
Não bastasse a cata desenfreada para o consumo humano, a poluição nos manguezais e o descuido com a preservação do habitat natural do bicho afetam diretamente na reprodução. Eu morro de pena, mas não deixo de comer. Lembro, inclusive, com saudade daqueles tempos em que sentávamos nos quiosques ao longo da praia de Atalaia e devorávamos dúzias e mais dúzias de caranguejos enormes, apetitosos. Hoje não se pode mais fazer isso em mesas de bares. Até porque o preço está nas alturas. No máximo, pedimos uns seis e nos damos por satisfeitos.
Mas confesso aqui minha preocupação com o fato. A espécie, segundo os especialistas, leva de sete a oito anos para chegar à fase adulta. Por isso não se recomenda capturá-la com carapaça abaixo dos sete centímetros. E quase ninguém atenta para isso. Estão capturando – e consumindo - o animal com tamanho abaixo do recomendado. Sem falar que ainda tem muita gente achando que comer a fêmea é algo que satisfaz ainda mais o paladar. A fêmea, é claro, do caranguejo. Como é que pode?
Tudo bem que na região Nordeste o caranguejo-uçá seja um importante recurso pesqueiro, com elevado valor sócio-econômico, gerando emprego e renda para milhares de famílias que habitam zonas litorâneas, mas até essa condição precisa ser revista. Até porque a própria atividade pode entrar em colapso num curto espaço de tempo. Atentem bem. Ou a gente se preocupa com essa questão agora, ou num futuro bem próximo comer caranguejo num barzinho de Aracaju será apenas coisa do passado que acabou virando assunto saudoso numa roda de conversa qualquer. Ainda bem que a cerveja gelada não corre o risco de extinção.
Gilson Sousa(Força da Palavra) - Em: 30/10/2010
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