26 de nov. de 2010

AGNALDO SILVA: Pirambu tem História (Literatura de Cordel)

Autor: Agnaldo dos Santos Silva / agnaldocordelista@gmail.com

Agnaldo dos Santos Silva nasceu no dia 11 de agosto de 1977 em Japaratuba-SE, mas sempre residiu em Pirambu. Filho de José Cláudio da Silva (Zezé Ferreirinha) e Maria Florência dos Santos Silva. É casado com Maria das Graças Santos com quem tem dois filhos (Fábio e Ágnes). Graduado em História pela Faculdade de Formação de Professores de Penedo (FFPP), é professor concursado da rede pública municipal de ensino de Pirambu desde 1999, tendo atuado nas escolas XV de Novembro (Pov. Alagamar), Silvino Antônio de Araújo e Laudelina Moura Ferreira (ambas em Aguilhadas), Mário Trindade Cruz (em Pirambu) e José Amaral Lemos (professor contratado). Participou de diversos eventos culturais a exemplo do Culturarte, sempre defendendo a poesia popular. Integrante da ONG Vereda da Cultura tem desempenhado um importante papel na difusão da cultura popular, em especial no teatro e na literatura de cordel, onde tem dado voz às questões sócio-ambientais culturais.

Salve a todos os leitores
Salve a pátria brasileira
Nos escritos de cordel
Conhecemos de primeira
A história de Pirambu
Terra de gente guerreira

Pirambu quando surgiu
De "Ilha" era chamado
Território de nativos
Que outrora no passado
Povoaram esse lugar
Pelos deuses abençoado

Como sempre a natureza
Dar a sua contribuição
No belo Oceano Atlântico
Surgiu mais uma opção
Pescava-se o "Pirambu"
Para garantir a refeição

Devido à abundância
Desse bendito pescado
Os antigos moradores
Mudaram o anunciado
De "Ilha" pra "Pirambu"
O lugar foi batizado

A invasão de outros povos
Deixou marcas na memória
Fez esse povo batalhar
Marcando assim a história
Em colônia se organizaram
E legitimaram a vitória

O século XVIII findava
E vinham da redondeza
Da Bargada e Dois de Ouro
Pra dizer com mais certeza
Meia dúzia de famílias
Em busca dessa riqueza

Dizem os mais antigos
Que numa certa ocasião
Pirambu estava na rota
De D. Pedro e comissão
Mas o mesmo desistiu
No canal de São Sebastião

Com a matança dos "índios"
Seguiu então a exploração
Frei Fabiano foi incumbido
De resolver a situação
Promover a catequese
Apaziguar a população

O imperador Pedro II
Publicou no itinerário
"Divididas serão as terras"
Para o mais fiel donatário
D. Delmira e seu Agostinho
Providenciaram o escriturário

Em mil novecentos e onze
O Senhor José Amaral
Comprou a Manoel Gonçalves
A propriedade colonial
E logo instalou na vila
Uma sortida casa comercial

A Colônia de Pescadores
Foi criada logo em seguida
Para defender a causa
Dessa gente tão sofrida
E assim no ano seguinte
Uma igreja foi erguida

E para bem representar
A comunidade pesqueira
Foi trazida lá da França
A imagem da mãe verdadeira
Nossa Senhora de Lourdes
É a nossa fiel padroeira

Na década de cinqüenta
Pirambu se organizava
Com poucas casas de taipa
A vila aos poucos prosperava
Desmembrar de Japaratuba
A população já sonhava

Após diversos encontros
Para estudar a situação
Doutor Linhares preparou
Toda a documentação
Tratava-se de um projeto
Referente a emancipação

E João de Seixas Dória
Deferiu a emancipação
Pirambu foi desmembrado
Da nossa antiga “missão”
E aos vinte e seis de novembro
Fizemos uma comemoração

O ano de sessenta e três
Marca a nossa independência
E a Lei um, dois, três, quatro
É o nosso ponto de referência
Para justificar a nossa luta
Com humildade e decência

Mas logo veio a ditadura
E dominou todo o Estado
Aniquilando os projetos
Que se tinha planejado
E cassa também o mandato
Do deputado Nivaldo

Por volta de sessenta e cinco
João Dória, homem decente
Em acordo com Prado Leite
Na época, então presidente
Da Assembléia Legislativa
Pôs o projeto pra frente

Aos oito do mês de agosto
Do mesmo ano corrente
Ocorreu a proclamação
Pirambu é livre, finalmente
E a Lei um, dois, três, quatro
Vai se tornando eficiente

Mas nesse mesmo intento
Faço aqui uma observação
O feito em oito de agosto
Trata somente da instalação
Confundida então por muitos
Como o dia da emancipação

Não podemos deixar para trás
Dois anos de nossa História
A ditadura até que tentou
Mas não dizimou nossa glória
Pois a Lei já fora aprovada
E a ideia estava na memória

Anote na sua agenda
Temos encontro marcado
Aos vinte e seis de novembro
Festejaremos um bocado
Relembrar nossos heróis
Pelos feitos no passado

E continuando essa prosa
Vamos falar de política
Tem gente que não suporta
No final vem e se justifica
Com uma desculpa peluda
Que fede mais que titica

Mas voltando ao contexto
João Dória do Nascimento
Como prefeito então ficou
Promoveu o desenvolvimento
E junto aos senhores edis
Fizeram o dever a contento

É isso aí caro leitor(a)
Foi uma viagem no tempo
Muitos prefeitos tiraram
O povo do sofrimento
Mas pra muitos a prefeitura
Foi um bom investimento

E nesse mundo desigual
Lembre-se: você tem poder
O voto é seu armamento
É de graça, não é pra vender
Se alimentares a corrupção
Logo tu vai se arrepender

Despeço-me dando pausa
Nessa minha narração
A história de Pirambu
Também sofre mutação
E se Deus quiser outra hora
Continuarei com a missão.

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