba), uma das ONG’s presentes a campanha.
A concentração aconteceu às 08 horas no Clubinho da Tartaruga, um dos parceiros da campanha. Presente ao início dos trabalhos, o representante da secretaria municipal de Agricultura, Pesca e Meio Ambiente, Leopoldo Lima (Popô), um dos articuladores da campanha junto à administração municipal, parceira da campanha. No Clubinho da Tartaruga, integrantes do Clube de Desbravadores “Guardiões da Mata” (Igreja Adventista do 7º Dia), liderados pela sua presidente, Raquel de Andrade, realizaram sua reunião, onde renovaram seus princípios de defensores da natureza, incorporando-se a esta atividade. O grupo já havia se integrado a Campanha ‘Praias e Rios’ em 2007, ficando de fora em 2008 por um erro que se reparou pela comissão em 2009.
Em seguida, o professor e cordelista Agnaldo Cordelista deu as boas vindas a todos, passou os informes e objetivos do projeto ‘Praias e Rios’ e alertou para a necessidade de preservarmos os mares, oceanos, rios, riachos e lagoas, em grande quantidade em nosso município. Agnaldo é professor de História da rede municipal (Mário Trindade Cruz) e estadual (José Amaral Lemos), radialista e produtor da Rádio Megafone e Presidente da Organização Vereda da Cultura. Pela dimensão, alcance de sua ação de comprava defesa das questões ambientais em nossa cidade, foi escolhido pela equipe de articulação do mutirão para esta tarefa.
Do Clubinho da Tartaruga, depois de devidamente credenciados, vestidos na camisa da campanha e municiados de sacos de lixo, os participantes (voluntários) seguiram em caminhada pelas ruas do Loteamento Paraíso da Praia, chegando a praia de Pirambu, onde iniciaram a coleta por volta das 09 horas. Em duplas, em grupos maiores ou de forma individualizadas, homens, mulheres, crianças, algumas com pouco mais de dois anos, ‘caíram em campo’, para recolher uma quantidade simbólica de copos descartáveis, sacos plásticos, garrafas pet’s, isopor, calçados, ferragens, tampas de garrafas plásticas, uma infinidade de produtos a base de plástico. Um trator cedido pela secretaria municipal de Obras, ‘pilotado’ pelo experiente Teixeira, acompanhou todo o percurso, servindo não só como ‘carro de apoio’, mas também como ponto de coleta dos sacos de lixos recolhidos pelos participantes.
Com a mão na massa - Surfista, músico e um cidadão antenado com o meio em que vive, Luiz Teles da Silva (acompanhado do seu filho Ravi), secretário municipal de Cultura não só compareceu ao evento como envolveu-se de corpo e alma, recolhendo os resíduos sólidos na segunda parte do trecho da praia. A diretora de políticas para mulheres do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, Maria das Graças, não só compareceu como levou à pequena Agnes, ‘batizando-a’ na campanha. O jovem José Fábio dos Santos, idealizador e coordenador da Rádio Megafone (http://www.webradiomegafone.blogspot.com) participou do evento, levando as ondas online da rádio as informações da campanha. Merece destaque a grande participação de jovens estudantes, de evangélicos da Igreja Adventista do 7º Dia (Clube de Desbravadores “Guardiões da Mata”).
A campanha – A campanha ‘Praias e Rios: vamos limpar e aprender a não sujar’ acontece em mais de 150 países. Em Sergipe ela acontece pelo quarto ano consecutivo, idealizada pelo jornalista Osmário Santos, coordenador da Frente das Águas de Sergipe, em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH/SE). Além de ser um instrumento de Educação Ambiental, marca a comemoração em Sergipe do Dia Mundial pela Limpeza da Água (19 de Setembro). Aqui em Pirambu ela acontece pelo terceiro ano consecutivo. Foi realizada pela primeira vez em 23 de Setembro de 2007, com a participação da Prefeitura Municipal, através dos programas da secretaria da Ação Social (Peti, etc), das escolas José Amaral Lemos (rede estadual) e Mário Trindade Cruz (rede municipal), Clube de Desbravadores “Guardiões da Mata” (Igreja Adventista do 7º Dia) e Clubinho da Tartaruga, que estiveram representadas por um número fixado com antecedência de integrantes.
