1 de mai. de 2008

Tribuna da Praia: A importância sócio cultural do jornal alternativo da cidade de Pirambu


Por Claudomir Tavares da Silva claudomir@infonet.com.br

Introdução

Neste ensaio, apresentaremos a importância sócio-cultural do Jornal Tribuna da Praia, esta metamorfose da imprensa de Sergipe que se credencia a cada momento como um dos mais expressivos veículos de comunicação no estado, circulando em 41 municípios sergipanos (Amparo do São Francisco, Aquidabã, Aracaju, Barra dos Coqueiros, Brejo Grande, Canhoba, Capela, Carmópolis, Cedro de São João, Cumbe, Divina Pastora, Feira Nova, Gararu, General Maynard, Graccho Cardoso, Ilha das Flores, Itabi, Japaratuba, Japoatã, Laranjeiras, Malhada dos Bois, Maruim, Monte Alegre de Sergipe, Nª Sª das Dores, Nª Sª da Glória, Nª Sª do Socorro, Neópolis, Nª Sª de Lourdes, Pacatuba, Pirambu, Poço Redondo, Porto da Folha, Propriá, Riachuelo, Rosário do Catete, Santana do São Francisco, Santa Rosa de Lima, Santo Amaro das Brotas, São Francisco, Siriri e Telha), nas regiões: Grande Aracaju, Vale do Japaratuba, Barra Cotinguiba e Baixo São Francisco e 12 alagoanos (Arapiraca, Batalha, Delmiro Golveia, Igreja Nova, Olhos D’Água do Casado, Pão de Açúcar, Penedo, Piaçabuçu, Piranhas, Porto Real do Colégio, São Brás, Traipu), com uma tiragem mensal que oscila entre 6 a 10 mil exemplares.
A construção deste ensaio baseia-se numa perspectiva sociológica, na vertente da disciplina Cultura e Política, ministrada pela professora Maria de Fátima Ferreira, do Mestrado em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe no período de setembro de 2005 a janeiro de 2006.
A sua abordagem está sustentada a partir dos conceitos discutidos e construídos coletivamente no decorrer das aulas e baseia-se nas obras de Bauman, Mattelart, Ortiz e Warnier, (3) pelo que propõe o conjunto de sua obra e pelos quais nortearam a trajetória do jornal Tribuna da Praia, esta metamorfose da imprensa sergipana e que há 22 ano tem influenciado através de seu conteúdo a construção e o resgate da memória política e cultural da cidade de Pirambu, no litoral Norte sergipano.
Ao lançar mão dos conceitos emitidos pelos autores acima supra citados, o fizemos por identificá-los como aqueles que mais se aproximam da volumosa obra que tem sido construída pela Tribuna da Praia.
A contribuição dos autores está distribuída ao longo do texto, ilustrando e procurando clarear a luz da ciência o que tem sido anunciado aos “céus” de Sergipe a pauta histórica do jornal.
Bauman (Zigmunt Bauman) nos proporcionou uma ilustração muito significativa clara a cerca dos conceitos emitidos sobre a política, a comunidade e a globalização, tripé que estão indissociáveis pelas novas questões apontadas tanto pela conjuntura de antes (da Tribuna) quanto durante a trajetória do jornal. Isso está claro na trajetória do jornal que se constituiu em grande parte da sua história num instrumento,uma ferramenta política com ampla inserção social e ao mesmo tempo sintonizada com os acontecimentos mundiais, que invariavelmente nos dizem respeito.
Quando se pensa em um jornal de interior, imagina-se ser ele um instrumento barrista, voltado para as questões essencialmente locais. Não vemos nisso um problema, até pelo seu alcance, seu raio geográfico de circulação. Essa pelo menos não foi à regra da Tribuna da Praia, que se inseriu no processo mais amplo, ao discutir nos anos 90 do século passado a crise do socialismo, as questões que diziam respeito ao neoliberalismo e seus reflexos no Brasil. A partir dos princípios defendidos na obra de Armand Mattelart, (4) o jornal foi mais além do que se propôs inicialmente e trouxe para o ambiente da “aldeia” os temas da Aldeia Global.
Sintonizado com as questões sociais e políticas, a Tribuna da Praia foi (ou está sendo) uma expressão coletiva dos vários atores sociais que atuam na militância cultural, ambiental e política. Além de promover, encampou eventos culturais esporádicos e permanentes em Pirambu e, por extensão na região do Vale do Japaratuba, na sua porção do litoral Norte de Sergipe. Partindo dos conceitos emitidos por Renato Ortiz através de Cultura Brasileira (5), em que discute aspectos específicos e gerais sobre a construção de uma identidade nacional. A Tribuna da Praia, pelo conjunto de sua obra, jamais se furtou a defender os elementos componentes da cultura popular,do fazer cultural e de suas conseqüências na vida das pessoas.
