13 de jan. de 2010

Povoado Alagamar (Pirambu) celebra Festa de São Sebastião

Novenário teve início segunda-feira e festa social acontece nos dias 23 e 24 de janeiro
Por Claudomir Tavares | claudomir@infonet.com.br

Teve início na última segunda-feira, 11, e se estende até o dia 20 de janeiro de 2010 a Festa de São Sebastião, padroeiro do povoado Alagamar, uma da mais tradicionais do município de Pirambu, e que segundo relato de seus moradores, acontece de forma ininterrupta desde 1851, há 159 anos. O novenário estende-se até a próxima terça-feira, 19, estando marcado para a quarta-feira, 20, missa e procissão com a imagem do santo percorrendo as principais ruas do povoado. A programação religiosa está sob responsabilidade da paróquia de Nossa Senhora de Lourdes.

A programação social, marcada para acontecer nos dias 23 e 24 de janeiro de 2010, é organizada pela prefeitura municipal de Pirambu. Segundo Luiz Teles, secretário municipal de Cultura, “a programação está definida com as bandas Estrela da Terra e Alma Gêmea, no sábado a noite e Pintura Íntima no domingo, além de toda infraestrutura necessária para garantir o sucesso desta tradicional festa do município”, informou.

:: Programação Religiosa/Social:

De 11 a 19 de Janeiro de 2010
19h00min – Novenário (Igreja de São Sebastião)

Dia 20 de Janeiro de 2010
09h00min – Missa e Batizados
16h00min – Procissão pelas ruas do povoado

Dia 23 de Janeiro de 2010
21h00min – Banda “Alma Gêmea”

Dia 24 de Janeiro de 2010
01h00min – Banda “Pintura Íntima”

:: Voltinha

Há alguns anos era marca dos bailes daqueles povoados a cessão da dama para o cavaleiro que a solicitasse. Num gesto de obediência, a moça deveria largar o parceiro e conceder a dança ao solicitante. Mesmo que fosse por uma única música. Assim, ninguém ficava sem dançar nem levada as chamadas “tabocas” (recusa da dança). A tradição expandiu-se e hoje é realizada no mês de maio o “Forró da Voltinha”, promovido pela Quadrilha Junina Cangaceiros da Boa, da cidade de Japaratuba. Hoje esta tradição perdeu força no povoado Alagamar e só cede a parceira quem quiser, não sendo considerado este gesto uma ofensa, e sim uma vontade que deve ser respeitada pelo recusado.

:: Alagamar ¹

O povoado Alagamar está localizado às margens do rio Brito (afluente do rio São Francisco), há aproximadamente 35 KM da sede do município de Pirambu (via sem pavimentação asfáltica), limitando-se com os municípios de Pacatuba e Japoatã. Segundo os moradores, as terras que compreende a região de Alagamar foram compradas pela Cooperativa Jardim, coordenada pelo Pe Geraldo Olivier, loteadas e doadas para a população local. A comunidade vive num arruado calçado a paralepípedo que tem um formato oval, dispondo de energia elétrica, uma escola de Ensino Fundamental, um pequeno comércio de secos e molhados, três praças, um centro comunitário, um campo de pelada, telefone público e um posto de saúde (funcionando precariamente).

Segundo os moradores mais antigos o nome de Alagamar foi originado da junção das palavras ALAGADOS + MAR = ALAGAMAR, pelo fato do povoado estar localizado num vale alagado que visto do alto tem a aparência de um mar durante o inverno. Povo mestiço com forte influência da cor negra (suspeita que são remanescentes dos antigos povos quilombolas), de maioria católica. Na praça principal do Povoado Alagamar encontra-se a igreja matriz tendo como guardião o padroeiro São Sebastião, festejado no mês de janeiro.

Os moradores contam que o povoado tem mais de 150 anos, que remonta os tempos dos engenhos de açúcar próximos a atual Usina Santana na região do Povoado Badajós. Confirmam ainda que era comum a chegada de navios de pequeno porte no porto de Alagamar (antigo trapiche como é conhecido pela população), repletos de mercadorias e pessoas - o que confirma que o rio Brito era navegável e que dava acesso ao rio São Francisco.

Conta os moradores que a comunidade de Alagamar festejava as fartas colheitas ao som de muito samba de bate coxa, e que ao longo dos anos tal tradição foi praticamente extinta, ficando só na memória das pessoas mais idosas como Dona Teodora que tem mais de um século de vida. Outra característica da cultura de Alagamar é a tradição do zabumba e dos leilões durante as festas dos padroeiros. Também resiste ao tempo a quadrilha junina Flor da Ilha.