Ação Coletiva – Várias entidades e instituições compareceram ao chamado da comissão, fazendo parte deste momento que se traduz em uma ação simbólica, mas de uma importância fundamental para sensibilização da sociedade diante da necessidade de não só limpar, mas de aprender a não sujar as nossas praias, rios, lagos, lagoas, o ambiente onde vivemos. Confira a relação das instituições presentes a 3ª Campanha “Praias e Rios: vamos limpar e aprender a não sujar”:
1. Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba (CBHJ)
2. Sociedade Sócio-Ambiental do Vale do Japaratuba (SOS Rio Japaratuba)
3. Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pirambu
4. Clube de Desbravadores “Guardiões da Mata” (Igreja Adventista do 7º Dia)
5. Organização Vereda da Cultura
6. Secretaria Municipal de Obras
7. Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Meio Ambiente
8. Secretaria Municipal de Cultura
9. Secretaria Municipal de Ação Social (Projovem)
10. Escola Municipal Mário Trindade Cruz
11. Colégio Estadual José Amaral Lemos
12. Clubinho da Tartaruga
13. Instituto Tuturubá
14. Rádio Web Megafone
15. Jornal Tribuna da Praia Online
O comparecimento de tão representativas instituições mostra o caráter coletivo da campanha, que cresce a cada ano, consolidando-se em Sergipe como aquela que envolve o maior número de instituições e consequentemente pessoas, dando uma dimensão coletiva, de apropriação social aos bens da natureza pela sociedade civil, poder público, aqueles que usam e tem a obrigação de preservar a nossa praia.
Coordenação – Em 2008, ela aconteceu no dia 26 de Outubro e contou com a participação da SOS Rio Japaratuba, Vereda da Cultura, Jornal Tribuna da Praia, Escola Municipal Mário Trindade Cruz e Prefeitura Municipal de Pirambu. No primeiro ano as ações foram coordenadas pela equipe de Intervenção. No segundo pela SOS Rio Japaratuba. Este ano pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, que em 2007 e 2008 coordenou a campanha no Balneário Prata, migrando para Pirambu em 2009. Para 2010, a idéia é criar uma Coordenação, formada por um Coletivo das entidades participantes, dando um caráter colegiado à campanha que chegou, cresceu e consolidou-se como uma das mais bem sucedidas experiências de Educação Ambiental.
40 anos da Deso – Não passou despercebido a participação da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO), cuja marca estampada nas camisas vestidas pelos voluntários de Pirambu, deu visibilidade aos 40 anos da companhia, que tem se revelado nos últimos anos em uma parceira de primeira linha das campanhas ambientais de Sergipe, seja através de ações promovidas ou encampadas pelo conjunto de sua presença em praticamente todo o território de Sergipe.
Parabéns a todos nós – Ao final da atividade, uma grande roda foi realizada, em sinal de agradecimento a todos nós, cujos parabéns e agradecimentos estende-se a todas as pessoas e instituições que de forma presentes ou representadas deram suas contribuições, sem as quais a campanha não havia logrado êxito.
A campanha continua – Ainda este ano outras atividades serão realizadas dentro do desdobramento da campanha, que nos anos anteriores foram estendidas para o Balneário Prata (Japaratuba), povoado Canal de São Sebastião (Barra dos Coqueiros) e Lagoa Redonda (Pirambu).
22 de out. de 2009
100 Anos do Dr. LOURIVAL BOMFIM (22/10/1909-15/09/1996)
Quem foi Lourival Bomfim?
Nasceu em 22 de outubro de 1909, em Aracaju/SE, filho de Serafim Bomfim e Antônia Rosa de Melo e pai do médico Vollmer Bomfim. Graduou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1934. Atuou em Capela atendendo como clínico geral em 1935, transferindo-se logo em seguida para Aracaju. Foi radiologista dos hospitais de Cirurgia e Santa Isabel. Trabalhou no serviço de Radiologia e Tisiologia da Secretaria de Estado da Saúde e foi médico clínico da Fábrica Confiança.
Foi um dos fundadores da Faculdade de Medicina de Sergipe, onde lecionou a disciplina de biofísica. Em 1966, juntamente com Antonio Garcia e Vollmer Bomfim, fez curso de aperfeiçoamento para professores no Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco onde estudou com os Profs. Drs. Gilberto Guimarães Villela, Metry Bacila, Henrique Tastaldi, Marcionílio Lins e Tripolli Gaudensi. Teve forte atuação nas primeiras pesquisas no campo do meio ambiente em nosso Estado, com trabalhos nas áreas de piscosidade dos nossos rios, preservação dos manguezais, poluição dos rios e mares pelo petróleo. Inventor e cientista.
