16 de out. de 2010

Professor usa literatura de cordel para ensinar português na Paraíba

Em uma das regiões mais pobres do país e com pouquíssimos recursos, o professor traz as explicações em forma de rimas.
Quinze de outubro é dia do professor. No alto sertão da Paraíba, o Jornal Nacional mostra a ideia que transformou o aprendizado da gramática em diversão.
Semântica, morfologia, sintaxe. Tem estudante que se arrepia só de pensar nesses assuntos: "É uma coisa complicada, são muitas regras que não se encaixam", diz o estudante Carlos Emanuel da Costa.
Numa das regiões mais secas e pobres do país, de cada quatro adultos, um é analfabeto, segundo o IBGE. Mas este cenário vem ganhando novas cores: um dos responsáveis pela mudança é o professor que descobriu na cultura regional uma maneira de chamar a atenção das crianças: “Hoje, o trabalho de casa é meio a meio e dividido. Para ajudar a mulher, homem não faz alarido”, recita.
No início, o objetivo do professor era ajudar os filhos nas lições de casa. Mas não demorou e o projeto chegou às salas de aula de escolas e cursinhos. A idéia fez tanto sucesso que virou livro: lições de gramática em versos de cordel.
Na escola que funciona de maneira quase improvisada, com pouquíssimos recursos, a aula de português é festejada. Quando surge uma dúvida, a explicação vem assim: “O emprego do trema: dos grupos gue, gui, que, qui, até que enfim caiu o trema! Do voto que é vendido, a consequência é o problema. Ante essa novidade, fique tranquilo: não trema", recita o professor.
"O cordel é como se fosse uma música. E é mais fácil de aprender", conta Carlos Emanuel.
"Uma cultura que é milenar, que está enraizada nesse povo. Surte um efeito imediato", diz o professor.
E assim, o medo da língua portuguesa dá lugar à curiosidade. "Mais dá ideia de soma, já o mas é diferente. Indica ideia adversa: dia bonito, mas quente", recita Janduhi Dantas.

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