Viagem à Cachoeira de Paulo Afonso: Descrição da maneira entusiástica porque S. M. o imperador foi recebido em Vila-Nova e Propriá, província de Sergipe
Por Luiz Álvares dos Santos *
Nada de positivo constava nesta Capital acerca da chegada de Suas Majestades Imperiais na Cidade da Bahia, e muito menos qual o dia de sua partida para a Cachoeira de Paulo Afonso.
Só à 11 de Outubro às 5 horas da tarde, depois de tantos dias de expectativa e incertezas, foi que aqui aportou o vapor Valeria de Sinimbú, da companhia Baiana, e então chegou a notícia certa daquela feliz chegada, recebendo S. Ex. o Sr. Dr. Galvão, Presidente da Província, uma carta particular que lhe noticiava a saída de S. M. Imperial para a referida Cachoeira no dia 12.
Imediatamente determinou S. Ex. que se despachasse o vapor sobredito de forma que a 5 horas da manhã do dia seguinte (12) estivesse em termos de poder seguir viagem para o Penedo.
Assim se verificou, conservando-se aberta a Alfândega e outras Repartições publicas até alta noite.
As horas prescritas já fumegava o vapor e S. Ex. o Sr. Presidente, acompanhado do seu Secretario, e de um Oficial da Secretaria, do Chefe de Policia, Comandantes da Companhia Fixa e do Corpo de Policia, apresentou-se à bordo à essa mesma hora afim de transporta-se à barra do Rio de S. Francisco, a aí beijar as Mãos de S. M. Imperial, e receber suas respeitáveis ordens.
Logo depois do embarque de S. Ex. verificou-se também o da banda de musica do corpo de polícia.
S. Ex. o Sr. Dr. Galvão foi incansável em providenciar para que o recebimento de S. Majestade fosse o mais aparatoso possível nesses lugares tão centrais e sem recursos.
Por outro lado, abrasado de cordial desejo de que a entrada de sua Majestade na barra do Rio de S. Francisco fosse a mais feliz possível não só quis ele mesmo presenciá-la, como também determinou que a catraia Piauitinga, e o vapor de reboque da Associação Sergipense, fornecidos de práticos inteligentes e amestrados se fossem postar a entrada da dita barra sob as ordens do ativo e zeloso capitão do porto José Moreira Guerra.
Tudo assim disposto, às 5 horas e alguns minutos levantaram âncoras em demanda da barra o vapor Sinimbú e o de reboque, e a catraia, às seis e um quarto¹ já navegavam barra fora.
Bem que lenta fosse a viagem, todavia foi efetuada sem o menor desastre. Às quatro horas da tarde estava o vapor Sinimbú dentro da barra do Rio de S. Francisco em demanda do povo de Vila-Nova, território da província de Sergipe, e às 6 horas achavam-se também fundeados no pontal da dita barra o vapor de reboque, e a catraia Piauitinga a espera de S. M. Imperial, e da esquadrilha imperial que o acompanhava.
O vapor Sinimbú no entanto continuava sua marcha pelo Rio de S. Francisco em demanda do Porto de Vila-Nova, onde felizmente fundeou as 7 e meia da noite, sucedendo que em caminho no lugar que fica fronteiro ao Brejo Grande, ou Paraúna se encontrassem os dois Presidentes, o de Sergipe, e o de Alagoas, fazendo este à aquele as honras as mais obsequiosas, mandando salvar o vapor de guerra que o conduzia, fazendo subir as vergas toda a tripulação do mesmo vapor, propondo em vivas os mais entusiásticos a S. M. o Imperador, o que tudo era acompanhado de harmoniosos sons da musica marcial que se achava a bordo, a qual durante estas demonstrações de favor e regozijo tocava o hino nacional.
É conveniente e justo que neste lugar nos congratulemos com nobre Sr. Presidente de Alagoas não tanto pela maneira cavalheirosa porque, nas águas de sua Província, tratou a seu colega, o distinto Sr. Dr. Galvão, Presidente de Sergipe; como e sobretudo pelo zelo e incansável dedicação e esmero com que por sua parte promoveu o recebimento no território da Província que administrara.