Teve seu currículo analisado pelas Nações Unidas e seu nome indicado para participar do I Fórum Mundial sobre Meio Ambiente, realizado em Estocolmo, na Suécia. Foi uma das primeiras vozes mundiais a alertar sobre o efeito estufa e aquecimento global. Principal mentor da criação da ADEMA na década de 1970, exerceu as funções de membro do Conselho de Controle da Poluição das Águas, membro do Conselho do Meio Ambiente.
Em Sergipe, foi pioneiro no estudo da rejeição de órgãos, justo quando, no mundo, estavam sendo iniciados os transplantes. Patrono da Cadeira trinta e seis da Academia Sergipana de Medicina. Faleceu em 15 de agosto de 1996, em Aracaju/SE , com 87 anos.
Nasceu em 22 de outubro de 1909, em Aracaju/SE, filho de Serafim Bomfim e Antônia Rosa de Melo e pai do médico Vollmer Bomfim. Graduou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1934. Atuou em Capela atendendo como clínico geral em 1935, transferindo-se logo em seguida para Aracaju. Foi radiologista dos hospitais de Cirurgia e Santa Isabel. Trabalhou no serviço de Radiologia e Tisiologia da Secretaria de Estado da Saúde e foi médico clínico da Fábrica Confiança.
Foi um dos fundadores da Faculdade de Medicina de Sergipe, onde lecionou a disciplina de biofísica. Em 1966, juntamente com Antonio Garcia e Vollmer Bomfim, fez curso de aperfeiçoamento para professores no Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco onde estudou com os Profs. Drs. Gilberto Guimarães Villela, Metry Bacila, Henrique Tastaldi, Marcionílio Lins e Tripolli Gaudensi. Teve forte atuação nas primeiras pesquisas no campo do meio ambiente em nosso Estado, com trabalhos nas áreas de piscosidade dos nossos rios, preservação dos manguezais, poluição dos rios e mares pelo petróleo. Inventor e cientista.
Teve seu currículo analisado pelas Nações Unidas e seu nome indicado para participar do I Fórum Mundial sobre Meio Ambiente, realizado em Estocolmo, na Suécia. Foi uma das primeiras vozes mundiais a alertar sobre o efeito estufa e aquecimento global. Principal mentor da criação da ADEMA na década de 1970, exerceu as funções de membro do Conselho de Controle da Poluição das Águas, membro do Conselho do Meio Ambiente.
Em Sergipe, foi pioneiro no estudo da rejeição de órgãos, justo quando, no mundo, estavam sendo iniciados os transplantes. Patrono da Cadeira trinta e seis da Academia Sergipana de Medicina. Faleceu em 15 de agosto de 1996, em Aracaju/SE , com 87 anos.
Nosso muito obrigado!
Por Andréa Carla Costa Lima | andrea_lima01@hotmail.com
Olá, queremos agradecer o comentário sobre o evento da Sempesq, e informar que o minicurso "PROPRIÁ E A DITAURA MILITAR", lotou a UNIT, e o que mais nos surpreendeu foi a comunidade estudantil ter se interessado pelo tema abordando a mesa que foi composta pelo Sr Noílio, testemunha viva desse período, Pe. Isaías pesquisador e escritor, Prof. Erasmo, ex-prefeito Luís Chaves, a Dra. Sonia Azevedo sociologa e as alunas responsáveis pela pesquisa. Queremos agradecer a Tribuna da Praia, pela cobertura, contem conosco, estamos a disposição de vocês.
Andréa Carla Costa Lima (graduando Serviço Social UNIT e História UFS)
Irany Ataíde Silva (graduando Serviço Social)
Adriana Márcia Santos Costa(graduando Serviço Social)
Michele Pereira Lapa (graduando Serviço Social).
Nosso muito obrigado, disponível www.unit.br
Olá, queremos agradecer o comentário sobre o evento da Sempesq, e informar que o minicurso "PROPRIÁ E A DITAURA MILITAR", lotou a UNIT, e o que mais nos surpreendeu foi a comunidade estudantil ter se interessado pelo tema abordando a mesa que foi composta pelo Sr Noílio, testemunha viva desse período, Pe. Isaías pesquisador e escritor, Prof. Erasmo, ex-prefeito Luís Chaves, a Dra. Sonia Azevedo sociologa e as alunas responsáveis pela pesquisa. Queremos agradecer a Tribuna da Praia, pela cobertura, contem conosco, estamos a disposição de vocês.
