2 de fev. de 2010

Praças de esportes agonizam em Propriá (Parte II)

Maior exemplo é o Estádio Estadual João Alves Filho que era para ser a redenção do futebol e hoje constitui-se em símbolo da falta de prioridade ao esporte na cidade
Por Claudomir Tavares | claudomir@tribunadapraia.net

Semana passada iniciamos uma série de reportagens especiais sobre as praças de esportes da cidade de Propriá. A sugestão partiu de desportistas, estudantes, professores de educação física e locutores esportivos desta cidade que tem potencial, mas falta investimento não só em seus aspectos financeiros, mas no elemento ser humano. Na primeira reportagem levantamos a situação de penúria em que se encontra o Estádio Constantino Tavares, pertencente ao Esporte Clube Propriá, o Avoengo que em 2010 estará celebrando seu centenário sem muito a comemorar.

Esta semana daremos sequência a série, trazendo em destaque um monumento que quando da sua concepção era uma das maiores promessas de redenção do esporte ribeirinho, que tem duas equipes profissionais de futebol, Propriá e América e vários clubes de futebol amador, nas modalidades campo e socity. Trata-se do Estádio Estadual Governador João Alves Filho que se auto homenageou em seu primeiro governo (1983/87), assim como o fez seu sucessor Antônio Carlos Valadares (1987/1991), que da mesma forma construiu uma praça com a mesma formatação arquitetônica na cidade de Maroim.

Aquele estádio, visto por todos que trafegam pela BR 101, paralela a cidade de Propriá, foi construído em uma espécie de Zona de Expansão, numa área ou complexo que incluiu ainda um Ginásio de Esportes (construído no governo Valadares) e um Terminal Rodoviário, onde atualmente funciona uma Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), órgão do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN). Ali formou-se uma das maiores comunidades de Propriá, a chamada Invasão do Campo João Alves, que já remonta cerca de 20 anos. Dezenas de casas, a maioria de taipa, foram construídas no local, desprovidas de serviços básicos, como água, saneamento básico e outros serviços imprescindíveis, em função de ser uma área ilegal para este tipo de construção.

Abandonado, o ‘Campo João Alves’ virou pasto para animais (ainda que com a grama transformada em capim de forma esparsa), depósito apropriado para refúgio de marginais (e aí não nos referimos de forma alguma aos habitantes do local), e até, para os teimosos e corajosos, praticar alguma partida de futebol naquele solo no tipo selão. A muralha está com vários buracos, o local está fétido, em função de ter se constituído em um banheiro público, enfim, os problemas e chagas são intermináveis, não diríamos incontáveis, mas contornáveis se houvesse, inicialmente, vontade política, para em seguida uma ação comprometida com a recuperação das praças de esportes em Sergipe, abandonadas por quem as ‘pariu’ (João Alves Filho), ‘criou’ (Antônio Carlos Valadares), abandonou (João Alves de novo/Albano Franco/João Alves de novo) e por quem nem ta aí nem ta chegando, ‘nem chite’ (Marcelo Déda).

A secretaria de estado do Esporte e do Lazer tem em sua estrutura uma Gerência-Geral de Administrações de Praças de Esporte e de Lazer (Geraprel), que tem a frente o competente desportista Custódio Santana, mas o público desconhece qualquer ação no sentido de revitalizar as praças de esportes de Propriá, a exemplo do Campo João Alves. Da mesma forma, a prefeitura de Propriá criou uma Coordenação de Esporte e Lazer que tem a frente o ex-vereador e ex-presidente do Esporte Clube Própria, Samuel da Cunha Menezes. Não temos percebido nenhum empenho no sentido de somação de esforços de ambas as instâncias em, pelo menos iniciar um processo de revitalizar aquela praça de esportes, a maior da cidade..

O professor Michell Souto, um dos maiores incentivadores do esporte em Propriá e que graças ao seu empenho tem levado o Colégio Estadual "João Fernandes de Britto" (o Estadual) a conquistas regionais e estaduais, descreve com propriedade esta situação. "Ao ver as fotos do que ainda resta do Estádio João Alves Filho em Propriá fiquei muito triste. Esse estádio faz parte de minha infância e de minha adolescência. Sua presença era referência para a cidade. E o Governo não o incluiu entre os estádios que serão reformados por ter o nome de seu adversário político! Ao povo não interessa se será Déda, João ou Albano, interesa é ter seu direito ao lazer assegurado! Pensar grande!".

Por telefone tentamos um contato com a SEEL e a CEL, mas ambos os telefones informados nos respectivos portais davam incomunicação (chamavam e não atendiam). O espaço, entretanto, está garantido aos senhores Custódio e Samuel para se pronunciar a respeito deste e de outros temas que abordaremos semanalmente. Da mesma forma que voltaremos a manter novos contatos quando da elaboração da próxima reportagem, que será publicada, impreterivelmente, na próxima terça-feira, 09 de fevereiro de 2010.

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26/01/2010 – Praças de esportes agonizam em Propriá (Parte I)

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