Pelo que temos exposto terão os nossos leitores perfeitamente compreendido que o Exm. Sr. Presidente de Alagoas seguiu para a barra a esperar por Sua Majestade o Imperador, e que o Exm. Sr. Dr. Galvão saltara em Vila-Nova a fim de se preparar para o mesmo fim.
Cumpre agora declarar que no porto desta Vila foi o mesmo Exm. Sr. Dr. Galvão recebido por todas as autoridades eclesiásticas, civis e militares do termo, e por muitas outras pessoas gradas.
Uma guarda sob o comando do tenente de polícia Emídio José da Cunha, comandante do destacamento, achava-se postada ao pé do referido porto.
Conduzido o Sr. Dr. Galvão por todas aquelas autoridades e pessoas à casa que para o seu aposento foi preparada pelo presidente da Câmara tenente-coronel Thomaz Pinheiro de Souza Costa, tratou S. Ex. de dar imediatamente as seguintes providencias:
1ª Ordenou S. Ex. ao comandante do vapor Sinimbú que não seguisse ao seu destino, não só para conduzi-lo no dia seguinte (13) à barra do Rio de S. Francisco com todos os funcionários que o acompanhavam à assistir a entrada de S. M. o Imperador, como para prestar-se ao recebimento do mesmo Augusto Senhor que era nesse mesmo dia esperado, ficando depois de sua chegada à disposição do Exm. Sr. Ministro do Império, que provavelmente teria ordens e avisos à expedir para as províncias do norte.
Esta ordem do Exm. Sr. Dr. Galvão foi fielmente cumprida, e mereceu a aprovação do Exm. Sr. Ministro.
2ª Fez partir imediatamente para Propriá onde, S. M. tinha de tocar, o capitão Manuel Agostinho da Silva Moreira com cartas ao Sr. Dr. Hugolino, juiz de direito da comarca, levando o mesmo capitão alguns adornos para casa em que Sua Majestade tinha de ser agasalhado, alguns criados necessários para o serviço, uma porção de armamento e algumas praças do corpo de policia.
No dia 13 a uma e meia hora da tarde o vapor Sinimbú, segundo a ordem transmitida a seu comandante, deixou o porto do Penedo e parando no de Vila-Nova recebeu a seu bordo S. Ex., todos os empregados públicos que o acompanhavam da capital, o vigário da Freguesia, o juiz municipal do termo, o presidente da Câmara, o delegado comandante superior, comandantes de batalhões e alguns oficiais da Guarda Nacional, e depois de embarcada a música do corpo de policia partiu imediatamente o vapor em demanda da barra.
Não foi possível alcançá-la senão depois das 7 horas da noite, fundeando o vapor no Pontal, onde se divisavam também fundeados diversos vapores que a escuridade não permitia distinguir se eram ou não os da Esquadrilha Imperial.
Foi mister portanto fazer arrear um escaler e mandar-se à bordo de um dos vapores de guerra que ficava mais próximo, a fim de se saber se com efeito a Esquadrilha que conduzia S. M. Imperial havia efetuado sua entrada.
Em poucos momentos regressou o escaler trazendo resposta afirmativa.
S. Ex. o Sr. Dr. Galvão acompanhado pelo seu secretario, pelo Dr. chefe de policia e pelo comandante do corpo policial dirigiu-se imediatamente ao vapor Apa onde se achava S. M. o Imperador, e aí sendo admitido apresentou-se com todos aqueles empregados ao mesmo Augusto Senhor.
S. M. o Imperador depois de ter recebido com a bondade que lhe é inata ao Exm. Sr. Dr. Galvão dando-lhe a honra não só de o mandar assentar a seu lado, e conversar por algum tempo com ele, como admiti-lo a tomar chá em sua mesa e a todos os empregados acima mencionados, determinou ao Exm. Sr. Ministro do Império que fizesse constar ao mesmo Exm. Sr. Dr. Galvão que às 5 horas da manhã do dia seguinte (14) se apresentasse com o seu secretario à bordo do vapor Apa, que o conduzia afim de acompanhá-lo com sua comitiva até Penedo.
