
Nesta época, relata Elze Bispo, as ruas eram de chão e, de acordo com Maria da Conceição de Jesus, 57, a dona Dida, não tinha sequer rodagem. A moradora se refere à pista que liga os municípios: Barra dos Coqueiros e Pirambu. Energia elétrica e água encanada eram itens que encabeçavam a lista de desejo de antigos pescadores. Esses benefícios chegaram há cerca de 20 anos e trouxeram uma melhor qualidade de vida ao povoado Touro. Assim como o calçamento das ruas, há aproximadamente 12 anos.
Os moradores atuais do lugarejo afirmam que os primeiros a habitar aquelas terras foram Manuel Marcos Bispo e Dalva Alves Bispo, Messias Mora Bispo e Maria Mafalda da Conceição, além de Fausto Marcos Bispo e Odete Moura, 81 anos, únicos ainda vivos. Todos são da mesma família. Aliás, o Touro pode ser considerado um povoado familiar, onde reina o legado dos Bispos. Quase todos os moradores são parentes e os que não têm relação consangüínea, também se consideram membros da grande família.
“Aqui todo mundo se conhece. A gente pode dormir na porta de casa e não acontece nada. O povoado é muito tranqüilo. Não tem nenhum registro de violência”, destaca a dona de casa Ivone de Jesus Santos, 30 anos, orgulhosa. Ela considera que o Touro teve um grande desenvolvimento nos últimos anos e sente-se orgulhosa por morar num povoado que oferece uma boa condição de vida aos seus moradores. “Quando eu era criança brincava na areia, porque era só o que tinha aqui”, diz. O único sonho de Ivone é ter uma casa de alvenaria, em substituição a de palha em que vive.
Rotina
Como o povoado fica mais próximo a Pirambu, a comunidade se desloca para lá na hora de fazer feira. Hoje o acesso ao transporte é fácil e a vida mais agradável. “Antes a gente ia de trator para Pirambu, e para ir a Aracaju íamos a pé até a Barra”, diz dona Dida, sem se queixar.
Mesmo tendo apenas uma praça, inaugurada a menos de um ano, e uma capelinha que tem Nossa Senhora Aparecida como padroeira, dois bares, uma mercearia, uma escola que ensina apenas a educação infantil, a Municipal Doutor José Augusto Cruz Santana, construída em dezembro de 2001, e um chafariz, a comunidade do Touro ama o lugar onde vive. “A praça foi uma maravilha, servem para os meninos irem ‘vadiar’ e nós, os adultos, irmos conversar nos banquinhos”, confidencia dona Dida.
Para se divertir, os moradores freqüentam as serestas promovidas pelos dois barzinhos do Touro. A praia, logo a frente, é pouco freqüentada por eles. Para manter o sustento, a comunidade explora pequenas roças no terreiro de suas chácaras. Outros pescam, e há ainda aqueles que sobrevivem apenas da aposentadoria.
Por lá, o que falta mesmo é emprego. Os jovens procuram labuta nos municípios vizinhos, sobretudo na capital. Na área da saúde, o povoado poderia deixar a desejar, porque não tem um posto médico. Mas nem isso é motivo de queixa para os moradores do Touro. “Quando precisamos vamos ao posto de saúde do povoado Canal. Somos bem atendidos. E se a gente ligar vem ambulância até de Aracaju”, detalha Elze Bispo Valido.
Fonte: Cinform – Edição de 09 a 15/02/2009
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