Andréa Carla Costa Lima (graduando Serviço Social UNIT e História UFS)
Irany Ataíde Silva (graduando Serviço Social)
Adriana Márcia Santos Costa(graduando Serviço Social)
Michele Pereira Lapa (graduando Serviço Social).
Nosso muito obrigado, disponível www.unit.br
21 de out. de 2009
Audiência Pública discutiu queimadas no município de Pirambu
Ministério Público reuniu lideranças do poder público e da sociedade civil na Câmara de Vereadores
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br
Provocada pela Associação dos Apicultores e Polinizadores do Vale do Cotinguiba (APIVALE) e designada pelo Ministério Público Estadual, através da Promotoria do Distrito de Pirambu, aconteceu na manhã de ontem, 20, uma Audiência Pública que discutiu o uso de queimadas no município de Pirambu. A reunião foi coordenada pelo promotor de justiça Dr. Nilzir Soares Vieira Júnior e contou com a participação de representantes da APIVALE, da Prefeitura (Dr. Carlos Alberto Mendonça) e da Câmara Vereadores (presidente Juarez de Deus Alves) de Pirambu, do IBAMA, da Colônia de Pescadores Z – 5 (Adelmo dos Santos), da Igreja Católica (Pe Jideilton Lima) e representantes dos catadores de ganhamum, de junco para confecção de esteiras. No plenário um público, ainda que não numeroso, mais representativo, composto por lideranças destes seguimentos, atores sociais ligados aos setores em ‘conflito’, e representantes de entidades tais como Associação dos Pescadores de Pirambu e Povoados, ASPEPIPO (Francisco de Assis Vieira Filho), da Organização San Rafael (Jucélia Silva Santos) e Associação Pirambuense de Surf (Marco Antônio Souto Maior Soledade Júnior), entre outras instituições.
No entendimento do promotor Nilzir Soares Vieira Júnior, esta audiência “não tem caráter punitivo, mas de sensibilização para um problema que deve ser enfrentado com a cooperação de todos os seguimentos envolvidos, sendo escolhida uma comissão para encaminhar os indicativos”, disse. A presença de atores sociais nesta audiência “apontou indícios no sentido de convivência pacífica entre todos os atores sociais”, comemorou o apicultor Antônio Edson Barreto, presidente da Apivale. “Há alguns anos já havíamos identificados estes conflitos em nossa monografia de conclusão de curso na Universidade Federal de Sergipe”, testemunhou o engenheiro florestal Júnior Soledade, presidente da APS. “Há que se ressaltar que o senhor Edson Barreto teve um papel importante nesta audiência, pois além de levar a questão ao Ministério Público, mobilizou os vários seguimentos sociais para esta audiência cujos resultados foram muito expressivos”, complementou o representante do Ministério Público.
O levantamento de informações sobre o uso de queimadas, possivelmente pelos catadores de ganhamum é uma temática levantada já há alguns anos por Edson Barreto,inclusive sendo pautado neste portal, em registros feitos pela bióloga Dayse Rocha. A Tribuna da Praia publicou várias reportagens em que denunciava queimadas criminosas não só em região de manguezal e junco, mas também em outros pontos do município, o que se confirmou através de informações e denúncias levantadas pelos presentes a audiência. Na manhã de ontem colhemos depoimentos de três atores sociais importantes neste procedimento: o promotor Nilzir Soares, que designou a Audiência Pública, o presidente da Apivale, Edson Barreto, que levou o conflito ambiental ao Ministério Público e o engenheiro ambiental Júnior Soledade, que pesquisou e construiu sua monografia de conclusão de curso sobre o tema em Pirambu. O resultado será publicado na sessão Entrevistas no próximo final de semana.
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br
No entendimento do promotor Nilzir Soares Vieira Júnior, esta audiência “não tem caráter punitivo, mas de sensibilização para um problema que deve ser enfrentado com a cooperação de todos os seguimentos envolvidos, sendo escolhida uma comissão para encaminhar os indicativos”, disse. A presença de atores sociais nesta audiência “apontou indícios no sentido de convivência pacífica entre todos os atores sociais”, comemorou o apicultor Antônio Edson Barreto, presidente da Apivale. “Há alguns anos já havíamos identificados estes conflitos em nossa monografia de conclusão de curso na Universidade Federal de Sergipe”, testemunhou o engenheiro florestal Júnior Soledade, presidente da APS. “Há que se ressaltar que o senhor Edson Barreto teve um papel importante nesta audiência, pois além de levar a questão ao Ministério Público, mobilizou os vários seguimentos sociais para esta audiência cujos resultados foram muito expressivos”, complementou o representante do Ministério Público.
