Não se constrói alianças com vetos
Partidos impõem pré-candidaturas propondo aos demais a condição de meros coadjuvantes
Por Claudomir Tavares claudomir@infonet.com.br
Há 26 anos, acontecia em Pirambu o mais democrático processo eleitoral de nossa história política iniciada em 1965 com a posse do primeiro prefeito (João Dória do Nascimento), vice-prefeito (Juarez Lopes Cruz) e vereadores (Geraldo Almeida, João Pereira do Nascimento, João da Silva, José Alexandre Santos e José Domingos Correia), todos da UDN.
Era o ano de 1982 e disputavam o mandato de prefeito os candidatos José Alexandre Santos, Marcos Lopes Cruz e Lúcio Almeida (PDS 1, 2 e 3) e João da Silva e Nelson Vieira (PMDB 1 e 2). Marcos Cruz se elegeu prefeito, tendo João Dória do nascimento como vice-prefeito, superando Lúcio Almeida, José Alexandre Santos, Nelson Vieira e João da Silva, conforme ordem de votação encontrada no interior das urnas.
Foram eleitos vereadores os senhores Carlos Britto Amaral Lemos e Ivan Biriba Dória (PDS 1), Duval Oliveira dos Santos e Evaldo de Carvalho (PDS 2) e Jairton Santos (PDS 3). Ao PMDB restou apenas o registro de ter participado da eleição municipal pela primeira vez, alçando o saudoso Nelson Vieira como principal liderança da oposição local.
Este ano tentam impor fórmulas prontas, candidaturas empurradas goela-abaixo, cabendo aquelas forças políticas julgadas inferiores, a condição de meros coadjuvantes. A reação a esta formula reacionária começa a acontecer e em 2008 poderemos ter novamente a possibilidade de um leque de opções: PMDB, DEM, PT e PV.
1988 – PMDB
Não tivesse Nelson Vieira se aliado a Marcos, Sílvia e composto a chapa de vice-prefeito do prefeito eleito em 1988 César Vladimir de Bomfim Rocha, talvez hoje já tivéssemos um prefeito da oposição eleito em Pirambu (o atual, prefeito em exercício Antônio Santana não é de oposição, pois sempre foi aliado de André Moura, só se insinuado para a oposição com a chegada desta ao governo em 2006).
2000 – PT
Segundo outras avaliações, ao se aliar ao projeto de reeleição do prefeito André Moura em 2000, o PT deixou escapar a chance e largou a bandeira que um dia foi de Nelson Vieira. O partido naquele ano fez opção por não permitir a volta de Marcos Cruz ao poder e retribuiu o apoio da família Moura em Japaratuba, ficando com o ônus da aliança (imputada ao seu ex-líder Claudomir Tavares, que amargou derrota para vereador), enquanto aos companheiros do município vizinho ficaram os bônus e a prefeitura conquistada pelo atual prefeito Padre Gerard Olivier, reeleito em 2004 para seu terceiro mandato (1989/1992, 2001/2004, 2005/2008). A História dirá quem teve razão.
2008 – Oposição = Situação
Aqui em Pirambu todos já ‘casaram’ ou ‘ficaram’ com todos, não cabendo dizer que ‘fulano’ é virgem. Portando, fica difícil dizer quem é situação ou oposição em nosso município. Assim, surgem os interesses de grupos diversos em comandar a prefeitura e instalar seus interesses, quase sempre em detrimento do povo que tem literalmente ‘comido o pão que o diabo amassou’ em função das últimas administrações da UDN (João Dória, Walter Amaral, Juarez Cruz), PDS (Daniel Luiz), PFL (Marcos Cruz, César Rocha, Sílvia Cruz, André Moura, PDT (Juarez Batista), PT (Moacir Santana) e PMDB (Antônio Santana). Quem é oposição em Pirambu? Zé Nilton – Governo Federal, Governo do Estado e Prefeitura (PMDB), Vado de Gago – governo Federal e Governo do Estado (PT), André Moura – fora da prefeitura, mas ainda dispondo de estrutura de poder (PSC), e muito distante Alexandre Espinheira – Governo Federal, Governo do Estado e Prefeitura de Aracaju (PC do B) e Claudomir Tavares – Ministério da Cultura (PV). Não podemos incluir neste imbróglio, por questão de justiça, o PSOL, que é declarado oposição a Antônio Santana, Marcelo Deda e a Lula, não obstante sua principal líder Dayse Rocha, egressa do PT, tenha sido eleitora de Lula e Déda. O fato de incluirmos alguns partidos e possíveis candidatos como aliados de algum governo, não significa que estes tenham participação nas decisões ou benesses de alguma instância de poder.
