Documento contém imperfeições antropológicas e será contestado
Por Claudomir Tavares / claudomir21@bol.com.br
Recheados de informações distorcidas, que não referenciam aquela comunidade nas condições que se propõe, tenta qualificá-la na condição de remanescente quilombolas. Utilizamos de nossa condição de cientista social, de pesquisador e possuidor de fontes primárias e secundárias, temos elementos para afirmar textualmente que aquela documento possui um conjunto de imperfeições jurídicas, aberrações históricas e distorções antropológicas.
Historicamente a região pretendida pela comunidade que se reivindica remanescente de quilombolas, foi ocupado pelos índios do tronco tupi, os tupinambás e desde o século XIX pelos moradores do Porto Grande, consoante farta documentação levantada por este portal e que se constitui parte integrante de nosso acervo pessoal.

Municiados destas informações, aqueles que sentirem-se constrangidos em seu direito pelo documento patenteado pelo INCRA, devem contestá-lo, pedir uma reavaliação, de preferência por um órgão que julgar isento para fazê-lo, preservando a história e a memória de seus ancestrais, os autênticos donos das terras.
O Pontal da Ilha de Santa Luzia, localizado as margens do Rio Japaratuba, na sua foz com o Oceano Atlântico começou a ser ocupado em 1984, primeiramente pelo senhor “Mané Piroca” (falecido) e posteriormente por Mário de Ramos. Depois chegaram dezenas de irmãos proveniente de Alagoas, de Pernambuco e outros estados do Nordeste, que passaram a constituir uma comunidade mesmo em território de Barra dos Coqueiros, estabelecendo laços estreitos com a cidade de Pirambu.

Mas daí reivindicar a condição de relação de ancestralidade com os que ali viveram, é, pelo menos, uma afronta a memória dos que viveram no Porto Grande e que até hoje mantém a memória viva através dos atuais proprietários de terras, que não se constituem latifundiários, mas donos de sítios, malhadas, terras posicionadas entre os rios Pomonga, Japaratuba e Oceano Atlântico, desde o Riacho da Zabé, a Foz do Japaratuba, a Baixada e o Oceano Atlântico.

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* Claudomir Tavares (42) claudomir21@bol.com.br é professor de História da rede municipal (Pirambu), estadual (Propriá) e do Pré-Universitário/SEED. Licenciado em História (UFS). Com Pós-Graduação em Gestão de Recursos Hídricos: Aperfeiçoamento (UFS) e Especialização (UFS), em Metodologia do Ensino Superior: Especialização (Faculdade São Luiz) e Mestrando em Gestão Ambiental (USC). Membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, do qual foi Secretário Geral e Presidente, representante da Colônia de Pescadores de Pirambu.
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