O levantamento de informações sobre o uso de queimadas, possivelmente pelos catadores de ganhamum é uma temática levantada já há alguns anos por Edson Barreto,inclusive sendo pautado neste portal, em registros feitos pela bióloga Dayse Rocha. A Tribuna da Praia publicou várias reportagens em que denunciava queimadas criminosas não só em região de manguezal e junco, mas também em outros pontos do município, o que se confirmou através de informações e denúncias levantadas pelos presentes a audiência. Na manhã de ontem colhemos depoimentos de três atores sociais importantes neste procedimento: o promotor Nilzir Soares, que designou a Audiência Pública, o presidente da Apivale, Edson Barreto, que levou o conflito ambiental ao Ministério Público e o engenheiro ambiental Júnior Soledade, que pesquisou e construiu sua monografia de conclusão de curso sobre o tema em Pirambu. O resultado será publicado na sessão Entrevistas no próximo final de semana.
15 de out. de 2009
No Dia do Professor, Claudomir lança Página no Twitter
O professor Claudomir Tavares (rede municipal em Pirambu e estadual em Propriá) escolheu o dia de hoje, Dia do Professor, para lançar sua página no Twitter. Na primeira atualização, estão publicados os links de acessos a sete artigos disponibilizados em seu site pedagógico (www.claudomir.com.br).
Os artigos são os seguintes:
1. Artigo: 25 anos de luta por moradia em Pirambu (1982/2007) - Parte II
2. Artigo: 25 anos de luta por moradia em Pirambu (1982/2007) - Parte I
3. Artigo: Da APMESE ao SINTESE (Parte I)
4. Artigo: Mário Trindade: a metamorfose de uma escola em Pirambu
5. Artigo: Amaral Lemos: berço cultural de Pirambu
6. Artigo: O fim melancólico dos festejos juninos em Pirambu
7. Artigo: Jacarecica: História de um Povo
Além dos link’s para artigos, textos, clipping’s, e outros documentos, no Twitter serão disponibilizados os compromissos públicos do professor, ligados a cultura, meio ambiente, educação e política. Para acessar o página do professor Claudomir Tavares no Twitter, digite: (http://twitter.com/claudomirsilva) e navegue a vontade.
Os artigos são os seguintes:
1. Artigo: 25 anos de luta por moradia em Pirambu (1982/2007) - Parte II
2. Artigo: 25 anos de luta por moradia em Pirambu (1982/2007) - Parte I
3. Artigo: Da APMESE ao SINTESE (Parte I)
4. Artigo: Mário Trindade: a metamorfose de uma escola em Pirambu
5. Artigo: Amaral Lemos: berço cultural de Pirambu
6. Artigo: O fim melancólico dos festejos juninos em Pirambu
7. Artigo: Jacarecica: História de um Povo
Além dos link’s para artigos, textos, clipping’s, e outros documentos, no Twitter serão disponibilizados os compromissos públicos do professor, ligados a cultura, meio ambiente, educação e política. Para acessar o página do professor Claudomir Tavares no Twitter, digite: (http://twitter.com/claudomirsilva) e navegue a vontade.
14 de out. de 2009
>> Flagrante: Briga de galo reúne dezenas de ‘galistas’ no Loteamento Praia do Sol, nas proximidades do Pirambu Hotel
Praticar tal ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos é uma agressão cuja pena prevista em lei é detenção de três meses a um ano e multa (art. 32 da Lei 9.605/1998)
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br
A Lei Nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, mais conhecida como Lei da Vida, ou Lei dos Crimes Ambientais, precisamente em seu artigo 32 diz que “praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”, constitui crime contra a fauna. As brigas de galo, realizadas em rinhas, são comuns em dezenas de cidades de Sergipe, em municípios do litoral, do agreste e do sertão. Pessoas de todas as classes, incrédulos religiosos (não atribuímos aos credos religiosos, pois não acreditamos ser uma orientação religiosa), das mais variadas vertentes sociais e culturais, tem sido flagrado assistindo, incentivando, ou praticando esta que é uma agressão cuja pena prevista em lei é “detenção de três meses a um ano e multa”.
