22 de dez. de 2009

Educação de Pirambu: Feliz Ano Velho!

Por Diógenes Almeida da Silva*

Com a proximidade da finalização de mais um ano, e, por conseguinte o ano letivo de igual forma, nós, enquanto profissionais da educação, somos levados a analisar as conquistas e insucessos a fim de redirecionar posturas, realizar planejamentos e avaliar desempenhos. Em meio a um sistema educacional frágil e merecedor de investimentos e mudanças, por que não dizer, em alguns setores até de intervenção, precisamos estar cientes das nossas responsabilidades enquanto articuladores capazes de formar cidadãos conscientes da sua real função na sociedade – discurso clássico de sempre, porém, sempre válido. Mas... será mesmo que as aferições que tanto estamos acostumados a fazer com nossos alunos ao longo do ano letivo, é também válida para avaliar o sistema educacional de Pirambu? Afinal somos profissionais habilitados e competentes que nosso currículo insiste em afirmar.

Na ideologia neo-liberal e na dialética da pedagogia do amor, somos logrados a um discurso de que não podemos utilizar frustrações salariais, de sistema, políticas ou, até mesmo, pessoais como justificativas pelo pouco que somos capazes de desenvolver ou pelo nada que nos propomos a fazer. Limitações, deficiências e posturas docentes jamais podem servir como instrumentos capazes de encaminhar alunos a níveis indesejados de aprendizado.

Sabemos que é importante ouvirmos alunos, pais, colegas, especialistas e comunidade em geral para que faça com que o resultado seja de pelo menos, conseguir dar encaminhamento às ações aos níveis de qualidade almejados por todos. Porém, mesmo com toda essa ideologia enxertada em nossas cabecinhas e decorada “de co e salteado”, no limiar das notas pregadas nas paredes das nossas escolas, o resultado alcançado não é bem o esperado.

Novamente então o velho questionamento: o que há de errado? Por mais fácil que possa parecer responder este questionamento, ele trás consigo muito mais do que respostas óbvias que vai depender de qual lada do jogo se esteja – se professor: a culpa será do sistema, se do sistema: a culpa será dos professores, se de professores e do sistema: a culpa será da comunidade que não participa da vida educacional dos seus filhos.

Deixando de lado toda essa dialética, e assumindo agora minha total parcialidade, afinal sou professor desta rede municipal de educação, é difícil para mim, neste momento tornar-me imparcial, e tomo partido totalmente por aqueles que foram os maiores massacrados por anos de incompetência educacional, que são professores e alunos. Massacre esse reformulado de forma mais sublime, competentemente maldoso e doloso na gestão da atual secretária de educação deste município, a Sra. Maria de Lourdes Gouveia.

O senso comum, apenas dá conta das mazelas causadas por tantos anos de desrespeito a educação, e antes que saiam ao ataque deste que vos escreve, digo-lhes que não foi por falta de fiscalização e atuação do antigo Conselho de Fiscalização do FUNDEB, pois o mesmo colecionou relatórios e ofícios de pedidos de transparência e providências às questões ligadas a educação, tanto ao ministério público quanto a própria administração, sendo o próprio conselho inclusive vítima, de igual forma desta administração desastrosa que completa agora em janeiro um ano com nada ou pouco para se comemorar. Citando o imortal Renato Russo na canção Perfeição:

“vamos celebrar a estupidez do povo, nossa polícia e televisão, vamos celebrar nosso governo, e nosso estado, que não é nação, celebrar a juventude sem escola, celebrar nossa desunião, vamos celebrar nossa tristeza, vamos celebrar nossa vaidade, vamos comemorar como idiotas, a cada fevereiro e feriado e esquecer a nossa gente, que trabalhou honestamente a vida inteira e agora não tem mais direito a nada, vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso, nosso descaso por educação, vamos celebrar o horror de tudo isso - com festa, velório e caixão, está tudo morto e enterrado agora, já que também não podemos celebrar a estupidez de quem cantou esta canção.”

É preciso ter em mente que quando se propõe mudanças, mudanças levam tempo para a obtenção de resultados, assim sendo, acredito que trezentos e sessenta e cinco dias, é um tempo razoável para se faze-las, ou pelo menos minimizar a podre herança dos antecessores, e bons exemplos para que isso aconteça não faltam e podemos citar vários: o trabalho dos articuladores do LTE da Escola Municipal Mário Trindade Cruz no ano de 2008, o belíssimo trabalho da diretora da Escola Mul. Laudelina Moura em Aguilhadas a professora Deise Dórea, reconhecido no on-line Tribuna da Praia, o senso administrativo da Profa. Sônia Maria atualmente a frente da direção do Mário Trindade são apenas pequenas ações que nos faz acreditar que ainda existe luz no fim do túnel. Para todos nós, um feliz natal e um bom 2010.
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* Graduando em Geografia Licenciatura UFS- Professor da Rede Municipal de Ensino de Pirambu.

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