Ao findar este ato passou-se S. Ex. o Sr. Dr. Galvão para Vila-Nova, onde no dia seguinte (15) recebeu aviso oficial de que S. M. Imperial pretendia almoçar em Penedo, e às 2 para 3 horas da tarde passar-se para Vila-Nova afim de visitar o povoado, depois do que tornaria para o Penedo, onde jantaria.
Vila-Nova, além de ser uma das Vilas mais pobres da Província e sem nenhum recurso, caminha a passos largos para a sua ruína: além disto não tinha sido precedentemente avisada de que receberia tão honrosa visita. Não obstante S. Majestade o Imperador foi aí recebido com as maiores demonstrações de regozijo.
Logo que fundeou a galeota em que vinha S. M., o que teve lugar antes das 3 horas da tarde apresentou-se no porto de desembarque S. Ex. o Sr. Dr. Galvão, seu Secretario, Comandante do Corpo de Policia, Juiz Municipal do Termo, Delegado, Subdelegado, Comandantes, e Oficiais dos dois Batalhões da Guarda Nacional do Município e muitas pessoas gradas, a fim de receberem o Mesmo Augusto Senhor.
Desde o mesmo porto até a Capela da Senhora do Rosário, que serve de Matriz, se achavam postadas em alas 321 praças da Guarda Nacional, e uma Guarda do Corpo de Policia a que estava reunida a respectiva banda de Musica. S. M., que saltou em uniforme de Almirante, foi recebido por entre vivas que principiaram a ser dados por S. Ex. o Sr. Presidente, o que foram repetidos por todas as Autoridades, o povo e tropa com o maior entusiasmo e devotamento.
Dirigiu-se o Mesmo Augusto Senhor à referida Matriz debaixo do Palio, que foi carregado pelo Deputado Geral João Baptista Monteiro. Dr. Chefe de Polícia Ângelo Francisco Ramos, Comandante Superior Inácio de Melo Pereira Boto, Presidente da Câmara Thomaz Pinheiro de Souza Costa.
As Irmandades do Sacramento, e Rosário apresentaram-se igualmente no porto com o Rever. Vigário da Freguesia Antônio de Santa Maria Madalena e fizeram parte do acompanhamento.
S. Majestade depois de fazer Oração na referida Matriz visitou as Aulas de primeiras letras de ambos os sexos, a casa da Câmara, a Igreja matriz em construção, finalmente percorreu todas as ruas da Vila.
Convém aqui declarar que o professor de primeiras letras João Ribeiro Pereira da Cunha, não obstante o aviso prévio que se lhe fez, não foi encontrado em casa, deixando de dar Aula no dia em que S. M. I. era esperado em Vila-Nova².
Por semelhante omissão S. Ex. o Sr. Dr. Galvão o suspendeu por 30 dias com perda dos respectivos vencimentos.
Percorridas todas as ruas da Vila regressou S. M. I para Penedo às 4 horas da tarde, mandando antes de sua partida entregar ao Vigário da Vila a soma de 300$000 réis para ser distribuída pela pobreza.
Os habitantes de Vila Nova jamais se esqueceram de tão grande honra, e gratos sobremaneira pela bondade com que S. M. Imperial se dignou de tratá-los cada vez mais farão arraigar em seus peitos os patrióticos sentimentos de amor e adesão ao Mesmo Augusto Senhor.
No dia seguinte que era Domingo (16) S. M. o Imperador partiu do Penedo em direção a Cachoeira de Paulo Afonso, depois de ouvir Missa às 4 horas da madrugada na Capela de N. S. da Corrente com toda a sua comitiva, os dois Presidente: de Alagoas e Sergipe, e o Secretario deste com falta do de Alagoas, que adoeceu.
S. M., da mesma forma porque havia principiado sua viagem desde que tocou no Rio de S. Francisco, passou a colocar-se na caixa da roda do vapor tendo diante de si a planta do mesmo rio, e respectivos relatórios, e a seu lado os dois Presidentes supraditos.
Por toda a margem do Rio onde existiam habitadores, à proporção que a galeota ia sendo vista retiniam os vivas a S. M. o Imperador, e as demonstrações de regozijo partiam de todos os lados.
Notou-se até que em alguns pontos à margem do Rio muitas pessoas de ambas os sexos se prostavam de joelhos ao avistarem S. M. o Imperador.