O exemplo mais sintomático no país foi quando o marqueteiro Duda Mendonça foi flagrado em uma rinha de galo, declarando que este era seu “esporte” (credo), hobby (ah, bom) favorito. A Tribuna da Praia tem recebido ao longo dos últimos três anos incontáveis denúncias desta prática ignaminosa, tanto em nossa cidade quanto em cidades e povoados vizinhos. Sempre temos acreditado na capacidade de resignação das pessoas, crendo que eles renunciarão a este exercício que é condenado no mundo inteiro. Recentemente um juiz orientou que em uma vaquejada realizada na cidade de Lagarto, os animais não fossem submetidos aos maus tratos, só permitindo sua realização por uma questão eminentemente cultural. Não acreditamos que qualquer magistrado tenha permitido a existência de rinhas, cujos praticantes são chamados em nossa cidade de galistas.
Na primeira vez, em 2007, ao flagrarmos uma briga de galo na Rua Dois de Ouro (próximo a sede do Grupo Folclórico Ilariô de Pirambu) ligamos para o Pelotão Ambiental, onde fomos informados que brigas de galos não é exclusividade de Pirambu, e que mesmo com a ação desta Unidade Militar, elas proliferam-se em várias cidades e povoados de Sergipe, reunindo apostas grandiosas. Aqui, são realizadas festas entre galistas (como são chamados os apreciadores das brigas de galo). Acionada a delegacia de polícia, através do sargento Rodrigues, este se dirigiu para o local cerca de meia hora depois do horário que foi informado, não efetuou o flagrante.
Na tarde de ontem, 13, por volta das 16h30 min, fomos informados por de telefone de mais uma reunião de galistas, municiados de seus ‘atletas’, e através de e-mail, às 18:24 recebemos as fotos que estão arquivadas em nosso banco de imagens. Imediatamente acionamos a delegacia de polícia que enviou para o local uma viatura, por volta das 17h45min, mas esta retornou do Apart Hotel, não chegando ao local onde se encontravam os vibrantes apreciadores daquele espetáculo, que permaneceram por lá até o final da luz do Sol.
Não existe um ponto fixo, pois temendo uma ‘blitz’, eles promovem uma rotatividade, sempre em uma das ruas do Loteamento Praia do Sol 2, entre as casas do setor embargado e a região próxima do Pirambu Hotel (antigo Apart Hotel Paraíso dos Oliveiras). As figuras são sempre as mesmas, conforme percebe-se observando de perto este ‘esporte’ abominável.
Particularmente não advogamos a tese da punição por punição, mas defendemos medidas sócio-educativas num primeiro momento, uma espécie de aconselhamento aos ‘galistas’, que se continuarem incorrendo em tal prática, aí sim, defendemos a aplicação da pena prevista no artigo 32 da Lei Nº 9.605/1998. Que não nos acusem de intolerantes, de que não avisamos, pois é público e notório o nosso posicionamento contrário também em 2008, quando inclusive encontramos problemas dentro de um grupo do qual participávamos e parte deste nutria simpatia pelo ‘Movimento Galistas’, inclusive patrocinando suas festas, embora nos assegurasse de que não havia participado.
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br
A Lei Nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, mais conhecida como Lei da Vida, ou Lei dos Crimes Ambientais, precisamente em seu artigo 32 diz que “praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”, constitui crime contra a fauna. As brigas de galo, realizadas em rinhas, são comuns em dezenas de cidades de Sergipe, em municípios do litoral, do agreste e do sertão. Pessoas de todas as classes, incrédulos religiosos (não atribuímos aos credos religiosos, pois não acreditamos ser uma orientação religiosa), das mais variadas vertentes sociais e culturais, tem sido flagrado assistindo, incentivando, ou praticando esta que é uma agressão cuja pena prevista em lei é “detenção de três meses a um ano e multa”.
O exemplo mais sintomático no país foi quando o marqueteiro Duda Mendonça foi flagrado em uma rinha de galo, declarando que este era seu “esporte” (credo), hobby (ah, bom) favorito. A Tribuna da Praia tem recebido ao longo dos últimos três anos incontáveis denúncias desta prática ignaminosa, tanto em nossa cidade quanto em cidades e povoados vizinhos. Sempre temos acreditado na capacidade de resignação das pessoas, crendo que eles renunciarão a este exercício que é condenado no mundo inteiro. Recentemente um juiz orientou que em uma vaquejada realizada na cidade de Lagarto, os animais não fossem submetidos aos maus tratos, só permitindo sua realização por uma questão eminentemente cultural. Não acreditamos que qualquer magistrado tenha permitido a existência de rinhas, cujos praticantes são chamados em nossa cidade de galistas.
