9 de mai. de 2010

Reeducação Política

Por Ronaldo Pereira de Lima * | ronperlim@bol.com.br

O problema da política não estar nos políticos, mas no modo de se fazer política, de se pensar a política e de escolha política.

Neste país, faz-se política de várias maneiras: pela aparência, pela picuinha, pelos interesses pessoais e egoístas, pelo comércio eleitoral, pela mídia, pela mentira, pela fofoca, pela antipatia etc. Explico: conversava outro dia sobre a eleição presidencial. Ouvi o nome de Dilma ligado ao de Lula, o de Serra ao de FHC. Os simpatizantes do primeiro argumentavam a crise superada, a não dependência do FMI, as não privatizações, os inúmeros concursos públicos etc. e os do segundo diziam que o Plano Real foi criação dos tucanos, o Bolsa Família (Uma mentira, porque o Bolsa Família é a reunião do Vale Gás, Bolsa Escola e Vale Transporte criados no governo de FHC), o não reajuste das aposentadorias (O fator previdenciário foi criado no governo FHC), que o governo Lula já pegou a casa arrumada e outras bobage ns..

Quando os ânimos se apaziguaram, eu olhei para os meus amigos e lhes disse: minha candidata ao cargo de presidente é Marina Silva. Uns me taxaram com estas frases: “Eu é que não voto numa mulher feia daquela”; “Ela não vai ganhar mesmo. Não gosto de votar para perder!” Os mais estúpidos perguntaram: “Quem é Marina Silva?” Tentei explicar, por meio da história de vida dela, sua conduta ilibada, sua capacidade de refletir as causas sociais, sua carreira política, seu preparo para assumir o cargo de presidente da República. Mesmo assim tive que ouvir de estúpidos dos estúpidos que “não votaria em mulher”. Mesmo assim continuei argumentando. Expus as falhas do governo Lula e suas péssimas coligações, assim como mostrei as falhas do governo de FHC que não nos dava dignidade, rezava, lia e falava muito bem a cartilha norte-americana (E não americano, como querem muitos). Por último, disse-lhes que o governo Serra é péssimo por causa de dois fatos simples: os confrontos entre as polícias civil e militar no ano de 2008 e a recente greve dos professores no estado de São Paulo, recepcionada por cassetetes da polícia militar. E concluo: se alguém não se abre para o diálogo para duas peças fundamentais de uma democracia que é a segurança e a educação, como administrará um enorme e complexo país como o nosso?

Após a minha exposição, uns se dispersaram, outros se calaram. Outros assuntos foram abordados. Quando estava sozinho, pensava sobre no que disse, o que eles iriam pensar a respeito e fiz esta reflexão: uma pessoa má educada (não importa se seja analfabeta ou carregue um diploma universitário) conjuga das mesmas ideias de corrupção quando fazem péssimas escolhas, para depois reclamar nas esquinas.

É necessária uma reeducação política, assim como se prega bastante a reeducação alimentar e ambiental. Sem essa reeducação, sempre haverá péssimas escolhas, péssimos candidatos, políticas ruins e excludentes.
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* Ronaldo (Pereira) de Lima nasceu em Porto Real do Colégio, Alagoas. Escritor, poeta, pesquisador, colunista do jornal on-line Tribuna da Praia (http://www.tribunadapraia.net/) e da Associação Amigos Guerreiros Solidários (http://www.guerreirossolidarios.com/). É autor dos livros Ás Margens do Rio Rei (aspectos gerais do município); Porto Real do Colégio: Sociedade e Cultura; Agonia Urbana (prosa poética); coautor e organizador de A minicoletânea de escritores colegienses (prosa poética), coautor dos livros O lugar da poesia e da prosa e Ritmo Vital (antologias).

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