Monumento é único remanescente do cenário da visita do Imperador D. Pedro II quando de sua visita ao Canal do Pomonga em 1860
Por Claudomir Tavares | claudomir@tribunadapraia.net
Localizada no que sobrou do antigo povoado Porto Grande, no município vizinho de Barra dos Coqueiros, as ruínas da Igreja do Bom Jesus dos Navegantes, distante 28 km da sede do município, é a única testemunha ainda de pé da histórica visita que fez a província de Sergipe em 16 de janeiro de 1860 o Imperador D. Pedro II, aquela comunidade. Ali, onde nasceu minha saudosa mãe, Edimê Tavares da Silva (falecida em 2006) e onde estão enterrados minha irmã Maria Helena Tavares da Silva e meu irmão José Domingos Tavares da Silva (que não tive a felicidade de conhecê-los) e que teve seu auge no final do século XIX e primeira metade do século XX, o monarca teve seu ponto de apoio, entre a visita que fez até a foz do Rio Japaratuba (no local em que está edificada desde a segunda metade da década de 80 passada a comunidade que se reivindica remanescente quilombola do Pontal da Ilha de Santa Luzia) e ao almoço na residência do Senhor Góis. Dalí, em uma galeota, ele dirigiu-se seguindo desde o afluente do Rio Japaratuba que ficava nos fundos da Igreja (e que já não existe mais), passando pelo Canal que ligava este rio até (ponto onde atualmente está o Jequitibá) o Pomonga, no ponto conhecido como Angelim (próximo do povoado Jatobá) – que ficou conhecido como Canal do Pomonga.
Mesmo após a decadência do Porto Grande, no metade do século XX, quando a maioria dos seus habitantes migraram para o ascendente povoado Canal de São Sebastião/Barra dos Coqueiros (que começou a se erigir em função da construção do Canal do Pomonga) e povoado Pirambu/Japaratuba (até 26 de novembro de 1963 Pirambu pertencia a Japaratuba, obtendo sua emancipação a partir da Lei 1.234 sancionada naquela data pelo então governador João de Seixas Dória), a Igreja do Bom Jesus dos Navegantes, padroeiro do povoado, cumpriu seu papel social, com a realização da procissão fluvial, evento que em janeiro unia o ‘velho’ (Porto Grande) e o ‘novo’ (Canal), interagindo ainda com o ‘irmão’ (Pirambu). Desde os anos 80, há mais de 20 anos, a falta de apoio das autoridades e de interesse das comunidades do entorno, o abandono é testemunho daquela igreja, que muitos desconhecem seu valor. Nem mesmo a administração municipal de Barra dos Coqueiros tem mostrado qualquer preocupação em apropriar-se daquele patrimônio e, num gesto de reconhecimento, recuperá-lo, devolvendo sua função e inserindo-se no conjunto arquitetônico colonial sergipano.
No próximo mês vamos iniciar uma peregrinação junto a prefeitura de Barra dos Coqueiros, ao IPHAN, dirigido em Sergipe pela nossa querida professora Terezinha Alves de Oliva, a Paróquia de Santa Luzia, a atual proprietária do terreno em que encontra-se edificada a igreja, a senhora Elze Bispo e juntos criarmos um movimento em defesa do tombamento, recuperação e devolução deste bem ao povo sergipano. Para o mês de novembro de 2010, cinco anos após termos iniciado o Projeto ‘Nos Rastros do Imperador’, quando numa ação pedagógica levamos estudantes da Escola Municipal Mário Trindade Cruz, repetido dois anos depois, em 2007 com estudantes do Colégio Estadual José Amaral Lemos, vamos promover a Terceira Expedição, quando pretendemos levar um grupo de estudantes de ambas as escolas, parceria que iremos propor com professores de História destas instituições, para celebrar os 150 anos da visita de Dom Pedro II ao Canal do Pomonga.
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