Se partirmos para outra frente, quando Ortiz discute todo um processo de globalização da cultura em sua obra, (6) verifica-se que a Tribuna da Praia sempre associou suas ações ou aquelas desenvolvidas e patrocinadas no cenário de sua existência, a outras que indissociáveis aconteciam, obedecendo às particularidades de cada região, em outros “rincões” do Planeta. Afinal, somos cidadãos do mundo, o qual inclui os mesmos cotidianos.
Os 22 (em 2006) anos da Tribuna da Praia (incluindo suas fases O Clarim, Jornal de Pirambu, O Atlântico, Acorda Pirambu e Jornal Opara) foram expressões transitórias de sentimentos coletivas, vendo-se que sua pauta histórica sempre se manteve associada aos “eventos” políticos e culturais, numa simbiose em que via os fenômenos locais como extensão daqueles ocorridos em outros cantos do globo e vice-versa, se assim nos permite comparar com a Warnier. (7) A Tribuna da Praia sempre apostou na ampliação de sua política midiática. Assim, estendeu suas ações ao lançar recentemente uma Revista (Seiva) e sua página na internet.
São contribuições como estas que nos proporcionaram construir este ensaio, pautado na própria memória da Tribuna da Praia, sob a vigilância dos autores que nos acompanham.
1. Nascendo do Movimento Estudantil
A Tribuna da Praia é um fruto de uma luta oriunda do incipiente movimento estudantil do início dos anos 80 do século passado. Surgido com o nome de O Clarim, a Tribuna da Praia passou por sete fases distintas, mas que se completam: cada uma delas reflete um momento histórico, caracterizado pela posição política dos que o integraram ao longo dos seus quase 22 anos.
A problemática a ser levantada em “Um olhar de clio sobre a Tribuna da Praia: a trajetória do jornal que veio do movimento estudantil e hoje é um referencial de pesquisa sobre a história, política e cultura do município de Pirambu” está constituída numa sucessão de fatos que caracterizaram cada uma das suas distintas fases, mas que se completam, numa simbiose com os “eventos” (não confundir com os eventos de promoção da administração municipal) que constituíram a conjuntura política e cultural da Escola Amaral Lemos, num primeiro momento – o específico – e de Pirambu, nos momentos seguintes – o geral – ao longo dos últimos 22 anos.
Seu surgimento está associado – ainda que indireto e involuntário – a transição política no início da década de 80 do século XX e ao conseqüentemente surgimento, ainda que incipiente, movimento estudantil de Pirambu, embora este não pode estar caracterizado como uma conseqüente retomada das mobilizações estudantis que se verificaram, por exemplo, na campanha das diretas para presidente em 1984 e 1985. Pode ser, no máximo, fruto de uma re-tomada de consciência de um grupo (e era pequeno) de estudantes que envergavam para além dos ornamentados coqueirais da paradisíaca Pirambu.
Apesar da pouca politização que instruiu a organização do movimento estudantil pela vertente de um jornal mural, é interessante perceber quais foram os reais interesses que perpassaram pela consciência coletiva do grupo de estudantes e seus conseqüentes desdobramentos que resultaram daí, nas fases e anos seguintes ao “O Clarim”, o que deu origem a todo o processo que hoje tem continuidade através do jornal Tribuna da Praia.
É de se justificar o fato de, sendo um jornal cujo embrião seja o movimento estudantil, sua trajetória esteja associada aos movimentos sociais, passando, inclusive pela condição de órgão oficial de um partido político – o PC do B?
2. Uma metamorfose na imprensa sergipana
“As duas coisas de que mais temos certeza hoje em dia é que há pouca esperança de serem mitigadas as dores de nossas atuais incertezas e que mais incertezas ainda está por vir”. (8) A Tribuna da Praia foi concebida inicialmente como um jornal estudantil, passando por distintas fases, sempre ligadas aos movimentos sociais, até se constituir em um jornal alternativo a partir de 2003. Este artigo resgata a trajetória do jornal que se constituiu no mais importante instrumento de pesquisa sobre a história, política e cultura de Pirambu, ao tempo em que comemora os 35 anos da Escola Estadual José Amaral Lemos. Sua história se confunde com a própria trajetória da imprensa neste município do litoral Norte de Sergipe. Está associado ao movimento estudantil, passando pela militância política até se constituir em um jornal alternativo, disponibilizando inclusive uma edição on-line via internet.