A população local é bem organizada (associações, cooperativas) o que favorece a aquisição de equipamentos agrícolas junto às agências financeiras da região. Predomina a pecuária e a agricultura de subsistência. Como complemento da renda familiar, a comunidade de Alagamar produz artesanato (herança dos antepassados) de palha de ouricuri (planta nativa), o qual se tornou destaque nacional com a confecção de chapéus, bolsa e tapetes. Atualmente, com o apoio do SEBRAE/SE e da prefeitura, as mulheres de Alagamar estão produzindo geléias e bombons recheados com mangaba, planta nativa da região, exportando a produção até para outros estados do Brasil.

:: São Sebastião ²

São Sebastião nasceu em Narvonne, França, no final do século III, e desde muito cedo seus pais se mudaram para Milão, onde ele cresceu e foi educado. Seguindo o exemplo materno, desde criança São Sebastião sempre se mostrou forte e piedoso na fé.

Atingindo a idade adulta, alistou-se como militar, nas legiões do Imperador Diocleciano, que até então ignorava o fato de Sebastião ser um cristão de coração. A figura imponente, a prudência e a bravura do jovem militar, tanto agradaram ao Imperador, que este o nomeou comandante de sua guarda pessoal. Nessa destacada posição, Sebastião se tornou o grande benfeitor dos cristãos encarcerados em Roma naquele tempo. Visitava com freqüência as pobres vítimas do ódio pagão, e, com palavras de dádiva, consolava e animava os candidatos ao martírio aqui na terra, que receberiam a coroa de glória no céu.

Enquanto o imperador empreendia a expulsão de todos os cristãos do seu exército, Sebastião foi denunciado por um soldado. Diocleciano sentiu-se traído, e ficou perplexo ao ouvir do próprio Sebastião que era cristão. Tentou, em vão, fazer com que ele renunciasse ao cristianismo, mas Sebastião com firmeza se defendeu, apresentando os motivos que o animava a seguir a fé cristã, e a socorrer os aflitos e perseguidos.

O Imperador, enraivecido ante os sólidos argumentos daquele cristão autêntico e decidido, deu ordem aos seus soldados para que o matassem a flechadas. Tal ordem foi imediatamente cumprida: num descampado, os soldados despiram-no, o amarraram a um tronco de árvore e atiraram nele uma chuva de flechas. Depois o abandonaram para que sangrasse até a morte.

À noite, Irene, mulher do mártir Castulo, foi com algumas amigas ao lugar da execução, para tirar o corpo de Sebastião e dar-lhe sepultura. Com assombro, comprovaram que o mesmo ainda estava vivo. Desamarraram-no, e Irene o escondeu em sua casa, cuidando de suas feridas. Passado um tempo, já restabelecido, São Sebastião quis continuar seu processo de evangelização e, em vez de se esconder, com valentia apresentou-se de novo ao imperador, censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos, acusados de inimigos do Estado.

Diocleciano ignorou os pedidos de Sebastião para que deixasse de perseguir os cristãos, e ordenou que ele fosse espancado até a morte, com pauladas e golpes de bolas de chumbo. E, para impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos, jogaram-no no esgoto público de Roma.

Uma piedosa mulher, Santa Luciana, sepultou-o nas catacumbas. Assim aconteceu no ano de 287. Mais tarde, no ano de 680, suas relíquias foram solenemente transportados para uma basílica construída pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje. Naquela ocasião, uma terrível peste assolava Roma, vitimando muitas pessoas. Entretanto, tal epidemia simplesmente desapareceu a partir do momento da transladação dos restos mortais desse mártir, que passou a ser venerado como o padroeiro contra a peste, fome e guerra.

As cidades de Milão, em 1575 e Lisboa, em 1599, acometidas por pestes epidêmicas, se viram livres desses males, após atos públicos suplicando a intercessão deste grande santo. São Sebastião é também muito venerado em todo o Brasil, onde muitas cidades o tem como padroeiro, entre elas, o Rio de Janeiro .
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¹ Trabalho apresentado pelo estudante José Fábio dos Santos a disciplina Sociedade & Cultura, ministrada pelo professor Claudomir Tavares da Silva, na 8ª Série A, da Escola Municipal Mário Trindade Cruz. Agosto de 2009
² Transcrito do Site: http://www.ruadasflores.com/saosebastiao/

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