Goela abaixo
Das candidaturas posicionadas no campo que até um ano atrás era oposição, duas delas não aceita recuos em seus nomes: Zé Nilton (PMDB) e Vado de Gago (PT). Com um agravante: Zé Nilton não foi uma escolha do seu partido, até porque lá não existe um processo de escolha democrática, como o ocorrido no PT. Nenhum deles aceita ser vice-prefeito do outro e vice-versa. Inclusive as propostas apresentadas aos demais partidos são indecorosas, como compor a chapa proporcional e figurar em algumas secretarias. Não se deve aceitar a política de cooptação, sem discutir um projeto político que rompa com o passado/presente recente, impondo vetos aos demais nomes para integrar uma chapa majoritária (pela ordem alfabética, Alexandre Espinheira, Claudomir Tavares e Dayse Rocha).
PV terá candidato
Segundo reunião dos verdes realizada no final de abril, o partido não aceita ser coadjuvante, participando apenas de chapa proporcional. O PV tem como projeto ‘despoluir a política’ de políticos que ‘assaltaram os cofres públicos’, portanto não aceita discutir esta imoralidade, de troca de cargos, de cooptação. Se assim o fizer, se iguala aos demais. Assim, apresenta ao conjunto dos partidos não incluídos nesta condição os nomes de Cláudio Biriba, Claudomir Tavares e Géllise Bispo. Esta proposta será apresentada ao PSOL, PHS e PC do B.
PC do B e Alexandre
Um dos pré-candidatos a vereadores do PC do B nos confidenciou que não concorda com a fórmula com que seu presidente, Alexandre Espinheira, tem encaminhado a política de aliança dos comunistas em Pirambu. Segundo ele, o partido nunca sentou para discutir quem será o candidato a prefeito, portanto, Alexandre não pode se colocar nesta condição de que ele é o candidato a prefeito. “De quem?”, disse ele. Alexandre disse que o PC do B terá de 5 a 8 pré-candidatos e no momento certo irá reunir os comunistas para definir a melhor estratégia do partido. “Só não sentamos com André Moura, com o qual não queremos negócio”, sacramenta Alexandre.
De mãos atadas
A bióloga Dayse Rocha está encontrando muita dificuldade em ‘colocar o bloco na rua’ e provavelmente o PSOL fique fora dessa eleição. “É que o partido é muito radical e só permite alianças com o PCB e o PSTU, partidos que não tem diretório em nossa cidade”, queixa-se Dayse que não concorda também com a política de vetos e candidaturas de si mesmo (numa referência aos pré-candidatos do PMDB e PT).
PSL com Vado
Pelo menos um partido o PT deve ter como aliado este ano em Pirambu. Trata-se do PSL, presidido em nosso município pela ex-petista Sandra dos Santos, irmã do pescador Sandro dos Santos, pré-candidato a vereador pelo PT.
Badinho e Valdir
Alguns pré-candidatos a vereador pelo PT vê com desconfiança uma candidatura à reeleição do vereador Heribaldo Correia de Carvalho, o Badinho. Ele tem o direito a esta candidatura por possuir mandado, mas sendo irmão do pré-candidato Vado de Gago, tornaria as coisas mais difíceis para os demais candidatos, uma vez que possivelmente o partido só elegerá um vereador, possivelmente, dependendo das forças arregimentadas, dois. Quando a candidatura do ex-vereador Valdir Vieira Nunes, anunciada com exclusividade pela Tribuna da Praia, é outro complicador. Apesar de filiado ao PTB, da base aliada do deputado estadual André Moura (PSC), Valdir é cunhado de Vado e Badinho, o que gera desconfiança no grupo se a família não se insinuaria para apoiar o genro de Gago, o líder político do grupo.