Sua trajetória de 22 anos (em 2005) o credenciou como um canal de informação, sempre ligado aos movimentos sociais, em particular ao estudantil, de onde se originou. Os procedimentos metodológicos adotados basearam-se nas informações levantadas junto Centro de Documentação do Jornal “Tribuna da Praia” (o depositário da história que teve início com “O Clarim”), fazendo assim uma opção pela pesquisa bibliográfica, na sua vertente primária. A estruturação do texto, aqui apresentado em forma de artigo, segue a perspectiva histórica, cronológica, sem que seja caracterizado um perigoso desfilar dos fatos, numa linha contemplativa. Apresenta cada uma das suas fases e perspectivas construídas em cada uma delas – distintas, mas que se completam.
É fundamental observarmos que a maioria dos jornais alternativos de Sergipe, do tipo da Tribuna da Praia, localizados em Japaratuba, Propriá, Capela, Nossa Senhora das Dores, Laranjeiras, Itabaiana, Lagarto, Estância e outras dezenas de cidades, não obstante o grande volume de jornais e periódicos que surgiram, desapareceram, reapareceram para depois desaparecer novamente, pouco se tem guardado da memória jornalística nestes municípios. (9) Por outro lado, pouco se tem reunido destes jornais para a partir de um inventário (dos veículos e de seu acervo) reconstruir uma parcela importante de nosso estado.
A Tribuna da Praia , que surgiu como O Clarim, desapareceu e reapareceu como Jornal de Pirambu. Se transforma em O Atlântico e unifica sua história como Tribuna da Praia, para depois reaparecer como Acorda Pirambu e depois cruzar as fronteiras do município e surgir em Propriá como Jornal Opara, hoje é um dos jornais alternativos de maior raio de circulação em Sergipe, distribuído em 41 cidades de nosso estado e outras 12 de Alagoas.
Este ensaio, além de resgatar a trajetória da Tribuna da praia, esta que é uma metamorfose na imprensa alternativa de Sergipe, pretende ainda cumprir o papel de reconstituir a memória de um jornal que, oriundo de um movimento social, cumpre um papel em defesa da escola pública, de qualidade social e cidadã, que transforme o desgaste da escola pública no resgate da cidadania. Este, provavelmente – e a história cuidará de confirmar ou apresentar outras hipóteses – tenha sido a principal contribuição do Jornal Tribuna da Praia ao longo dos seus 22 anos (em 2005) de existência.
Um jornal que nasceu numa época de transição da ditadura para a democracia, em busca de uma identidade constante. Identidade esta que, segundo Ortiz deve ser uma busca constante, na perspectiva de que “... é necessário mostrar em que nos identificamos”. (10)
2.1 O Clarim: 23/08 A 19/09/1983 (11)
A história da Tribuna da Praia tem início com o lançamento do jornal O Clarim, em 23 de agosto de 1983. Era um jornal estudantil, de caráter clandestino, representando o seguimento organizado dos estudantes da Escola José Amaral Lemos. Circulou até o dia 19 de setembro do mesmo ano, publicando 07 edições, destacando-se na luta por eleições diretas para diretores, na campanha da solidariedade aos flagelados da seca e na realização dos 1º Jogos Internos do Amaral Lemos. Com formato Mural, datilografado, montado em folha de ofício era afixado nas portas das salas da escola e em alguns pontos de referências da cidade, como padaria, supermercado, prefeitura, câmara, correios e posto telefônico.
O Editorial do jornal apresentava a seguinte manchete: “O Clarim: anunciando um grito de liberdade em Pirambu” (O Clarim, 1983):
  • O dia de hoje ficará registrado na história de Pirambu como aquele em que os
    estudantes e o povo em geral terá uma voz em defesa das suas reinvidicações.
    Está nascendo o Jornalzinho O CLARIM, uma iniciativa da professora Josefina
    Oliveira, que na 7ª série da Escola José Amaral Lemos tem como coordenadores
    Claudomir Tavares, Walter Biriba, Juarez Batista, Lígia Ferreira e Paulo César.
    (O CLARIM, 1983).

