30 de jan. de 2010

Crônica: “A Festa de Bom Jesus dos Navegantes de Propriá”

Texto: José Alberto Amorim * | Foto: Acervo de Washington Prata

Através de pesquisas e da oralidade com pessoas idosas, a Festa de Bom Jesus dos Navegantes de Propriá, consta dos primórdios do século XX, após o fato de três pescadores na enchente da Januária, em 1906. Os pescadores encontravam-se em uma canoa de pescaria defronte à cidade de Propriá, quando foram atingidos por uma grande tempestade. Aflitos, clamaram por socorro ao Bom Jesus, sendo imediatamente atendidos.

Anos mais tarde, a Igreja teve conhecimento do ocorrido e, através da Confraria de São Vicente de Paula, tomou a iniciativa em festejar o Bom Jesus no último domingo de Janeiro de 1914, estendendo-se até os dias de hoje.

A solenidade em ação de graças aos agricultores e rizicultores ribeirinhos cujas produções dependiam do ciclo das águas, graças alcançadas também pelos canoeiros e pescadores, onde canoas e lanchas tinham grande importância como meio de transportes do Baixo São Francisco.

A procissão fluvial percorre as margens direita e esquerda do rio, entre as cidades de Propriá e porto Real do Colégio(Alagoas) .

O cortejo com a imagem do Bom Jesus era composto por canoas; a canoa de tolda “Marialva” era puxada pelo “Vapor”, que vinha da cidade de Penedo. Na sua chegada a Propriá, o paquete era saudado com fogos e pelos sons de sirenes das mais de doze beneficiadoras de arroz da cidade, o que se repetia no seu retorno.

Atualmente o séquito é acompanhado por canoas, lanchas, catamarãs, Jet –sky e balsa que transporta a imagem do Bom Jesus.

Num passado recente, havia corridas de pequenas canoas a vela e atividades náuticas, tendo como destaque a competição a nado, partindo da cidade de Colégio até Propriá.

Tínhamos exímios nadadores, Zé peixe e Rita Peixe (atualmente morando em Aracaju), João bate-asa (falecido) e Pedro “bulachão”, dentre outros que faziam a travessia do “Velho Chico” com a maior naturalidade.

O precursor dos “mastros”, que simbolizavam as canoas foi José Maurício, o” Zeca Pelado”, do Bairro de “cima”, como era conhecida a parte oeste da cidade, mais precisamente na hoje, Rua Quintino Bacaiuva. Zeca Pelado, além de tratar da organização dos festejos, era também responsável pelos disparos de uma grande ronqueira.

“Após o advento do mastro do “Bairro de Baixo”, (Poeira), se dá início a uma eterna disputa pela maior queima de fogos de artifícios.

Além da reunião de familiares, de pessoas das diversas cidades próximas e de outros Estados, a Festa do Bom Jesus dos Navegantes de Propriá é o maior acontecimento popular do Baixo São Francisco.
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* José Alberto Amorim é secretário municipal de Administração e Desenvolvimento Institucional de Propriá, ex-presidente municipal do PT e licenciado em História pela Universidade Vale do Acaraú (UVA/SE), defendendo a Monografia “A Ditadura Militar em Propriá” (2009).

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