Nilton tenta atrair o PSB
O empresário José Nilton ainda não desistiu da tentativa de ampliar seu bloco e ter o apoio do PSB que tem entre seus principais quadros os ex-prefeitos Marcos e Sílvia Cruz, o vereador Duval Oliveira, as professoras Jucileide Santana (esposa do prefeito afastado Juarez Batista) e Vânia Almeida (esposa do presidente da Câmara em exercício Zé Raimundo).No partido existe a possibilidade da candidatura a prefeito do atual vereador Marcos Cruz, que tentará retornara prefeitura de Pirambu. Este já tentou formar uma frente com o PT, que teria em Vado seu candidato à vice-prefeito, mas com a indicação do filho de Gago como pré-candidato a prefeito no dia 20 de abril, esta possibilidade, foi anulada. Há, sim, a possibilidade de um integrante do PSB compor a chapa como candidato a vice-prefeito de Vado de Gago.
PMDB e PT
O PV, que já se coligou com o PMDB em 2000, incluiu o partido no mesmo parâmetro com que analisa ao grupo liderado pelo ex-prefeito André Moura, seja pela sua composição eclética (90% de seus integrantes vieram do barco que furou na metade do ano passado), seja pelo modus operandi com que tem administrado prefeitura de Pirambu, repetindo os métodos de André Moura. Mesmo assim, os verdes aceitaram aceitar a proposta de sentar com o presidente municipal Rafael Marinho que procurou o pré-candidato Claudomir Tavares, que submeteu a proposta a Direção Municipal. O PV irá ouvir respeitosamente as propostas do PMDB, como fará com todas as forças que o procurar, não significando esta posição um gesto de adesão.
PV e PT
Uma segunda aliança com o PT está cada dia mais distante. É que o partido tem tido um comportamento semelhante aquele adotado pelo PMDB, no trato das alianças. Além disso, nunca ouvimos do seu pré-candidato, Vado, do seu pai Gago, do vereador Badinho, a intenção de apoio a um nome do PV, caso não fosse ele o indicado pelo encontro petista. A intenção foi demonstrada pela sua irmã, Vânia Carvalho. Além disso, o PT já sacramentou que não aceita discutir o nome do candidato a prefeito, se este não foi o indicado em 20 de novembro, identificando no PV um ‘bom partido’ para apoiar, não para ser apoiado. Aí, está descartada uma aliança PT/PV, como ocorreu em 2000, que incluiu ainda o PMDB, sendo eleitos os vereadores Valdir Vieira (PMDB) e Tonho de Zé do Carmo (PT). "O PV não aceita discutir com nenhum partido que exclua a possibilidade dos verdes integrarem a chapa majoritária”, disse o pedagogo, comerciante e funcionário público municipal Cláudio Biriba, um dos pré-candidatos a prefeito do partido.
Anote aí
Permanecendo o atual quadro político, teremos nesta eleição pelo menos quatro candidatos a prefeito: PMDB (Zé Nilton), DEM (Elinho), PT (Vado de Gago) e PV (Claudomir, Cláudio ou Géllise).Não nos venham dizer que a divisão da oposição (que oposição) facilita o retorno da família Moura ao poder, pois a oposição já perdeu esta condição há muito tempo, se igualando aos mouras nos métodos de fazer política. Resta confiar na inteligência do povo de Pirambu, se passará o município a limpo ou manterá no caos em que se encontra desde há muito tempo. Como 1982, parece que este ano teremos um leque de opções para não cometermos os erros históricos que temos cometido desde 1965
Frase da semana
“Já vi muita gente morrer de fazer ginástica. De lê, nunca.” – Afonso Arinos
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