Durante o período desta fase do jornal. foram publicadas sete edições, totalizando assim sete exemplares.

2.2 Jornal de Pirambu: 08/03 A 13/06/1984

No período de 08 de março a 13 de junho de 1984, circulou com 05 edições de 30 exemplares cada, o Jornal de Pirambu, que para efeito de história e arquivamento, corresponde a segunda fase da Tribuna da Praia. Surgido seis meses depois do fim das atividades de O Clarim e para dar continuidade a sua luta fora do Amaral Lemos, tinha como objetivos ser um canal aberto às manifestações daqueles que se sentissem lesados dos seus direitos e vontade de se expressar. Destacou-se na luta em defesa das manifestações estudantis e do esporte local. Teve apoio do comércio e repartições públicas que viam no jornal uma voz da juventude em geral.

Nesta fase foram publicadas 05 edições, totalizando 150 exemplares (12).

O editorial da primeira edição, datado de 08 de março de 1984 anunciou que:

  • O Jornal de Pirambu será um canal aberto as manifestações daqueles que se
    sentir lesado do seu direito, da sua vontade de se expressar. (JORNAL DE
    PIRAMBU, 1984).

2.3 O Atlântico: 05/08/1987 a 17/05/1988

Em 05 de agosto de 1987 nascia o jornal O Atlântico, com 14 edições de 200 exemplares, totalizando 2.800 exemplares (13), encerrando suas atividades em 17 de maio de 1988. Era a terceira fase da Tribuna da Praia. O Atlântico foi a primeira tentativa de se construir um jornal alternativo de circulação em massa. O principal objetivo do jornal era abrir espaço as mais amplas manifestações da comunidade, sem coloração política e ideológica.

Esteve preocupado em divulgar os aspectos sociais e culturais da cidade, sem se preocupar com as questões econômicas e políticas. Teve apoio de amplos setores do comércio local, que acreditava no prestígio e capacidade multiplicadora do jornal. Encerrou suas atividades quando estavam dadas as condições para a entrada da 4ª fase, agora com o nome de Tribuna da Praia.
O Atlântico era datilografado e montado em papel A4, reproduzido em copiadoras e distribuído em portas de escolas, casas comerciais, órgãos públicos e junto aos formadores de opinião.
2.4 Tribuna da Praia: 27/09/1988 a Fevereiro de 1993
A primeira vez que a Tribuna da Praia adotou este nome ela esteve sob o comando do Partido Comunista do Brasil – PC do B, que com a filiação do ex-petista Claudomir Tavares da Silva, que assumiu nesta legenda a Secretaria de Agitação e Propaganda, decide lançar um jornal que divulgasse a campanha da candidata a vereadora Ivânia Pereira – Vanda e as ações do partido em Pirambu.
As propostas de nome: O Comunista, A Classe Operária e Tribuna da Praia (a partir da continuidade do projeto por ele iniciado em 1983, agora transportado para o partido). A opção ficou pela Tribuna da Praia, cuja edição de lançamento saiu com a seguinte numeração: Ano 06 – 4ª Fase – Nº 01 – 27/09/1988.
Já na edição de lançamento, o jornal se debruçava sobre três frentes de lutas: eletrificação rural para o povoado Alagamar, construção de um campo de futebol no povoado Maribondo e a redução do preço da passagem de Pirambu a Aguilhadas, já que a passagem era tirada com o valor de Pirambu ao povoado São José, em Japaratuba. (TRIBUNA DA PRAIA, 1988).
O jornal ganhou expressão no município pela sua linha oposicionista a administração do então prefeito César Rocha (1989/1992) e por divulgar as campanhas políticas e sociais do PC do B, da UJS, dos movimentos sociais, obtendo apoio de lideranças do SINTESE, do PC do B e dos setores que compunha a oposição democrático-popular em Pirambu. Passou por três fases distintas somando 81 edições de 300 exemplares, totalizando 24.300 exemplares (14).
2.5 Acorda Pirambu: 23/08/1993 a Julho de 1994
O Jornal Acorda Pirambu correspondeu a 5ª fase da Tribuna da Praia, circulando no período de 23 de agosto de 1993 a julho de 1994. Foram publicadas 07 edições, somando 7.630 exemplares, elevando para 34.887 (15) exemplares nas cinco fases do jornal.
A edição de lançamento, cujo editorial fazia uma referência ao papel histórico do jornal por ocasião dos 10 anos. “Em defesa dos trabalhadores e pelo socialismo” (ACORDA PIRAMBU, 1993) era a manchete da matéria que trazia a seguinte mensagem:
      • O novo papel do Acorda Pirambu é estar cada vez mais independente de pessoas ou grupos, más não da defesa intransigente das reivindicações históricas e imediatas do nosso povo. (ACORDA PIRAMBU, 1993).


