Autor: José Lima Santana
1. Doação da Capitania da Bahia de Todos os Santos por Dom João III, em 4 ou 5 de abril de 1534, numa extensão de “50 léguas de terra da minha costa do Brasil a contar da ponta Sul da barra do São Francisco em direção à baía de Todos os Santos”, em que se encontrava incluído o território de Sergipe.
2. Fracasso da tentativa de colonização da Capitania da Bahia de Todos os Santos com a morte de seu donatário, Francisco Pereira Coutinho. O território sergipano permaneceu à margem da colonização portuguesa, ocasionando a chegada dos piratas franceses, atraídos pela abundância do pau-brasil em seu litoral. Contaram eles com a colaboração dos Tupinambás, indígenas da região. Em 1548 as terras sergipanas seriam resgatadas pelo Rei de Portugal, passando, a partir daí, a denominar-se “Capitania de Sergipe del Rei”.
3. Em 1575, Luís de Brito, Governador Geral da região norte do Brasil, vai tentar a colonização do território entre os rios Real e São Francisco. Inicialmente, a tarefa confiada aos Jesuítas Gaspar Lourenço e João Salônio foi bem sucedida, tendo alcançado as margens do rio Vaza-Barris, sendo lançados os fundamentos da colonização nas três aldeias indígenas criadas: São Tomé, Santo Inácio e São Paulo. Na capela de São Tomé teria funcionado a primeira escola de Sergipe. A intervenção dos soldados de Luis de Brito fez fracassar o início da colonização jesuíta, ao travar-se a luta em que foram destruídas as aldeias indígenas após serem vencidos os caciques Serigi, Surubi e Aperipê.
4. Nenhuma tentativa de colonização foi feita após a luta, voltando os franceses à terra sergipana. O desenvolvimento da Colônia passou a exigir a comunicação, por terra, entre Bahia e Pernambuco, sendo imprescindível a colonização de Sergipe. Em 1589, Cristóvão de Barros, que governava interinamente a Bahia, na qualidade de Provedor-Mor da Fazenda Real, por ter falecido o governador Manoel Felix Barreto, recebeu uma ordem de Felipe, rei da Espanha e de Portugal “para que fosse refrear os insultos dos ferozes selvagens, os quais incorporados com os franceses causavam por todo o vasto distrito de Sergipe os danos mais desastrosos”, como assinala o memorialista citado no item 11. Deu-se, assim, em 1° de janeiro de 1590, a definitiva conquista de Sergipe quando caíram vencidos Baepeba e outros caciques. Foi erigida a fortificação de São Cristóvão, que seria chamada de cidade, sendo, de tal forma, a quarta mais antiga do Brasil.
5. Foram distribuídas diversas sesmarias, e a colonização sergipana se processou no sentido sul-norte, escudada na criação de gado. “Antes de ser lavrador, o sergipano foi pastor”, como disse Felisbelo Freire. Só no início do século XVII surgiram os primeiros engenhos, sendo de vital importância os vales dos rios Real, Vasa-Barris, Sergipe, Cotinguiba e Japaratuba.
6. Fixaram-se os religiosos Jesuítas (1597), Capuchinhos (1603), Carmelitas (1618 ou 1619) e, por fim, os Franciscanos, que se tornariam proprietários de terras, gados e engenhos.
7. Contribuiu para a exploração do interior sergipano, a lenda das Minas de Prata da Serra de Itabaiana, à qual está ligado o nome de Belchior Dias Moréia (1619).
8. A invasão holandesa, em 1637, interrompeu o progresso sergipano. Os rebanhos foram dizimados, São Cristóvão incendiada, os habitantes dispersos. A matança dos rebanhos e o incêndio e destruição da cidade foram praticados tanto pelas tropas holandesas quanto pelas tropas portuguesas, que batiam em retirada, sob o comando do Conde de Bagnuolo.
9. Após a expulsão dos holandeses, que se iniciou em 1645, com a tomada do forte holandês, no Rio Real, se vai recompondo a vida sergipana com o retorno da expansão da pecuária e o desenvolvimento das culturas de subsistência.
10. Em 1696, Sergipe adquire autonomia judiciária com a criação da Ouvidoria de Sergipe, sendo, em seguida, criadas as primeiras vilas.
11. No século XVIII, cresceu o número de engenhos, e nos fins do século, começou pelo agreste, a expansão do algodão. Foi muito tumultuada a vida de Sergipe: problemas dos limites com a Bahia, lutas entre ouvidores e capitães-mores, prepotência dos senhores de terra.