Na primeira vez, em 2007, ao flagrarmos uma briga de galo na Rua Dois de Ouro (próximo a sede do Grupo Folclórico Ilariô de Pirambu) ligamos para o Pelotão Ambiental, onde fomos informados que brigas de galos não é exclusividade de Pirambu, e que mesmo com a ação desta Unidade Militar, elas proliferam-se em várias cidades e povoados de Sergipe, reunindo apostas grandiosas. Aqui, são realizadas festas entre galistas (como são chamados os apreciadores das brigas de galo). Acionada a delegacia de polícia, através do sargento Rodrigues, este se dirigiu para o local cerca de meia hora depois do horário que foi informado, não efetuou o flagrante.
Na tarde de ontem, 13, por volta das 16h30 min, fomos informados por de telefone de mais uma reunião de galistas, municiados de seus ‘atletas’, e através de e-mail, às 18:24 recebemos as fotos que estão arquivadas em nosso banco de imagens. Imediatamente acionamos a delegacia de polícia que enviou para o local uma viatura, por volta das 17h45min, mas esta retornou do Apart Hotel, não chegando ao local onde se encontravam os vibrantes apreciadores daquele espetáculo, que permaneceram por lá até o final da luz do Sol.
Não existe um ponto fixo, pois temendo uma ‘blitz’, eles promovem uma rotatividade, sempre em uma das ruas do Loteamento Praia do Sol 2, entre as casas do setor embargado e a região próxima do Pirambu Hotel (antigo Apart Hotel Paraíso dos Oliveiras). As figuras são sempre as mesmas, conforme percebe-se observando de perto este ‘esporte’ abominável.
Particularmente não advogamos a tese da punição por punição, mas defendemos medidas sócio-educativas num primeiro momento, uma espécie de aconselhamento aos ‘galistas’, que se continuarem incorrendo em tal prática, aí sim, defendemos a aplicação da pena prevista no artigo 32 da Lei Nº 9.605/1998. Que não nos acusem de intolerantes, de que não avisamos, pois é público e notório o nosso posicionamento contrário também em 2008, quando inclusive encontramos problemas dentro de um grupo do qual participávamos e parte deste nutria simpatia pelo ‘Movimento Galistas’, inclusive patrocinando suas festas, embora nos assegurasse de que não havia participado.
11 de out. de 2009
Centro Social Urbano (CSU), patrimônio do povo de São José da Caatinga
Local é um símbolo de resistência cultural no maior povoado de Japaratuba
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br
Construído com recursos oriundos do poder público e entregue para que fosse gerenciado pela comunidade, através de instituições legitimadas, o Centro Social Urbano (CSU) Affonso de Oliveira Souza, no povoado São José, distante 9 km de Japaratuba, constitui-se em um dos mais significativos e representativos símbolos arquitetônicos daquela comunidade.
Conceito abrangente, dividido em 3 grandes categorias, segundo o mestre Huges de Varine Bohan, o patrimônio cultural está assim constituído: a) os elementos da natureza e meio ambiente; b) o conhecimento, as técnicas, o saber, o saber fazer e c) toda produção humana (objetos, artefatos e construções). O CSU de São José consegue reunir em um só lugar estas três categorias.
Alí está um exemplo de monumento da arquitetura moderna, o que representa a produção humana, na modalidade construções. Pela sua natureza e a função social, reúne o conhecimento humano, estando representado através do Centro Cultural Canudos em Movimento, da Biblioteca Comunitária e pelo seu majestoso espaço onde acontece as festas sociais mais representativas do povoado, sempre com as presenças das famílias, de todas as idades. Cercado de verde, por área de lazer, por uma igreja que é outro símbolo de São José da Caatinga, está completa o seu conjunto que lhe credencia como um patrimônio do Vale do Japaratuba.
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br
Construído com recursos oriundos do poder público e entregue para que fosse gerenciado pela comunidade, através de instituições legitimadas, o Centro Social Urbano (CSU) Affonso de Oliveira Souza, no povoado São José, distante 9 km de Japaratuba, constitui-se em um dos mais significativos e representativos símbolos arquitetônicos daquela comunidade.
Conceito abrangente, dividido em 3 grandes categorias, segundo o mestre Huges de Varine Bohan, o patrimônio cultural está assim constituído: a) os elementos da natureza e meio ambiente; b) o conhecimento, as técnicas, o saber, o saber fazer e c) toda produção humana (objetos, artefatos e construções). O CSU de São José consegue reunir em um só lugar estas três categorias.