Um segundo lançamento do jornal se deu em dezembro, onde se fizeram presentes o deputado estadual Renato Brandão e o vereador em Aracaju, Gilvan Melo, ambos do PT. O Jornal estava agora sob a influência do Diretório Municipal do PT e tinha como diretor o petroleiro Eversílio Alves de Lima (Neném).

O jornal chegava finalmente aos povoados de Pirambu. Cada edição era destacada uma comunidade, um ou mais povoados, dependendo do conjunto das matérias abordadas, levando assim a informação as comunidades mais distantes, como Aguilhadas, Maribondo, Aningas, Baixa Grande, Santa Izabel e Alagamar.

2.6 Jornal Opara: 31/10/2002 a abril de 2003

O Jornal Opara foi resultado de um processo que resultou das comemorações dos 500 anos do Rio São Francisco (ainda que um ano depois), na cidade de Propriá. Pirambu é um dos 27 municípios integrantes da baia hidrográfica do “Velho Chico”. Logo a ligação entre as cidades. A redação do Jornal Opara estava localizada na Rua México, 399, na cidade de Japaratuba, também integrante da bacia hidrográfica.

A relação entre a Tribuna da Praia e o Jornal Opara é que ela corresponde exatamente a sexta fase, aquela em que o jornal pretendia atingir todos os 27 municípios do raio geográfico da bacia. Circulou do período de outubro de 2002 a abril de 2003, publicando 06 edições que inicialmente tinha uma tiragem de 500 exemplares, chegando aos 3000 mil no encerramento de suas atividades. O Jornal Opara foi substituído a partir de julho de 2003 pela Folha Regional, em sua 7ª edição, estando à frente do novo projeto o comunicólogo Renner Alves, um profissional que tem uma atuação de destaque na comunicação de Propriá e todo o Baixo São Francisco.

Com quatro páginas, diagramado seguindo o padrão jornalístico, impresso pela primeira vez em uma gráfica, o Jornal Opara preconizava em sua matéria de capa:

      • Cultura & Educação: Este é o objetivo de um jornal que nasce como o
        Velho Chico, pequeno, cabendo na palma da mão, lá na Serra da Canastra, em Minas Gerais. O Jornal Opara (nome dado ao rio pelos índios aqui
        encontrados por Américo Vespúcio em 04 de outubro de 1501 e que
        significava Rio Mar) nasce com o propósito de unificar o Baixo São
        Francisco através da notícia. (JORNAL OPARA, 2002).

Nesta sexta fase, a Tribuna da Praia (Jornal Opara) publicou seis edições, que totalizaram 5500 exemplares (16).

2.7 Tribuna da Praia: 25/01/2003...

O jornal Tribuna da Praia em sua atual fase lançada em 27 de janeiro de 2003 fazia um paralelo com o Jornal Opara, até que este deixou de circular em abril de 2003. A partir de junho, surge o projeto que unifica toda a trajetória dos jornais em uma única proposta.

É o projeto mais “ambicioso”, ao longo dos seus quase vinte e dois anos de ininterrupta atividade jornalística imprimiu um novo ritmo na comunicação do interior de Sergipe, ao sair do raio geográfico de Pirambu, ampliando-o para o Litoral Norte de Sergipe, chegando hoje as seguintes regiões: Grande Aracaju, Barra Cotinguiba, Vale do Japaratuba e Baixo São Francisco, onde mantém a Redação e a Sucursal Sergipe/Alagoas. Com uma tiragem de seis mil exemplares, a Tribuna da Praia circula de forma regular em 27 cidades de Sergipe e 11 de Alagoas, com periodicidade mensal.

De formato tablóide, com oito páginas (capa, opinião, política, painel, cidades, cultura, sociedade e especial) a Tribuna da Praia está na sua sétima fase e com o nome que considera definitivo.

