O quilombo da Patioba existe e resiste
Por Claudomir Tavares claudomir@infonet.com.br
A comunidade quilombola do povoado Patioba, distante 7,5 km da sede do município de Japaratuba realizou no período de 20 a 22 de Novembro mais um Quilombofest, evento promovido pela Associação Comunitária Quilombola da Patioba, que encontra-se em sua sexta edição. Da programação constaram Cine Patioba, Apresentações Culturais, Oficinas, Torneio de Futebol, entre outras. Presidida pela jovem e ativista Maria Normélia Melo, mais conhecida por Mel, a associação conseguiu mobilizar a comunidade em torno da celebração da condição de comunidade reconhecida pela Fundação Palmares e sobre as homenagens a líder Zumbi dos Palmares e a todos que, como ele resistiram e continuam resistindo no sentido de manter atual a ancestralidade. Em entrevista exclusiva a Tribuna da Praia, a jovem remanescente quilombola que é também a vocalista de um grupo afro-cultural, que tem se apresentado no povoado e em outras comunidades fala da responsabilidade de promover e não deixar morrer as manifestações que se reportam a ancestralidade de sua gente.
TRIBUNA DA PRAIA – Qual a avaliação que você faz depois de seis anos de Quilombofest?
MARIA NORMÉLIA MELO – Primeiro quero informar que, mesmo como presidente da Associação, eu não me considero a organizadora do evento. A organização é da comunidade, eu sou parte dela. Por isso, formei este grupo quilombola, com o objetivo de resgatar a cultura daqui. A avaliação que faço dos seis anos do Quilombofest tá sendo uma persistência que ta dando certo, apesar que o primeiro quilombofest quase que não teve um público da comunidade. Nosso objetivo é fazer com que a comunidade participe e hoje não estamos vendo uma participação maior da comunidade, conforme você pode ver pela presença nas oficinas.
TRIBUNA – A comunidade tem se sensibilizado para a necessidade de participar, de integrar-se as atividades promovidas pela associação, sendo o Quilombofest a maior expressão?
MEL – Hoje o público maior é da comunidade, porque o objetivo é conscientizar a comunidade quilombola. Apesar de tirarmos um pouco das raízes, aonde fica um pouco reprimida, mas acredito que hoje as pessoas já se sentem mais incentivadas, com uma maior participação nas oficinas, que era difícil de participar.
TP – Que grupos estão organizados atualmente na comunidade e quais outros você gostaria de vê-los retomados?
MEL – Hoje nós temos o Xangô de Nagô, a Dança Afro Quilombola, o Pastoril e o Samba de Côco. O que eu gostaria de vê retomado era o São Gonçalo. Samba de Aboio, Samba de Coxa.
TP – Você nos deixou curiosos: o que consiste o Samba de Coxa?
MEL – Era uma brincadeira em que as pessoas brincavam ao redor do ‘pé-de-figo’, um pé de árvore muito antigo, e aí eles batiam coxa com coxa e ficavam brincando, isso se tornava uma brincadeira deles.
TP – Depois de 314 anos de morte de Zumbi dos Palmares, qual a avaliação que você faz do Movimento de Resistência no Brasil, em Sergipe e aqui em Patioba?
MEL – As pessoas se fundamentam, tudo bem, na História de Zumbi, que lembram a morte de Zumbi, mas é preciso também de pessoas que hoje estão vivas e que lutam assim por este movimento. Pessoas importantes e que lutaram, né, e que não fiquem assim focadas em Zumbi. Zumbi é sim a nossa marca, mas existiam pessoas como Dandara que lutaram também neste movimento e que também nós somos a raiz de Zumbi, que resistiu e que precisamos desse espaço.
TP – Na noite de ontem assistimos a um documentário produzido pela ONG ‘A Cor da Cultura’ em que uma líder de um candomblé baiana afirmava que seu povo estava cansado de ser OBJETO de pesquisa e que agora ela queria ser SUJEITO. O que você acha desta atitude da líder religiosa?
MEL – Eu achei bastante interessante por que as vezes existem muitas entidades aqui a gente só seria número, né, o concreto mesmo, o que é que a gente queria, o que é que eles queriam com isso? Só que a gente fosse número? Eu acho muito bonito esta avaliação dela.
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