Alí está um exemplo de monumento da arquitetura moderna, o que representa a produção humana, na modalidade construções. Pela sua natureza e a função social, reúne o conhecimento humano, estando representado através do Centro Cultural Canudos em Movimento, da Biblioteca Comunitária e pelo seu majestoso espaço onde acontece as festas sociais mais representativas do povoado, sempre com as presenças das famílias, de todas as idades. Cercado de verde, por área de lazer, por uma igreja que é outro símbolo de São José da Caatinga, está completa o seu conjunto que lhe credencia como um patrimônio do Vale do Japaratuba.
10 de out. de 2009
A peleja Pirambu X Pacatuba - Parte VII: Juiz condena o IBGE a idenizar Pacatuba
O juiz da 3ª Vara Federal de Sergipe, Edmilson da Silva Pimenta, julgou procedente o pedido para condenar o IBGE a pagar indenização correspondente aos valores dos royalties e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) não destinados ao Município de Pacatuba (SE). O mencionado município ingressou com uma ação indenizatória, alegando haver erro no mapa municipal elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, fato que tem lhe causado vários prejuízos, sobretudo em relação aos royalties distribuídos pela Petrobrás em virtude da Estação Coletora do Robalo. O Município autor da ação defende que, pela legislação que define a divisa entre seu território e o de Pirambu, a referida Estação deveria pertencer a ele (Pacatuba), e não ao município vizinho (Pirambu).
Segundo o Município de Pacatuba, o IBGE, contrariando a legislação estadual e mapas da localidade, sem qualquer fundamentação, alterou de forma grosseira, para menor, as suas fronteiras, promovendo nova e ilegítima redação para seus contornos, na linha limítrofe com o Município de Pirambu, ação esta que foi respaldada e ratificada pelo próprio IBGE, através de Resolução datada do mês de outubro de 2002.
O magistrado justificou sua decisão, alegando a ilegalidade da alteração geográfica produzida pelo IBGE no Mapa Estatístico Municipal/2000, desde 10/10/2002, observando a retificação dos dados constantes do referido mapa, especificamente em relação aos marcos divisórios entre os municípios de Pirambu e Pacatuba, no Estado de Sergipe, fazendo-o de acordo com legislação estadual pertinente, e tomando por base a foz do Rio Brito, com as coordenadas plano retangulares dadas por Laudo Pericial.
O juiz destacou que a população municipal é um critério utilizado para o cálculo do FPM e que a supressão do território do demandante pelo demandado, conforme observado em laudo, gerou decréscimo populacional e, conseqüentemente, diminuição dos recursos oriundos do referido fundo. Portanto, restam demonstrados o dano e o nexo de causalidade, na medida em que a redução dos recursos, recebidos a título de royalties e FPM pelo Município de Pacatuba, se deu em por conta da delimitação equivocada do seu território registrada no Mapa Estatístico do IBGE do ano de 2000, concluiu Edmilson Pimenta.
Segundo o Município de Pacatuba, o IBGE, contrariando a legislação estadual e mapas da localidade, sem qualquer fundamentação, alterou de forma grosseira, para menor, as suas fronteiras, promovendo nova e ilegítima redação para seus contornos, na linha limítrofe com o Município de Pirambu, ação esta que foi respaldada e ratificada pelo próprio IBGE, através de Resolução datada do mês de outubro de 2002.
O magistrado justificou sua decisão, alegando a ilegalidade da alteração geográfica produzida pelo IBGE no Mapa Estatístico Municipal/2000, desde 10/10/2002, observando a retificação dos dados constantes do referido mapa, especificamente em relação aos marcos divisórios entre os municípios de Pirambu e Pacatuba, no Estado de Sergipe, fazendo-o de acordo com legislação estadual pertinente, e tomando por base a foz do Rio Brito, com as coordenadas plano retangulares dadas por Laudo Pericial.
O juiz destacou que a população municipal é um critério utilizado para o cálculo do FPM e que a supressão do território do demandante pelo demandado, conforme observado em laudo, gerou decréscimo populacional e, conseqüentemente, diminuição dos recursos oriundos do referido fundo. Portanto, restam demonstrados o dano e o nexo de causalidade, na medida em que a redução dos recursos, recebidos a título de royalties e FPM pelo Município de Pacatuba, se deu em por conta da delimitação equivocada do seu território registrada no Mapa Estatístico do IBGE do ano de 2000, concluiu Edmilson Pimenta.
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