Até a elaboração desde artigo, a Tribuna da Praia publicou 16 edições, que somados as anteriores atinge a marca de 136 edições. Ao longo destes dois anos e três meses, foram distribuídos 96 mil exemplares (17). São números que, por si só, nos dão conta do volume que constitui sua produção ao longo dos últimos 22 anos.

3. Tribuna On-Line

“Viva o 1º de Maio: Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora” (TRIBUNA ON-LINE, 2004:30/04). Com esta manchete de Página Inicial, estava lançada em 30 de abril de 2004 a edição On-Line do Jornal Tribuna da Praia. Estava dada a largada para o jornal conquistar o mundo (ambição?) sem sair do universo cultural em que o fez surgir.

    • “As idéias de sociedade informática ou de aldeia global sublinham a
      importância da tecnologia moderna na organização da vida dos homens”. (ORTIZ, 1994: 14)

Prestes a completar dois anos (isso em 2006) , o Web Site da Tribuna da Praia (18) sofre alterações de conteúdo, designer, e formatação. Todo produzido pela equipe que também cuida da edição impressa, a redação do jornal funciona na cidade de Propriá, de onde é efetuada a atualização pelo menos uma vez por semana.

Segundo e-mails que a equipe tem recebido nestes quase dois anos no ar, o site já foi acessado em praticamente todo o estado de Sergipe, em cidades e capitais de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo. Verificou sua ocorrência em cidades da Espanha (Madri, Barcelona, Saragoza), Portugal (Lisboa e Porto) e Estados Unidos (San Francisco e New York). A edição on-line da Tribuna da Praia cumpre assim sua vertente globalizada, levando (e trazendo) informações de uma pequena cidade do menor Estado da Federação a partes diferentes do planeta. “A globalização significa que nunca mais alguém poderá dizer que se está sozinho” (19)

Ao lançar sua edição on-line, a Tribuna da Praia entrava definitivamente na era da comunicação global. Estava se iniciando uma nova etapa no processo de credenciamento do jornal como o principal canal de acesso a Pirambu, instrumento de pesquisa imprescindível para se conhecer elementos da história, da política e da cultura agora numa perspectiva digital. “Os sistemas de comunicação em tempo real determinam a estrutura de organização do planeta”, escreveu em 1944 o jornalista e escritor mexicano Carlos Monsivais. (20).

4. Relação do Jornal com a Educação

Ao longo de sua existência, a Tribuna da Praia tem servido de canal permanente de acesso a Pirambu, através de seu conteúdo, sempre com informações relacionadas à História, Geografia, Cultura e Turismo. Os movimentos sociais sempre tiveram na Tribuna da Praia (em suas várias fases) uma voz que lhe desse ressonância.

A educação, por excelência tem tido uma contribuição imprescindível da Tribuna da Praia. Foram publicadas informações sobre o município que tem servido de subsídio para pesquisas escolares, elaboração de trabalhos nos cursos secundários, trabalhos monográficos de graduação e alimentado praticamente todos os guias informativos de Sergipe. Lamentavelmente, alguns não têm indicado a fonte, o que tem trazido prejuízos irreparáveis para a imagem do jornal enquanto agente de transmissão do conhecimento.

A relação da Tribuna da Praia com a educação e, por extensão a cultura tem sido um referencial do jornal, atualmente o principal canal de acesso a Pirambu. Citando Warnier, o papel desempenhado pelo jornal ao longo dos seus 22 anos serviu “... para arquivar e comunicar com os vivos, os mortos e os deuses”. (21)

Atualmente ele está inserido como link dos Blog Educação é História, do Grupo de Estudo e Pesquisa em História da Educação do Núcleo de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe, que tem a coordenação do professor Dr. Jorge Carvalho do Nascimento e História da Medicina em Sergipe que tem a coordenação do professor Msc Antônio Samarone de Santana do Departamento de Medicina da UFS e membro titular da Academia Sergipana de Medicina. Possui um serviço de Newsletter com mais de 700 cadastros que recebem periodicamente as novidades da edição on-line e foi indicado para constar do próximo catálogo do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, a partir de sugestão do professor Dr. Itamar Freitas, já constando como uma das coleções da Hemeroteca da instituição, sendo um instrumento de pesquisa a disposição da comunidade científica, de estudantes, professores e pesquisadores que freqüentam a Casa de Sergipe, como é conhecido o órgão que agora é o guardião da memória do jornal do litoral Norte de Sergipe.