12. Datado de 1808, há um documento importante da realidade sergipana do começo do século XIX: Memória sobre a capitania de Sergipe, do bispo Dom Marcos Antônio de Souza, que fora vigário da Freguesia de Jesus, Maria e José de São Gonçalo do Pé de Banco (Siriri). Alcançava, na época, a população de Sergipe 72.236 habitantes, sendo 20.300 brancos, 19.954 negros, 1.440 índios e 30.542 raças combinadas (mestiços). Vê-se quão dizimados foram os habitantes primitivos. Existiam sete vilas: Santa Luzia, Geru, Santo Amaro das Brotas, Própria, Nossa Senhora da Piedade de Lagarto, Santo Antônio e Almas de Itabaiana e Vila Nova do Rio São Francisco. Sobressaíam-se as povoações de Laranjeiras e Estância.
13. Em 08 de julho de 1820, Carta Régia de Dom João VI elevava Sergipe à categoria de Capitania independente da Bahia, nomeando, nesse mesmo mês, Presidente, O Brigadeiro Carlos César Burlamaqui.
14. Burlamaqui tomou posse no começo de 1821, só governando um mês, sendo deposto por tropas vindas da Bahia, às quais se aliaram muitos senhores de terra de Sergipe. Seguiu-se um período de lutas em que se confundem a luta pela emancipação política sergipana e a luta pela Independência do Brasil.
15. Em 05 de dezembro de 1822, Dom Pedro I foi aclamado Imperador, festivamente, pelos sergipanos, sendo nomeado, em novembro do ano seguinte, o primeiro Presidente, o Brigadeiro Manuel Fernandes da Silveira, que enfrentou sérios problemas com a classe dominante da Província.
16. A Abdicação de Dom Pedro I, em abril de 1831, foi festivamente recebida em São Cristóvão, reflexo do forte sentimento antilusitano desenvolvido durante as lutas da Independência.
17. Em 1832, se afirmava a imprensa em Sergipe com a circulação do primeiro jornal, O Recopilador Sergipano, em Estância, fundado pelo Monsenhor Antônio Fernandes da Silveira (1832-1834).
18. O Ato Adicional (1834) trouxe à Província de Sergipe, como às demais Províncias, maior autonomia administrativa com a instalação da Assembléia Legislativa Provincial. Mas os Presidentes das Províncias continuariam a ser nomeados pelo Imperador.
19. Em 1836, Sergipe passou por dias de agitação com a Revolução de Santo Amaro, que se estendeu por outras vilas. Nela se definiram os partidos, Liberal e Conservador, que dominaram a vida política sergipana durante o Império.
20. Os presidentes se sucediam, pouco permanecendo à frente da administração, enfrentando o poder da classe dominante dos senhores de terra, que controlavam a Assembléia Legislativa Provincial, as Câmaras Municipais e mantinham a Guarda Nacional criada por Feijó em 1832.
21. A indústria açucareira era suporte econômico de Sergipe. Dependendo do comércio externo, as oscilações do preço do açúcar repercutiam na vida da província. Na década de 1860, o algodão tomou impulso, alastrando-se o cultivo pelo agreste, fazendo surgir prósperos núcleos urbanos. Em 1884, com o funcionamento da fábrica Sergipe Industrial, começou a indústria têxtil em Sergipe.
22. Em 1855. Inácio Joaquim Barbosa transferiu a capital da velha cidade de São Cristóvão para o povoado de Santo Antônio do Aracaju, dentro da geopolítica da época, em que o eixo político deveria coincidir com o eixo econômico.
23. As idéias abolicionistas ecoaram em Sergipe, destacando-se a Cabana do Pai Tomás, sociedade emancipadora que funcionou em Aracaju, e os jornais, O Libertador e O Descrito, fundados por Francisco José Alves. Entre os emancipacionistas destacou-se a poetisa e professora Etelvina Amália de Siqueira.
24. Só em 1888, foi fundado em Sergipe o Partido Republicano, na cidade de Laranjeiras, destacando-se entre os propagadores das idéias republicanas, Felisbelo Freire, Carvalho Lima Júnior, Baltazar de Góis, Josino Menezes, Manuel Curvelo de Mendonça e os jovens oficiais de Exército e da Marinha, José Siqueira de Menezes e Amintas José Jorge, respectivamente.
25. A Proclamação da República foi recebida festivamente em Sergipe, assumindo o governo, provisoriamente, uma Junta Governativa, que passou no mês seguinte, ao Presidente nomeado por Deodoro, o historiador Felisberto Freire.
26. O advento da República não alterou a estrutura sócio-política de Sergipe. Os líderes monarquistas aderiram ao novo regime, alijando do poder os setores médios que se haviam batido pelo seu triunfo. Em decorrência da promulgação, em maio de 1892, da primeira Constituição sergipana, foi eleito o primeiro Presidente Constitucional, o Capitão do Exército José Calazans. Este não concluiu o mandato, deposto por um movimento golpista liderado pelo Coronel Manuel Prisciliano de Oliveira Valadão, fato que fez surgir os partidos conhecidos como Pebas e Cabaús.