Depois de cinco a seis horas de viagem apresentou-se a nossos olhos, garbosa e festiva a Vila de Propriá desta Província onde S. M. Imperial se dignou saltar.
Esta Vila situada à margem do Rio de S. Francisco tendo uma bela e elegante Matriz com duas elevadas Torres, e um outro Templo colocado em ótima posição, e sendo além disto bastante extensa e povoada, ofereceu desde que foi perfeitamente descoberta a vista mais alegre e agradável, parecendo-se bem um arremedo da populosa cidade do Penedo, quando descoberta em igual distância.
S. M. o Imperador com seu óculo de alcance apreciou a bela vista e perspectiva da indicada Vila, e reconheceu que achava-se apinhada de povo.
Com efeito sem exagero podemos dizer que nunca nos persuadimos que em Propriá, uma Vila central outrora florescente, mas já decadente, houvéssemos de ver tanto povo reunido, e tanta efusão de prazer.
S. Majestade Imperial saltou em uma ponte decentemente preparada, sendo recebido debaixo do Palio pela Câmara Municipal com suas vestes próprias, cujo Presidente lhe fez entrega de uma chave de prata preza em um laço de fita verde.
Junto a ponte achavam-se colocadas em alas não só as Irmandades do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora do Rosário precedidas do Clero, mas também os membros da comissão que S. Ex. o Sr. Presidente da província havia antecipadamente nomeado, a saber: o Juiz de Direito Hugolino Aires de Freitas Albuquerque, Comendador Antonio José da Silva Travassos, Dr. Juiz Municipal de Vila Nova Gonçalo Vieira de Carvalho Melo, Vigário de Propriá Manuel Joaquim Nunes, Presidente da Câmara Municipal de Propriá Padre Miguel de Albuquerque Silva Ramalho, o da de Vila- Nova Tenente Coronel Thomaz Pinheiro de Souza Costa, e Delegado Manuel Germano de Freitas.
Uma guarda de honra se achava postada sob o Comando do Capitão de primeira linha Manuel Agostinho da Silva Moreira. Além desta guarda formou-se em duas alas o Batalhão da Guarda Nacional da Vila em numero de 195 praças que estenderam-se desde o porto até a Igreja Matriz, sob o comando de seu distinto Comandante Tenente Coronel Medeiros Chaves.
Um sem numero de pessoas gradas e a mais avultada reunião do povo, tudo e todos faziam a um só tempo retumbar os mais entusiásticos vivas; tudo e todos os olhos fitos e como que estáticos em seu Adorado Soberano; tudo e todos mostravam-se inundados no mais santo e bem entendido prazer; tudo e todos, repetimos, faziam da Vila de Propriá um quadro o mais jucundo, a cena mais patriótica e interessante que nossos olhos tem visto, impossível por sem duvida de ser filete descrita por nossa tão pobre e rude pena.
Entre tão grande entusiasmo e rodeado de seus fiéis súditos seguia S. M. Imperial sempre amável, sempre benigno, para a Igreja Matriz; à pouca distancia, porém, do porto saiu ao seu encontro a professora de primeiras letras com suas alunas, e uma delas de nome D. Maria José Sampaio dirigiu a S. M. Imperial por si e suas colegas a seguinte alocução:
“SENHOR! – Se em outras ocasiões nossa tenra idade, o acanhamento natural ao nosso sexo e a falta de instrução que agora começamos a adquirir nos imporiam silencio, e nos não permitiriam sair da casa dos nossos pais ou da aula de nossa professora; a grata vinda de V. M. I. a esta província, e principalmente a visita com que V. M. I. se digna honrar esta pequena Vila, são um incentivo poderoso para nos animar a vir à presença de V. M. I. exprimir nosso contentamento, felicitar de coração a V. M. I., e rogar também que faça chegar a presença de nossa Virtuosa e tão querida Imperatriz e às nossas muito amadas Princesas, os votos cordiais que fazemos por sua conservação e felicidade.
“Propriá 16 de Outubro de 1859”.
Maria José Sampaio.