Conclusão

“Um dia tudo estará bem, eis nossa esperança!
Tudo está bem agora, eis nossa ilusão”.
Voltaire

“A saga da comunicação escrita tem muitos milênios de existência. A imprensa, praticada pelos chineses desde a Antiguidade, difundiu-se seguindo os passos do papel”. (22)
Sergipe possui uma importante reserva de comunicação alternativa. As principais pesquisas produzidas ou em andamento baseiam-se na linguagem oral, na sua vertente temática. São construções que partem do princípio das fontes primárias. Outras utilizam os elementos já levantados nestas pesquisas, o que caracterizam fontes secundárias, que sempre são associadas com a primária, já que na maioria das vezes é impossível se checar a primeira sem lançar mão da segunda.

Cidades como Propriá, Japaratuba, Pirambu, Capela, Nossa Senhora das Dores, Laranjeiras, Itabaiana, Lagarto e Estância, só para citar alguns exemplos, tem importantes e estratégicos instrumentos de pesquisas. Em algumas dessas cidades existem ou existiram mais de um jornal (SILVA, 2005: 10). Neles estão algumas passagens pitorescas, investigativas, sensacionalistas, etc., mas todas elas são construções do seu tempo. Cabe a nós, que entendemos ser toda história a história do presente, estabelecer a necessária observação com os olhos do presente, compreendermos os olhos do passado – que tiveram como cenário a conjuntura daquela época.

A Tribuna da Praia é um destes instrumentos de pesquisa que, se não o mais significativo, mas aquele que reúne o mais completo conjunto de informações sobre o município de Pirambu. Com um dado interessante: o jornal hoje tem uma base territorial ampla – circula em 41 cidades, do litoral, agreste e sertão e 12 de Alagoas, aquelas banhadas pelo Rio São Francisco. Então, o seu acervo contempla informações bem mais amplas do que aquelas que faziam sua pauta em 1983.
Sua distribuição obedece a critérios que pretendem dar um caráter essencialmente de fazer chegar à informação e dali ela se irradiar. Tem pontos fixos de distribuição em Aracaju, Barra dos Coqueiros, Pirambu, Japaratuba e propriá, privilegiando os centros culturais, galerias, museus, bibliotecas, escolas, órgãos públicos, ong’s.

Sua edição On-Line lançada em 1º de maio de 2004 está completando um ano (isso em 2005) e a média de acessos é de 150 pessoas por dia (atualmente são 3000 acessos diários), o que resulta em 4500 leitores on-line por mês. Seu Site é acessado em Pirambu, em Sergipe, no país e no mundo. Tem integrado cidades, subsidiado estudantes e pesquisadores, não só de Pirambu, mas de várias outras cidades, como Propriá, cujos conteúdos tem subsidiado estudantes das disciplinas Sociedade e Cultura, Cultura Sergipana e do Pré-Universitário no Colégio Estadual Joana de Freitas Barbosa.

É sem medo de errar, o mais importante referencial para se conhecer o município de Pirambu através de uma informação que periodicamente está em um ponto perto do leitor e, diariamente, na tela do computador. Sua história se confunde com a própria trajetória da imprensa neste município do litoral Norte de Sergipe. Está associado ao movimento estudantil, passando pela militância política até se constituir em um jornal alternativo, disponibilizando inclusive uma edição on-line via internet.

Após 22 anos (em 2008 serão 25) de história em plena sintonia com as questões sociais que nortearam sua trajetória, acreditamos tacitamente que a Tribuna da Praia Zigmunt Bauman, fez uma opção:

    • A “globalização está na ordem do dia; uma palavra da moda que se
      transforma rapidamente em um lema, uma encantação mágica, uma senha capaz de abrir as portas de todos os mistérios presentes e futuros. Para alguns,
      “globalização”é o que devemos fazer se quisermos ser felizes; para outros, é
      a causa da infelicidade. Para todos, “globalização” é o destino irremediável
      do mundo, um processo irreversível; é também um processo que nos afeta a
      todos na mesma medida e da mesma maneira. (Bauman, 1999: 07).