27. As oligarquias voltaram ao comando político do Estado, fazendo uso dos métodos políticos de antigamente. Em 1906 a Revolta liderada por Fausto Cardoso depôs o Presidente do Estado Guilherme de Campos. Mas Fausto seria assassinado e o governo restabelecido. No Rio de Janeiro, meses depois, seria assassinado o Senador Mons. Olímpio Campos, por um filho e um sobrinho de Fausto Cardoso, que lhe atribuíam a morte do grande tribuno sergipano.
28. A Guilherme de Campos sucederam os Presidentes Rodrigues Dórea, Siqueira de Menezes, Oliveira Valadão, Pereira Lobo, Graccho Cardoso e Manuel Dantas.
29. Em 1° de novembro de 1909 foi inaugurado o serviço de água encanada de Aracaju, a cargo da Empresa de Abastecimento D’água do Pitanga, que, em 14 de fevereiro de 1910, teria a nomenclatura alterada para Companhia de Melhoramentos de Sergipe, com capital de 500:000$000 (quinhentos contos de réis), divididos em 2.500 ações de 200$000 (duzentos mil réis) cada uma, cabendo a Francisco de Andrade Melo o total de 2.200 ações.
30. O governo de Graccho Cardoso (1922-1926) foi agitado pelo Tenentismo, com os levantes de 1924 e 1926, sob a liderança do Tenente Augusto Maynard Gomes.
31. O Presidente Manuel Dantas seria forçado a abandonar o governo, poucos dias antes de terminar seu mandato, em outubro de 1930, com a chegada a Sergipe das tropas vitoriosas, comandadas por Juarez Távora. O Presidente eleito, Cel. Francisco de Souza Porto, não seria empossado. Na gestão de Manuel Dantas o cangaceiro Lampião entrou em solo sergipano, onde seria processado por crime de homicídio, em 1930, na cidade de Nossa Senhora das Dores.
32. Após breves governos provisórios, Getúlio Vargas nomeia para governar Sergipe Augusto Maynard Gomes, empossado em dezembro de 1930.
33. A Assembléia Constituinte Estadual, instalada em maio de 1935, eleita que fora no ano anterior, elegeu o médico e militar Eronides de Carvalho, que derrotou Maynard Gomes. Com o golpe de 1937, Eronides, que o apoiou, se tornou Interventor até 1941, quando o substituiu o Capitão Milton Azevedo.
34. Em 1942, Maynard Gomes volta à chefia do Governo, nele permanecendo até 29 de novembro de 1945, quando Getúlio foi deposto. No seu governo o submarino alemão “U-507”, sob o comando do capitão Harro Schacht, torpedeou alguns navios mercantes na costa de Sergipe.
35. Após os governos provisórios de Hunald Santaflor Cardoso, como Presidente do Tribunal de Justiça, e do Interventor Antônio Freitas Brandão, assumiu o Governo do Estado, após eleição, o jovem engenheiro José Rolemberg Leite (1947-1951). A seguir, governaram Sergipe Arnaldo Rolemberg Garcez, Leandro Maciel, Luís Garcia e João de Seixas Dória, que seria deposto em abril de 1964.
36. A Seixas Dória sucederam Sebastião Celso de Carvalho (1964-1967), Lourival Baptista (1967-1970), João Andrade Garcez (1970-1971), Paulo Barreto de Menezes (1971-1975), José Rolemberg Leite (1975-1979), Augusto do Prado Franco (1979-1982), Djenal Tavares de Queiroz (1983-1983), João Alves Filho (1983-1987), Antônio Carlos Valadares (1987-1991), João Alves Filho (1991-1995), Albano do Prado Pimentel Franco, que seria reeleito (1995-2003), e João Alves Filho (2003-...).
Referências Bibliográficas
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FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe. 2 ed. Petrópolis: Editora Vozes/Governo de Sergipe, 1977.
NASCIMENTO, José Anderson. Sergipe e seus Monumentos. Aracaju: Gráfica Editora J. Andrade, 1981.
NUNES, Maria Thetis. História de Sergipe a partir de 1820. Rio de Janeiro: Editora Cátedra/INL, 1978.
__________________. Sergipe Colonial II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2000.
SANTANA, José Lima. História do Saneamento Básico em Sergipe. Aracaju: DESO, 1999.
SANTOS, Aldeci Figueiredo et ANDRADE, José Augusto. Nova Geografia de Sergipe. Aracaju: UFS/SEDL, 1998.
SOUZA, D. Marcos Antônio de. Memória sobre a Capitania de Sergipe. 2 ed. Aracaju: DEE, 1944.
VÁRIOS AUTORES. Sergipe Artístico e Monumental. Aracaju: Governo do Estado de Sergipe, 2000.
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