11 de jun. de 2010

Ex-juiz sonha com a prefeitura de Pirambu

Depois de César Rocha, Sílvia Cruz, André Moura e Zé Nilton, surge mais um ‘Salvador da Pátria’
Por Claudomir Tavares * | claudomir@infonet.com.br
O município de Pirambu é mesmo o paraíso do turismo político. Basta que um cidadão compre uma casa de veraneio, efetue uma inscrição eleitoral, ou se aparente com um cidadão pirambuense para se achar no direito de eleger-se síndico deste condomínio de quase 9 mil habitantes. Os resultados, com raras e sem muitas honrosas exceções, são desastrosos. Até 1982, estas tentativas foram rechaçadas pelos eleitores, que apostaram naqueles nascidos ou residentes em um dos cantos deste município cuja área geográfica é de 198,3 km², mas com uma participação na área do Estado de apenas 0,90 %. Assim, foram eleitos João Dória do Nascimento (1965 e 1972), Walter Amaral Lemos (1966), Juarez Lopes Cruz (1970), Daniel Luiz dos Santos (1976) e Marcos Lopes Cruz (1982).

A partir daí, tem-se início o ciclo dos prefeitos chamados por parte da população de ‘pára-quedistas’ ou ‘forasteiros’ (termo que particularmente não concordamos e evitamos utilizá-los). Foram eleitos neste período, sem fincar residência na cidade, apesar de possuir imóveis, César Vladimir de Bonfim Rocha – apoiado por Marcos Cruz (1988), Sílvia Maria de Vasconcelos Palmeira Cruz – apoiada por César Rocha (1992), André Luiz Dantas Ferreira – apoiado por Sílvia e Marcos Cruz (1996) e com a impugnação de Elio José Lima Martins, eleito para servir de instrumento dos Mouras, o pirambuense Juarez Batista dos Santos (2004). Depois de uma segunda tentativa, elege-se prefeito de Pirambu o atual José Nilton de Souza – apoiado por Marcos e Sílvia Cruz (2008).

Marcos e Sílvia, ex-prefeitos, o primeiro filho e irmãos dos ex-prefeitos Mário Trindade Cruz (Japaratuba) e Juarez Lopes Cruz (Pirambu) sempre recusaram-se em apoiar pirambuenses, fazendo opção por César Rocha (1988), André Moura (1996) e Zé Nilton (2008). Descontentes, apelam aos pirambuenses para manter algum filão do poder, como quando destronados de secretarias nas administrações André Moura e Zé Nilton. Marcos Cruz ensaia uma pré-candidatura em 2012, opondo-se ao ‘modus operandi’ do atual prefeito, de qual é o atual vice-prefeito.

Em Pirambu, as eleições são sempre marcadas pela polarização, principalmente desde 1976, quando disputaram o comando da prefeitura Daniel Luiz e Capitão Cardoso. Em 1982, apesar de cinco candidatos (Marcos Cruz, Lúcio Almeida, Zé Alexandre – PDS, Nelson Vieira e Seu Andrade – PMDB), estas se acirraram pelos dois primeiros. Em 1988, César Rocha e Carlinhos Amaral duelaram pela administração municipal, no primeiro rompimento do tripé ABC (Amaral, Cruz, Bonfim) – venceu as letras BC. Quatro anos depois, eram Sílvia Cruz que duelava contra o outro Amaral (Waltinho) – 2X0 para BC. Eram dois filhos da terra derrotados por dois herdeiros da tradição familiar do médico Lourival Bonfim e do agricultor Mário Trindade Cruz.

As eleições de 1996 foram marcadas pela polarização entre o então vice-prefeito Evaldo de Carvalho (Gago), apoiado pelo ex-prefeito César Rocha e toda oposição e o filho do deputado estadual Reinaldo Moura, André, que depois de eleito, rompeu com sua principal cabo-eleitoral, a antecessora Sílvia Cruz. Quatro anos depois, impunha a maior derrota a seu esposo, o também ex-prefeito Marcos Cruz. André Moura conseguiu manter o controle da prefeitura, elegendo uma de suas crias políticas, o vereador Juarez Batista prefeito de Pirambu (este se comportou como um instrumento de André, que era o prefeito de fato, até o rompimento em junho de 2007, resultando na malfadada oposição de triste memória.