Assim, impossível ficar imaginando que somos uma ilha, afinal como complementa Bauman “estamos todos sendo ‘globalizados’ – e isso significa basicamente o mesmo para todos” (23) A Tribuna da Praia, portanto, fez uma opção de não se curvar às imposições que a cercaram ao longo de sua trajetória. Construiu sua linha e ampliou seu leque de ação e raio geográfico. Irremediavelmente é um caminho sem volta! E este é um desafio perseguido pela sua constante sede de acreditar que, como prevê o cantor Belchior, “o novo sempre vem”.

Notas:

(1) Ensaio apresentado a Disciplina “Cultura e Política” do Mestrado em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe em janeiro de 2006 e revisado em março do mesmo ano.
(2) Professor das redes pública estadual de ensino na cidade de Propriá, municipal em Pirambu, fundador do Jornal Tribuna da Praia e da Sociedade de Cultura Artística de Pirambu. Foi diretor de cultura da prefeitura municipal de Pirambu. Site: www.tribunadapraia.com - E-mail: claudomirtavares@uol.com.br
(3) Ver Bibliografia completa ao final deste trabalho.
(4) MATTELART, Armand. A globalização da comunicação. 2. ed. Bauru, SP: edusc, 2002.
(5) ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. São Paulo: Brasiliense, 1998.
(6) .......................... Mundialização da Cultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
(7) WARNIER, Jean-Pierre. A mundialização da cultura. Bauru,SP: Edusc, 2000.
(8) BAUMAN, Zygmunt. Em busca da política. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000, p. 32.
(9) SILVA, Claudomir Tavares da. Um Olhar de Clio sobre a Tribuna da Praia. UFS: São Cristóvão, 2005, p. 3.
(10) ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 2003, p. 7-8.
(11) Para efeito de história e arquivamento, o Jornal Tribuna da Praia reconheceu em 27 de setembro de 1988 o Jornal O Clarim como sendo sua 1ª fase, o que justifica os 22 anos que o veículo de comunicação comemora em 2005.
(12) Concluída esta fase, a Tribuna da Praia totalizava 12 edições e 157 exemplares.
(13) Neste momento, a Tribuna da Praia registrava a marca de 26 edições e 2957 exemplares.
(14) Concluída esta fase, a Tribuna da Praia alcançava a marca histórica de 107 edições e 27257 exemplares.
(15) A Tribuna da Praia chegava assim a marca de 114 edições, totalizando 34887 exemplares
(16) Para efeito de história e arquivamento, a Tribuna da Praia chegava assim a sua 120ª edição e aos 40378 exemplares.
(17) Totalizando 136 edições e 130387 exemplares (posição em março de 2005).
(18) O acesso ao jornal se dá através da url: http://www.tribunadapraia.com.br
(19) MATTELART, Armand. A globalização da comunicação.2. ed. São Paulo: EDUSC, 2002, p. 183-84.
(20) Idem, p. 11.
(21) WARNIER, Jean-Pierre. A mundialização da cultura. Tradução Viviane Ribeiro. Bauru: EDUSC, 2000, p. 42.
(22) ORTIZ, Renato. Mundialização da Cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
(23) BAUMAN, Zigmunt.Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.p. 7.

Referências Bibliográficas:

A VOZ de Pirambu. Jornal de Pirambu, 08 mar. 1984, Editorial, p. 1.
BAUMAN, Zygmunt. Em busca da política. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
................................... Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro, 2000.
................................... Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
CULTURA & Cidadania. Jornal Opara, out. 2002, p. 1.
EM defesa dos trabalhadores e pelo socialismo. Acorda Pirambu, 23 a 29 ago. 1993, p. 1.
FREIRE, Edvânia. Pirambu: de colônia de pescadores a cidade turística. In: Revista dos Municípios. Aracaju: Cinform, 2002. pp. 188/90.
LUZ para o Alagamar. Tribuna da Praia, 27 set. 1988, p.1.
MATTELART, Armand. A globalização da comunicação. Tradução Laureano Pelegrin. 2. ed. Bauru (SP): EDUSC, 2002.
O CLARIM: Anunciando um grito de liberdade em Pirambu. O Clarim, Pirambu, 23 ago.1983, p 1.
ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. São Paulo: Brasiliense, 1988.
.......................... Mundialização da Cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
SILVA, Claudomir Tavares. A trajetória da Tribuna da Praia. Pirambu, 2005. Disponível em:

Fonte: http://www.tribunadapraia.com/ - Em: 1º/05/2008

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