7 de jun. de 2010

A Pré-História Sergipana

Por Fernando Lins de Carvalho
I – A Pré-História Brasileira

A reconstrução da pré-história brasileira emerge de inúmeros vestígios que indicam a presença humana no espaço que ora ocupamos.

Os vestígios podem ser diretos, ou indiretos.

Os locais onde são encontrados os artefatos são identificados como sítios arqueológicos.

A pré-história brasileira é dividida em dois grandes períodos:

Quaternário:

1. Culturas do Pleistoceno:

Anteriores a 12.000 anos A.P. (Antes do Presente – que por convenção, é 1950).

2. Culturas do Holoceno:

Posteriores a 12.000 anos A.P.

1. Culturas do Pleistoceno: anteriores a 12.000 AP.

Época que segue ao plioceno (terciário) e marca o início do quaternário. Estendeu-se nos dois últimos milhões de anos até doze mil anos passados, quando dá-se o início do holoceno. Este período testemunhou a evolução biológica e cultural do gênero homo.

Aparece o Homem americano e os primeiros registros do homem pré-histórico no Brasil.

A partir das teorias propostas, alguns pontos convergentes são aceitos na atualidade:

- Não há autoctonismo na América;

- Não houve e nem há um tipo ameríndio biologicamente homogêneo.

- A imigração mongolóide foi a preponderante.

- Subsistem dúvidas sobre outros tipos humanos que tenham contribuído para o povoamento da América.

2. Culturas do Holoceno: posteriores a 12.000 AP.

Atual período do quaternário iniciado a aproximadamente dose mil anos. Os sítios arqueológicos do Brasil estão incluídos no período, salvo alguns ao final do pleistoceno.

A pré-história brasileira no período quaternário, o holoceno, é subdividida em duas fases: pré-cerâmicas, entre 12.000 a 5.000 anos A.P. e dos ceramistas, entre 5.000 anos A.P. ao presente.

Nas culturas pré-cerâmicas, a pedra era predominantemente utilizada para fabricar artefatos que englobam ferramentas, armas e objetos de adornos.

Os sambaquis foram caracterizados como sendo as culturas pré-cerâmicas do litoral. Em lagunas, baías, enseadas ou ao longo dos mangues há o registro de importantes sítios arqueológicos classificados como sambaquis, palavra que significa amontoado de mariscos ou conchas, compreendendo, portanto, os acúmulos artificiais de conchas e moluscos.

As culturas dos ceramistas estão subdivididas em:

a) Culturas Meridionais: tradições Taquara e Itararé – os grupos pré-históricos procuraram o planalto meridional, distante dos rios mais importantes, provavelmente fugindo do avanço tupi-guarani, os hábeis canoeiros.

b) A Cultura do Brasil Central e Nordeste: tradições Uma e Aratu - as culturas da tradição Uma situaram-se nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas e Goiás.

A tradição ARATU ocupa um vasto território: de São Paulo a Mato Grosso e do litoral da Bahia ao Rio Grande do Norte.

II – A Pré-História Sergipana

Dentre os agrupamentos pré-históricos sergipanos, as sondagens, escavações e raras citações bibliográficas permitem, como hipótese preliminar, a identificação de três culturas: Cultura Canindé, Cultura Aratu e Cultura tupiguarani.

Culturas pré-históricas em Sergipe

As culturas pré-históricas em Sergipe já foram identificada em 11 municípios sergipanos:

Canindé do São Francisco Cultura Canindé
Frei Paulo Cultura Aratu
Riachuelo Cultura Aratu
Divina Pastora Cultura Aratu
Pacatuba Cultura Tupiguarani
Santo Amaro das Brotas Não Identificada
Riachão do Dantas Não Identificada
Pedrinhas Cultura Aratu
Arauá Não Identificada
Santa Luzia do Itanhi Cultura Aratu
Cristinápolis Cultura Aratu

1. A tradição Canindé – 9.000 AP

A área pesquisada compreende sondagens e escavações sediadas em terraços e afluentes do rio São Francisco, em canyon inundado com o represamento das águas do rio, em Xingó, Canindé. Os sítios ocupam os topos ou flancos dos terraços e abrigos em riachos afluentes, onde foram localizados, em sua maioria, os sítios de registro rupestres.

2. Tradição Aratu – 800 a 1700 AP

A tradição Aratu, a partir de prospecção efetuadas nos Estados de Bahia, Sergipe e Pernambuco, foi estabelecida pelo arqueólogo Valentin Calderón, integrante do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas – PRONAPA, nos anos sessenta. Pretende-se tal denominação ao Sítio Arqueológico Guipe, no centro industrial Aratu, onde Calderón efetuou salvamento arqueológico.

3. Tradição Tupiguarani – 900 a 1900 AP

A última expansão cultural pré-cabralina no litoral brasileiro foi efetivamente, a Tupi-guarani. A coesão e similitudes culturais entre os diversos aldeamentos na costa brasileira lastreiam a hipótese de uma ocupação recente, quando da presença européia, no século XVI.


Bibliografia:

CARVALHO. Fernando Lins. A pré-história sergipana. Aracaju: UFS, 2000.

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