Com o PMDB na prefeitura, através da interinidade do vereador Antônio Santana (que de vice-presidente da Câmara, apesar das denúncias que pesavam contra ele, foi alçado de forma injustificável do ponto de vista empírico a prefeitura de Pirambu, permanecendo até o final do mandato do prefeito afastado Juarez batista), ficou mais fácil a ascensão do seu correligionário José Nilton a prefeitura de Pirambu, na mais acirrada disputa política da nossa História, marcada pelo braço da traição do governador Marcelo Déda que apunhalou seus companheiros de partido.

Quando se imaginava superada esta etapa de eleição de políticos transgênicos (o termo não é agressivo, mas como elemento de compreensão da realidade), és que surge mais uma ficha que começa a render apostas de setores consideráveis da população. Ex-promotor e juiz da comarca de Japaratuba, o advogado João Guilherme de Carvalho tem uma presença muito forte na vida política de Pirambu. Atuou nestas condições em duas eleições importantes, cujas derrotas foram amargadas pela oposição liderada pelos irmãos Amaral (Carlinhos – 1988 e Waltinho – 1992), com todo respaldo dos grupos que se opunham aos Cruz e Bonfim.

Não podemos concordar com insinuações de que a presença do promotor e depois juiz naquele processo teria facilitado as vitórias das forças de situação, o que seria no mínimo leviandade e irresponsabilidade de nossa parte, mas tente tirar isso do imaginário popular. O fato é que, coincidente ou não, João Guilherme veio a ser vizinho do ex-prefeito César Rocha, adquirindo um terreno onde depois fincaria casa de praia, a maior em área em toda a porção urbana de Pirambu.

Aqui não estamos fazendo qualquer apologia contrário a legitimidade do fato do advogado tentar fincar os pés na política local, pois segundo o senso comum, com a ascensão deste ou de outro, é impossível Pirambu ficar como está, até porque as perspectivas apontam a reeleição do atual prefeito José Nilton ou a eleição de um representante do ex-prefeito André Moura, possivelmente Elinho Martins. Fala-se em uma possível candidatura do petista Vado de Gago, mas mesmo em seu partido não há quem acredite nesta possibilidade. Outro partido que já definiu pelo lançamento de candidatura própria é o Partido Verde, que definitivamente descartou aliança com Nilton, André ou os Gagos, por não vê muitas diferenças em seus projetos.

Segundo uma bem informada ponte ligada ao João Guilherme, este irá começar montar um grupo e disputar no mínimo em condições de igualdade a prefeitura de Pirambu em 2012. Apesar de apresentar-se como o ‘novo’, o ex-secretário de estado da Justiça e depois de Segurança Pública no governo de Albano Franco, que está filiado ao PSDB, já tentou disputar as eleições para deputado estadual em 2002, mas desistiu por não vê chances de vingar uma vitória de seu projeto. Pirambu seria, então, um Porto Seguro. Pelo seu perfil ideológico, ele não teria dificuldade em receber apoio do atual prefeito José Nilton ou do deputado estadual André Moura, aliás, com os quais mantém equilibrado relacionamento.

De nossa parte, que apostamos na pluralidade, apesar das discordâncias ou concordâncias com estes ou aqueles nomes, desejamos boas vindas ao senhor João Guilherme, acreditando que o seu ingresso na política via Pirambu apimenta a política local.
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* Professor da rede pública municipal em Pirambu, estadual em Propriá e do Pré-Universitário/SEED

Um comentário:

Luiz disse...

1º O Dr. João não ex-juiz e sim juiz aposentador
2º É uma pessoa que os pirambuenses contam para a melhora da cidade, e respeitam, e tenho certeza q o Dr. não decepcionaria nenhum cidadão pirambuense se for eleito preifeito do município.

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