20 de set. de 2010

O Touro é manso e pequeno, mas um bom lugar pra viver


O povoado Touro é da Barra dos Coqueiros, município vizinho de Aracaju, mas está mais próximo de Pirambu, distante 28 quilômetros da capital. A história do Touro – nome que nenhum morador soube explicar a origem – começou a ser escrita quando o lugarejo tinha apenas poucas cabanas primitivas de palha na beira do rio, que abrigavam os pescadores, advindas, segundo Elze Bispo Valido, 57 anos, do povoado vizinho chamado Canal.

Nesta época, relata Elze Bispo, as ruas eram de chão e, de acordo com Maria da Conceição de Jesus, 57, a dona Dida, não tinha sequer rodagem. A moradora se refere à pista que liga os municípios: Barra dos Coqueiros e Pirambu. Energia elétrica e água encanada eram itens que encabeçavam a lista de desejo de antigos pescadores. Esses benefícios chegaram há cerca de 20 anos e trouxeram uma melhor qualidade de vida ao povoado Touro. Assim como o calçamento das ruas, há aproximadamente 12 anos.

Os moradores atuais do lugarejo afirmam que os primeiros a habitar aquelas terras foram Manuel Marcos Bispo e Dalva Alves Bispo, Messias Mora Bispo e Maria Mafalda da Conceição, além de Fausto Marcos Bispo e Odete Moura, 81 anos, únicos ainda vivos. Todos são da mesma família. Aliás, o Touro pode ser considerado um povoado familiar, onde reina o legado dos Bispos. Quase todos os moradores são parentes e os que não têm relação consangüínea, também se consideram membros da grande família.

Aqui todo mundo se conhece. A gente pode dormir na porta de casa e não acontece nada. O povoado é muito tranqüilo. Não tem nenhum registro de violência”, destaca a dona de casa Ivone de Jesus Santos, 30 anos, orgulhosa. Ela considera que o Touro teve um grande desenvolvimento nos últimos anos e sente-se orgulhosa por morar num povoado que oferece uma boa condição de vida aos seus moradores. “Quando eu era criança brincava na areia, porque era só o que tinha aqui”, diz. O único sonho de Ivone é ter uma casa de alvenaria, em substituição a de palha em que vive.

Rotina

Como o povoado fica mais próximo a Pirambu, a comunidade se desloca para lá na hora de fazer feira. Hoje o acesso ao transporte é fácil e a vida mais agradável. “Antes a gente ia de trator para Pirambu, e para ir a Aracaju íamos a pé até a Barra”, diz dona Dida, sem se queixar.

Mesmo tendo apenas uma praça, inaugurada a menos de um ano, e uma capelinha que tem Nossa Senhora Aparecida como padroeira, dois bares, uma mercearia, uma escola que ensina apenas a educação infantil, a Municipal Doutor José Augusto Cruz Santana, construída em dezembro de 2001, e um chafariz, a comunidade do Touro ama o lugar onde vive. “A praça foi uma maravilha, servem para os meninos irem ‘vadiar’ e nós, os adultos, irmos conversar nos banquinhos”, confidencia dona Dida.

Para se divertir, os moradores freqüentam as serestas promovidas pelos dois barzinhos do Touro. A praia, logo a frente, é pouco freqüentada por eles. Para manter o sustento, a comunidade explora pequenas roças no terreiro de suas chácaras. Outros pescam, e há ainda aqueles que sobrevivem apenas da aposentadoria.

Por lá, o que falta mesmo é emprego. Os jovens procuram labuta nos municípios vizinhos, sobretudo na capital. Na área da saúde, o povoado poderia deixar a desejar, porque não tem um posto médico. Mas nem isso é motivo de queixa para os moradores do Touro. “Quando precisamos vamos ao posto de saúde do povoado Canal. Somos bem atendidos. E se a gente ligar vem ambulância até de Aracaju”, detalha Elze Bispo Valido.

Fonte: Cinform – Edição de 09 a 15/02/2009

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