S. M. Imperial dignou-se prestar a mais obsequiosa atenção a esta angélica demonstração de pura submissão e prazer.
Ao findar a alocução nuvens de flores que as meninas traziam em cestinhas choveram sobre a pessoa de S. M. Imperial, e a patriótica professora dirigiu ao mesmo tempo entusiásticos vivas ao mesmo Augusto Senhor, a S. M. a Imperatriz e a Família Imperial, os quais foram grata e geralmente correspondidos.
Continuou S.M. Imperial em direção à Matriz, onde assistiu à celebração de um Te-Deum que lhe foi oferecido, e em que oficiaram o Rev. Vigário da Freguesia, o da Vila-Nova e o Rev. Manoel Francisco de Carvalho, sendo composto o coro dos Reverendos Fr. José da Piedade, Fr. Simplício da Santíssima Trindade e Fr. José de S. Jerônimo.
Findo o Te-Deum visitou S. M. Imperial as aulas de Latim, as de primeiras letras de ambos os sexos, a casa da Câmara, a Igreja do Rosário, e finalmente percorreu todas as ruas da Vila. Sempre acompanhado de toda a sua comitiva, dos dois Presidentes de que temos falado, de todas as pessoas gradas, de inumerável povo e da Guarda de Honra.
Por todas as ruas por onde S.M. Imperial passava choviam odoríferas flores que lhe eram lançadas das portas e janelas, e os vivas que se lhe dirigiam tornavam-se cada vez mais entusiásticos, sempre mais patrióticos.
S.M. Imperial correspondia a tudo com uma amabilidade e candura que encantou, que arrebatou.
Percorridas todas as ruas da vila recolheu-se S. M. o Imperador à casa que a comissão havia preparado para seu agasalho e aí serviu-se de um almoço, tomando assento na mesa não só a comitiva do mesmo Augusto Senhor, os Presidentes das duas Províncias e o secretario da de Sergipe, como também à pedido do Exm. Presidente desta Província, que por S. M. foi atendido com a maior bondade e complacência, o Dr. chefe de policia Ângelo Francisco Ramos, os Barões de Atalaia e Jequiá, pertencentes à Província das Alagoas, e finalmente todos os membros da comissão de Propriá que se achavam presentes, cujos nomes já acima mencionamos.
Concluído o almoço S. M. Imperial retirando-se para uma sala deu audiência a grande numero de pessoas que ou por si próprias lhe apareciam, ou eram apresentadas pelo Exm. Sr. Dr. Galvão.
S. M. acolheu com a mais admirável bondade e ternura a classe dos indigentes que de tropel o buscavam como a um pai desvelado e carinhoso procura um filho em suas maiores aflições e penas.
Além da esmola de 50$ que mandou dar a uma mulher escrava para sua liberdade, fez entregar ao Rev. Vigário a quantia de 400$ para ser distribuída pelos pobres de sua freguesia.
Assim tocou em Propriá o Anjo tutelar do Brasil, que verificou sua retirada para a Cachoeira de Paulo Affonso às 2 horas da tarde, deixando extremamente saudosos a todos os seus súbitos que tiveram a gloria de vê-lo e de admirar sua extrema bondade e natural beneficência.
S. Ex. o Sr. Dr. Galvão depois que a galeota, condutora do Augusto e Magnânimo Monarca deixou o ancoradouro de Propriá, recolheu-se à casa destinada para seu aposento, e logo no dia seguinte (17) providenciou acerca de seu regresso para a capital, o que se verificou ás 3 horas da manhã do dia 18, vencendo nesse mesmo dia 20 léguas por terra e cinco por mar.
À uma para duas horas da manhã do dia 19 estava o mesmo Exm. Sr. restituído ao palácio de sua residência no Aracaju, e nesse mesmo dia em companhia de sua distinta consorte e de sua amável filhinha percorreu a cidade visitando as obras que deixou em construção para o recebimento de SS. MM. II.
* SANTOS, Luiz Álvares do. Viagem Imperial a Província de Sergipe. 2ª Ed. Revisada e Anotada. (Introdução e notas de Luiz Antônio Barreto). Aracaju: Degrase, 2005. pp 262-277. (No Prelo)
Notas:
¹ 6:15h
² Atual Neópolis.
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