Quando o dia vai chegando ao fim... a maioria vai para casa, descansar, vai para o teatro, vai para o jogo, vai para o amor...
Mas há aqueles que fazem um caminho diferente, como se fizessem à noite aquilo que deveriam ter feito durante o dia e que não voltam para a casa e nem vão para a festa. Vão para a escola...
Quem são estes?
Quais os seus sonhos?
Procuram, à noite, um saber que os levará a dias melhores?
Serão pobres, serão ricos?
Serão os moços? Ou os velhos?
Talvez uma mistura de tudo...
E ali, na sala de aula, diante dos seus alunos assentados, o professor sensível poderá perceber que se encontra diante de muitos mistérios. O saber que ele serve será comido por bocas muito diferentes. Umas, famintas, desejosas de mais. Outras, enfadadas, por estarem ali só com seus corpos. Parodiando a Cecília: ‘os corpos naquelas salas, as almas por longes terras...’
Talvez ali que, nas salas da escola noturna, a alma da nossa gente, com todas as suas contradições, esperanças e equívocos, esteja mais presente que nas escolas do dia.
(Rubem Alves)
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